quarta-feira, 30 de novembro de 2022

11 LIÇÕES DO FUTEBOL PARA OS CRISTÃOS

Não é novidade que o futebol ensina perseverança, determinação, autocontrole, responsabilidade, lealdade, liderança, luta pelo objetivo. Contudo, ele pode ensinar outras lições. Confira:

1. Entre em campo. O objetivo do jogador não é ficar sentado na arquibancada nem no banco de reserva. O cristão não pode ficar na plateia.

2. Aprenda na prática. Você atinge a “perfeição” não apenas ouvindo preleções, mas tendo experiência no jogo real, transformando cada erro em futuro acerto.

3. Não reclame da concentração. É preciso ficar longe das distrações do mundo e treinar sério.

4. Desenvolva habilidade. Para jogar bem, é preciso equilíbrio no controle da bola em alta velocidade, percepção dos melhores caminhos, excelente coordenação e movimentos precisos.

5. Enfrente a pressão dentro e fora de campo. Cada jogo é uma batalha. A cobrança da imprensa e da torcida é enorme.

6. Equilibre defesa e ataque. Todos os setores da equipe, da igreja e da vida precisam de atenção.

7. Assuma riscos. Seja ousado, saia da retranca, vá para o ataque. Jogar é estar aberto a novas emoções.

8. Combine seriedade e entretenimento. A vida não é só trabalho e disputa.

9. Ganhe e perca com dignidade. As vitórias e derrotas fazem parte do jogo e da vida. Seja humilde na vitória e gracioso na derrota. Nenhum time é imbatível.

10. Seja flexível. Procure se adaptar a novas situações, novo ambiente, nova cultura e novas funções, como os jogadores fazem.

11. Seja um jogador de integridade. Você representa a família, o técnico, o time e o país. Jogue para a glória de Deus!

Marcos De Benedicto (via Revista Adventista)

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

O REMÉDIO PARA A SOLIDÃO

O rosto é sorridente. O aperto de mão, amigável. Quando lhe perguntam como está, a resposta é sempre “tudo bem”. Da hora em que chega à igreja até o momento em que se despede, todos acreditam que sua vida é repleta de felicidade. Mas, por trás de toda essa aparência, esconde-se uma pessoa extremamente solitária. Não deveria ser assim, mas a dura realidade é que nossas igrejas estão cheias de irmãos e irmãs que se encaixam nessa descrição, e que, embora escondam e não demonstrem, são muitos solitários. São cristãos, vivem em comunidade, vão aos cultos e cantam louvores, mas, na verdade, sentem-se sozinhos. Os laços com os demais são superficiais e frágeis e eles percebem que, na hora em que precisam de um ombro sincero, não o encontram.

Por vezes, chegam a derramar lágrimas escondido. Poucas pessoas lhes telefonam, por isso se sentem como se ninguém estivesse nem aí para si. Olham a vida dos demais e acabam com a sensação de que todos são felizes e têm muitos amigos, menos eles próprios – o que os deprime. Apesar disso, por mais que se esforcem por ser amáveis e gentis na igreja, poucos demonstram interesse real por sua vida. Qual deve ser nosso papel junto a quem se vê nessa situação? Será que há algo que você possa fazer pelos milhares de solitários que transitam entre nós, mas não demonstram, tocando a vida em meio à multidão, mas tendo a solidão como companheira mais fiel? Qual é o remédio para a solidão?

Como cristãos, é importante prestarmos atenção a quem sofre, pois, sendo nós membros do Corpo de Cristo, temos o dever fraterno de zelar uns pelos outros, de acolher, amar, cuidar. Quando o pé sofre um corte, não é ele próprio que se aplica remédios, é a mão. Quando a panturrilha sente cãibras, é o pé que se alonga para aliviá-la, com a ajuda da mão, sendo que as costas se vergam para que a mão alcance o pé. O corte no dedo é levado à boca. E quando os músculos e tendões doem é dos olhos que descem as lágrimas. Como integrantes de um todo, devemos cuidar dos irmãos. Mas que remédio podemos dar a eles?

Para conseguir auxiliar pessoas adoentadas pela solidão, quem não sofre desse mal precisa, antes de tudo, compreender que solidão não tem a ver com a quantidade de pessoas que te cercam, mas, sim, com a quantidade de pessoas que se preocupam com você. Muitas vezes descobrimos que alguém se sente solitário e nos perguntamos como pode, afinal, ele se relaciona com tanta gente! Chegamos a pensar que é frescura ou necessidade de atenção, pois não compreendemos que não basta ter pessoas em volta. O solitário não é um ermitão, é alguém que, embora viva em comunidade, não tem laços fortes de ligação com ninguém. Ele não sente falta de mais eventos na igreja, mas de alguém lhe diga: “Que saudade, liguei só para saber como você está”.

O solitário geralmente tem a percepção de que, se partisse desta vida, não faria muita falta. Pode até ser uma percepção equivocada, mas não é por ser uma visão distorcida que deixa de ser algo que o machuque. Muitos que olham de fora acham que o problema é culpa do próprio solitário, afinal, por que ele não se enturma? Por que ele não corre atrás? Basta se aproximar das pessoas! Bem, na verdade, correr atrás dos outros não satisfaz a solidão, pois não demonstra um real interesse do próximo. O solitário se sente desimportante na vida dos irmãos e vive uma real necessidade de ser amado e querido. Algo que ele não quer impor, pois precisa que ocorra espontaneamente. Correr atrás das pessoas não é o remédio para a solidão.

Como Igreja, precisamos estar constantemente atentos para os solitários que nos cercam. Devemos identificá-los e amá-los sem hipocrisia. A única forma de fazermos isso é saindo de nossa zona de conforto e indo até eles para buscar conhecê-los em profundidade, descobrir quem eles são e, a partir daí, criar vínculos verdadeiros. Não devemos amar os solitários como um gesto de caridade, “com pena” ou por “obrigação cristã”: precisamos buscar conhecê-los para criar laços verdadeiros de afeto mútuo e passar a amá-los de verdade. Temos de criar as circunstâncias para que eles de fato nos façam falta. Amizades não são apenas aquelas que a vida nos joga no colo, são também as que nos mexemos para construir. Mas, para o solitário, esse movimento partir dele não é um remédio muito eficaz, ele deseja ver interesse que parta das outras pessoas.

É bastante difícil para alguém que tem muitos amigos sinceros e vive numa atmosfera de amizade perene compreender a solidão. Quem vive imerso em amor não capta com facilidade a intensidade da dor que o solitário sente. O que fazer? Buscar em Deus a resposta. Em sua glória celestial, o Deus que é amor jamais sentiu solidão. Acompanhado, de eternidade a eternidade, pela Trindade santa, o Criador se basta a si mesmo e se complementa, vivendo numa unidade plural e singular que faz de si um ser pleno e absolutamente destituído de carência. No entanto, dos altos céus Ele olhou para a humanidade solitária, despida da plenitude de Deus, e desceu à terra, fazendo-se solitário como os solitários, para nos devolver a capacidade de comungar para sempre com Aquele que nunca nos deixará sós. E, ao fazer-se como um se nós, o Filho experimentou o gosto da solidão: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27:46), gemeu o Senhor agonizante. Por que Jesus decidiu vivenciar a dor dos solitários? Amor. Puro amor.

Meu irmão, minha irmã, qual é o remédio para a solidão do seu irmão? Peço a Deus que encha o seu coração do amor que é fruto do Espírito, para que você sinta em si a dor dos solitários e faça algo para cuidar de quem precisa urgentemente de calor humano. É aproximando-se de Deus que você terá discernimento para identificar as vítimas da solidão, frutificará em amor pelos tais e partirá em seu socorro com interesse genuíno. Ao fazê-lo, você estará permitindo que Deus o use para transformar a vida de tantos que precisam desse amor.

Afinal, já entendeu qual é o remédio para a solidão do seu irmão? Se você disse “Deus”… lamento, errou. Deus é o médico que aplica o remédio. O remédio… é você.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari (via Apenas)

Nota: A igreja precisa exercer plenamente a sua capacidade de compaixão. Aqui vale citar alguns conselhos de Ellen G. White a respeito de como podemos ajudar pessoas que vivem nesse tipo de solidão capaz de afetar a saúde e o convívio social:

“Palavras bondosas, olhares de simpatia, expressões de apreciação, seriam para muitas almas lutadoras e solitárias como um copo de água fria a uma alma sedenta. Uma palavra compassiva, um ato de bondade, ergueriam fardos que pesam duramente sobre fatigados ombros. E toda palavra ou ato de abnegada bondade é uma expressão do amor de Cristo pela humanidade perdida” (O Maior Discurso de Cristo, p. 23).

"Devemos ter a tal ponto no coração o amor de Cristo, que nosso interesse nos outros seja imparcial e sincero. Nossas afeições devem ter amplitude e não se centralizar apenas em alguns que nos lisonjeiam por confidências especiais. A tendência de tais amizades é levar-nos a negligenciar os que se acham em maior necessidade de amor do que aqueles a quem concedemos nossas atenções. Não devemos estreitar nosso círculo de amigos a uns poucos prediletos porque nos agradam e lisonjeiam com a afeição que nos declaram" (Nossa Alta Vocação, [MM 1962], p. 257).

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

METAVERSO ESPIRITUAL

Em 1992, o autor norte-americano Neal Town Stephenson, lançou um romance de ficção científica intitulado Snow Crash. No livro, de quase 500 páginas, o autor descreve pessoas que usavam avatares digitais de si mesmas para explorar um universo online. Na narrativa, as personagens podiam se deslocar, através desses avatares, por este universo virtual concebido à partir de um evoluído sistema de computação gráfica 3D, numa experiência incrivelmente realista, a ponto de permitir que as pessoas fugissem de sua realidade, muitas vezes, infeliz. Segundo diversos autores e articulistas, foi nesse livro que surgiu pela primeira vez a expressão “metaverso”, termo que ganhou enorme repercussão quando Mark Zuckerberg (criador do Facebook) anunciou, em 28 de outubro de 2021, a mudança do nome da sua empresa para Meta. 

