segunda-feira, 31 de julho de 2023

A NOVA ORDEM MUNDIAL NA BÍBLIA

Você já ouviu falar da Nova Ordem Mundial? Muito provável que sim! E imagino que a grande maioria que tenha ouvido falar desse assunto, provavelmente tenha sido dentro de alguma palestra feita na igreja, certo?

Por conta disso, somos tentados a pensar que essa temática, seja de cunho exclusivamente religioso.

Porém, se sairmos um pouco do campo religioso para observarmos o mundo em redor, perceberemos que a nova ordem mundial é algo que permeia muitas áreas do saber. O mundo: judicial, comercial, econômico, tecnológico, ativista e filosófico, por exemplo, também estuda e aguarda o surgimento dessa ordem. Para essas áreas todas, a nova ordem representa uma reorganização política internacional, tendo como base uma constituição única e universal. Na visão de sociólogos e estudiosos da futurologia, o mundo pode ser comparado a uma criança correndo desgovernada e sem controle, tornando-se assim necessário, um adulto para tomar conta.

O que teria a Bíblia a nos dizer sobre essa reorganização política mundial e constitucional?

Nova Ordem Mundial e a Bíblia
Ao estudarmos as profecias de Daniel e Apocalipse, juntamente ao sermão profético feito por Cristo nos três evangelhos, percebemos que de fato, o mundo tende a rumar ao colapso. O texto bíblico nos informa que quanto mais o tempo passar, mais o amor se esfriará pelo aumento da iniquidade no coração humano (Mateus 24:12). Haverá cada vez mais conflitos, rumores de guerras, epidemias, fome (Mateus 24:6,7; Lucas 21:11,12), problemas que poderiam ser resolvidos, se não houvesse tanto interesse egoísta envolvido.

Em meio a esse cenário é que a Bíblia descreve em Apocalipse 13, o surgimento no cenário mundial de uma aliança entre dois poderes terrestres. O primeiro é apresentado na figura simbólica de um animal saindo da água, o segundo é descrito como um animal saindo da terra. Dentro do contexto literário do Antigo Testamento, essas duas figuras mitológicas são uma representatividade do mal. João usa esse contexto como pano de fundo para descrever que no tempo do fim, haverá dois poderes humanos, considerados aliados do dragão que é uma representatividade do diabo (Apocalipse 12:7-9), que se unirão, formando assim uma nova ordem mundial.

A união desses poderes é algo tão poderoso e influente que seduzirá todos os habitantes da Terra (Apocalipse 13:14), e mexerá com a economia e a liberdade civil (Apocalipse 13:16,17).

A primeira besta, conforme a sua descrição, representa Roma (Daniel 7:7,17; Apocalipse 17:18), a segunda besta, será um aliado político dela. Quando esses dois poderes se unirem e fundirem num só, estará formado aquilo que a teologia entende como Nova Ordem Mundial. Essa união do poder religioso com o político, estabelecerá um decreto que será de nível mundial e com fortes represália aos seus opositores.

Podemos concluir então que a política será reorganizada mundialmente, passando a existir apenas uma forma de governo? A resposta é um sonoro sim! Embora, o Apocalipse não detalhe como acontecerá e nem quando, ele descreve que acontecerá.

O que acontecerá com a humanidade quando a nova ordem mundial se estabelecer? Será imposto sobre ela uma marca e ela é quem definirá quem está a favor ou contra essa coligação. O cenário de união entre as potências religiosas e políticas do mundo é um dos últimos sinais que vão anteceder a segunda vinda de Cristo e o fim do mundo. Quando Cristo vier, as autoridades políticas e religiosas vão perder seus poderes, e Deus salvará o seu povo e será o único governante do Universo, e “Ele reinará pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 11:15).

Sendo assim, o único governo que reinará proeminentemente na história, formando a verdadeira nova ordem mundial, será o reino de Deus.

Maiara Costa (via biblia.com.br)

sexta-feira, 28 de julho de 2023

QUANDO FORES ADORAR

Para Henry H. Halley, ministro e autor evangélico na primeira metade do século 20, a maior fraqueza do protestantismo é a ausência dos membros nas reuniões da igreja. Isso, contudo, é agravado pela atitude de muitos dos que ainda frequentam os cultos, enfadados e negativos.

Por que tanta relutância em relação à igreja? A lista das razões pode ser longa, todas iniciadas com um “se”: “se o coral cantasse melhor”; “se a pianista tocasse mais alto”; “se a música fosse mais animada”; “se voltássemos a cantar os hinos antigos”; “se o pregador falasse apenas 20 minutos”; “se os bancos fossem mais confortáveis”; “se o serviço de som fosse melhor”; “se tivéssemos ar-condicionado”, etc. Pode você identificar-se com essas desculpas? O problema não está com a igreja, mas com a má compreensão dela.

A igreja não é primariamente um lugar para o qual vamos com a finalidade de sermos entretidos. Não é um local em que uma plateia se assenta de braços cruzados para assistir a um show. A igreja não apresenta um espetáculo aos sentidos, em que alguns “atores” devem se esforçar para agradar pessoas mal-humoradas. A igreja não é um lugar em que pessoas com carrancas de desaprovação dizem ao pregador que não estão gostando de seu desempenho. A igreja não é um parque de diversões para distrair pessoas enfadadas.

A igreja é primariamente um lugar de culto. Jesus disse: “A Minha casa será casa de oração.” (Lucas 19:46). A igreja, note bem, não é um lugar aonde você vai primariamente para receber qualquer coisa. Em vez disso, você vai oferecer seu louvor e sua adoração, oferecer a vida a Deus e aos outros, em serviço alegre e voluntário. Alguns perguntam: “O que tem a igreja para me oferecer?” Se tal pergunta não é feita em palavras, ela é manifestada em nossa atitude consumista, camuflada de cristianismo.

Acostumados a nos assentar passivamente diante da TV, vemos a igreja com o mesmo espírito. Mas, se estamos buscando um espetáculo, a igreja não pode competir com Hollywood, que, além de contar com tecnologia, recursos e estímulos para anestesiar os sentidos, manipula a natureza caída que se alimenta daquilo que é oferecido. A mensagem da igreja é precisamente contrária à nossa natureza básica, que precisa ser redimida e transformada. Gostaria de fazer algumas sugestões que poderiam tornar mais significativa sua ida à igreja para a adoração:

1. Comece orando na noite anterior à sua ida à igreja. Ore para que Deus fale a você pessoalmente por meio do sermão, da música, do estudo das Escrituras ou de qualquer outro aspecto do culto. Ore para que o pregador seja livre no Espírito. Livre do medo, da insegurança humana, das distrações. Ore para que a Palavra de Deus o alcance com poder, de forma clara, oportuna, efetiva e redentora. Ore pela conversão de alguém.

2. Vá à igreja para ter um encontro com Deus. Você percebeu quantos itens na lista dos “ses” estavam relacionados com Deus? Exatamente. Nenhum deles. Isso acontece porque permitimos que o culto esteja centralizado em nós. O culto tornou-se o que nós queremos, focalizado naquilo que nos satisfaz. O culto verdadeiro está relacionado com Deus. Vá à igreja com alegria, júbilo (Sl 100:2, 4), reverência e gratidão. Há pessoas que realmente vão à igreja para adorar, não para se distrair, ficar nos corredores, no saguão, nos degraus ou nas salas dos departamentos. Outras pessoas vão à igreja, mas nunca chegam até ela.

3. Antes de ir à igreja, faça uma lista de pelo menos dez coisas pelas quais você louva a Deus. Leve a lista com você. Quando chegar o instante da oração, medite nesses dons divinos. Reconheça que Deus é bom, que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1:17). O louvor convida a presença de Deus. Leia 2 Crônicas 5:11-14. Imagine o espetáculo, como descrito nesse texto. O louvor convida a presença da glória de Deus. Mude o foco dos problemas ou das situações da vida para Aquele que resolve os problemas e muda situações adversas.

4. Leve caneta e papel para a igreja. Faça anotações. Não fique apenas assentado, esperando receber o alimento na boca. Leve sua Bíblia. Procure as passagens. Escreva os pontos e ideias principais do sermão. Isso ajudará você a ficar conectado. Faça um sumário do sermão para enviar a alguém que não tenha ido à igreja. Isso aumentará sua habilidade de ouvir Deus falando a você e abençoará outros.

5. Escolha os bancos na primeira metade da igreja. Por que muitos competem pelos últimos bancos? Indo ao teatro, no campo de esportes ou em qualquer espetáculo, as pessoas procuram se assentar o mais próximo possível do palco. As primeiras cadeiras custam mais caro. Os mais interessados querem estar perto da ação. Na igreja, muitos agem de forma inversa. Observadas as exceções, como pais com crianças pequenas e pessoas enfermas, os últimos lugares podem significar desinteresse ou falta de compromisso. Como professor, raríssimas vezes vi bons alunos nos últimos bancos. Se você se assentar atrás, possivelmente terá sua atenção distraída. Vá para a frente, onde aquilo que desvia a atenção é mínimo. Lá você pode ver melhor, ouvir melhor e receber a bênção que o Senhor tem para você.

6. Pense em ser uma bênção para os outros, em vez de meramente buscar uma bênção para você. Peça que Deus o desperte para alguém que necessite de um sorriso, um abraço, uma palavra de encorajamento, uma oração. Não fique satisfeito em sair do culto até que você tenha tornado a ida de alguém à igreja significativa para ela. Isso é precisamente o que dá sentido à igreja. A igreja não é o carpete, um sistema de som perfeito, computador, apresentação multimídia. A igreja tem que ver com pessoas preocupadas em servir e abençoar. Não espere por outros. Tome a iniciativa!

7. Finalmente, quando você for à igreja, vá em atitude de perdão e aceitação. Procure, pela graça divina, desintoxicar-se do ódio, da hostilidade, da rejeição e da amargura contra outros irmãos e irmãs. Lembre-se, nosso inimigo não é nenhum ser humano. Por menos que gostemos de algumas pessoas, elas também são vítimas dele. Segundo Jesus, “se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mt 5:23, 24). Isso é difícil? Sem dúvida. Gostaria que Ele não tivesse dito isso. Mas Ele disse, e não posso mudar Sua ordem.

"Como eu amo o teu Templo, ó SENHOR Todo-Poderoso! Como eu gostaria de estar ali! Tenho saudade dos pátios do Templo de Deus, o SENHOR. Com todo o meu ser, canto com alegria ao Deus vivo. Ó SENHOR Todo-Poderoso, meu Rei e meu Deus, perto dos teus altares os pardais constroem o seu ninho, e as andorinhas fazem a sua casa, onde cuidam dos seus filhotes. Felizes são os que moram na tua casa, sempre cantando louvores a ti! Felizes são aqueles que de ti recebem forças e que desejam andar pelas estradas que levam ao monte Sião! Quando eles passam pelo Vale das Lágrimas, ele fica cheio de fontes de água, e as primeiras chuvas o cobrem de bênçãos. Enquanto vão indo, a força deles vai aumentando; eles verão o Deus dos deuses em Sião. Escuta a minha oração, ó SENHOR, Deus Todo-Poderoso! Ouve-me, ó Deus de Jacó! Ó Deus, abençoa o nosso protetor, o rei que tu escolheste! É melhor passar um dia no teu Templo do que mil dias em qualquer outro lugar. Eu gostaria mais de ficar no portão de entrada da casa do meu Deus do que morar nas casas dos maus. O SENHOR Deus é a nossa luz e o nosso escudo. Ele ama e honra os que fazem o que é certo e lhes dá tudo o que é bom. Ó SENHOR Todo-Poderoso, como são felizes aqueles que confiam em ti!" (Salmo 84).

[Amin A. Rodor - Meditações Diárias: Encontros com Deus, pp. 207-209]

quinta-feira, 27 de julho de 2023

AMADURECIMENTO ESPIRITUAL É...

