quinta-feira, 30 de novembro de 2023

BOAS OBRAS SEM EXPOSIÇÃO

"Tenham o cuidado de não praticarem os seus deveres religiosos em público a fim de serem vistos pelos outros" (Mateus 6:1).

Nos dias de Cristo, os fariseus procuravam continuamente conseguir o favor do Céu a fim de obter honra e prosperidade mundanas, as quais consideravam como sendo a recompensa da virtude. Ostentavam ao mesmo tempo seus atos de caridade diante do povo com o intuito de atrair-lhes a atenção, e adquirir reputação de santidade.

Jesus lhes censurou a ostentação, dizendo que Deus não reconhece um serviço como esse, e que a lisonja e a admiração do povo, as quais tão ansiosamente buscavam, seriam a única recompensa que haviam de ter.

"Quando tu deres esmola", disse Ele, "não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente" (Mateus 6:3 e 4).

As próprias palavras de Cristo esclarecem Sua intenção - que nos atos de caridade o objetivo não deve ser atrair louvor e honra dos homens. A verdadeira piedade nunca promove um esforço para ostentação. Os que desejam palavras de elogio e lisonja, delas se nutrindo como de um bocado delicioso, são cristãos apenas de nome.

Por meio de suas boas obras devem os seguidores de Cristo trazer glória, não para si mesmos, mas para Aquele mediante cuja graça e poder eles operaram. É por meio do Espírito Santo que toda boa obra é efetuada, e o Espírito é dado para glorificar, não o recebedor, mas o Doador.

Cumpre-nos dar em sinceridade, não para fazer ostentação de nossas boas ações, mas por piedade e amor para com os sofredores. A sinceridade de desígnio, a verdadeira bondade de coração, eis o motivo a que o Céu dá valor. A alma sincera em seu amor, que põe todo o coração em sua devoção, Deus considera mais preciosa que as barras de ouro de Ofir.

Os atos de bondade podem ser praticados em oculto, mas não se podem esconder os resultados sobre o caráter do que os pratica. Se, como seguidores de Cristo, trabalhamos com sincero interesse, o coração achar-se-á em íntima correspondência com Deus, e o Seu Espírito, operando em nosso espírito, despertará, em resposta ao divino toque, as sagradas harmonias da alma.

Textos extraídos do livro O Maior Discurso de Cristo, pp. 79-83, de Ellen G. White.

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

NÃO SE ESCONDA DE DEUS

Deus não está preso às expectativas humanas. Embora Se apresente por meio de uma revelação encarnacional, falando nossa língua, por vezes Ele quebra protocolos humanos e até nos escandaliza. Pense nos profetas e seus atos simbólicos ultrajantes, em Isaías andando nu por três anos, em Oseias e a prostituta, em Maria, que foi vista como mãe solteira por alguns, entre eles o próprio José.

Talvez isso possa chocá-lo por um instante, mas o Rei do Universo não está nem um pouco preocupado com as normas da etiqueta, com a estética tão celebrada na mentalidade evangélica dos nossos dias, muito menos com uma piedade apenas aparente. Isso não significa que Deus seja grosseiro nem que não Se importe com nossos sentimentos. O ponto é que Ele sabe do que realmente precisamos e que, muitas vezes, escondemos nosso verdadeiro eu. Deus, então, quebra os protocolos humanos para mostrar a verdade e nos libertar dos nossos pecados e de nós mesmos.

Tenha em mente essa pequena introdução ao refletirmos um pouco sobre o tema da oração. Por vezes, nos escondemos Dele, mesmo quando oramos. Ocultamos nossa verdadeira face, obscurecemos nossa consciência e nossas palavras para que Ele não veja o que realmente vai dentro de nós. Como superar essa condição?

LIGAÇÃO RESTAURADA
Pense em Davi, no período de um ano em que ocultou seus crimes (Sl 32:3, 4). Sua ética exagerada o fez condenar hipoteticamente à morte um homem que havia tomado uma cordeirinha de seu vizinho, indo muito além da punição prevista na lei mosaica (Êx 22:3). Por outro lado, na vida real Davi tinha não somente tomado uma “cordeirinha” do vizinho, mas sacrificado o próprio vizinho. Seu rigor como juiz parecia refletir uma compensação de suas falhas pessoais.