A mudança se justifica na projeção de que, num futuro próximo, a internet e a tecnologia permitirão que haja uma nova realidade, e como ele disse na carta de anúncio: “Você será capaz de se teletransportar instantaneamente, como um holograma, para estar no escritório sem pegar trânsito, num show com amigos, na sala de estar dos seus pais para bater um papo”. Sendo assim, a ideia do metaverso consiste no entendimento de que há uma realidade paralela, informações, experiências disponíveis que não podem ser percebidas, acessadas ou experimentadas a menos que se tenha internet de última geração e equipamentos que auxiliem nesta conexão. Por isso, o mercado, a ciência, as Big Techs (Meta, Amazon, Google, Apple, Netflix) estão investindo pesado na construção dessa nova experiência de vida e de consumo.

Embora Neal Stephenson tenha falado do metaverso em 1992, fato é que a Bíblia já falava muito antes a respeito de uma realidade paralela muito mais real e com implicações muito mais profundas para a existência humana. Pense no livro de Jó por exemplo, tido por muitos como sendo o primeiro livro escrito da Bíblia. Nos primeiros versos (Jó 1:1-5), lemos a descrição material da vida de Jó. Ali temos informação de quem ele era, de sua família e de seus bens. Jó é apresentado em suas características morais: íntegro, reto, temente a Deus, alguém que se desviava do mal. Mas logo em seguida a cena muda, e uma outra realidade é apresentada (Jó 1:6-12). Enquanto Jó estava na sua rotina, uma conversa acontecia em algum lugar no universo. Um diálogo entre Deus e Satanás, onde Jó foi incluído, e aquilo mudou definitivamente sua rotina, sua vida.

Outro exemplo é quando lemos a descrição do nascimento de Jesus (Mt 1:18-2:12). Lá encontramos José e Maria em Belém, temos a descrição da estrebaria, da manjedoura, dos visitantes do Oriente e das más intenções de Herodes em relação ao menino Jesus, que é levado por seus pais ao Egito a fim de escapar do decreto de morte imposto pelo governante (Mt 2:16-18). Isso é o que acontece no mundo real, mas e no mundo espiritual? Se você ler Apocalipse 12:1-5, verá a descrição do que de fato estava acontecendo. Ali temos o dragão, o inimigo de Deus que persegue uma mulher que está prestes a dar à luz. O dragão a persegue a fim de devorar a criança, percebe? A Bíblia apresenta essa realidade paralela, um mundo espiritual que não pode ser visto por olhos físicos, mas que é real e tem implicações cruciais para nossa vida. Se aconteceu com personagens bíblicos, pode se aplicar em certa medida a todos.

É por isso que Paulo nos aconselha em 2 Coríntios 4:18 “Na medida em que não olhamos para as coisas que se veem, mas para as que não se veem. Porque as coisas que se veem são temporais, mas as que não se veem são eternas”. Nesse texto ele nos convida não apenas a estarmos conscientes da realidade que nos cerca, mas a darmos atenção, a observarmos essa realidade paralela, o mundo espiritual. Para isso você vai precisar de um equipamento de última geração chamado “fé”. Lembre-se que próprio Paulo disse: “o meu justo viverá pela fé” (Hb 10:38). Ou seja, precisamos acreditar na Palavra de Deus, acreditar na Sua revelação e usar a lente da fé para enxergar a realidade. Parar de dar atenção exagerada àquilo que é material e nos concentrar no que é espiritual, afinal de contas o material passa e o espiritual é o que permanece.

Sendo assim, todas as situações de nossa vida têm um motivo para acontecer. Algumas delas revelam intenções de Satanás para nos destruir, outros, porém, são iniciativas de Deus para nos salvar, nos redimir. Uma música que nos sensibiliza, um post que nos surpreende, um sermão que nos emociona, um convite para um culto, são acontecimentos que trazem consigo a intenção de Deus para nos salvar. Se a Bíblia diz que nosso inimigo nos ronda como leão (1Pd 5:8), ela também diz que Deus nos cerca, nos protege e nos ama (Sl 139:5). Creia nisso, esteja consciente da realidade desse metaverso espiritual que nos cerca e busque conexão profunda e estável com Deus. De forma objetiva? Separe tempo e lugar para estar sozinho com Ele em oração, estude a Bíblia e não descuide do estudo da lição da Escola Sabatina. Compartilhe com outros a sua experiência. A fórmula é conhecida, não é? Então pratique, confie, o plano de Deus se cumprirá em sua vida.

“A entrega tem que ser completa. Toda alma fraca, em dúvida, que luta para se render inteiramente ao Senhor, é posta em contato direto com as agências que a habilitarão a vencer. O Céu lhe está próximo, e ela é sustentada e socorrida por anjos de misericórdia em todas as ocasiões de lutas e necessidade” (Ellen G. White - Atos dos Apóstolos, p. 157).

Pr. Jairo Souza (via Revista Ação Jovem)

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

A LUTA (REAL) ENTRE O BEM E O MAL

É de suma importância entender que o grande conflito entre Cristo e Satanás, não é uma vaga história fictícia ou uma bela utopia montada para conter a promiscuidade ou a violência. O grande conflito é real, e ao longo dos anos têm extraído dos seres humanos suas mais íntimas decisões no que tange a redenção eterna ou perdição eterna.

“Necessitamos entender mais claramente, o que está em jogo no grande conflito em que nos achamos empenhados. Precisamos compreender com mais plenitude, o valor das verdades da Palavra de Deus, e o perigo de permitir que nosso espírito seja delas desviado pelo grande enganador” (A Ciência do Bom Viver, p. 451).
 
As coisas da vida, as ideologias, sonhos e realizações que tanto nos enche os olhos, nos fazem não levar muito a sério o enredo espiritual que dramaticamente nos envolve. As ambições muito bem arquitetadas por Satanás, revestidas de beleza e significado, nos faz elaborar boas justificativas para desacreditar em Deus ou nos fazer distanciar dEle.

"Muitos há que não consideram esse conflito entre Cristo e Satanás como tendo relação especial com sua própria vida; pouco interesse tem para eles. Mas, essa luta repete-se nos domínios de cada coração" (O Desejado de Todas as Nações, p. 116).
 
A guerra neste planeta está em curso. Anjos estão se movimentando por todos os lados e nossa mente é o centro ou campo desta grande batalha. Se não estivermos atentos e se não vigiarmos as avenidas da alma (sentidos), seremos frágeis, nos tornando prezas fáceis nas mãos dos nossos inimigos: as potestades do inferno.
 
"Agentes satânicos sob forma humana tomarão parte neste último grande conflito, para opor-se à edificação do reino de Deus. Anjos celestiais em aparência humana também estarão no campo de ação. Os dois partidos antagônicos prosseguirão existindo até o encerramento do último grande capítulo da história deste mundo. Satanás utilizará cada oportunidade para induzir os homens a apartar-se de seu concerto com Deus. Ele e os anjos que com ele caíram aparecerão na Terra como homens, procurando enganar. Os anjos de Deus igualmente aparecerão como homens, e farão uso de todos os meios em seu poder para derrotar os propósitos do inimigo. Temos uma parte a desempenhar" (A Verdade Sobre os Anjos, p. 261).
 
Foi em Ohio, num funeral realizado numa tarde de domingo, em março de 1858, na escola pública de Lovett’s Grove (agora Bowling Green), que foi dada à Ellen G. White a visão do grande conflito entre Cristo e seus anjos e Satanás e seus anjos, desde seu início até ao fim. Dois dias mais tarde o grande adversário tentou tirar-lhe a vida, para que ela não pudesse apresentar aos outros o que lhe fora revelado (leia mais aqui). Mantida contudo por Deus, na realização da obra que lhe fora confiada, descreveu as cenas que lhe haviam sido apresentadas, sendo publicadas no verão de 1858 o livro de 209 páginas Spiritual Gifts, v. 1, The Great Controversy Between Christ and His Angels, and Satan and His Angels. O volume foi bem recebido e grandemente apreciado devido à sua clara descrição das forças contendoras no grande conflito, tocando em pontos árduos da luta, mas tratando mais completamente das cenas finais da história da Terra (Primeiros Escritos, pp. 133-295). 
 
"O estudante da Bíblia deve aprender a ver a Palavra como um todo, e bem assim a relação de suas partes. Deve obter conhecimento de seu grandioso tema central, do propósito original de Deus em relação a este mundo, da origem do grande conflito, e da obra da redenção. Deve compreender a natureza dos dois princípios que contendem pela supremacia, e aprender a delinear sua operação através dos relatos da história e da profecia, até à grande consumação. Deve enxergar como esse conflito penetra em todos os aspectos da experiência humana; como em cada ato de sua vida ele mesmo revela um ou outro daqueles dois princípios antagônicos; e como, querendo ou não, ele está mesmo agora a decidir de que lado do conflito estará” (Educação, p. 190).
 
Com seu ponto focal no caráter de Deus como expresso na lei, esse conflito provê uma moldura teológica para as contínuas disputas entre a verdade e o erro, entre “os que guardam os mandamentos de Deus” e os que adoram “a besta e a sua imagem” (Ap 12:17; 14:9-12). Nessa disputa, Satanás levou muitos cristãos a crer “que a lei dos Dez Mandamentos também havia morrido com Cristo” na cruz (Primeiros Escritos, p. 215), e que “as reivindicações de Cristo são menos estritas do que uma vez creram” (Testemunhos Para Ministros, p. 474). Em realidade, “Satanás quer que todo transgressor da lei de Deus pretenda ser santo” (Evangelismo, p. 597). A moldura do grande conflito não provê nenhum espaço para compreensões ecumênicas e/ou pluralistas das verdades bíblicas.

Como disse Clifford Goldstein: "Vivemos em um mundo onde o bem e o mal, o certo e o errado, lutam pela supremacia. Há apenas dois lados nesse grande conflito espiritual. De que lado estamos? Esta é uma escolha de consequências eternas, porque a vida e a morte são, literalmente, eternas." 
 
Mas deixo uma boa notícia: o mesmo Jesus que derrotou Satanás na cruz virá outra vez, triunfará sobre os poderes do inferno e destruirá completamente o mal (Ap 19:19-21; Ez 28:18, 19). O mal não terá a última palavra. A pobreza e a peste não terão a última palavra. A dor e o sofrimento não terão a última palavra. O caos e o crime não terão a última palavra. A doença e a morte não terão a última palavra. Em vez disso, Deus terá a última palavra. Até então, o Pai, o Filho e o Espírito Santo estão fazendo todo o possível para alcançar cada pessoa. O coração de Deus sofre por este mundo perdido. 
 