Maturidade espiritual tem que ver com a coerência entre o que professamos, o que vivemos e a relevância para o dia a dia do que acreditamos. Ela marca uma pessoa com traços de sabedoria, paz, confiança e coerência, o que glorifica o nome de Deus. Precisamos ter maturidade porque, sem ela a vida se desajusta, produzindo infelicidade. No entanto, por que muitos não a alcançam? O que realmente significa amadurecimento espiritual?

Amadurecimento espiritual é procurar mudar a mim mesmo, ao invés de ficar obcecado em mudar os outros.

Amadurecimento espiritual é não procurar a todo instante mostrar o quanto sou bom, quão acertadamente faço tudo e quão altruístas e corretas são as minhas atitudes.

Amadurecimento espiritual é não viver destacando quão certinha é minha vida familiar, profissional, escolar, devocional.

Amadurecimento espiritual é não ficar dizendo quão equilibrada é minha alimentação, quão sóbrio o meu vestuário e quão adequados o meu lazer e relacionamentos.

Amadurecimento espiritual é não achar que minha visão doutrinária e interpretação bíblica, bem como a minha vida eclesiástica e as soluções que vejo para os problemas da comunidade religiosa que frequento, são as únicas que estão de acordo com a verdade que professo.

Amadurecimento espiritual é não achar que minha compreensão do mundo, minhas posições políticas, econômicas, religiosas e minha visão das questões sociais, não necessitam ajustes e correções, bem como atualizações e até mesmo revisões e mudanças.

Amadurecimento espiritual é quando paro de comparar os outros comigo e de ficar buscando ou esperando a aprovação e o louvor dos meus irmãos.

Amadurecimento espiritual é, de uma vez por todas, aceitar que não sou perfeito, mas, que não preciso me render à minha imperfeição, que há vitória em cooperar com Cristo Jesus.

Amadurecimento espiritual é não usar o meu estilo de vida como padrão de comportamento ou régua para medir a vida do meu semelhante.

Amadurecimento espiritual é crer que onde existe a graça salvadora, não existe merecimento de tipo algum.

Amadurecimento espiritual é saber que perdoar não implica em esquecer, não significa que a ferida nunca existiu, mas, significa que ela não controla mais a minha vida e nem me faz sofrer.

Amadurecimento espiritual é não viver uma religião raivosa, condenatória e assustadora, entendendo que Evangelho não precisa ser algo triste e depressivo, mas, cheio de alegria e certeza da salvação.

Amadurecimento espiritual é quando eu quiser chamar o pecado pelo nome, começar pelos meus próprios pecados.

Amadurecimento espiritual é nunca ceder ao impulso de julgar e condenar o meu irmão, sem antes gastar os joelhos em muitos momentos de oração, intercedendo por ele a Deus, com misericórdia no coração e lágrimas na voz.

Amadurecimento espiritual é buscar amar o inimigo, em um tempo em que gostar e até mesmo aceitar os próprios amigos como eles são, se torna difícil e quase impossível pra mim.

Amadurecimento espiritual, enfim, é sentir paz na tempestade. É conseguir dormir no barco, mesmo com o mar absurdamente revolto.

"É certamente necessário que aqueles que creem na verdade, façam avanços contínuos, crescendo à estatura completa de homens e mulheres em Cristo Jesus. Não há tempo para apostasia e indiferença. Cada um deve ter uma experiência viva nas coisas de Deus. Tende raiz em vós mesmos. Firmai-vos na fé, de modo que, tendo feito tudo, possais ficar firmes, com inabalável confiança em Deus, através do tempo que provará a obra e o caráter de cada homem. Aplicai as vossas capacidades nas coisas espirituais, até que possais apreciar as coisas profundas da Palavra de Deus, e prossigam de força em força" (Ellen G. White - The Review and Herald, 10 de janeiro de 1888).

quarta-feira, 26 de julho de 2023

ADVENTISTAS E MUÇULMANOS

Os adventistas do sétimo dia estão excepcionalmente bem posicionados para levar o evangelho aos muçulmanos, e têm as seguintes vantagens sobre outros cristãos para levar as boas novas a eles:

1. O lugar das Escrituras - Baseamos nossas práticas e crenças na Bíblia e na Bíblia somente. Essa devoção e lealdade à Palavra revelada impressionam os muçulmanos, que creem que o Corão é a revelação de Deus.

2. Estilo de Vida - Nossa abstinência de carne de porco e álcool é uma boa surpresa para os muçulmanos que não estão acostumados a associar os cristãos a essas práticas. Isso significa que cristãos e muçulmanos podem participar de uma refeição juntos, sem apreensões – fator importante para se estabelecer as bases de um relacionamento. Além dessas práticas, a ênfase adventista na simplicidade e modéstia soa sincera aos muçulmanos, cuja religião é praticada nas 24 horas dos sete dias da semana.

3. Preocupação com os últimos dias - O assunto do juízo final, a segunda vinda de Jesus e a ressurreição desempenham um papel importante no pensamento islâmico. Para muçulmanos sérios, toda 
a vida é vivida em função do julgamento final. Seus ensinos diferem dos nossos em importantes aspectos, mas o pensamento central é comum e apresenta-se como oportunidade para que os adventistas ofereçam uma instrução esclarecedora de sua compreensão.

4. O sábado - O Corão menciona o sábado e sob um aspecto positivo; ele não menciona o primeiro dia da semana como o dia de culto. Nossa observância do sábado, estampada em nosso próprio nome, nos distingue como obedientes à revelação divina.

5. Conflito cósmico - Os muçulmanos compreendem que os acontecimentos na Terra têm como pano de fundo uma luta cósmica entre o bem e o mal, em que Lúcifer, Satanás e os seres caídos desempenham papel importante. Esse quadro geral tem paralelos óbvios, associado a diferenças importantes, como a compreensão adventista do grande conflito entre Cristo e Satanás.

6. A Criação - Tanto muçulmanos como adventistas creem na doutrina da criação e rejeitam a teoria da evolução.

7. Saúde - Os muçulmanos têm muito interesse na saúde e no estilo de vida saudável. Os adventistas e muçulmanos facilmente fazem parceria para melhorar a qualidade de vida. No Oriente Médio, os adventistas administram uma série de hospitais e clínicas em países muçulmanos, e o Centro Médico da Universidade de Loma Linda tem parceria contínua com o Reino da Arábia Saudita e com o Afeganistão.

8. Relação com Israel - O fato de que, como igreja, os adventistas se recusam a se identificar com qualquer lobby geopolítico é uma enorme vantagem para o mundo muçulmano. Não fazemos parte do lobby pró-Israel: cremos na justiça para todos os povos, inclusive para israelitas e palestinos.

9. Um movimento de reforma - Compreendemos que nossa mensagem não é nova, mas um retorno aos ensinos da Bíblia. Estamos completando a reforma parcial iniciada por Lutero, Calvino e muitos fiéis do passado. Os muçulmanos também se consideram parte de uma obra de reforma.

Essas características adventistas nos colocam em uma posição única para estabelecer contato com os muçulmanos em todos os níveis e para avançar a divina missão a nós confiada. Não somos, porém, muito conhecidos no mundo muçulmano; na verdade, não somos nada conhecidos. Quando muçulmanos ouvem sobre os cristãos, pensam imediatamente em homens e mulheres consumidores de carne de porco, de álcool, de vida sem princípios e que são a favor de Israel.

Talvez nosso maior desafio em relação aos muçulmanos seja ensiná-los sobre quem somos e o que defendemos. Quando isso for feito, a atitude mudará de descrença para admiração, apreciação e aceitação calorosa.

Cuidado com o preconceito
Embora o Senhor tenha confiado a nós uma mensagem e um estilo de vida que é bem atrativo aos muçulmanos, devemos nos submeter a uma renovação significativa em nossas atitudes e em nossa vida espiritual, se quisermos que o Senhor nos use como é Seu propósito.

Os muçulmanos sofrem preconceito generalizado no Ocidente. Inevitavelmente, os adventistas também são afetados pelos sentimentos expressos pela mídia de massa. Como resultado, pastores e membros, principalmente, não se preocupam em trabalhar com muçulmanos; além disso, as congregações adventistas não estão prontas para recebê-los em seu meio.

Entre os estereótipos negativos e mitos sobre os muçulmanos a que nosso povo está sujeito, estão os seguintes:

1. O islamismo é uma religião violenta e a maioria dos muçulmanos é, portanto, propensa à violência. O islamismo tem um componente de violência que também pode ser encontrado em outras religiões. Esse componente, entretanto, representa apenas uma pequena percentagem dos muçulmanos. O Instituto Gallup realizou uma pesquisa maciça entre os muçulmanos de todo o mundo e entrevistou cerca de trinta mil pessoas. Os resultados mostraram que noventa e três por cento dos muçulmanos rejeitam a violência.

2. “Alá” é o nome de uma divindade pagã. Esse mito é rapidamente desmentido pelo simples estudo da etimologia. “Alá” é simplesmente o termo árabe para Deus, e era tanto usado 
por cristãos árabes, antes de Maomé, como o é hoje. Porque 
o Islamismo nasceu entre os árabes e o Corão foi escrito 
em árabe, inevitavelmente o nome “Alá” foi adotado para designar Deus.

O evangelismo adventista entre os muçulmanos só acontecerá quando nos humilharmos, permitindo que o Senhor amoleça nosso coração e derrube nosso preconceito. O Senhor precisa colocar dentro de nós um profundo amor pelos muçulmanos e um desejo ardente de vê-los conosco na caminhada para o Céu. Ele precisa fazer com que nossas igrejas os aceitem calorosamente e de braços abertos. Só Ele pode fazer isso. Tais mudanças significam uma Igreja Adventista renovada e reformada.

terça-feira, 25 de julho de 2023

O PIOR INIMIGO DO HOMEM

"Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3:15). A sentença divina pronunciada contra Satanás depois da queda do homem, foi também uma profecia, abrangendo todos os séculos até ao final do tempo, e prefigurando o grande conflito em que se empenhariam todas as raças dos homens que vivessem sobre a Terra.

Deus declara: "Porei inimizade." Esta inimizade não é entretida naturalmente. Quando o homem transgrediu a lei divina, sua natureza se tornou má, e ele ficou em harmonia com Satanás, e não em desacordo com ele. Não existe, por natureza, nenhuma inimizade entre o homem pecador e o originador do pecado. Ambos se tornaram malignos pela apostasia. O apóstata nunca está em sossego, exceto quando obtém simpatia e apoio, induzindo outros a lhe seguir o exemplo. Por este motivo os anjos decaídos e os homens ímpios se unem em desesperada união. Se Deus não Se houvesse interposto de maneira especial, Satanás e o homem teriam entrado em aliança contra o Céu; e, ao invés de alimentar inimizade contra Satanás, toda a família humana se teria unido em oposição a Deus.

Satanás tentou o homem a pecar, assim como fizera com que os anjos se rebelassem, para deste modo poder conseguir cooperação em sua luta contra o Céu. Nenhuma dissensão havia entre ele e os anjos caídos, no tocante a seu ódio a Cristo ao passo que em todos os outros pontos havia discórdia, uniram-se firmemente na oposição à autoridade do Governador do Universo. Mas, quando Satanás ouviu a declaração de que existiria inimizade entre ele e a mulher, e entre a sua semente e a semente dela, compreendeu que seus esforços para depravar a natureza humana seriam interrompidos; que por algum meio o homem seria habilitado a resistir ao seu poder.

A inimizade de Satanás contra a raça humana é avivada pelo motivo de serem as criaturas humanas, mediante Cristo, objeto de amor e misericórdia de Deus. Ele se empenha em subverter o plano divino para a redenção do homem, desfigurando e corrompendo a obra de Suas mãos, para lançar desonra a Deus; deseja dar origem a pesares no Céu e encher a Terra de desgraças e desolação. E aponta para todo este mal como resultado da obra de Deus ao criar o homem.