Durante o período em que escondeu seus crimes, Davi de alguma forma interrompeu sua comunicação com Deus. Ele, que era profeta (At 2:29, 30), não mais recebia mensagens do Senhor. Espiritualmente, passou um ano em branco. Não mais compunha salmos inspirados. Algo não corria bem. Ele, que havia sido chamado para acalmar o perturbado rei Saul, também tinha se tornado um rei perturbado. Implodiu sobre si mesmo e sofreu miseravelmente.

Por um ano conseguiu levar adiante essa situação. Mais tarde, reconheceu: “Compadece-Te de mim, SENHOR, […] os meus ossos se consomem” (Sl 31:9, 10). O quadro só mudou quando Deus tomou a iniciativa de quebrar a muleta na qual o filho de Jessé insistia em se apoiar. Natã levou o rei a se enxergar no espelho da moral divina, e então Davi finalmente se reconectou com Deus por meio da confissão e da oração (Sl 32:5; 51:3, 4).

Perceba que a oração está na essência da religião, entendida aqui por seu sentido original de religar. Outros verbos poderiam traduzir melhor esse sentido nos dias atuais, como “sintonizar” ou “conectar”. O sinal de Deus está por toda parte. Sua rede Wi-Fi da graça cobre todo o Universo. Ela pode ser ignorada por um longo tempo, mas nunca é tarde para a reconexão.

MONÓLOGO
Jesus contou a história de um homem que foi ao templo para orar. Exercitava, assim, uma das práticas mais importantes de sua religião. Porém, sua oração não o religava ao Criador. Era artificial. Sua prece tinha se transformado em um monólogo no qual “orava de si para si mesmo” (Lc 18:11).

O fariseu proclamava sua suposta justiça medida pelas ações externas que ele mesmo considerava serem o aspecto mais importante de sua religião. Mais uma vez, elementos exteriores de uma ética elevada são usados como muletas da experiência religiosa. “Seu espírito desvia-se de Deus para a humanidade. […] Dá-se por contente com uma religião que só se refere à vida exterior” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 151).

Ele observava os outros com suas falhas e os acusava na própria oração (Lc 18:11). Quando teve a chance de se religar a Deus e ter a imagem divina restaurada em si, o fariseu terminou por refletir o caráter do acusador. Sua religião resvalava em um raciocínio circular: “Sou bom porque sou melhor do que os outros”; “sou melhor do que os outros; por isso, sou bom”.

Essa lógica quebradiça se esfarela diante da compreensão de que “todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia” (Is 64:6). O texto não afirma que nossas injustiças são imundas (o que seria mais lógico), mas as nossas justiças! Visitas aos doentes, trabalhos comunitários, doações, estudos bíblicos ministrados, enfim, tudo o que há de melhor em nossas ações ainda carrega a mancha do pecado.

É como se alguém pedisse a uma pessoa recém-saída de um profundo poço de lama que escrevesse uma bela carta. Ela poderia ter a melhor caligrafia, mas a folha branca terminaria enlameada. Essa foi a carta que o fariseu escreveu para Deus e, sem a graça divina, ela não foi lida (Lc 18:14).

QUESTÕES CRUCIAIS
Podemos ligar as duas histórias acima a mais outra, que ainda vai acontecer: a dos fervorosos cristãos reprovados no fim dos tempos. Eles profetizam, expulsam demônios, realizam milagres, “fazem e acontecem”, mas Cristo, no fim de tudo, lhes dirá que não os conhece (Mt 7:22, 23). Por quê? Por causa da iniquidade e da completa desconexão embutida nela.

É muito fácil se iludir com um cristianismo sem Cristo. Podemos manter uma religião apenas de desempenho, de performance, tão comum no mundo gospel e midiático atual. Podemos ter toda a aparência, mas ainda assim faltar com a essência. Podemos ter todas as folhas, mas ainda assim estar sem frutos. Enquanto isso, a distância de Cristo pode ser tamanha que nem seja sentida. Para muitos, essa triste condição só será percebida tarde demais.