Ellen G. White, por fim, declara: "O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonia e júbilo vibra por toda a vasta criação. DAquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até o maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor" (O Grande Conflito, p. 678).

Assista abaixo o estudo bíblico O Grande Conflito com dezoito lições da Bíblia, prático e fácil de entender, apresentado pelo pastor Luís Gonçalves:


terça-feira, 22 de novembro de 2022

QUEM SÃO OS POBRES DE ESPÍRITO?

Jesus começa as bem-aventuranças dizendo que o reino de Deus pertence aos “pobres de espírito” (Mt 5:3). No original, o termo é ptochos, que indica pobreza extrema. É óbvio que Cristo não está se referindo à classe social, nem tão pouco à pobreza material deste mundo, mas sua declaração nos leva a uma dimensão espiritual, por isso, há uma ênfase na expressão “pobres de espírito”.

Nos dias de Cristo, os guias religiosos do povo julgavam-se ricos em tesouros espirituais. A declaração de Jesus é justamente um ataque direto ao senso de autossuficiência espiritual, que impede a atuação de Deus na vida do crente. O termo ptochos também deriva de ptasso que é “humilhar-se”, “abaixar-se”. Assim, os “pobres de espírito” são pessoas humildes, que em primeiro lugar reconhecem sua pecaminosidade e se inclinam diante de Deus para serem agraciados por Ele.

Diante da maravilhosa e rica graça de Deus somos extremamente pobres. Nosso primeiro dever ao nos aproximar de Deus é reconhecer nossa condição. Como disse C. H. Spurgeon: “Para subirmos no reino é preciso rebaixarmo-nos em nós mesmos”. Aqueles que se humilham diante de Deus recebem Sua maravilhosa graça e são exaltados por Ele já no presente (1Pd 5:5 e 6), porém, acima de tudo, receberão Seu reino eterno no futuro (Mt 5:3). Por isso, bem-aventurados os humildes de espírito!

Confira abaixo a maravilhosa reflexão de Ellen G. White falando sobre o significado de "pobres de espírito" encontrada na Meditação Matinal, Perto do Céu, 2013, p. 180:

"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos Céus" (Mateus 5:3). Essas palavras de conforto proferidas por Cristo não são dirigidas ao orgulhoso, tampouco ao prepotente e presunçoso, mas àqueles que reconhecem a própria fraqueza e pecaminosidade. Os que choram, os mansos que se sentem indignos do favor de Deus e os que têm fome e sede de justiça; todos estão incluídos no termo “pobre de espírito”. 

Os pobres de espírito sentem sua pobreza, sua necessidade da graça de Cristo. Percebem que conhecem pouco a respeito de Deus e de Seu grande amor, e que precisam de luz a fim de conhecer e guardar o caminho do Senhor. Não ousam enfrentar a tentação amparados na própria força, pois sabem que não dispõem de força moral para resistir ao mal. Não encontram prazer em se lembrar de sua vida passada, e têm pouca confiança ao olhar para o futuro, pois são enfermos de coração. Para tais, Cristo diz: “Bem-aventurados os pobres de espírito.” Cristo viu que aqueles que sentem sua pobreza podem ser feitos ricos. 

Que grande privilégio se encontra ao alcance dos que sentem a pobreza de seu espírito e se submetem à vontade de Deus! O remédio para a pobreza de espírito se encontra unicamente em Cristo. Ao ser o coração santificado pela graça, ao possuir o cristão a mente de Cristo, ele tem o amor de Cristo – riquezas espirituais mais preciosas do que o ouro de Ofir. Porém, antes que possa existir o intenso desejo pela riqueza contida em Cristo, disponível a todos que sentem sua pobreza, deve existir o senso de necessidade. Quando o coração está repleto de presunção e preocupado com as coisas superficiais da Terra, o Senhor Jesus repreende e disciplina a fim de que a pessoa possa se dar conta de sua verdadeira condição. 

Achegue-se a Jesus com fé e sem demora. A provisão dEle é farta e gratuita, Seu amor é abundante, e Ele lhe concederá graça para tomar Seu jugo e levar Seu fardo com alegria. Você pode reivindicar o direito à bênção dEle em virtude de Sua promessa. Pode entrar em Seu reino, que é Sua graça, Seu amor, Sua justiça, Sua paz e alegria no Espírito Santo. Se você se sente na mais profunda necessidade, pode ser suprido com toda a Sua plenitude, pois Cristo disse: “Não vim chamar justos, e sim pecadores” (Mc 2:17). Jesus o chama.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

A PESSOA QUE MAIS ODEIO

Como eu e você somos parecidos! Vamos fazer um teste? Em termos gerais, não gostamos dos seguintes tipos de pessoas: hipócritas, traidores, lerdos, desleais, tagarelas, mexeriqueiros, trapalhões, jactanciosos, legalistas. É interminável a lista dos que não se encaixam em nosso figurino, não é verdade?

Carreguei esse fardo por muitos anos, mas ainda não me livrei dele totalmente. Sempre fica um restinho dessa bagagem incômoda. 

Felizmente, fiz uma grande descoberta ao ler a seguinte confissão do apóstolo Paulo: "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7:18,19). 

Mas você está curioso para saber qual foi minha descoberta. Respondo sem hesitar: a pessoa que mais odeio sou eu. Essa descoberta - fruto da obra iluminadora do Espírito Santo - tem me ajudado a reduzir gradativamente o fardo remanescente. Mas, por vezes, ele ameaça se avolumar outra vez. Então, à semelhança de Pedro, clamo: "Senhor, salva-me!" 

Se você se parece comigo nesse aspecto, una-se a mim no propósito de buscar completa mudança de foco. Por que não gostar dos outros, se nós mesmos temos defeitos? Por que usar rígidos critérios de avaliação da vida dos outros e uma medida condescendente em relação às nossas fraquezas? 

Diz Ellen G. White: "Demorando-se continuamente nos erros e defeitos dos outros, muitos se tornam dispépticos religiosos. Os que criticam e condenam uns aos outros estão transgredindo os mandamentos de Deus, e são-Lhe uma ofensa. Irmãos e irmãs, afastemos o entulho da crítica e suspeita e murmuração, e não desgastei os nervos externamente. Se todos os cristãos professos usassem suas faculdades investigadoras para ver quais os males que neles mesmos carecem de correção, em vez de falar dos erros alheios, existiria na igreja hoje uma condição mais saudável" (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, pp. 635-638).

Quanto mais aumentamos a lista de pessoas que não se ajustam ao nosso modelo, tanto mais cegos nos tornamos para as nossas necessidades espirituais. 

Antes da cruz, o espírito dos discípulos não era amistoso. Diz Ellen G. White: "Havia entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior. Essa rivalidade, manifestada na presença de Cristo, O entristeceu e magoou. Apegavam-se os discípulos a sua ideia favorita de que Cristo firmaria Seu poder, e tomaria Seu posto no trono de Davi" (O Desejado de Todas as Nações, p. 643). 

Devido a esses sentimentos negativos, eles não gostavam uns dos outros. Eram colegas, mas não amigos. Cada um deles via os demais como concorrentes. Mas, durante o tempo que passaram juntos no cenáculo, todos se desnudaram diante do espelho da consciência, não mais com orgulho e jactância, mas com profunda vergonha dos próprios defeitos de caráter. Foi então que o Espírito Santo os uniu em pensamento e ideal, capacitando-os a amar uns aos outros. 

Voltemos à experiência de Paulo. Quando ele refletiu em sua miserável condição espiritual, exclamou: "Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (verso 24). Foi nesse momento que ele enxergou a única saída para seu coração cheio de asperezas: "Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor" (verso 25). 

Antes do encontro com Jesus na estrada de Damasco, Paulo odiava os cristãos. Mas, depois de convertido, passou a amá-los profundamente, apesar das fraquezas de cada um. Seu amor era tão grande que, certa vez, ele escreveu: "É bom ser sempre zeloso pelo bem e não apenas quando estou presente convosco, meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós" (Gl 4:18,19). Notemos que aqueles irmãos não estavam plenamente formados em Cristo. Portanto, deviam ter muitos defeitos. Mesmo assim, Paulo os amava profundamente. 

Pensemos, agora, na mulher adúltera. Jesus a amou antes mesmo de ela abandonar sua vida impura. É aqui que muitas vezes erramos: não sabemos fazer a diferença entre a pessoa e os erros que ela comete. Colocamos tudo no mesmo saco e jogamos no lixo. Jesus ama todas as pessoas porque Ele não faz essa mistura. 

Em relação ao clima existente em nossas igrejas, Ellen White diz: "Todavia, existe entre nós como povo uma falta de simpatia e amor, profundo e sincero, pelos que são tentados ou que vivem no erro. Muitos têm revelado aquela frieza glacial e negligência pecaminosa que Cristo representou pelo indivíduo que passa de largo, guardando a maior distância possível dos que mais necessitam de sua ajuda" (Ibid., p. 247). 

Quando alimentadas, essas atitudes põem no mesmo saco o errante e seus defeitos. E isso causa muito sofrimento, tanto para os que são marginalizados por nosso zelo sem entendimento quanto para nós mesmos. 

Diz Ellen G. White: “O próprio ato de olhar para o mal nos outros desenvolve o mal em quem olha. Detendo-nos sobre as faltas do próximo, somos transformados na sua imagem. Mas contemplando Jesus, falando do Seu amor e da perfeição de Seu caráter, imprimimos em nós as Suas feições. Contemplando o alto ideal que Ele colocou diante de nós, subiremos a uma atmosfera santa e pura, que é a própria presença de Deus. Quando aí permanecemos, sairá de nós uma luz que irradia sobre todos os que estiverem em contato conosco” (A Ciência do Bom Viver, p. 492).

Que tal sermos parecidos por outro motivo? Ou seja, pelo fato de procurarmos ser semelhantes a Jesus?

Rubens Lessa (via Revista Adventista)

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

TODO MUNDO MERECE UMA SEGUNDA CHANCE?

“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3:22, 23).

Quantas vezes erramos, ferimos alguém que amamos, não cumprimos um compromisso, traímos a confiança de alguém, mentimos, roubamos, cometemos graves crimes? Quantas vezes tentamos fazer alguma coisa em casa, no trabalho, na escola e fracassamos, e queremos ardentemente ter uma segunda chance? Muitas vezes lamentamos dizendo: “Ah! Se eu tivesse mais uma chance, faria tudo diferente”. Nesta vida, nós estamos sujeitos a cair. Mas às vezes ela não nos dá uma segunda chance. 