É a graça que Cristo implanta na alma, que cria no homem a inimizade contra Satanás. Sem esta graça que converte, e este poder renovador, o homem continuaria cativo de Satanás, como servo sempre pronto a executar-lhe as ordens. Mas o novo princípio na alma cria o conflito onde até então houvera paz. O poder que Cristo comunica, habilita o homem a resistir ao tirano e usurpador. Quem quer que se ache a aborrecer o pecado em lugar de o amar, que resista a essas paixões que têm dominado interiormente e as vença, evidencia a operação de um princípio inteiramente de cima.

O antagonismo que existe entre o espírito de Cristo e o de Satanás, revelou-se na maneira mui flagrante com que o mundo recebeu a Jesus. Não foi tanto porque Ele aparecesse sem riquezas, pompas, ou grandiosidade mundanas, que os judeus foram levados a rejeitá-Lo. Viam-nO possuir poder que faria mais do que compensar a falta dessas vantagens exteriores. A pureza e santidade de Cristo, porém, valeram-Lhe o ódio dos ímpios. Sua vida de renúncia e impecável devotamento, era perpétua reprovação a um povo orgulhoso, sensual. Foi isto que provocou inimizade contra o Filho de Deus. Satanás e os anjos caídos uniram-se aos homens maus. Todas as energias da apostasia conspiraram contra o Campeão da verdade.

É manifesta em relação aos seguidores de Cristo, a mesma inimizade demonstrada para com o Mestre. Quem quer que veja o caráter repelente do pecado, e na força do alto resista à tentação, certamente suscitará a ira de Satanás e de seus súditos. Ódio aos puros princípios da verdade, e opróbrio e perseguição a seus defensores, existirão enquanto houver pecado e pecadores. Os seguidores de Cristo e os servos de Satanás não podem harmonizar-se. O agravo da cruz não cessou. "Todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições" (2Tm 3:12).

Sob a direção de Satanás os seus agentes estão constantemente a trabalhar a fim de estabelecer a sua autoridade e erigir o seu reino em oposição ao governo de Deus. Com esse fito, procuram enganar os seguidores de Cristo e desviá-los de sua fidelidade. Semelhantes a seu chefe, interpretam mal e pervertem as Escrituras para realizar seu objetivo. Assim como Satanás se esforçou para lançar a ignomínia sobre Deus, seus agentes procuram fazer mal ao povo do Senhor. O espírito que matou a Cristo impele os ímpios a destruir Seus seguidores. Tudo isto está prefigurado naquela primeira profecia: "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente." E isto continuará até ao final do tempo.

Satanás conjuga todas as forças, e arremessa ao combate todo o seu poder. Por que não encontra ele maior resistência? Por que são os soldados de Cristo tão sonolentos e indiferentes? É porque entretêm tão pouca verdadeira comunhão com Cristo; porque se acham tão destituídos de Seu Espírito! O pecado não lhes é repelente e aborrecível, como era a seu Mestre. Não o enfrentam, como o fazia Cristo, com resistência decidida e resoluta. Não se compenetram do grandíssimo mal e malignidade do pecado, e estão cegos tanto a respeito do caráter como do poder do príncipe das trevas. Pouca inimizade há contra Satanás e suas obras, porque há tão grande ignorância a respeito de seu poder e maldade, e da grande extensão de sua luta contra Cristo e Sua igreja. Multidões estão iludidas neste ponto. Não sabem que seu inimigo é um poderoso general, que domina a mente dos anjos maus, e que com planos bem elaborados e hábeis artifícios, está a guerrear contra Cristo para impedir a salvação das almas. Entre os professos cristãos, e mesmo entre os ministros do evangelho, raramente se ouve uma referência a Satanás, exceto talvez uma menção ocasional, do púlpito. Não tomam em consideração as evidências de sua atividade e êxito contínuos; negligenciam os muitos avisos contra seus ardis; parecem ignorar-lhe a própria existência.

Enquanto os homens se acham em ignorância quanto aos seus estratagemas, este vigilante adversário se põe em seu caminho a cada momento. Intromete-se em cada compartimento do lar, em toda rua de nossas cidades, nas igrejas, nos conselhos nacionais, nos tribunais de justiça, confundindo, enganando, seduzindo, arruinando por toda parte a alma e o corpo de homens, mulheres e crianças, desmembrando famílias, semeando ódios, rivalidade, contenda, sedição, assassínio. E o mundo cristão parece olhar estas coisas como se Deus as tivesse designado, e elas devessem existir.

Satanás está continuamente procurando vencer o povo de Deus, derribando as barreiras que os separam do mundo. O antigo Israel foi enredado no pecado quando se aventurou a associação proibida com os gentios. De modo semelhante se transvia o Israel moderno. "O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus" (2Co 4:4). Todos os que não são decididos seguidores de Cristo, são servos de Satanás. No coração não regenerado há amor ao pecado e disposição para acariciá-lo e desculpá-lo. No coração renovado há ódio e decidida resistência ao pecado. Quando os cristãos escolhem a sociedade dos ímpios e incrédulos, expõem-se à tentação. Satanás esconde-se das vistas, e furtivamente estende sobre os olhos deles seu véu enganador. Não podem ver que tal companhia é calculada a fazer-lhes mal; e ao mesmo tempo em que constantemente vão assimilando o mundo, no que respeita ao caráter, palavras e ações, mais e mais cegos se tornam.

A conformidade aos costumes mundanos converte a igreja ao mundo; jamais converte o mundo a Cristo. A familiaridade com o pecado inevitavelmente o fará parecer menos repelente. Aquele que prefere associar-se aos servos de Satanás, logo deixará de temer o senhor deles. Quando, no caminho do dever, somos levados à prova, como o foi Daniel na corte do rei, podemos estar certos de que Deus nos protegerá; mas se nos colocamos sob tentação, mais cedo ou mais tarde cairemos.

O tentador frequentemente opera com muito êxito por meio daqueles de quem menos se suspeita estarem sob o seu domínio. Os possuidores de talento e educação são admirados e honrados, como se estas qualidades pudessem suprir a ausência do temor de Deus, ou torná-los dignos de Seu favor. O talento e a cultura, considerados em si mesmos, são dons de Deus; mas, quando se faz com que eles preencham o lugar da piedade, e quando, em vez de levar a alma mais para perto de Deus, a afastam dEle, tornam-se então em maldição e laço. Prevalece entre muitos a opinião de que tudo que se mostra como cortesia ou polidez, deve, em certo sentido, pertencer a Cristo. Nunca houve erro maior. Estas qualidades deveriam aformosear o caráter de todo crente, pois exerceriam influência poderosa em favor da verdadeira religião; mas devem ser consagradas a Deus, ou serão também um poder para o mal. Muito homem de intelecto culto e maneiras agradáveis, que se não rebaixaria ao que comumente é considerado um ato imoral, não passa de instrumento polido nas mãos de Satanás. O caráter insidioso, enganador de sua influência e exemplo torna-o inimigo mais perigoso da causa de Cristo do que os que são ignorantes e não têm cultura.

Mediante oração fervorosa e confiança em Deus, Salomão obteve a sabedoria que provocou o assombro e admiração do mundo. Quando, porém, se desviou da Fonte de sua força, e passou a confiar em si mesmo, caiu presa da tentação. Então as maravilhosas faculdades concedidas ao que foi o mais sábio dos reis, apenas o tornaram um agente mais eficaz do adversário das almas.

Conquanto Satanás procure constantemente cegar a mente dos cristãos para este fato, jamais se esqueçam eles de que não têm que lutar "contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (Ef 6:12). Através dos séculos está a soar até ao nosso tempo o aviso inspirado: "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar." I Ped. 5:8. "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo" (Ef 6:11).

Desde os dias de Adão até os nossos tempos, nosso grande inimigo tem estado a exercer seu poder de oprimir e destruir. Está hoje a preparar-se para sua última campanha contra a igreja. Todos os que procuram seguir a Jesus terão de batalhar contra este implacável adversário. Quanto mais aproximadamente o cristão imitar o Modelo divino, tanto mais certo fará de si um alvo para os ataques de Satanás. Todos os que estão ativamente empenhados na causa de Deus, procurando desvendar os enganos do maligno e apresentar a Cristo perante o povo, estarão habilitados a aderir ao testemunho de Paulo, no qual ele fala em servir ao Senhor com toda a humildade de espírito, com muitas lágrimas e tentações.

Satanás assaltou a Cristo com as suas mais cruéis e sutis tentações; foi, porém, repelido em cada conflito. Aquelas batalhas foram travadas em nosso favor; aquelas vitórias nos tornam possível vencer. Cristo dará força a todos os que a busquem. Sem o consentimento próprio, ninguém poderá ser vencido por Satanás. O tentador não tem poder para governar a vontade ou forçar a alma a pecar. Pode angustiar, mas não contaminar. Pode causar agonia, mas não o aviltamento. O fato de Cristo ter vencido deve incutir em Seus seguidores coragem para combater varonilmente na peleja contra o pecado e Satanás.

[Ellen G. White - O Grande Conflito, pp. 505-510]

segunda-feira, 24 de julho de 2023

CABEÇA OU CAUDA?

Hoje quero estudar com você duas profecias que foram feitas a Moisés em seu grande discurso no livro de Deuteronômio. Moisés estava para passar o comando e a liderança de Israel para o sucessor Josué e encerrar sua participação na odisséia israelita rumo a Canaã.

O interessante é que essas duas profecias são muito parecidas. Usam, praticamente, as mesmas palavras. Na verdade, eram duas alternativas. Sucesso ou fracasso. Vida ou morte.

Comecemos pela primeira. Deuteronômio 28:13 – “E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda”. Deus estava prometendo a Israel que ele teria um papel muito importante diante das nações. Israel estaria sempre na liderança. O Senhor colocaria o povo dEle em uma posição privilegiada, a de líder das nações. Israel seria a cabeça, sinônimo de liderança, comando, orientação.

Mas, no mesmo discurso, Moisés apresenta a outra profecia. Preste bem atenção para descobrir as semelhanças e as tremendas diferenças entre elas. Deuteronômio 28:24 “Ele será por cabeça, e tu serás por cauda”.

Na primeira parte do discurso, Israel tinha condições de ser a cabeça e não a cauda. Na parte final Moisés adverte que eles passariam a ser a cauda e não a cabeça. Você poderá estar se perguntando: como isto aconteceria? O próprio Moisés dá a resposta. Eles seriam a cabeça enquanto obedecessem “a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que hoje te ordeno, o Senhor teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra”.

Deus é um Deus simples. Ele nos pede coisas simples. O que ele pedia para o povo de Israel é que estivessem sempre dispostos a obedecê-lo, ficassem ao lado dEle. Só teriam vantagens! E sabe o que Deus queria dar a esse povo? Deuteronômio 28:3-12 descreve de forma fantástica o que aconteceria com a nação: seriam benditos nas cidades e nos campos, na geração de filhos, derrotariam todos os seus inimigos, teriam abundância de comida e seriam extremamente ricos.

Israel, porém, acabou escolhendo a segunda alternativa. A desobediência e, consequentemente, os resultados disso: seriam malditos nas cidades e nos campos, maldito seria o fruto do ventre, o fruto da terra e a cria das vacas; seriam atingidos por doenças terríveis; cairiam diante dos inimigos; seriam atingidos por cegueira, loucura e doenças do coração; os filhos seriam levados para o cativeiro; a terra seria invadida por uma nação de longe e chegariam ao ponto de comer a carne dos próprios filhos.

A mais terrível das penas seria, sem dúvida, comer a carne dos próprios filhos. “Comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e filhas, que o Senhor teu Deus te houver dado, por causa do cerco e da angustia com que os teus inimigos te apertarão” (Deuteronômio 28:53). Em três ocasiões, pelo menos, os israelitas acabaram vivendo essa dramática situação. Uma delas no ano 70 depois de Cristo.

Flávio Josefo, historiador judeu, descreve o cerco de Jerusalém pelo exército de Roma, comandado pelo general Tito: “A cidade foi assaltada na ocasião da Páscoa, quando milhões de judeus estavam reunidos dentro dos muros… A comida acabou e agora começaram a experimentar todos os horrores da morte e da fome… A fome era tão grande que os homens roíam o couro de seus cinturões e sandálias, e a cobertura de seus escudos. Numerosas pessoas saíam da cidade à noite para apanhar plantas silvestres… Muitas eram presas e crucificadas fora dos muros da cidade… E muitos quando conseguiam voltar eram roubados pelos que ficaram na cidade… Milhares pereceram de fome e peste. A afeição natural parecia ter-se destruído. Maridos roubavam de sua esposa, e esposas de seu marido. Filhos arrebatavam o alimento da boca de seus pais idosos” (O Grande Conflito, p. 32). “Amigos e parentes traíam-se mutuamente. Pais matavam seus filhos, e estes aos pais” (O Grande Conflito, p. 28). A fome era tão violenta que, segundo outros autores, as crianças foram sacrificadas e usadas como alimento. Aí se cumpria a profecia feita por Moisés, que a carne dos filhos seria usada para matar a fome dos seus próprios pais.

Não fique pensando que Deus é o culpado dessa tragédia. Israel pode escolher. Tudo foi avisado de forma verbal e escrita, mas eles simplesmente optaram pela desobediência. O sofrimento que tiveram que passar foi apenas resultado das escolhas e decisões erradas que tomaram. Ellen G. White diz: "Os israelitas falharam no cumprimento do desígnio de Deus, deixando assim de receber as bênçãos que lhes teriam pertencido. Mas em José e Daniel, em Moisés e Eliseu, e em muitos outros, temos nobres exemplos dos resultados do verdadeiro plano de vida. Idêntica fidelidade hoje produzirá os mesmos frutos. Quanto a nós está escrito: 'Vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz' (1Pe 2:9)".

Vivemos em um mundo de muitas crises. E uma das principais é justamente relativa a obediência. São filhos que não obedecem aos pais. Alunos que afrontam e desrespeitam professores. Inclusive até alguns que se dizem religiosos têm a coragem de pregar que a Bíblia ou parte dela foi abolida. “Não é preciso obedecer!”

Meu apelo para você é que valorize as recomendações e advertências da Palavra de Deus. Creia. Não duvide ou tente imaginar que aquilo que está escrito na Bíblia, como advertência, pode não acontecer. Não resista à Palavra de Deus. Não vale a pena! Siga o que Deus pede. Ele sabe o melhor. Ele quer o melhor para você. Quer que você seja cabeça e não cauda.

“Creia no Senhor Deus e você estará seguro. Creia nos profetas dEle e você prosperará”.

sábado, 22 de julho de 2023

PEDRA BRANCA, NOVO NOME

“Aos que conseguirem a vitória eu darei do maná escondido. E a cada um deles darei uma pedra branca, na qual está escrito um nome novo que ninguém conhece, a não ser quem o recebe" (Apocalipse 2:17).

Este texto pertence às promessas dirigidas aos vencedores nas mensagens às sete igrejas do Apocalipse. Na estrutura destas mensagens, repetem-se estas promessas cheias de colorido, de simbolismo intenso e, ao mesmo tempo em muitas delas, de significado histórico, no contexto cultural em que foram dadas.

Maná escondido, representa a vida espiritual em Cristo agora e a vida eterna pela fé em Jesus. No que diz respeito à pedra branca prometida aos vencedores da Igreja de Pérgamo, o símbolo devia ser inteligível para os leitores da carta, de outro modo dificilmente poderiam compreender o seu significado espiritual. A palavra empregue é psêfos, que significa 'pequena pedra alisada pela água', 'seixo arredondado'. Não se trata, consequentemente, de uma pedra preciosa nem de uma joia. O texto acrescenta o adjetivo leuké, 'branca'. Ora bem, esta pedrinhas estavam relacionadas com os tribunais de justiça, onde os juízes expressavam o seu veredito por meio de uma pedrinha. Branca, se o acusado era absolvido, preta, se era condenado. Fora do Apocalipse, no Novo Testamento, este termo é utilizado apenas quando o apóstolo Paulo conta ao rei Agripa que ele, Paulo, dava o seu veredito acusatório quando condenava à morte os cristãos (Atos 26:10).

Também se utilizava uma pedrinha branca como bilhete ou entrada nos festivais públicos organizados pelo Imperador ou nas assembleias reais. Em certas religiões tribais, no final de uma cerimônia de iniciação, após o noviciado, um membro da tribo recebia um nome novo e uma pedrinha branca ou um cristal de quartzo. Era o símbolo de uma aliança sagrada e secreta.

No Apocalipse, a cor branca é sempre símbolo de coisas celestiais; o nome é expressão da identidade, do caráter, e sinal de pertença, adesão e filiação; e o adjetivo 'novo' faz sempre referência à renovação de todas as coisas, à glória futura reservada aos redimidos. Podemos, então, assumir que a pedrinha branca com o novo nome é uma mensagem de promessa para os vencedores que foram absolvidos pelo tribunal divino, que lhes dá direito a entrar no festival celeste (as bodas do Cordeiro) e, além disso, é o sinal secreto da nossa iniciação numa aliança eterna com o nosso Deus. O novo nome será a expressão da nossa nova identidade, do nosso caráter para a eternidade, da mudança definitiva da nossa natureza de pecado operada pelo próprio Cristo quando voltar nas nuvens dos céus.

Acerca do novo nome, John Wesley, religioso anglicano e evangelista que fundou o movimento metodista, afirma com muita propriedade: “Após sua vitória, Jacó recebeu o novo nome de Israel. Você gostaria de saber qual será seu novo nome? A maneira de fazer isso é clara: vencer. Até então, todas as indagações de nada valem. Então você o lerá em uma pedra branca.”

Eu quero, nesse momento, receber a minha pedrinha branca. E você?

sexta-feira, 21 de julho de 2023

CORAGEM PARA DESISTIR

Ao longo da vida, somos constantemente ensinados a nunca desistir, a lutar e a perseverar. Esse mantra está profundamente enraizado em nossa cultura e em nossa educação. No entanto, existem momentos em que desistir não é apenas uma escolha válida, mas também a mais sábia a fazer. Eu reconheço três situações em que desistir pode ser o melhor caminho:

1) Quando o custo é maior que o benefício: a persistência é uma virtude, mas, quando despendemos mais energia, tempo ou recursos do que aquilo que ganhamos em troca, talvez seja o momento de questionarmos se estamos em um caminho autodestrutivo. A decisão de seguir adiante ou desistir deve ser feita após uma cuidadosa avaliação dos benefícios em relação ao investimento necessário. Esse princípio se aplica a todos os aspectos da vida, desde um emprego insatisfatório até um relacionamento tóxico. Se você está consistentemente infeliz e vê a situação prejudicando sua saúde mental, física ou emocional, desistir pode ser uma expressão de amor-próprio e auto-respeito.

2) Quando o sonho é de outra pessoa: frequentemente, somos pressionados por expectativas sociais ou familiares a seguir caminhos que não nos trazem realização. Pode ser uma carreira que nossos pais escolheram para nós ou um estilo de vida que a sociedade diz ser o ideal. Se você está perseguindo um objetivo que não lhe traz satisfação e não está alinhado com quem você é, desistir pode ser uma forma de reivindicar a sua individualidade e autenticidade.

3) Quando o fracasso nos torna melhores: Thomas Edison, famoso inventor da lâmpada elétrica, uma vez disse: "Eu não falhei. Eu apenas encontrei 10.000 maneiras que não funcionam". Este é um pensamento poderoso, mas é importante lembrar que cada "falha" deve servir como um aprendizado. Se você continua a cometer os mesmos erros, não está evoluindo. Nesse caso, "desistir" de uma estratégia ineficaz e adaptar uma nova pode ser uma decisão inteligente.
Entender que desistir não é sinônimo de fracasso, mas uma decisão estratégica que pode levar a um maior crescimento e realização, é uma verdadeira sabedoria.

Ranieri Sales (via facebook)

quinta-feira, 20 de julho de 2023

CRISE CLIMÁTICA

Uma história de calor extremo, inundações mortais e grandes incêndios. Parece um cenário de um filme apocalíptico, mas é o que está vivendo o Hemisfério Norte neste momento. Cientistas, contudo, alertam que essa pode ser apenas uma prévia do que ainda pode vir. Estamos na metade de julho e uma série de recordes climáticos já foram quebrados.

Uma onda de calor prolongada e implacável queimou grandes partes do sul e sudoeste dos Estados Unidos. As temperaturas em Phoenix, Arizona, atingiram pelo menos 43,3°C por um recorde de 19 dias consecutivos. Em El Paso, no Texas, as temperaturas ficaram acima de 38°C por 32 dias consecutivos, o recorde anterior era de 26 dias. Já na Europa, as ondas de calor são as mais extremas já registradas. Há incêndios florestais na Espanha, Suíça e Grécia. Nos arredores de Atenas, a rápida propagação das chamas forçaram autoridades a fechar rodovias. E na Ásia, as temperaturas ultrapassaram os surpreendentes 50°C na China. Além disso, partes da Coreia do Sul, Japão e norte da Índia estão sofrendo inundações mortais.

"Até pararmos de lançar gases de efeito estufa na atmosfera, não temos ideia de como será o futuro" , disse Hannah Cloke, cientista do clima e professora da Universidade de Reading, no Reino Unido. Ela é uma das muitas cientistas que alertam que, embora este verão seja muito ruim, é apenas o começo.

"Os impactos tornam-se cada vez piores à medida que a queima de combustíveis fósseis e o aquecimento continuam. É uma linha de base variável de impactos cada vez mais devastadores enquanto a Terra continuar a aquecer", disse Michael E. Mann, cientista do clima e professor da Universidade da Pensilvânia.

Para os cientistas, este clima extremo não foi surpreendente. Esperava-se que o desenvolvimento do El Niño, um fenômeno natural caracterizado pelo aquecimento acima do comum das águas do Oceano Pacífico equatorial. À medida que a crise climática se acelera, o palco está montado para mais surpresas.

"Os extremos climáticos continuarão a se tornar mais intensos e nossos padrões climáticos podem mudar de maneiras que ainda não podemos prever", disse Peter Stott, pesquisador de atribuição climática do UK Met Office.

Por outro lado, os cientistas acreditam que ainda há tempo para evitar algo pior. A ciência mais recente mostra que o aumento da temperatura global cessaria quase imediatamente após pararmos de queimar combustíveis fósseis. "Quanto mais ações tomarmos, quanto mais cedo agirmos, melhor será nosso futuro", diz Hannah Cloke, cientista do clima e professora da Universidade de Reading, no Reino Unido. (UOL)

O que pensam os adventistas
Em tempos de discussão sobre esta recente crise climática, aquecimento global e outros temas, vejamos o que pensa a Igreja Adventista sobre cuidado do meio ambiente. A igreja, em nível mundial, já possui declarações a favor da preservação do meio ambiente, mas sempre sob a ótica de preservação daquilo que Deus criou.

Na série Falando de Esperança, produzida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul, o ex-presidente da Igreja, pastor Erton Köhler, explica qual é o posicionamento da organização em relação ao assunto de preservação do meio ambiente e menciona preocupações relacionadas a aquecimento global e mudanças climáticas. “Estamos vendo tudo isso acontecer e o que temos individualmente para buscar o equilíbrio? Somos cristãos e é nosso dever cuidar da obra da criação de Deus. Para nós, essa é a principal motivação para cuidar do ambiente em que vivemos. Deus fez tudo e disse que era bom, mas, além disso, ordenou que o homem cuidasse do Jardim do Éden”.