Em 1929, num campeonato de futebol americano, o Georgia Tech enfrentava o time da Universidade da Califórnia. Durante a partida, um dos jogadores tomou a bola, mas, confuso, correu na direção errada, marcando um gol contra o próprio time. No intervalo, os jogadores dirigiram-se para o vestiário, antecipando o que o técnico iria dizer. O moço que cometera o engano colocou uma toalha ao redor da face. Chorava em soluços, envergonhado. 

Quando o time se preparava para voltar ao campo, para o segundo tempo, o técnico surpreendeu a todos, anunciando que a mesma formação seria mantida. Os mesmos jogadores voltariam para o fim da partida. Todos deixaram o vestiário, exceto o autor do vexame. Ele não se atreveria. O técnico olhou para trás, viu que o rapaz continuava em lágrimas e o chamou. “Técnico”, disse o jovem com a voz embargada, “não posso mais jogar. Eu o envergonhei e trouxe desgraça para o time. Não posso enfrentar os torcedores novamente.” Então o técnico colocou o braço no ombro do rapaz e disse: “Levante-se e entre em campo. O jogo está apenas na metade.” 

Ao ler esse relato, pensei: “Que líder extraordinário!” Ao refletir na história de Adão, Abraão, Jacó, Moisés, Elias, Sansão, Jonas, Davi, Marcos, Pedro e um incontável número de outros fracassados, lembro-me dos braços divinos que os envolveram em suas crises e derrotas, animando-os e reabilitando-os. Por isso, há esperança para todos nós. Deus sempre nos dá uma nova oportunidade. “Porque sete vezes cairá o justo e se levantará” (Pv 24:16). O nosso Deus é especialista em dar segunda chance às pessoas! Ele é especialista em trabalhar com pessoas imperfeitas.

Segunda chance para Satanás
Depois que Satanás foi expulso do céu (como lemos em Ap 12:7-9), ele já havia recebido todas as oportunidades possíveis. Por isso, quando foi jogado para a Terra (Ap 12:12; Lc 10:18), o destino dele já estava selado, pois ele escolheu assim. Oportunidades não faltaram a Lúcifer. Podemos ter certeza disso. Afinal, a Bíblia ensina que “Deus é amor” (1Jo 4:8, 16), que Ele tem “prazer na misericórdia” (Mq 7:19) e que o Criador é “[…] Deus compassivo e cheio de graça, paciente e grande em misericórdia e em verdade”. Além disso, Ele se alegra em ver que o indivíduo, por mais perverso que seja, se converta e viva (Ez 18:23, 32). Ellen White esclarece:

“Deus, em Sua grande misericórdia, suportou longamente a Satanás. Este não foi imediatamente degradado de sua posição elevada, quando a princípio condescendeu com o espírito de descontentamento, nem mesmo quando começou a apresentar suas falsas pretensões diante dos anjos fiéis. Muito tempo foi ele conservado no Céu. Reiteradas vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a condição de que se arrependesse e submetesse” (O Grande Conflito, pp. 495-496).

Havendo perdido sua posição nas cortes celestiais, Satanás ainda solicitou para ser readmitido no Céu, mas Cristo lhe disse que isto seria impossível.

"Satanás agora observava os terríveis resultados de sua rebelião. Satanás estava espantado ante sua nova condição. Sua felicidade acabara. Olhava para os anjos que, com ele, outrora foram tão felizes, mas que tinham sido expulsos do Céu em sua companhia. (...) Ele está sozinho, meditando sobre o passado, o presente e o futuro de seus planos. Sua poderosa estrutura vacila como numa tempestade. (...) Um anjo do Céu está passando. Ele o chama e suplica uma entrevista com Cristo. Isto lhe é concedido. Então, relata ao Filho de Deus que está arrependido de sua rebelião e deseja voltar ao favor divino. Está disposto a tomar o lugar que previamente Deus lhe designara e sujeitar-se a Seu sábio comando. Cristo chorou ante o infortúnio de Satanás, mas disse-lhe, como pensamento de Deus, que ele jamais poderia ser recebido no Céu. O Céu não devia ser colocado em perigo. Se fosse recebido de volta, todo o Céu seria manchado pelo pecado e rebelião originados com ele. As sementes da rebelião ainda estavam nele. Não tivera, em sua rebelião, nenhum motivo para seu procedimento, e arruinara irremediavelmente não só a si mesmo, mas a multidão de anjos, que teria sido feliz no Céu, tivesse ele permanecido firme. A lei de Deus podia condenar mas não podia perdoar. Ele não se arrependeu de sua rebelião porque visse a bondade de Deus, da qual havia abusado” (História da Redenção, pp. 24-27).

Pecado contra o Espírito Santo
“Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno” (Mc 3:28-29).

Ellen White assim comenta esta passagem:

“Seja qual for o pecado, se a alma se arrepende e crê, a culpa é lavada no sangue de Cristo; mas aquele que rejeita a obra do Espírito Santo, assume uma posição que impede o acesso ao arrependimento e à fé. É pelo Espírito que Deus opera no coração; quando o homem rejeita voluntariamente o mesmo, e declara que é de Satanás, corta o conduto por onde Deus Se pode comunicar com ele. Quando o Espírito é afinal rejeitado, nada mais pode Deus fazer pela alma” (Maravilhosa Graça de Deus, p. 213).

Deus nos dá as mesmas oportunidades para arrependimento e mudança de nossos conceitos religiosos equivocados, que podem nos levar à perdição eterna. Iremos aproveitar as oportunidades que o Espírito Santo nos oferece todos os dias?

“[…] Como diz o Espírito Santo: “Se hoje vocês ouvirem a voz de Deus, não sejam teimosos […]” (Hb 3:7, 8, NTLH).

"O arrependimento compreende tristeza pelo pecado e afastamento do mesmo. Não renunciaremos ao pecado enquanto não reconhecermos a sua malignidade; enquanto dele não nos afastarmos sinceramente, não haverá em nós uma mudança real da vida" (Caminho a Cristo, p. 23).

"Quem está desejoso de se tornar verdadeiramente arrependido? Que deve ele fazer? - Deve ir ter com Jesus, tal qual está, sem demora. Deve crer que a palavra de Cristo é verdadeira e, crendo na promessa, pedir, para que possa receber” (Reavivamento e seus Resultados, p. 24).

Conclusão
Talvez você esteja passando por um terrível peso de fracassos e falhas, sob olhares acusadores e críticos. Você tem chorado amargamente? Deus tem visto suas lágrimas e ouvido sua oração de arrependimento. Ele vai renovar o seu chamado. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). Deus que nos ama tanto, que apesar dos nossos fracassos, está disposto a nos dar uma segunda e, às vezes, terceira, quarta ou quinta oportunidades de reencontrar o caminho que conduz à vida.

Lembre-se de que a pior derrota não é aquela em que o inimigo nos vence e nos lança no chão, mas quando ele consegue nos convencer de que para nosso caso não há esperança. Ouça agora mesmo a voz de Cristo falando ao seu coração: “Levante-se, entre novamente em campo. A partida ainda não está terminada.”

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

IGREJA EM CAMPO

A Copa do Mundo 2022 começa a partir deste domingo (20) e termina dia 18 de dezembro. A maior competição de seleções do planeta contará com vários dos grandes craques do futebol nos gramados do Catar. Mas que lições dentro e fora de campo o nobre jogo e a Copa podem ensinar aos cristãos? Veja um time de onze jogadas de craque que deveriam ser imitadas pelos religiosos:

1. O sucesso vem com planejamento
Não basta ter talento; é preciso organização. Seria bom que a organização característica dos times de elite fosse vista na igreja. Os cristãos tendem a confiar demais no improviso. É como se planejar para o sucesso fosse falta de fé. No entanto, se o planejamento não substitui o poder divino, o poder divino não substitui a falta de planejamento. O Espírito Santo não dispensa o preparo humano. Ele o maximiza. 

No livro Cristo Triunfante (CPB), Ellen White observa que “planos bem amadurecidos” são “essenciais ao bom êxito de empreendimentos sagrados”. Leia em Lucas 14:28-32 sobre a importância do planejamento.

2. A superação prepara o caminho para a excelência
Muitos jogadores têm histórias emocionantes. Cristiano Ronaldo e Messi, dois astros e rivais do futebol atual, nasceram em bairros modestos.  Cristiano ficou órfão cedo, teve taquicardia e fez cirurgia do coração. Messi enfrentou problema de crescimento e precisou se tratar. Ambos estrearam aos 17 anos e, como supercraques na mesma época, disputando o mesmo espaço, Messi no futebol coletivo e Cristiano no individual, são obstinados na busca da excelência. Como resultado, quebram um recorde após o outro. Thiago Silva, capitão da seleção brasileira, enfrentou também muitas pedras no caminho do sucesso. Teve que enfrentar uma grave tuberculose, e com a ajuda de um técnico amigo, retornou ao Brasil e deu a volta por cima. Hoje é considerado um dos melhores zagueiros do mundo.

Deus convoca “jogadores” de todos os lugares, com todas as fragilidades e desvantagens. Aqueles que lutam para superar seus pontos fracos podem se tornar campeões. A vitória, muitas vezes, não é dos melhores, dos mais bonitos e dos mais talentosos, mas dos mais esforçados. A superação pode fazer a diferença na arena da religião, embora a salvação seja pela fé.

De acordo com Ellen White, no livro Patriarcas e Profetas (CPB), “o segredo do êxito está na união do poder divino com o esforço humano”. A graça divina, diz ela em Profetas e Reis (CPB), “é dada para operar em nós o querer e o efetuar, mas jamais como substituto de nosso esforço”. Leia em 1 Coríntios 9:24-27 e em Hebreus 12:1-12 sobre o valor do esforço, da disciplina e da superação.

3. O cuidado com o corpo e a mente possibilita o preparo ideal
Os dois são fundamentais. “O corpo é meu instrumento de trabalho. A mente é o que me mantém em ação. Preciso de ambos”, disse Clarence Seedorf, o craque holandês quatro vezes vencedor da Champions League e que atuou com destaque na seleção de seu país.