Em 1995, em uma reunião administrativa mundial da Igreja Adventista, o tema de mudanças climáticas já havia sido objeto de debate. Ao final da discussão, ocorrida nos Estados Unidos, algumas declarações foram dadas oficialmente. Os adventistas se manifestaram e disseram que algumas medidas são necessárias para evitar os riscos desse fenômeno: cumprimento do acordo assinado no Rio de Janeiro (Convenção de 1992 sobre Mudanças Climáticas) a fim de estabilizar as emissões de dióxido de carbono por volta do ano 2000 a níveis de 1990; estabelecimento de planos para maiores reduções das emissões de dióxido de carbono após o ano 2000 e início de debates públicos mais eficazes sobre os riscos das mudanças climáticas.

Vejamos mais alguns trechos de duas declarações da Igreja Adventista sobre o meio ambiente:

"O mundo no qual vivemos é uma dádiva de amor do Deus Criador, que “fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7; 11:17-18). Nesta criação, colocou os humanos, criados intencionalmente para relacionarem-se com Ele, com as outras pessoas e com o mundo ao redor. Assim, os adventistas do sétimo dia mantêm que a preservação e manutenção da criação estão intimamente relacionadas com o culto a Ele. [...]

A decisão humana de desobedecer a Deus interrompeu a ordem original da criação, resultando em uma desarmonia alheia a Seus propósitos. Desta forma, nossa atmosfera e águas estão poluídas, as florestas e a vida selvagem saqueadas, os recursos naturais esgotados. [...]

Os adventistas do sétimo dia estão comissionados a um relacionamento respeitoso e cooperativo entre as pessoas, reconhecendo nossa origem comum e compreendendo a dignidade humana como uma dádiva do Criador. Uma vez que a miséria humana e a degradação do meio ambiente estão inter-relacionadas, nós nos empenhamos por melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas. Nosso objetivo é manter um crescimento dos recursos atendendo concomitantemente às necessidades humanas.

O verdadeiro progresso quanto a cuidar de nosso ambiente natural recai sobre o esforço individual e cooperativo. Nós aceitamos o desafio de trabalhar em prol da restauração do desígnio global de Deus. Movidos pela fé em Deus, nós nos comprometemos a promover o progresso que se revela nos níveis pessoal e ambiental em pessoas íntegras e dedicadas a servir a Deus e a humanidade.

Neste compromisso confirmamos ser mordomos para com a criação de Deus e cremos que a restauração total se concretizará apenas quando Deus fizer novas todas as coisas."1

"Os adventistas do sétimo dia creem que a espécie humana foi criada à imagem de Deus, assim representando a Deus como Seus mordomos, para dominar o ambiente natural de uma maneira fiel e frutífera.

Infelizmente, a corrupção e a exploração podem ser atribuídas à responsabilidade humana. Homens e mulheres têm se envolvido cada vez mais em uma destruição megalomaníaca dos recursos naturais, resultando em grande sofrimento, descontrole ambiental e ameaça da mudança climática. Conquanto a pesquisa científica precise continuar, as evidências confirmam que a crescente emissão de gases destrutivos, a diminuição da camada protetora de ozônio, a destruição maciça das florestas americanas e o chamado efeito estufa, estão ameaçando o ecossistema terrestre.

Estes problemas são, em sua maioria, devidos ao egoísmo humano e à egocêntrica atividade para obter mais e mais por meio do aumento da produtividade, do consumo ilimitado e do esgotamento de recursos não-renováveis. A causa da crise ecológica está na ganância humana e na opção de não praticar a boa e fiel mordomia dentro dos limites divinos da criação.

Os adventistas do sétimo dia defendem um estilo de vida simples e saudável, onde as pessoas não participam da rotina do consumismo desenfreado, da obtenção de posses e da produção exagerada de lixo. É necessário que haja respeito pela criação, restrição no uso dos recursos naturais, reavaliação das necessidades e reiteração da dignidade da vida criada."2

1. Esta declaração foi aprovada e votada pela Associação Geral do Comitê Executivo dos Adventistas do Sétimo Dia na sessão do Concílio Anual em Silver Spring, Maryland, EUA, 12 de outubro de 1992.

2. Esta declaração foi aprovada e votada pela Comissão Administrativa da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia (ADCOM) e foi liberada pelo gabinete do presidente, Robert S. Folkenberg, na sessão da Associação Geral em Utrecht, Holanda, de 29 de junho a 8 de julho de 1995.

Ellen G. White também foi uma forte defensora do cuidado com o meio ambiente. Sua consciência ambiental veio de duas fontes: as Escrituras e a inspiração vinda de Deus. "Mas o que sobre todas as demais considerações deve levar-nos a apreciar a Bíblia é que nela está revelada aos homens a vontade de Deus. Ali aprendemos o objetivo de nossa criação e os meios pelos quais esse objetivo pode ser atingido. Aprendemos a melhorar sabiamente a presente vida, e a conseguir a futura" (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 53).

Em relação à poluição atmosférica, ela afirmou: "O ambiente material das cidades constitui muitas vezes um perigo para a saúde. O estar constantemente sujeito ao contato com doenças, o predomínio de ar poluído, água e alimento impuros, as habitações apinhadas, obscuras e insalubres, são alguns dos males a enfrentar" (A Ciência do Bom Viver, p. 365).

Adão e Eva perderam o ambiente perfeito do Éden por causa do pecado. Estamos novamente correndo o risco de perder o nosso meio ambiente por causa dos pecados do materialismo, ganância, poluição e desprezo dos recursos ambientais. Em Cristo, podemos ser restaurados à imagem de Deus, uns com os outros e com a natureza. O cristão não deve olhar só para a frente, para a restauração final da Terra ao seu estado original, mas também honrar a Deus hoje, cuidando de forma responsável do planeta que Ele lhe confiou.

Confira este podcast da Revista Adventista com uma conversa com dois especialistas no tema:

terça-feira, 18 de julho de 2023

DEUS... NO LIMITE

O No Limite está de volta! Nesta terça-feira (18), a nova temporada do reality da TV Globo levará o público a uma viagem pela Amazônia. Programa esse, que leva seus participantes ao limite físico e mental, passando por testes e provas de resistência. 
Mas não é sobre essa competição que vamos refletir, E sim sobre quando a misericórdia de Deus chega... No Limite.

O cristianismo passou séculos apresentando a graça de Cristo por meio do Seu sacrifício em nosso favor. Aprendemos que Deus está disposto a perdoar qualquer um, inclusive os piores de nós. Entendemos que no Reino de Deus o perdão é dez vezes infinito x infinito (70x7). E que “nada pode nos separar do amor de Deus” (Romanos 8:38-39). Portanto, não há quem possa me impedir de receber a salvação em Cristo e nada que eu possa fazer que seja maior que a graça de Jesus. Estas são verdades cristãs.

No entanto, há inúmeros momentos na Bíblia onde vemos Deus chegando a um limite. Acontece quando Ele destrói o mundo por um dilúvio, quando destrói Sodoma e Gomorra, quando devasta o Egito, quando devasta as terras canaanitas. Ou quando morrem Hofni e Finéias, os filhos de Eli, Coré, Datã e Abirão, quando o Espírito é retirado de Saul e quando morrem Ananias e Safira no Novo Testamento. Só para nomear alguns. Todos casos, em que tanto para nós quanto para Deus, algum limite foi atingido, e o Senhor teve de pôr fim àquelas histórias. Sabemos, também, que um dia Deus dará um fim a todo o mal, indicando claramente que Ele tem sim um limite para o mal.

Nesses casos que citamos de destruição divina, a misericórdia de Deus se manifestou com o mundo da época e com as próprias pessoas envolvidas, quando Ele lança destruição sobre elas. Elas chegaram ao seu próprio limite de escutar, e cruzaram esta linha. Dali para frente nenhum esforço traria sucesso. Deus sabe o fim desde o começo. E para aqueles que já não ouvem mais, não resta mais graça, e o mundo será uma dor a eles ou eles causarão dor no mundo. Não foi Deus quem chegou no limite, eles que se limitaram a não ouvir mais. Ao mesmo tempo, Deus perdoou absurdos ultrajantes de Davi e Pedro, por exemplo. Mas Ele foi além do que se imaginava. Morreu por todos nós. 

Vejamos o que Ellen G. White nos diz sobre o limite da misericórdia divina:

"Com infalível precisão, o Ser infinito ainda mantém, por assim dizer, uma conta com todas as nações. Enquanto Sua misericórdia se oferece com convites ao arrependimento, esta conta permanecerá aberta; quando, porém, os algarismos atingem um certo total que Deus fixou, começa o ministério de Sua ira. Quando chegar plenamente o tempo em que a iniquidade terá atingido o prescrito limite da misericórdia de Deus, cessará Sua clemência. Quando os números acumulados nos livros de registro do Céu indicarem que o total da transgressão está completo, virá a ira. 

Ao mesmo tempo em que a misericórdia de Deus suporta longamente o transgressor, há um limite além do qual os homens não podem ir no pecado. Quando é atingido aquele limite, os oferecimentos de misericórdia são retirados, e inicia-se o ministério do juízo. Tempo virá em que em suas fraudes e insolências os homens atingirão o ponto que o Senhor não permitirá que transponham, e aprenderão que há um limite para a longanimidade de Jeová. Há um limite além do qual os juízos de Jeová não podem mais ser detidos" (Eventos Finais, pp. 39-40).

"Hoje a voz da misericórdia está chamando, e Jesus está atraindo os homens com as cordas de Seu amor; chegará, porém, o dia em que Jesus porá as vestes de vingança. ... A iniquidade do mundo está aumentando diariamente, e quando for atingido certo limite, o registro será encerrado, e acertadas as contas. Não haverá mais sacrifício pelo pecado. O Senhor vem. Por muito tempo tem a misericórdia estendido a mão de amor, de paciência e tolerância a um mundo culpado. Foi feito o convite: 'Que se apodere da Minha força e faça paz comigo' (Isaías 27:5), mas os homens abusaram de Sua misericórdia e rejeitaram Sua graça" (Maranata, o Senhor Vem, p. 50).

sexta-feira, 14 de julho de 2023

A TRINDADE NAS ESCRITURAS

Embora a palavra Trindade (do lat. trinitas, “tri-unidade” ou “tri-unicidade”) não se encontre na Bíblia (tampouco a palavra “encarnação”), o ensinamento que ela descreve está claramente contido nas Escrituras.1 Brevemente definida, a doutrina da Trindade compreende o conceito de que “Deus existe eternamente como três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; cada pessoa é plenamente Deus; e há um só Deus.”2

O próprio Deus é um mistério – quanto mais a encarnação ou a Trindade! Contudo, embora não sejamos capazes de compreender logicamente os vários aspectos da Trindade, precisamos tentar entender o melhor possível o ensino escriturístico a ela concernente. Todas as tentativas para explicar a Trindade não atingirão o seu objetivo, “especialmente quando refletimos sobre a relação das três pessoas com a divina essência […] todas as analogias falham e nos tornamos plenamente cônscios do fato de que a Trindade é um mistério muito além do nosso entendimento. É a incompreensível glória da Divindade.”3 Portanto, procedemos melhor em admitir que “o homem não pode compreendê-la e torná-la inteligível. É inteligível em algumas de suas relações e modos de manifestações, mas ininteligível em sua natureza essencial.”4

Precisamos conscientizar-nos de que podemos atingir apenas uma compreensão parcial do que é a Trindade. Ao ouvirmos a Palavra de Deus, certos elementos da Trindade se tornarão claros, enquanto outros permanecerão um mistério. “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29:29).

A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO
Várias passagens do Antigo Testamento sugerem ou mesmo implicam que Deus existe em mais do que uma pessoa, não necessariamente em uma Trindade, mas ao menos em uma relação binária.

(1) Gênesis 1
No relato da Criação em Gênesis 1, a palavra hebraica para Deus é ‘Elohim, a forma plural de ‘Eloha. Geralmente, este plural tem sido interpretado como um plural majestático, em vez de uma pluralidade. Todavia, G. A. F. Knight tem argumentado corretamente que tomar esta forma como um plural majestático é ler no antigo texto hebraico um conceito moderno, desconsiderando que os reis de Israel e de Judá são todos tratados no singular no texto bíblico.5 Além disso, Knight ressalta que as palavras hebraicas para “água” e “céu” são ambas plurais. Os gramáticos têm denominado este fenômeno de plural quantitativo. A água pode aparecer em forma de pequenas gotas ou grandes oceanos. Esta diversidade quantitativa em unidade, diz Knight, é uma maneira adequada de compreender o plural ‘Elohim. Também explica por que o substantivo singular ‘Adonai é escrito como um plural.6

Lemos em Gênesis 1:26: “Também disse [singular] Deus: Façamos [plural] o homem à nossa [plural] imagem, conforme a nossa [plural] semelhança.” Moisés não está usando um verbo plural com ‘Elohim, mas Deus, em sua fala, usa um verbo plural e pronomes plurais com referência a Si mesmo. Alguns intérpretes crêem que Deus aqui está falando aos anjos. No entanto, segundo as Escrituras, os anjos não participaram da Criação. A melhor explicação, portanto, é a de que já no primeiro capítulo de Gênesis há uma indicação de uma pluralidade de pessoas na própria Divindade.

(2) Gênesis 2:24
De acordo com Gênesis 2:24, o homem e a mulher devem tornar-se “uma só [heb. ‘echad] carne”, uma união de duas pessoas distintas, individuais. Em Deuteronômio 6:4, a mesma palavra é empregada para Deus: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único [‘echad] Senhor.” Diz Millard J. Erickson: “Parece que aqui algo está sendo afirmado acerca da natureza de Deus – Ele é um organismo, isto é, uma unidade de partes distintas.”7 Moisés poderia ter usado a palavra yachid (somente um, singular) em Deuteronômio 6:4, mas o Espírito Santo preferiu que assim não fosse.

(3) Outros textos que expressam uma pluralidade
Disse Deus após a queda do homem: “Eis que o homem se tornou como um de nós” (Gn 3:22). E, algum tempo depois, quando os homens começaram a construir a torre de Babel, disse o Senhor: “Desçamos e confundamos ali a sua linguagem” (Gn 11:7). Vez após outra a pluralidade da Divindade é enfatizada.

Em sua famosa visão do trono divino, Isaías ouve o Senhor indagando: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” (Is 6:8). Aqui vemos Deus utilizando o singular e o plural na mesma sentença. Muitos eruditos modernos tomam isto como uma referência ao concílio celestial. Mas Deus alguma vez convocou Suas criaturas para conselho? Em Isaías 40:13 e 14 Ele parece refutar esta mesma noção. Ele não precisa aconselhar-Se com Suas criaturas, nem mesmo com os seres celestiais. Portanto, este plural, embora não prove a Trindade, sugere que há uma pluralidade de seres nAquele que fala.

(4) O Anjo do Senhor
A expressão “Anjo do Senhor” aparece cinquenta e oito vezes no Antigo Testamento, e “o anjo de Deus”, onze vezes. A palavra hebraica mal’ak (anjo) significa simplesmente “mensageiro”. Portanto, se o “Anjo do Senhor” é um mensageiro do Senhor, ele deve ser distinto do próprio Senhor. No entanto, em vários textos o “Anjo do Senhor” é também chamado “Deus” ou “Senhor” (Gn 16:7-13; Nm 22:31-38; Jz 2:1-4; 6:22). Os Pais da Igreja O identificavam com o Logos pré-encarnado. Eruditos modernos O têm visto como um ser que representa a Deus, como o próprio Deus, ou alguma força externa de Deus. Eruditos conservadores geralmente concordam que “esse ‘mensageiro’ deve ser visto como uma manifestação especial da existência ou essência do próprio Deus.”8 Se isto está correto, temos aqui outro indicador da pluralidade de pessoas na Divindade.

A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO
Nas Escrituras a verdade é progressiva. Quando chegamos, portanto, ao Novo Testamento, encontramos um quadro mais explícito da natureza trinitária de Deus. O próprio fato de se dizer de Deus que Ele é amor (1Jo 4:8) implica em que deve existir uma pluralidade dentro da Divindade, uma vez que o amor só pode existir em uma relação entre seres diferentes.

(1) No Evangelho de Mateus
(a) No batismo de Jesus encontramos os três membros da Divindade em atividade ao mesmo tempo:

"Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mt 3:16-17).

O relato do batismo de Jesus é uma notável manifestação da doutrina da Trindade – ali estava Cristo em forma humana, visível a todos; o Espírito Santo descendo sobre Cristo em forma corpórea, como uma pomba; e a voz do Pai falou do céu: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Em João 10:30, Cristo reclama igualdade com o Pai, e, em Atos 5:3, o Espírito Santo é identificado como Deus. Portanto, é difícil, se não impossível, explicar a cena do batismo de Cristo de qualquer outra forma a não ser admitir que há três pessoas na natureza ou essência divina.

No batismo de Jesus, o Pai O chamou de “meu Filho amado”. A filiação de Jesus, porém, não é ontológica, mas funcional. No plano da salvação, cada membro da Trindade aceitou uma função específica. É uma função com a finalidade de atingir um objetivo específico, não uma mudança de essência ou condição. Millard J. Erickson explica isto deste modo:

O Filho não Se tornou menos do que o Pai durante Sua encarnação terrestre, mas subordinou-Se funcionalmente à vontade do Pai. Igualmente, o Espírito Santo está agora subordinado ao ministério do Filho (veja João 14-16), bem como à vontade do Pai, mas isto não implica em que Ele é menos do que são Eles.9

Os termos “Pai” e “Filho”, no pensamento ocidental, trazem consigo as ideias de origem, dependência e subordinação. Na mentalidade semítica ou oriental, porém, eles enfatizam igualdade ou identidade de natureza. Desse modo, quando as Escrituras falam do “Filho” de Deus, elas afirmam Sua divindade.

(b) No final do Seu ministério, Jesus disse aos Seus discípulos que eles deveriam ir e fazer “discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19). Neste, que é o rito introdutório de cada crente na religião cristã, a doutrina da Trindade é claramente ensinada. Primeiro, notamos que “em nome” (gr. eis to onoma) é singular, não plural (“nos nomes”). Ser batizado em nome das três pessoas da Trindade significa identificar-se a si próprio com tudo o que a Trindade representa; confiar-se ou entregar-se ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.10 Segundo, a união destes três nomes indica que o Filho e o Espírito Santo são iguais ao Pai. Seria um tanto estranho, para não dizer blasfemo, unir o nome do Deus eterno a um ser criado (quer tenha sido criado na eternidade ou em algum momento do tempo), e a uma força ou poder impessoal nesta fórmula batismal.

Quando o Espírito Santo é posto na mesma expressão e no mesmo nível que as outras duas pessoas, é difícil evitar a conclusão de que o Espírito Santo é também visto como uma pessoa e de igual posição que o Pai e o Filho.11

(2) Nos escritos de Paulo
Paulo e os demais escritores do Novo Testamento geralmente usam a palavra “Deus” ao se referirem ao Pai, “Senhor” quando se referem ao Filho, e “Espírito” referindo-se ao Espírito Santo. Em 1 Coríntios 12:4-6, Paulo se refere aos três no mesmo texto: "Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos."

Semelhantemente, em 2 Coríntios 13:13, ele enumera as três pessoas da Trindade: "A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós."

Conquanto não possamos dizer que estes textos sejam uma enunciação formal da Trindade, estas passagens e outras semelhantes (p. ex., Efésios 4:4-6) são de caráter distintamente trinitariano. Foi a Igreja em tempos posteriores quem elaborou os detalhes da Trindade, mas eles construíram sobre os fundamentos dos escritores bíblicos.

A DIVINDADE DE CRISTO NO NOVO TESTAMENTO
Um elemento decisivo na doutrina da Trindade é a divindade de Cristo. Sendo que a doutrina da Trindade ensina que há um Deus em três pessoas, e que cada uma dessas pessoas é plenamente Deus, torna-se importante verificar o que as Escrituras ensinam acerca da divindade de Cristo.

Há várias passagens no Novo Testamento que afirmam claramente a plena divindade de Cristo:

(1) João 1:1-3, 14
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” A frase introdutória “no princípio” (sem o artigo) nos leva de volta ao início do tempo. Se o Verbo era “no princípio”, então Ele mesmo era sem princípio, que é outra maneira de dizer que Ele era eterno.

“O Verbo estava com Deus” nos diz que o Verbo é uma pessoa ou personalidade distinta. O Verbo não estava “em” (gr. en) Deus, mas “com” (pros) Deus.

“E o Verbo era Deus”, ou, mais literalmente: “e Deus era o Verbo.” O Verbo não era uma emanação de Deus, mas o próprio Deus. Conquanto o verso 1 não nos diga quem é o Verbo, o verso 14 claramente O identifica com Cristo. “Uma afirmação mais enfática e inequívoca da absoluta Divindade do Senhor Jesus Cristo é impossível de conceber.”12

(2) João 20:28
“Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” Esta é a única ocasião nos Evangelhos em que alguém diz a Cristo “Deus meu” (ho Theós mou). Quando Tomé viu o Cristo ressurreto, o duvidoso foi transformado num adorador. É significativo que nem Cristo, na ocasião em que isto ocorreu, nem João ao escrever o Evangelho, tenham desaprovado o que Tomé disse. Ao contrário, tanto quanto se referia a João, esse episódio constituiu um ponto importante em sua narração, pois ele imediatamente diz ao leitor: "Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (20:30, 31)"

O que João está dizendo, portanto, é que “este livro foi escrito para persuadir as pessoas a imitarem Tomé, que chamou Jesus de ‘Senhor meu e Deus meu’”.

(3) Filipenses 2:5-7
Apesar de esta passagem ter sido escrita para ilustrar a humildade, ela é um dos textos fundamentais do Novo Testamento para apoiar a divindade de Cristo. “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma [gr. morfê] de Deus, não julgou como usurpação [harpagmós] o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma [morfê] de servo, tornando-se em semelhança de homens.”

Morfê (“forma” ou “aparência visível”) descreve a natureza genuína de uma coisa, sua essência. “Não se refere a qualquer forma mutável, mas à forma específica da qual dependem identidade e condição.”13 Morfê contrasta com skéma (2:7), que também significa “forma”, mas no sentido de aparência superficial em vez de essência. O substantivo harpagmós aparece somente neste texto do Novo Testamento; o verbo correspondente significa “roubar, tomar à força”. No grego secular o substantivo significa “roubo”. Todavia, o contexto esclarece que Jesus não cobiçou, ou não tentou roubar a “igualdade com Deus”. Ao contrário, Ele não tentou apegar-Se à igualdade com Deus que Ele possuía de modo intrínseco. Em outras palavras, Ele não tentou reter pela força Sua igualdade com Deus, mas “tratou-a como uma ocasião para renunciar a cada vantagem ou privilégio que desse modo Lhe pudesse ter vindo, como uma oportunidade para auto-empobrecimento e sacrifício de Si mesmo sem reservas.”14 Este é o significado de “a si mesmo se esvaziou”. Sua igualdade com Deus era algo que Ele possuía de maneira intrínseca; e alguém que é igual a Deus deve ser Deus. Por conseguinte, Filipenses 2:5-7 “é uma passagem que exige para sua compreensão a idéia de que Jesus era divino no mais pleno sentido.”15

(4) Colossenses 2:9
“Porquanto, nele habita, corporalmente [gr. somatikôs], toda a plenitude [pleroma] da Divindade.” A palavra pleroma tem o significado básico de “plenitude, cumprimento”. No Antigo Testamento, ela se refere repetidamente à terra e “toda a sua plenitude” (Sl 24:1; cf. 50:12; 89:11; 96:11; 98:7), que é citada em 1 Coríntios 1:26, 28. No grego secular, pleroma se referia ao pleno complemento da tripulação de um navio ou à quantidade necessária para completar uma transação financeira. Em Colossenses 1:19 e 2:9, Paulo usa a palavra para descrever a soma total de cada função da divindade.16 Essa plenitude habita em Cristo “corporalmente”; isto é, mesmo durante Sua encarnação, Cristo reteve todos os atributos essenciais da divindade, embora não os utilizasse em Seu próprio proveito. A plenitude da Divindade fez sua habitação em Sua humanidade sem consumi-la ou deificá-la, ou mudar quaisquer de suas propriedades essenciais… Via-se facilmente que a Divindade habitava naquela humanidade (ou natureza humana), pois lampejos de Sua glória brilhavam freqüentemente através de sua cobertura terrestre.17

(5) Tito 2:13
Paulo descreve os santos como “aguardando a bendita esperança e o glorioso aparecimento do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (NKJV [New King James Version]). A KJV traduz esta passagem como “o glorioso aparecimento do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo”, apresentando os santos à espera do Pai e do Filho. Conquanto esta tradução seja possível, a NKJV deve ser preferida pelas seguintes razões: (1) Os dois substantivos “Deus” e “Salvador” estão ligados por um só artigo, indicando que, por via de regra, os dois substantivos são duas designações para um único objeto. (2) Todo o Novo Testamento aguarda a segunda vinda de Cristo. (3) O contexto do verso 14 fala somente de Cristo. (4) Esta interpretação está em harmonia com outras passagens tais como João 20:28; Romanos 9:5; Hebreus 1:8; 2 Pedro 1:1. O texto de Tito 2:13 é, portanto, é uma asserção explícita à divindade de Cristo.