De acordo com uma especialista em nutrição esportiva, os atletas chegam ao auge voltando ao básico. “Trabalho sério, treinamento inteligente, recuperação adequada e boa nutrição ajudam os atletas a desenvolver seu potencial”, diz a Dra. Enette Larson-Meyer, autora de Vegetarian Sports Nutrition (Human Kinetics). “Uma dieta com base em plantas leva os atletas de volta aos princípios saudáveis da nutrição que realmente promovem a saúde e possibilitam um desempenho ótimo.”

Infelizmente, boa parcela dos cristãos, adotando uma dicotomia rígida, pensa que o importante é a alma e que o corpo é apenas um acessório. A matéria não teria valor. Outros focalizam o corpo e menosprezam a dimensão espiritual da mente. Ainda bem que a Igreja Adventista adota uma visão integral, que valoriza a pessoa toda. Se o corpo é o templo do Espírito Santo, a mente é seu lugar mais sagrado. Leia em 1 Coríntios 6:19 e 20 sobre a importância de cuidar do corpo.

4. O trabalho em equipe facilita a vitória do time
Futebol é esporte coletivo. Você ganha ou perde em grupo. Nenhum jogador deve ser individualista. Todo mundo tem que dar 100% de si para o sucesso do time. Ninguém pode jogar se não estiver disposto a entrar em campo, suar a camisa e participar das jogadas do grupo.

O segredo é confiar nos colegas e passar a bola na hora certa, sem se achar o dono do time. Por mais competente que pareça, o presidente do clube não ganha nenhum jogo; por mais estratégia que conheça, o técnico não obtém nenhuma vitória sem o time; por melhor que seja, o jogador nada resolve sozinho.

Cristianismo é jogo em equipe, vida em comunidade, conquista coletiva. Na arena religiosa, não há lugar para estrelismos e celebridades, como se tudo dependesse de um jogador. Os talentos de todos se complementam para obter a vitória. Como disse o empreendedor Andrew Carnegie, trabalho em equipe é “o combustível que permite que pessoas comuns obtenham resultados incomuns”. O sucesso que marcou o início do cristianismo não dependeu do talento de um superapóstolo, mas da cooperação de um grupo de pessoas. Seria por acaso que a expressão “uns aos outros” (em grego, allelon) aparece mais de 100 vezes no Novo Testamento? O trabalho unido na igreja é “como uma sinfonia” para os ouvidos de Deus, compara Wayne Cordeiro em Doing Church as a Team (Regal Books). Leia em 1 Coríntios 12:4-20 sobre o trabalho em equipe.

5. O respeito pelas funções de cada um cria um bom ambiente
Cada atleta tem uma responsabilidade, uma posição e um estilo de jogo. Os papéis específicos dos jogadores, do técnico e do presidente precisam ser respeitados. Se o técnico entrar em campo, alguma coisa está errada. A mesma coisa vale para o presidente do clube. Sua função não é interferir na escalação do time nem nos tipos de jogada. Os técnicos precisam de autonomia e liberdade para trabalhar.

Ficou famosa uma frase de João Saldanha, técnico da seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa de 1970, quando o general Emílio Garrastazu Médici, no auge na ditadura militar, exigiu que ele convocasse o jogador Dario. “O presidente nomeia o ministério, eu escalo a seleção”, disse o polêmico jornalista-técnico, que perdeu o cargo, mas criou uma frase memorável.

Na igreja, jogadores (membros), técnicos (pastores/anciãos) e presidentes (administradores) precisam reconhecer seus papéis e respeitar as funções de cada um. Querer interferir onde não se deve é tumultuar o ambiente. Todo líder inteligente resiste a essa tentação quase irresistível. Leia em 1 Coríntios 12:27-30 sobre a especificidade e complementaridade das funções de cada um.

6. As lesões inevitáveis não são sinônimas de derrotas
Para um jogador de futebol, jogar a Copa é a glória, o auge da carreira. Contudo, mesmo os atletas de alto nível não estão livres de problemas, especialmente depois que o futebol-arte deu lugar ao futebol-força. Nesse esporte, as lesões representam 50 a 60% dos problemas físicos. O drama de sofrer uma lesão e ser “cortado” não pode ser subestimado. “É a morte da minha alma ser forçado a deixar o grupo e ficar de fora do mundial”, disse o craque francês Frank Ribéry ao ser cortado à véspera da Copa de 2014 devido a uma lesão nas costas.

Apesar de tudo isso, o jogo prossegue, pois ninguém é insubstituível. “Sem Pelé, o Brasil fica muito fraco. Quem é Amarildo?”, disse Helenio Herrera, técnico da seleção espanhola na Copa de 1962. Seu time perdeu para o Brasil por 2 a 1, com 2 gols de Amarildo!

Ao contrário do que dizem alguns pregadores, os cristãos não estão imunes ao sofrimento. Quase todos os grandes “jogadores” do time de Deus, como Moisés, Elias, Isaías, Jeremias, Pedro, Paulo e João, enfrentaram “contusões”, “lesões” e “traumatismos”. A diferença é que Deus não corta Seus jogadores por causa de lesões. Ele os mantém no time e os recupera com um tratamento chamado graça. Leia em 2 Coríntios 12:7-10 sobre a graça para superar a fraqueza.

7. Jogar de acordo com as regras evita problemas
Os futebolistas precisam ter autocontrole e aprender a obedecer aos regulamentos do esporte, jogando limpo e não se irritando facilmente com as provocações. Caso contrário, a consequência pode ser desastrosa.

Na final da Copa de 2006, a dez minutos do fim da prorrogação, quando o jogo estava 1 a 1, o craque francês Zinedine Zidane deu uma cabeçada no peito do zagueiro italiano Marco Materazzi, que havia xingado sua irmã. Zidane foi expulso na última partida da carreira. Nos pênaltis, a Itália se sagrou tetracampeã. Se ele não tivesse levado cartão vermelho, será que o resultado poderia ter sido diferente? Ninguém sabe. 

Seguir as regras significa não lançar mão de nenhum recurso ilícito. É um teste do caráter. Quem joga no time de Deus precisa ter uma ética inquestionável. O fato de milhões acharem que o mundo não tem regras não invalida a existência delas. Assim como o regulamento do futebol é criado pela entidade que controla o futebol, quem criou o mundo e o controla é que define as regras. Leia em 2 Timóteo 2:5 sobre a importância de competir de acordo com as regras.

8. O foco no êxito diminui o medo do fracasso
Pense nas possibilidades. Você já viu um jogador ser entrevistado no intervalo e dizer: “Nosso time realmente não jogou nada e vamos perder”? Quase sempre os futebolistas falam que o técnico vai acertar o time e virar o jogo. Se o time perde, no máximo, admitem que o adversário estava muito retrancado. A retórica do otimismo sempre está presente, expressando a confiança de que o time vai recuperar seu melhor futebol.

Os grandes atletas aprendem com os erros, mas não ficam lamentando o insucesso. É como se eles precisassem de um “tanque emocional” cheio para continuar correndo, assim como um carro tem mais autonomia com o tanque cheio de combustível. A responsabilidade de “encher” o tanque emocional não é só do técnico, mas dos próprios atletas.

Na arena do cristianismo, assim como no futebol, atitude é tudo. Se você não for positivo, entusiasta, já entra em campo derrotado. Os fracassos do pecado precisam ser esquecidos. Ter confiança e esperança é fundamental. “Se falarmos de fé, esperança e coragem, nosso coração será fortalecido, e nossa esperança, coragem e fé aumentarão”, diz Ellen White no livro O Cuidado de Deus (CPB). Em Cristo, todos podem ser mais que vencedores. Leia em Romanos 8 sobre a mentalidade vitoriosa.

9. Atenção até o último minuto evita surpresas desagradáveis
O jogo só termina com o apito final. O sucesso não é medido pelo placar parcial, mas pelo resultado final. Os times excepcionais nunca consideram o jogo ganho nem perdido enquanto a partida não termina. Eles jogam com intensidade até o fim.

Na final de 1958, aos quatro minutos de jogo, a Suécia fez um gol no Brasil, e o fantasma de 1950 poderia abalar o time nacional. No entanto, Didi pegou a bola dentro das redes, ergueu a cabeça e caminhou para o centro do campo com a pelota debaixo do braço. Resultado: o Brasil virou o jogo, venceu por 5 a 2 e foi campeão. Em 1966, na Inglaterra, a Coreia do Norte, surpresa do mundial, fez 3 a 0 em Portugal, mas os patrícios tiveram uma reação incrível e venceram por 5 a 3, com quatro gols de Eusébio.

Igualmente, na vida cristã, precisamos lutar até o fim, pois a partida só terminará quando o juiz apitar. Contar vantagem ou desistir antes da hora é correr o risco de se decepcionar. A taça ou coroa não é entregue no início do campeonato, mas no fim. Se você viver bem sua vida e fizer o que tiver que fazer, mantendo a atenção o tempo todo, o resultado aparecerá naturalmente. A vitória será uma consequência do jogo bem jogado até o último minuto. Leia em Marcos 13:13 e Apocalipse 2:10 sobre a necessidade de ficar firme até o fim.

10. A lealdade ao time ultrapassa a cor da camisa
Nas primeiras décadas do século 20, a seleção brasileira usou uma bela camisa branca com gola “polo”, inclusive nas Copas de 1930, 1934, 1938 e 1950. Com a derrota na final da Copa de 1950, a camisa branca nunca mais foi usada. Contudo, a mudança na cor do uniforme para o amarelo com detalhes verdes não diminuiu o amor dos fãs, pois a essência da seleção transcende a cor da camisa. O compromisso da torcida é com a seleção, não com o uniforme.

De modo semelhante, a devoção do cristão deve ser a Cristo, não apenas às cores da igreja. O Salvador está acima de slogans administrativos. Ele transcende circunstâncias e culturas. É mais do que programas, métodos, ideias ou campanhas. Cristo é a verdadeira essência do time. Sendo tudo em todos, Ele une torcedores e jogadores numa realidade única. Leia em 1 Coríntios 2 sobre a centralidade de Cristo.

11. A celebração do sucesso contagia o time
Futebol é um jogo que envolve paixão. A cada gol, os jogadores correm, pulam, batem no peito, dão socos no ar, dançam, deslizam ajoelhados sobre o gramado, estendem os braços e simulam um avião, beijam a aliança, chupam o dedo para homenagear o filho ou a filha, abraçam-se, jogam-se uns sobre os outros, beijam o escudo do time ou da seleção, apontam o dedo para o céu... A criatividade é o limite. Quem não se lembra de Bebeto balançando os braços na Copa de 1994, como se embalasse um bebê?

Quando termina o campeonato, a festa se intensifica para os vencedores. Na Copa de 1958, o capitão Bellini eternizou o gesto de erguer a taça, movimento repetido por todos os capitães das seleções campeãs. Os brasileiros Mauro (1962), Carlos Alberto Torres (1970), Dunga (1994) e Cafu (2002) tiveram o mesmo privilégio. Será que o próximo capitão vai repetir o gesto em 2022?

Nem sempre vemos a mesma vibração nos campos do evangelho. Há cristãos que não sorriem, não vibram, não comemoram as vitórias do time de Cristo. Não colocam o coração no “jogo” e o time no coração. É como se Deus fosse malhumorado, um amante de fracassos, um eterno fã do sofrimento. Entretanto, a Bíblia está cheia de brados de louvor e exclamação pela vitória do time de Deus. O Apocalipse é um livro de celebração pelo título do campeonato entre o bem e o mal, a vitória do time que estampa o Cordeiro no escudo sobre o time que ostenta o Dragão. Se você faz parte da equipe vencedora, celebre cada gol e a conquista do título! Leia em Apocalipse 7:9-17 e 14:1-5 sobre a celebração do time vitorioso.

Para finalizar, é importante destacar que, na Copa do Mundo, 32 seleções brigam pela taça, mas apenas uma a levanta. Até equipes vitoriosas como a da Espanha, Brasil e Inglaterra podem cair na primeira fase. Porém, no torneio do grande conflito, todos podem ser campeões. Se você fizer parte do time de Cristo, já pode se considerar campeão por antecipação.

Outras lições
Não é novidade que o futebol ensina perseverança, determinação, autocontrole, responsabilidade, lealdade, liderança, luta pelo objetivo. Contudo, ele pode ensinar outras lições. Confira:

1. Entre em campo. O objetivo do jogador não é ficar sentado na arquibancada nem no banco de reserva. O cristão não pode ficar na plateia.

2. Aprenda na prática. Você atinge a “perfeição” não apenas ouvindo preleções, mas tendo experiência no jogo real, transformando cada erro em futuro acerto.

3. Não reclame da concentração. É preciso ficar longe das distrações do mundo e treinar sério.

4. Desenvolva habilidade. Para jogar bem, é preciso equilíbrio no controle da bola em alta velocidade, percepção dos melhores caminhos, excelente coordenação e movimentos precisos.

5. Enfrente a pressão dentro e fora de campo. Cada jogo é uma batalha. A cobrança da imprensa e da torcida é enorme.

6. Equilibre defesa e ataque. Todos os setores da equipe, da igreja e da vida precisam de atenção.

7. Assuma riscos. Seja ousado, saia da retranca, vá para o ataque. Jogar é estar aberto a novas emoções.

8. Combine seriedade e entretenimento. A vida não é só trabalho e disputa.

9. Ganhe e perca com dignidade. As vitórias e derrotas fazem parte do jogo e da vida. Seja humilde na vitória e gracioso na derrota. Nenhum time é imbatível.

10. Seja flexível. Procure se adaptar a novas situações, novo ambiente, nova cultura e novas funções, como os jogadores fazem.

11. Seja um jogador de integridade. Você representa a família, o técnico, o time e o país. Jogue para a glória de Deus!

Adaptação de texto de Marcos De Benedicto (via Revista Adventista)

terça-feira, 15 de novembro de 2022

QUEM NUNCA OUVIU FALAR DE JESUS PODERÁ SER SALVO?

Estima-se que das 8 bilhões de pessoas vivas no mundo hoje, 3,37 bilhões delas vivam em grupos de povos não alcançados com pouco ou nenhum acesso ao Evangelho de Jesus Cristo. De acordo com o Joshua Project, existem aproximadamente 17.428 grupos de pessoas únicas no mundo, com mais de 7.400 deles considerados não alcançados (mais de 42% da população mundial!). A grande maioria (85%) desses grupos menos alcançados mora na Janela 10/40 e menos de 10% do trabalho missionário é feito entre essas pessoas. Janela 10/40 é uma faixa da terra que se estende do norte da África, passa pelo Oriente Médio e vai até a Ásia. A partir da Linha do Equador, subindo forma um retângulo entre os graus 10 e 40. 

Neste artigo, propomos então a seguinte pergunta para reflexão: Quem nunca ouviu falar de Jesus poderá ser salvo?

Os cristãos respondem de maneiras diferentes a essa pergunta. Apresentarei algumas reflexões que me ajudaram a tirar minhas próprias conclusões. Para tanto, examinarei algumas provas bíblicas e farei observações de natureza teológica.

1. A salvação por meio de Cristo e da missão
Alguns cristãos negam que possa haver salvação separada do conhecimento de Cristo, o que poderia ser chamado de resposta exclusivista. Certas passagens bíblicas parecem apoiar esse ponto de vista. Por exemplo, Jesus disse: “Esta é a vida eterna: que Te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3). Pedro reafirmou essa convicção: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:12). De fato, a comissão do evangelho requer que o conhecimento da salvação, por meio de Cristo, seja proclamado a todas as pessoas (Mateus 28:18-20; conforme Apocalipse 14:6-12). Salvação requer fé em Jesus (Romanos 1:16; 10:9; Atos 16:30-34). A morte redentora de Jesus e a reivindicação exclusiva de que salvação só é possível por meio dEle é o alicerce da missão da igreja. Foi isso que o Senhor ordenou que fizéssemos, e nós, em humilde submissão a Ele, vamos e cumprimos a missão.

2. A missão continua sendo a missão de Deus
Outro aspecto desta questão é: A missão não teve início na igreja, mas em Deus e continua sendo dEle. Ele a iniciou enviando Seu Filho como nosso Salvador (João 3:16). Cada aspecto do ministério de Jesus foi o cumprimento da missão salvadora de Deus para a raça caída. No fim de Seu ministério, Jesus disse ao Pai que havia completado “a obra que Me deste para fazer” (João 17:4). O Espírito está pessoalmente envolvido na missão divina. Jesus estava cheio do Espírito no cumprimento de Sua missão (Isaías 11:1-5; Mateus 3:16-17). A própria igreja foi capacitada pelo Espírito para cumprir sua missão (Atos 1:8). A profunda ligação entre a igreja e o Espírito indica que, embora a igreja tenha sido estabelecida para a missão, a missão é de Deus. É cumprida pelo Espírito por meio da igreja. O Espírito, de acordo com o desígnio divino, usa os fiéis para realizar a missão de Deus.

3. A missão e o Espírito
O que Deus faria se não houvesse cristãos? Proponho que o Espírito continue a ser responsável pela realização da missão. Quando a visão expressa do povo de Deus não é acessível em alguma região do mundo, seja por questões políticas, religiosas ou quaisquer outras, a missão salvadora de Deus para o mundo não é desativada. Deus “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Timóteo 2:4). Encontramos um bom exemplo disso na experiência de Cornélio, gentio que temia a Deus, mas que não dispunha de um cristão para ensiná-lo. Nessa situação, o Senhor falou diretamente com ele, em visão, e o guiou a Pedro (Atos 10:1-10). Deus não ficou sem testemunhas entre as nações que vivem em trevas espirituais. De tempos em tempos, Ele levanta profetas entre eles e a luz divina os alcança (conforme Números 24:2). Jesus, por meio do Espírito, continua a ser “a verdadeira luz que ilumina todos os homens” (João 1:9). Isso sugere que os não-cristãos que estão longe do contato com o povo de Deus, quando tocados pelo Espírito, sinceramente anseiam por algo melhor (conforme Tiago 1:17). Eles podem experimentar o poder salvador de Deus na mente e no caráter. Seu conhecimento pode ser extremamente limitado, mas eles foram transformados pela graça de Cristo em seu coração e, sem saber de Jesus, foram abençoados por Sua graça salvadora.

Essa obra do Espírito não legitima religiões não cristãs ou permite pluralismo religioso. Certamente, em Seu trabalho, o Espírito pode usar fragmentos da verdade que possa haver em qualquer religião; mas Ele não está preso a tais elementos. A graça é concedida por Cristo às pessoas por meio do Espírito. No entanto, essa obra do Espírito não torna o testemunho irrelevante. Pelo contrário, a obra do Espírito Santo prepara o caminho para que a igreja cumpra sua missão mais efetivamente.

4. Salvação para os gentios
Várias passagens bíblicas e declarações de Ellen White confirmam que entre os gentios existem pessoas sinceras que servem a Deus sem um conhecimento explícito da revelação bíblica. Emprega-se a palavra "gentios" para significar aqueles povos que não eram da família hebraica (Levítico 25.44 – 1 Coríntios 16:24, etc.). E usa-se o mesmo termo para descrever os incrédulos, como em Jeremias 10.25. De um modo geral os gentios eram todos aqueles que não aceitavam que Deus se tivesse revelado aos judeus, permanecendo eles então na idolatria. Por exemplo, o apóstolo Paulo, após asseverar que “para com Deus não há acepção de pessoas” (Romanos 2:11), esclarece: “Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos” (Romanos 2:14). Mesmo não dispondo da revelação escrita, essas pessoas se demonstram obedientes às impressões do Espírito Santo sobre a própria consciência individual.

Ellen White aborda o mesmo assunto nas seguintes declarações: “O divino plano de salvação é amplo bastante para abranger o mundo todo. Deus anseia por insuflar na prostrada humanidade o fôlego da vida. E Ele não permitirá [que] fique desapontada qualquer alma que seja sincera em seu anelo de algo mais elevado e mais nobre que aquilo que o mundo possa oferecer. Constantemente está Ele enviando os Seus anjos aos que, conquanto rodeados por circunstâncias as mais desencorajadoras, oram com fé para que algum poder mais alto que eles mesmos tome posse deles, dando-lhes libertação e paz” (Profetas e Reis, pp. 377 e 378).

“Aqueles que Cristo louva no Juízo, talvez tenham conhecido pouco de teologia, mas nutriram Seus princípios. … Há, entre os gentios, almas que servem a Deus ignorantemente, a quem a luz nunca foi levada por instrumentos humanos; todavia não perecerão. Conquanto ignorantes da lei escrita de Deus, ouviram Sua voz a falar-lhes por meio da natureza, e fizeram aquilo que a lei requeria. Suas obras testificam que o Espírito Santo lhes tocou o coração, e são reconhecidos como filhos de Deus” (O Desejado de Todas as Nações, p. 638).