A DIVINDADE DE CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO
Não somente é Jesus chamado Deus no Novo Testamento, mas Ele é também chamado Senhor e Deus em citações do Antigo Testamento onde a palavra hebraica é Yahweh ou Elohim.

(1) Mateus 3:3
“Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor.” Segundo o verso 1, este texto de Isaías se refere a João Batista, que foi o precursor de Jesus. Em Isaías 40:3, a palavra para Senhor é Yahweh. Portanto , “o Senhor” cujo caminho João devia preparar não era nenhum outro senão o próprio Yahweh.

(2) Romanos 10:13
“Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” O contexto (vs. 6-12) deixa claro que Paulo está pensando em Cristo quando se refere ao “nome do Senhor”. O texto é uma citação de Joel 2:32 onde a palavra para Senhor no hebraico é, outra vez, Yahweh.

(3) Romanos 14:10
Neste texto, Paulo relembra a seus leitores que “todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo” (versão Almeida Revista e Corrigida). Ele, então, adiciona uma citação de Isaías 45:23 que diz: “Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus.” Em Isaías o que fala é Yahweh; no livro de Romanos, o mesmo texto é aplicado a Cristo.

(4) Hebreus 1:8, 9
“O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre… Deus, o teu Deus te ungiu.” Neste capítulo, sete textos do Antigo Testamento são usados para apoiar o argumento de que Cristo é superior aos anjos. O quinto texto, citado nos versos 8 e 9, vem do Salmo 45:6, 7, no qual um rei da casa de Davi é tratado como “Deus”. Trata-se de uma hipérbole poética – como é, às vezes, encontrada em cortes orientais – ou está esse texto apontando para uma outra pessoa além do príncipe do Antigo Testamento da casa de Davi?

Para os poetas e profetas hebreus, um príncipe da casa de Davi era o vice-regente do Deus de Israel; ele pertencia a uma dinastia à qual Deus havia feito promessas especiais ligadas à realização de Seu propósito no mundo. Além disso, o que era apenas parcialmente verdade de qualquer um dos governantes históricos da linhagem de Davi, ou mesmo do próprio Davi, seria realizado em sua plenitude quando aparecesse o Filho de Davi em quem todas as promessas e ideais associados com a dinastia seriam incorporados. E agora, finalmente, o Messias havia surgido. Em um sentido mais amplo do que era possível para Davi ou qualquer dos seus sucessores nos dias antigos, esse Messias pode ser tratado não meramente como Filho de Deus (verso 5) mas realmente como Deus, pois Ele é o Messias da linhagem de Davi e também o resplendor da glória de Deus e a própria imagem de Sua substância.18

Todas estas passagens indicam que Cristo, Deus e Yahweh são um.

JESUS E A SUA CONSCIÊNCIA DE SI MESMO
Jesus nunca afirmou diretamente Sua divindade; todavia, Seu ensino estava permeado de conceitos trinitarianos. De acordo com a ideia hebraica de filiação (ou seja, tudo que o pai é, o filho é também), Jesus afirmou ser o Filho de Deus (Mt 9:27; 24:36; Lc 10:22; Jo 9:35-37; 11:4). Os judeus entenderam que pela reivindicação de ser o Filho de Deus Ele estava reivindicando igualdade com Deus: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5:18; cf. 10:33).

Repetidamente, Jesus afirmou possuir o que propriamente só pertence a Deus. “Ele falou dos anjos de Deus (Lc 12:8-9; 15:10) como Seus anjos (Mt 13:41). Ele considerava o reino de Deus (Mt 12:28; 19:14, 24; 21:31, 34) e os eleitos de Deus (Mc 13:20) como Sua propriedade.”19Em Lucas 5:20, Jesus perdoou os pecados ao paralítico, e os judeus, baseados em Isaías 43:25, arguiram corretamente: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” Destarte, estava implícita na ação de Jesus de perdoar a pretensão de ser Deus.

A divindade de Cristo é também indicada pelo Seu uso do tempo presente em Sua resposta aos judeus: “Antes que Abraão existisse [genesthai], Eu Sou [ego eimi]” (Jo 8:58). Usando os termos genesthai (“nasceu” ou “se tornou”) e ego eimi (Eu Sou), Jesus contrasta Sua existência eterna com o início histórico da existência de Abraão. É a eternidade do ser, e não simplesmente a preexistência antes de Abraão, que é expressa aqui. Ao menos os judeus entenderam isto desse modo; perceberam que Jesus reivindicava ser Yahweh, o Eu Sou da sarça ardente (Êx 3:14), e pegaram em pedras para matá-Lo (8:59).

Finalmente, o fato de que Jesus aceitava a adoração de outros é evidência de que Ele mesmo reconhecia Sua divindade. Após Jesus ter vindo aos discípulos andando sobre a água, eles “o adoraram” (Mt 14:33). O cego cuja vista foi restaurada depois de lavar-se no tanque de Siloé “o adorou” (Jo 9:38). Depois da ressurreição, os discípulos foram para a Galiléia, onde Jesus lhes apareceu e eles “o adoraram” (Mt 28:17).

Reiteradamente Jesus aceitou a adoração como algo perfeitamente correto. Ele, desse modo, demonstrou direta pretensão à divindade.

TEXTOS DIFÍCEIS
Os antitrinitarianos usam vários textos bíblicos para apoiar sua alegação de que Jesus foi “gerado” em algum tempo da eternidade (quer dizer, Ele teve um princípio e, portanto, não é absolutamente igual a Deus).

(1) Apocalipse 3:14
“Jesus, o princípio da criação de Deus.” Alega-se que Jesus foi criado em algum momento no passado, que Ele foi a primeira obra de Deus.

Resposta:

(a) A palavra grega arquê pode ser traduzida por “princípio”, “ponto de origem”, “primeira causa” ou “governante”. O próprio Pai é chamado “princípio” em Apocalipse 21:6.

(b) O mesmo título é usado para Jesus em Apocalipse 22:13. Conquanto a palavra arquê possa ter um sentido passivo, que faria de Jesus o primeiro ser criado, o sentido ativo da palavra torna-O a primeira causa (ou causa primária), agente motor, ou o Criador. Que Jesus não é o primeiro ser criado, mas o próprio Criador, é o testemunho de outros textos do Novo Testamento (veja Jo 1:3; Cl 1:16; Hb 1:2).

(2) Provérbios 8:22-31
“Eu fui gerada.” Afirma-se que esta passagem, se refere a Jesus e ensina que Jesus nasceu ou foi criado.

Resposta:

(a) O contexto fala acerca da “sabedoria”, não de Jesus. A personificação da sabedoria é um artifício literário que ocorre também noutras partes das Escrituras. No Salmo 85:10-13 temos “misericórdia e verdade” se encontrando, “justiça e paz” se beijando, e a “verdade” brotando da terra. No Salmo 96:12, “o campo” está alegre, e “todas as árvores do bosque” se regozijam “na presença do Senhor.” (Veja também 1 Cr 16:33; Is 52:9; Ap 20:13-14). Esta espécie de linguagem não deve ser interpretada literalmente. “A personificação é um artifício literário e poético que serve para criar atmosfera, e para avivar ideias abstratas e objetos inanimados, representando-os como se fossem seres humanos.”21

(b) A personificação do divino atributo da sabedoria como uma mulher inicia-se no capítulo 1. “Grita na rua a Sabedoria, nas praças levanta a voz” (1:20). No capítulo 3 nos é dito: “Mais preciosa é do que pérolas” e “todas as suas veredas” são “paz” (3:15, 17). No capítulo 7, ela é chamada de “irmã” (7:4), e, no capítulo 8, a sabedoria habita com a prudência, outra personificação (8:12). A sabedoria personificada é também o assunto de Provérbios 9:1-5. A aplicação destas passagens a Jesus requer um método alegórico de interpretação bíblica que conduz a pontos de vista incompatíveis com outras passagens. Foi esta espécie de hermenêutica que levou os Reformadores a rejeitar o método alegórico de interpretação. Também deve-se notar que nenhum verso desta passagem é citado no Novo Testamento.

(c) Provérbios 8:22-31 contém imagem poética que precisa ser cuidadosamente interpretada. A primeira frase do verso 22 pode ser traduzida por: “O Senhor me possuía” (KJV, NIV); “O Senhor me criou” (RSV, NEB); ou “O Senhor me gerou” (NAB). O significado básico do verbo qanah é “comprar, adquirir”, donde vem “possuir”; mas as duas outras traduções são possíveis. Ao lado de qanah, duas outras palavras se referem à origem da sabedoria: nasak (“estabelecer”; 8:23), e chil (“nascer”; 8:24, 25). O pensamento básico desta passagem é sempre o mesmo: a sabedoria estava com Deus antes do início da Criação. Quer Deus a tenha criado ou quer ela tenha sido gerada ou simplesmente possuída, não é o ponto focal. O que é fundamental não é a maneira de sua origem, mas, antes, sua antiguidade e precedência dentro da Criação de Deus. Sendo que a linguagem é poética e metafórica, não deve ser usada para estabelecer coisa alguma concernente à suposta origem de Cristo.

Ellen White às vezes aplicou Provérbios 8 homileticamente a Cristo, mas ela usou o texto para sugerir Sua preexistência eterna. Antes de citar Provérbios 8 ela diz: “Cristo era, essencialmente e no mais alto sentido, Deus. Estava Ele com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para todo o sempre.”22

(3) Colossenses 1:15
“Jesus, o primogênito.” Sendo que Jesus é chamado o “primogênito” (prototokos), argumenta-se que Ele deve ter tido um princípio.

Resposta:

(a) A expressão prototokos (“primogênito”) neste texto é um título, não uma definição de Sua condição biológica. De acordo com 1:16, tudo foi criado por Jesus. Portanto, Ele não pode ter criado a Si mesmo.

(b) O termo “primogênito” tinha um significado especial para os hebreus. Em geral, o primogênito era o líder de um grupo de pessoas ou de uma tribo, o sacerdote da família, e o que recebia duas vezes mais da herança do que seus irmãos. Ele tinha certos privilégios bem como responsabilidades. Às vezes, porém, o fato de que alguém era o primogênito não importava aos olhos de Deus. Por exemplo, embora Davi fosse o filho mais novo, Deus o chamou de “meu primogênito” (Sl 89:20, 27). A segunda linha do paralelismo no verso 27, nos diz que isto significava que ele deveria se tornar o rei mais exaltado. Veja também a experiência de Jacó (Gn 25:25-26 e Êx 4:22) e Efraim (Gn 41-50-52 e Jr 31:9). Nestes casos, o elemento tempo “primeiro” foi apagado. Era importante apenas a posição especial e a dignidade da pessoa chamada o “primogênito”. No caso de Jesus, este termo também se refere à Sua exaltada posição e não a um momento do tempo no qual Ele nasceu. Em Colossenses 1:18, Cristo é chamado “o primogênito de entre os mortos.” Embora Ele não fosse cronologicamente o primeiro (Moisés e outros O haviam precedido), Ele é o preeminente.

(4) João 1:1-3
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” Alega-se que há uma distinção entre Deus o Pai, que é o Deus, e Jesus, que é apenas um deus. O termo grego para Deus (theós) é encontrado com o artigo ‘o (ho), “o Deus”, ou sem o artigo, “um deus” ou “Deus”. Em João 1:1-3 o Pai é chamado ho theós, ao passo que o Filho é chamado theós. Justifica isto a alegação de que o Pai é o Deus Todo-poderoso, enquanto que o Filho é apenas um deus?

Resposta:

(a) O termo theós sem o artigo é frequentemente usado também para o Pai, até no mesmo capítulo (veja Jo 1:6, 13, 18; Lc 2:14; At 5:39; 1Ts 2:5; 1Jo 4:12 e 2Jo 9). Jesus é também “o Deus” (Hb 1:8-9; Jo 20:28). Em outras palavras, o uso do termo Deus – com ou sem o artigo – não pode ser usado para fazer uma distinção entre Deus o Pai e Deus o Filho. Deus o Pai é theós e ho theós, e assim também é o Filho.

Muitas vezes, a ausência do artigo em grego denota qualidade especial e não deve ser traduzido com o artigo indefinido “um”.

(b) Se João tivesse usado o artigo definido cada vez que ocorre theós, ele estaria afirmando que há apenas uma pessoa divina. O Pai seria o Filho. Diz João 1:1: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com ho theós, e o Verbo era théos. Se João tivesse usado apenas ho theós, ele estaria dizendo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com ho theós, e o Verbo era ho theós. De acordo com João 1:14, o Verbo é Jesus. Portanto, substituindo “Verbo” por “Jesus” obtemos a sentença: “No princípio era Jesus, e Jesus estava com ho theós, e Jesus era ho theós.” Ho theós se refere claramente ao Pai. O texto modificado diria: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com o Pai, e o Verbo era o Pai.” Isso está teologicamente errado. Falando acerca das duas pessoas da Divindade, João não tinha outra escolha senão usar uma vez ho theós e na próxima vez theós. Portanto, a ausência do artigo no segundo caso não pode ser usada para argumentar contra a igualdade entre o Pai e o Filho.

(5) João 1:14, 18; 3:16, 18; 1 João 4:9
“O Filho unigênito (monoguenês).” Sugere-se que a palavra monoguenês aponta para uma geração literal de Jesus.

Resposta:

(a) A palavra monoguenês significa “único, único de uma espécie, singular”. Ocorre nove vezes no Novo Testamento. Encontra-se três vezes em Lucas (7:12; 8:42; 9:38), onde sempre se refere a um único filho. É encontrada cinco vezes nos escritos de João (Jo 1:14, 18; 3:16, 18; 1 Jo 4:9) como uma designação da relação de Jesus com Deus. Ocorre somente uma vez em Hebreus 11:17, onde Isaque é chamado o filho monoguenês de Abraão. Isaque não era o filho único de Abraão, mas era o filho singular, invulgar, o único filho da promessa. A ênfase não é sobre o nascimento, mas sobre a singularidade do filho. Portanto, a tradução “único” ou “singular” deve ser preferida. A tradução “unigênito” pode ter se originado com os primeiros Pais da Igreja e se encontra na Vulgata. A última, por sua vez, influenciou traduções posteriores.

O termo normal para gerado é gennao, que se encontra em Hebreus 1:5 e pode apontar para a ressurreição ou encarnação de Cristo.

Na LXX (Septuaginta) o termo monoguenês é a tradução do hebraico yachid, que significa “único, singular” ou “amado” (cf. Mc 1:11, em conexão com o batismo de Cristo).

Não está claro se monoguenês se refere apenas ao Senhor histórico e ressurreto ou também ao Senhor preexistente. É de interesse notar, porém, que nem em 1:1-14, nem em 8:58, nem no capítulo 17, João usa o termo “Filho” para o Senhor preexistente.

(6) Mateus 14:33
“Tu és o Filho de Deus.” Pode o título “Filho de Deus” ser compreendido literalmente?

Resposta:

(a) Esse título é um título messiânico. (veja Sl 2:7; At 13:33; Hb 1:5). Enfatiza a divindade de Cristo. Jesus usou este título muito raramente para Si mesmo (somente em João, p. ex., Jo 11:4). É um dos muitos títulos que Jesus possuía. Na tentativa de compreender o que Jesus é, todos eles precisam ser investigados a fim de se obter uma visão coerente. Que o título “Filho de Deus” enfatiza a divindade de Cristo é evidente de João 10:29-36. Isso é ainda mais apoiado pelo fato de que o Filho é a imagem exata de Deus, sendo igual a Deus (Cl 1:15; Hb 1:3; Fp 2:6).

(b) A palavra “filho” tem uma ampla extensão de significados na língua original. Portanto, não é possível reduzi-la aos estreitos limites da língua inglesa (ou portuguesa) e defini-la de uma maneira puramente literal. A filiação de Jesus é atestada em conexão com o Seu nascimento (Lc 1:35), batismo (Lc 3:22), transfiguração (Lc 9:35) e ressurreição (At 13:32-33). A Bíblia silencia quanto à questão sobre se este título descreve a relação eterna entre Pai e Filho. Em qualquer caso, as Escrituras atribuem existência eterna a Jesus (Is 6:6; Ap 1:17, 18).

Durante Sua encarnação, Jesus subordinou-Se voluntariamente ao Pai, sendo o Filho de Deus. Isto incluía a entrega das prerrogativas, mas não a natureza da divindade. O Senhor ressurreto, sendo entronizado como rei e sacerdote, também aceita voluntariamente a prioridade do Pai, mas Ele e o Pai são – segundo as Escrituras – ambos Deus, personalidades coeternas e coiguais de uma só Divindade.

O ESPÍRITO SANTO COMO SER PESSOAL
Que o Espírito Santo é uma pessoa divina, igual ao Pai e ao Filho em poder, substância e glória, manifesta-se através das Escrituras.

Alguns têm indagado se o Espírito Santo é uma pessoa distinta ou apenas o “poder” ou a “força” de Deus. Há vários versos onde o Espírito Santo é mencionado junto com o Pai e o Filho (Mt 28:19; 1Co 12:4-6; 2Co 13:13). Uma vez que o Pai e o Filho são pessoas, isto indica que o Espírito Santo deve ser também uma pessoa.

Frequentemente, o pronome masculino “ele” é usado com referência ao Espírito Santo (Jo 14:26; 15:26; 16:13, 14) apesar do fato de que a palavra para Espírito em grego (pneuma) é neutra e não masculina.

A palavra “conselheiro” ou “consolador” (parakletos) uniformemente se refere a uma pessoa, não a uma força.

É dito que o Espírito Santo fala (At 8:29), ensina (Jo 14:26), dá testemunho (Jo 15:26), intercede em favor de outros (Rm 8:26-27), distribui dons a outros (1Co 12:11), e proíbe ou permite certas coisas (At 16:6-7). De acordo com Efésios 4:30, o Espírito Santo pode ser também entristecido pelas pessoas. Todas estas atividades são características de uma pessoa, não de uma força.

O ESPÍRITO SANTO COMO DEUS
Vários textos das Escrituras descrevem o Espírito Santo como Deus:

(a) Mateus 28:19 “…batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” Este texto coloca o Espírito Santo em um nível igual ao do Pai e do Filho.

(b) Pedro disse a Ananias que, mentindo ao Espírito Santo, ele havia mentido não “aos homens, mas a Deus” (At 5:3-4).

(c) O Espírito Santo é onipotente. Ele distribui dons espirituais “a cada um individualmente como lhe apraz” (1Co 12:11). Ele é onipresente. Habitará com o Seu povo “para sempre” (Jo 14:6). Ninguém pode furtar-se à Sua influência (Sl 139:7-10). Ele é também onisciente, “porque o Espírito a todas as cousas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” e “as cousas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus” (1Co 2:10, 11).23

(d) Ellen White cria firmemente na personalidade do Espírito Santo. “Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus, está andando por esses terrenos.”24

CONCLUSÃO
Embora com a doutrina da Trindade haja certas dificuldades textuais e conceituais, nosso estudo do Antigo e do Novo Testamento tem produzido algumas possíveis respostas. Temos visto que a Divindade existe em uma pluralidade, que Jesus é Deus, coexistente com o Pai desde a eternidade, e que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Divindade.

Os textos difíceis da Bíblia são melhor compreendidos em harmonia com o restante das Escrituras. É de pouco valor para a Igreja causar divisão por causa de diferentes compreensões de alguns aspectos da Divindade. Conquanto o mistério da Trindade jamais possa ser plenamente compreendido pelo homem finito, é uma doutrina bíblica que faz parte da Fé Cristã.

Gerhard Pfandl (via Pastor Adventista)

Referências
1 Artigo traduzido do original em inglês por Francisco Alves de Pontes. Salvo indicação diversa, os textos bíblicos utilizados na tradução são extraídos da Versão Almeida Revista e Atualizada.
2 W. Grudem, Teologia Sistemática (São Paulo: Vida Nova, 2002), 165.
3 Louis Berkhof, Systematic Theology (Eerdmans, 1994), 88.
4 G. A. F. Knight , A Biblical Approach to the Doctrine of the Trinity (Edinburgh, 1953), 20.
5 Ibid.↑
6 Millard J. Erickson, Christian Theology (Grand Rapids, MI: Baker, 1983), 1:329.
7 G. Ch. Aalders, Genesis (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1981), 300.
8 Erickson, 1:338.
9 Alguns comentaristas crêem que por trás da fórmula está a linguagem das transferências de dinheiro da era helenística, de sorte que a fórmula expressa figurativamente que a pessoa batizada é “transferida” para a conta do Senhor e assim se torna Sua propriedade. Outros interpretam “nome” como “autoridade”. Destarte, alguém é batizado pela autoridade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
10 Grudem, 230.
11 Arthur W. Pink, Exposition of the Gospel of John (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1945), 22.
12 W. Poehlmann, “Morfê”, Exegetical Dictionary of the New Testament, 3 vols., eds. H. Balz e G. Schneider (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1981), 2:443.
13 F. F. Bruce, Philippians, NIBC (Peabody, MA: Hendrickson, 1989), 69.
14 Leon Morris, The Lord from Heaven: A Study of the New Testament Teaching in the Deity and Humanity of Jesus (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1958), 74.
15 Alguns comentaristas definem pleroma em função do pensamento gnóstico, pelo qual pleromasignifica o novo éon (ou emanação gnóstica) que encarnou-se no Redentor (Kaeseman, Essays on New Testament Themes [Londres, 1964], 158). C. F. D. Moule, porém, tem ressaltado que pleroma era uma palavra tão comum na LXX que seria preciso forte evidência para levar alguém a procurar em uma fonte externa seu significado primário em um escritor tão imergido no Antigo Testamento como Paulo (The Epistles to the Colossians and to Philemon, Cambridge Greek Testament Commentary [Cambridge, 1957], 166).
16 John Eadie, Colossians, Classic Commentary Library (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1957), 145.
17 F. F. Bruce, Hebrews, NICNT (Grand Rapids, MI: Eerdmans,. 1964), 19, 20.
18 Erickson, 326.
19 Sou grato ao meu colega Ekkehardt Mueller pelo material deste parágrafo.
20 Kenneth T. Aitken, Proverbs (Westminster Press, 1986), 85.
21 Mensagens Escolhidas, 1:247.
22 Nisto Cremos: 27 ensinos bíblicos dos adventistas do sétimo dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988), 90.
23 Evangelismo, 616.