“Onde quer que haja um impulso de amor e simpatia, onde quer que o coração se comova para abençoar e amparar os outros, é revelada a operação do Santo Espírito de Deus. Nas profundezas do paganismo os homens que não tiveram conhecimento da lei escrita de Deus, que nunca ouviram o nome de Cristo, têm sido bondosos com Seus servos, protegendo-os com o risco da própria vida. Seus atos mostram a operação de um poder divino. O Espírito Santo implantou a graça de Cristo no coração do selvagem, despertando nele a simpatia contrária à sua natureza e à sua educação. A ‘luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo’ (João 1:9), está-lhe brilhando na alma; e esta luz, se atendida, lhe guiará os pés para o reino de Deus” (Parábolas de Jesus, p. 385).

Algumas pessoas poderiam ser tentadas a imaginar que, se “o divino plano de salvação é amplo bastante para abranger o mundo todo” (inclusive os gentios), então não haveria mais necessidade de se pregar o evangelho, pois as pessoas sinceras seriam salvas independentemente de conhecerem ou não o plano da redenção. Mas essa suposição não é aceitável, uma vez que a ignorância da verdade é contrária aos propósitos divinos, e a proclamação do evangelho não se restringe apenas àqueles que já são sinceros.

Vários textos bíblicos enfatizam a necessidade de se conhecer e proclamar a verdade bíblica a todos os seres humanos. Por exemplo, Mateus 4:4 (cf. Deuteronômio 8:3) assevera que “não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. Por sua vez, João 16:13 acrescenta que a obra do “Espírito da verdade” é guiar os seguidores de Cristo “a toda a verdade”, definida como a pessoa de Cristo (João 14:6) e a palavra de Deus (João 17:17). Consequentemente, o mesmo Espírito da verdade também capacita os genuínos cristãos a ensinarem os novos “discípulos de todas as nações” a “guardar todas as coisas” que Cristo ordenou (Mateus 28:18-20).

A promessa bíblica é que finalmente “a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Habacuque 2:14; ver também Isaías 11:9; Efésios 4:11-14). Enquanto essa plenitude de conhecimento não for atingida, Deus continuará usando instrumentalidades humanas imbuídas pelo poder do Seu Espírito na missão de compartilhar o evangelho a toda criatura sobre a face da Terra. O Espírito Santo, cuja missão é convencer “o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (João 16:8), atua mesmo na consciência daqueles que não tiveram a oportunidade de ouvir as boas-novas da salvação em Cristo. Os que vivem em conformidade com a luz da verdade a que tiveram acesso, ainda que esse conhecimento seja incipiente, não serão desapontados. Eles serão súditos do reino eterno.

[Com informações de Adventist World e Centro White]

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

APELO AOS PREGUIÇOSOS DA IGREJA

É um mistério que não haja centenas de pessoas trabalhando onde hoje vemos apenas uma. O universo celeste acha-se pasmo em face da apatia, da frieza, da indiferença daqueles que professam ser filhos e filhas de Deus. Existe na Verdade um poder vivo.

Jamais poderemos ser salvos na indolência e inatividade. Não há pessoa verdadeiramente convertida que viva vida inútil e ociosa. Não nos é possível deslizar para dentro do Céu. Nenhum preguiçoso pode lá entrar. Quem recusa cooperar com Deus na Terra, não cooperaria com Ele no Céu. Não seria seguro levá-los para lá.

Todo o Céu olha com intenso interesse à igreja, para ver o que seus membros estão individualmente fazendo para iluminar os que estão em trevas.

Deveis considerar solenemente que estais tratando com o grande Deus, e deveis lembrar-vos sempre de que Ele não é uma criança com quem se brinque. Não podeis empenhar-vos em Seu serviço de acordo com sua vontade, e abandoná-lo quando muito bem o quereis.

Seres celestiais têm esperado para cooperar com os instrumentos humanos, mas não temos discernido sua presença. Os anjos celestiais têm esperado longamente que os agentes humanos - os membros da igreja - com eles cooperem na grande obra a ser feita. Eles estão esperando por ti.

Muitos, muitos, se estão aproximando do dia de Deus sem fazer coisa alguma, eximindo-se às responsabilidades, e em resultado, são anões religiosos. No que respeita à obra de Deus, as páginas da história de sua vida apresentam-se lamentavelmente em branco. São árvores no jardim de Deus, mas apenas ocupam o terreno, ensombrando com seus improdutivos ramos o solo que árvores frutíferas poderiam ter ocupado.

Há perigo para os que fazem pouco ou nada para Cristo. A graça de Deus não habitará por muito tempo na alma daqueles que, tendo grandes privilégios e oportunidades, permanecem silenciosos.

Não há agora tempo para dormir - não há tempo para nos entregarmos a vãos pesares. Aquele que ousa cochilar agora, perderá preciosas oportunidades de fazer o bem. É-nos concedido o bendito privilégio de reunir molhos na grande ceifa; e cada alma salva será uma estrela a mais na coroa de Jesus, nosso adorável Redentor. Quem estará ansioso por depor a armadura quando, sustentando a batalha um pouquinho mais, alcançará novas vitórias e arrecadará novos troféus para a eternidade?

Os mensageiros celestiais estão fazendo sua obra; mas, que estamos nós fazendo? Irmãos e irmãs, Deus nos convida a remirmos o tempo. Aproximai-vos de Deus. Despertai o dom que há em vós. Que aqueles que tiveram oportunidade de se familiarizar com as razões de nossa fé usem agora esse conhecimento para alguma finalidade.

Estende-se perante nós a eternidade. A cortina está para ser corrida. Em que estamos pensando, para que assim nos apeguemos ao nosso amor egoísta da comodidade, enquanto por toda parte ao nosso redor almas estão a perecer?

Ficou-nos completamente calejado o coração?

Não podemos ver nem compreender que temos uma obra para fazer em favor de outros?

Irmãos e irmãs, estais entre os que, tendo olhos, não vêem, e tendo ouvidos, não ouvem?

Foi em vão que Deus vos deu o conhecimento de Sua vontade?

Foi em vão que Ele vos enviou advertência após advertência da proximidade do fim?

Acreditais nas declarações de Sua Palavra acerca do que está para sobrevir ao mundo?

Acreditais que os juízos de Deus impendem sobre os habitantes da Terra?

Como, então, podeis ficar de braços cruzados, descuidosos e indiferentes?

Como podereis vós, que fazeis a oração do Senhor: "Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu" (Mt 6:10), assentar-vos comodamente em vossos lares, sem ajudar a levar a outros a tocha da verdade?

Como podereis erguer as mãos a Deus e rogar Suas bênçãos sobre vós e vossas famílias, quando tão pouco fazeis para ajudar aos outros?

Há entre nós pessoas que, se tomassem tempo para observar, considerariam sua posição indolente como um descuido pecaminoso dos talentos que Deus lhes conferiu. Irmãos e irmãs, vosso Redentor e todos os santos anjos estão entristecidos com a vossa dureza de coração. Cristo deu Sua própria vida para salvar almas e, não obstante, vós, que Lhe haveis provado o amor, pouco esforço fazeis para partilhar as bênçãos de Sua graça com aqueles por quem Ele morreu. Semelhante indiferença e negligência do dever assombra os anjos. No juízo tereis que encontrar-vos com as almas de que vos haveis descuidado. Naquele grande dia, sentir-vos-eis culpados e condenados. Oxalá o Senhor vos induza agora ao arrependimento e perdoe ao Seu povo o haver descuidado a obra que Ele lhes deu para fazerem em Sua vinha.

Que podemos dizer ao membro da igreja ocioso, a fim de fazer-lhe reconhecer a necessidade de desenterrar o seu talento e entregá-lo aos banqueiros?

Não haverá no reino dos Céus ociosos nem preguiçosos. Que Deus apresente este assunto em toda a sua importância às igrejas dormentes! Oxalá se levante Sião e vista as suas roupagens de gala! Oxalá resplandeça!

Existe uma obra a fazer em benefício daqueles que não conhecem a verdade, uma obra idêntica àquela que foi feita por vós quando vos acháveis em trevas. É demasiado tarde para dormir, tarde demais para ser indolentes que nada fazem. O Pai de família deu a cada um a sua obra. Avancemos, não retrocedamos. Necessitamos diariamente de uma nova conversão. Necessitamos que o amor de Jesus palpite em nosso coração, a fim de podermos ser instrumentos em salvar muitas almas.

O mundo tem de ser advertido da breve volta do Senhor. Temos apenas pouco tempo para trabalhar. Passaram para a eternidade anos que poderiam ter sido aproveitados para buscar primeiramente o reino de Deus e Sua justiça, e para difundir a luz aos outros. Deus agora convoca o Seu povo que possui grande luz e está firmado na verdade, e com o qual teve muito trabalho, para trabalharem por si mesmos e pelos outros como nunca dantes o fizeram. Fazei uso de toda aptidão; ponde em exercício toda faculdade, todo talento confiado; empregai toda a luz que Deus vos concedeu, para fazer bem aos outros. Não procureis tornar-vos pregadores, mas tornai-vos ministros de Deus.

Textos de Ellen G. White extraídos do livro Serviço Cristão, pp. 88-92.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

OS 4 CAVALEIROS DO APOCALIPSE

Muitas vezes ouvimos falar dos 7 selos, os quatro cavalos e os 4 cavaleiros do Apocalipse. Todos eles formam parte da mesma profecia. Os 4 cavaleiros com seus respectivos cavalos aparecem nos 4 primeiros selos.

Os acontecimentos representados nos sete selos devem ser entendidos no contexto das maldições da aliança do Antigo Testamento, especificadas em termos de espada, fome, pestes e feras do campo (Lv 26:21-26). Ezequiel os chamou de os “quatro terríveis juízos” de Deus (Ez 14:21, NVI). Eram juízos disciplinares pelos quais o Senhor, buscando despertar Seu povo para sua condição espiritual, castigou-o quando ele se tornou infiel à aliança. Semelhantemente, os quatro cavaleiros são o meio que Deus usa para manter Seu povo desperto enquanto aguarda o retorno de Jesus.

No capítulo 5 do Apocalipse, João descreve a cena em que Jesus toma o livro selado da mão de Deus sob uma aclamação nunca antes vista no Universo.

“E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos” (Ap 5:1).

O fato de estar selado com sete selos revela que o conteúdo do rolo era muito importante, porque só documentos importantes são selados. O Pai Eterno depôs este documento selado nas mãos do Cordeiro de Deus que foi morto desde a fundação do mundo. Ele, por Sua vez, abriu os selos na presença de milhões e milhões de anjos da corte celestial, porque todos estavam na expectativa, aguardando saber o desenlace da luta final entre o bem e o mal, entre Cristo e Satanás.

O capítulo 6 trata dos seis primeiros selos. Assim, como em outros capítulos, a simbologia é bastante utilizada. É importante citar que a sequência profética e simbólica dos sete selos relaciona-se com o mesmo terreno coberto pela profecia das sete igrejas, mas dando ênfase a outros eventos. O tempo da abertura dos quatro primeiros selos corresponde ao tempo retratado nas igrejas de Éfeso, Esmirna, Pérgamo e Tiatira.

O Primeiro Selo
Leiamos e analisemos o primeiro selo:

Apocalipse 6:1-2 – “E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer.”

O primeiro selo nos mostra um cavalo branco, e sobre ele um cavaleiro com um arco de conquistador. O cavalo, em profecia, segundo Provérbio 21:31, simboliza lutas políticas ou religiosas.

A cor branca do cavalo simboliza, segundo o Livro Sagrado, a imaculada pureza da igreja divina. Em outras palavras, temos a descrição em símbolo do evangelho puro de Jesus Cristo como foi ensinado pelos apóstolos e pela bendita virgem.

O texto diz que o cavalo branco, a pureza do evangelho, e o cavaleiro, saíram vencendo e para vencer. Graças a Deus que a História confirma os triunfos da gloriosa igreja apostólica. A igreja cristã primitiva conquistou as forças pagãs que se lhe opunham, e milhões aceitaram a verdade pura do evangelho durante o primeiro século. Justo antes do seu martírio, o apóstolo Paulo confirmou este fato nas seguintes palavras:

(Colossenses 1:23): “Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro.”

Esta é uma confirmação histórica de que o evangelho havia sido pregado a todo o mundo conhecido por ocasião do martírio de Paulo no ano 68. Era a corrida vitoriosa do cavalo branco, que teve início no ano 31 e foi até o ano 100, quando morreu o último apóstolo, João.

O Segundo Selo
Vamos agora à revelação e descrição do segundo cavaleiro:

Apocalipse 6:3 e 4) – “E, havendo aberto o segundo selo, ouvi o segundo animal, dizendo: Vem, e vê. E saiu outro cavalo, vermelho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.”

O que monta este cavalo vermelho, e que deveria correr o mundo então conhecido, tinha uma grande espada para matar.

A cor do cavalo – o vermelho – é símbolo do derramamento de sangue, e representa a era de perseguições dos cristãos pelos judeus bem como pelos romanos, cuja igreja pagã oficial via sua sobrevivência perigando em face do sucesso da igreja cristã como resultado dessas mesmas perseguições. Mas, ao mesmo tempo uma multidão de erros se introduziriam na igreja, sobrevindo a luta de facções em seu seio.

A despeito de todas as lutas e perseguições do segundo e terceiro séculos, Satanás não pôde alcançar o seu propósito de exterminar a igreja. Ao contrário, na expressão de Tertuliano, “o sangue dos mártires é semente da igreja”. A era do cavalo vermelho vai de 100 a 313. Esta data assinala o decreto de tolerância dos romanos para com os cristãos. Mais tarde o próprio imperador Constantino aceitou o cristianismo.

O Terceiro Selo
Apocalipse 6:5 e 6 – “E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi dizer ao terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança na mão. E ouvi uma voz no meio dos quatro animais, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro, e três medidas de cevada por um dinheiro; e não danifiques o azeite e o vinho.”

Se o branco é emblema de pureza da verdade, o preto simboliza o oposto, isto é a apostasia e o erro. Quando Satanás viu que fora incapaz de destruir a igreja divina pela perseguição, mudou seus métodos. Procurou destruí-la pela apostasia. Isto teve melhores resultados. O imperador Constantino manifestou o seu beneplácito para com a igreja, e mais tarde professou sua fé. Grande estadista que era, logrou êxito em unir a igreja pagã com a cristã numa só grande igreja do Estado.

Eusébio, bispo de Antioquia, amigo e conselheiro religioso do imperador, desempenhou também grande parte na apostasia da igreja. Cumpriu-se então com este triste drama a profecia de Paulo sobre os bispos da Ásia Menor (Ver Atos 20:28-30).

Mais ainda, o mesmo apóstolo, em sua segunda carta aos Tessalonicenses, expõe a natureza da apostasia.

(2Ts 2:1-4): “Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.”

Havia alguns falsos pregadores no tempo de Paulo que ensinavam que o Senhor voltaria no seu tempo para salvar o mundo e estabelecer Seu reino eterno. E para melhor convencer o povo, eles mesmos escreveram cartas às igrejas sobre o assunto, assinando-as com o nome de Paulo ou de algum outro apóstolo. Essas são algumas cartas que hoje chamamos “apócrifas”, por serem de duvidosa inspiração.

Paulo pedia que as igrejas não se deixassem enganar com essas cartas facciosas. Antes da Volta de Cristo a igreja passaria primeiro pela grande apostasia, com o oponente da verdade reclamando adoração como se fora Deus. Analisemos, porém, de acordo com S. Paulo, a predição deste poder e sua duração:

(2Ts 2:8): “E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda.”

Ele exerceria seu poder e domínio sofre as almas dos homens justo ao tempo da Segunda Vinda de Cristo; isto é, no fim do mundo o Senhor destruiria este poder apóstata com o resplendor de Sua vinda. Este poder facilmente é reconhecido por qualquer arguto observador de nossos dias.

Vejamos alguns atributos deste poder apóstata, segundo o verso 9: “esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira.”

Este poder é de origem satânica e não divina. Ele procuraria provar sua origem divina realizando milagres, curando os enfermos, etc. Lembremos que Satanás é um anjo caído, e tanto ele como a terça parte dos anjos que o acompanharam na queda podem realizar milagres. Ele arrasta as nações para o seu sistema de contrafação da verdade, sistema simbolizado pelo cavalo preto, fazendo-as crer que a verdade é mentira e a mentira verdade.

Notemos o que Paulo diz sobre isto:

(2Ts 2:10 e 11): “E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira.”

Todo aquele que não tem amor pela verdade e não deseja segui-la com verdadeira paixão, é deixado no erro. O que precisamos pedir a Deus é que nos dê um coração puro e sincero, para que conheçamos a verdade, o supremo tesouro do homem. O que tem fome e sede da verdade, obedecerá a Deus porque O ama e porque ama a verdade sobre todas as coisas.

A apostasia, que se desenvolvia muito lentamente, foi acelerada a partir do ano 313, quando Constantino outorgou favores à igreja cristã, até o ano 538, quando toda oposição a esta igreja foi subjugada pela força da espada, sendo sua autoridade completamente imposta. Satanás não pôde destruir a igreja pela perseguição indicada pelo segundo cavaleiro, mas obteve êxito induzindo-a à apostasia. Aqui Satanás triunfou.

O Quarto Selo
Apocalipse 6:8 – “E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra.”

A partir do ano 538 nova era começou para a igreja, desdobrando-se segundo a descrição do quarto cavaleiro.

Surge um cavalo amarelo. Esta cor (pálido, na versão inglesa) – é símbolo da morte, porque é a tonalidade da pele de quem está para morrer. O cavaleiro do cavalo pálido recebeu poder “para matar a quarta parte da Terra”. Foi cerca do ano 538 que isto ocorreu, quando a igreja apóstata, “em defesa da fé”, começou a exercer poder temporal sobre as nações da Europa, que bem representam a quarta parte da Terra, segundo a profecia.

Este poder levou os governos da Europa a perseguir os que não renunciassem sua fé na Santa Escritura e insistissem em permanecer na verdade do cavalo branco. Várias nações baixaram decretos rejeitando por lei qualquer crença contrária. Mas milhares e milhares preferiram a morte antes que violentar a consciência.

A História confirma que terrível perseguição dominou o mundo por mais de um milênio, sendo conhecida na História como a “Inquisição da Idade Média”. Muitos livros têm sido escritos sobre a história dos fiéis valdenses, albigenses e huguenotes, que durante este tempo foram mártires da fé. O período do quarto selo foi de 538 a 1517.

Com o quarto selo termina a visão dos cavalos. Os últimos três selos, que são representados por meio de símbolos, revelam que os futuros acontecimentos não seriam de escopo universal.

O Quinto Selo
O quinto selo é uma sucessão do quarto e estende-se do período que vai do ano 1517 a 1755. No quarto selo vimos os terríveis extermínios do papado contra o povo de Deus. O quinto selo nos mostra o quadro das testemunhas de Deus e de Seus filhos mortos pela espada papal.

O Sexto Selo
Depois disto, João visualiza a abertura do sexto selo, onde estão descritos os sinais da iminente volta de Jesus. A linguagem que antes era simbólica passa a ser literal. Os escritores do Antigo Testamento, e o próprio Cristo, falaram muitas vezes de grandes sinais no universo físico, no Sol, na Lua, nas estrelas e na Terra. Esses sinais seriam indicações especiais da volta de nosso Senhor. O período deste selo foi de 1755 a 1833. O sexto selo do Apocalipse nos ajuda a descobrir quando começaria o tempo do fim e conclui com a descrição da segunda vinda de Jesus. 

O Sétimo Selo
O sétimo selo só será rompido depois que Cristo vier e os ímpios forem mortos pela glória de Seu aparecimento. Então haverá silêncio no Céu durante cerca de ‘meia hora’ (Ap 8:1). O silêncio que ocorrerá imediatamente após o aparecimento de Cristo (Ap 6:12-17), representa o descanso, a paz e o regozijo entre a hoste celestial e os salvos depois que o veredicto do tribunal celestial começar a ser posto em execução. Quando for rompido o sétimo selo, tornar-se-á conhecido o conteúdo do livro do destino (Ap 5:5 e 9), e o povo de Deus será reunido pelos anjos e levado para o Céu.

Assista também a esta série do Feliz7Play onde o Pr. Lélis explica exatamente o que os 4 cavaleiros do Apocalipse representam e como se aplicam ao contexto atual. https://youtube.com/playlist?list=PLg7vVjTMs6Z6afA791oj0tWchk8bdze_y