A verdadeira religião se manifesta em uma ligação viva com Deus, marcada, entre outras coisas, por orações em que você realmente se comunica com Ele, em que se faz entendido e correspondido. Trata-se de conhecer a Deus e se deixar ser conhecido e sondado por Ele (Sl 139:23). Isso envolve sua mente e seu espírito (1Co 14:15). Implica verdade (Jo 4:24), estudo da Palavra e resulta em amor ao próximo, intercessão e espírito de missão.

Questione-se no fundo de sua alma. Isso pode fazer a diferença para a eternidade: Conheço a Deus realmente? Em minhas orações, falo com Ele ou comigo mesmo? Minha vida reflete minha ligação com Ele? Afinal, eu O conheço? Ele me conhece? Abra seu coração para uma comunhão viva com Deus!

Diogo Cavalcanti (via Revista Adventista)

terça-feira, 28 de novembro de 2023

O MISTÉRIO DOS MISTÉRIOS

O que aconteceu quando Deus se tornou homem?

Gostaria muito de poder responder essa pergunta. E não apenas eu. Os teólogos têm se esforçado para compreender a encarnação de Cristo, mas isso continua sendo ainda um mistério. Contudo, a Bíblia revela alguns aspectos importantes sobre esse assunto, os quais apontam para o amor de Deus.

1. Realizada por Deus. A encarnação foi uma obra divina, realizada por meio do Espírito no útero de Maria (Lc 1:35). Foi mais uma manifestação criativa, singular e incompreensível do poder de Deus. Ele uniu as naturezas humana e a divina numa só pessoa. E isso aconteceu no momento da concepção e não no nascimento de Jesus, porque Ele não adotou um ser humano como Seu Filho nem o Filho de Deus apenas assumiu a aparência exterior de um ser humano. Em Jesus Cristo, as duas naturezas foram misteriosamente misturadas.

2. Duas naturezas distintas. A união das duas naturezas numa pessoa não eliminou a característica de cada natureza, pois cada uma delas permaneceu intacta. A encarnação não foi a deificação da natureza humana nem a natureza divina foi transmutada em humana nesse processo. Isso porque a criatura não pode se tornar Criador e o Criador não pode se rebaixar ao nível da criatura.

3. Duas vontades. Partindo da crença de que, em Cristo, as duas naturezas foram misteriosamente misturadas, podemos sugerir que Nele havia duas vontades: a humana e a divina. Isso explica que as tentações enfrentadas por Jesus foram reais e que a natureza humana Dele precisava estar deliberadamente sujeita à Sua natureza divina. No Getsêmani, por exemplo, Jesus expressou Sua vontade humana, mas Ele decidiu obedecer à vontade do Pai (Mt 26:42). Cristo poderia ter caído, mas não fez isso.

4. Cristo esvaziou-Se, mas não deixou de ser Deus. Na encarnação, Cristo não perdeu nenhum dos Seus atributos divinos. Paulo escreveu que “Ele Se esvaziou, assumindo a forma de Servo, tornando-Se semelhante aos seres humanos” (Fp 2:7). Ou seja, Ele entregou ao Pai a totalidade de Sua divindade para que ela fosse usada da maneira como Seu Pai orientasse.

5. Escondendo a glória. A glória do Filho de Deus foi escondida no Nazareno. Aquele que era rico tornou-Se pobre por nós (2Co 8:9). A glória do Seu estado preexistente não mais era visível, a não ser que brilhasse por meio do corpo humano (Mt 17:2). O Deus Filho desceu ao nível das criaturas pecaminosas, deixando de lado a magnificência do Seu esplendor.

6. Processo irreversível. A união das duas naturezas por ocasião da encarnação não foi desfeita depois de o ministério de Jesus ter cumprido Seu propósito. O Filho de Deus tornou-Se um membro da família humana para sempre (1Co 15:28). O sacrifício Dele foi realmente eterno e, consequentemente, sua eficácia também será eterna.

7. Impacto cósmico. É impossível separar a encarnação da cruz; portanto, esse foi um evento soteriológico de proporções cósmicas. Seu objetivo primário era salvar não apenas a humanidade, mas também todo o Universo da presença e influência do pecado e do mal. Há poder salvífico na encarnação de Jesus porque ela é uma revelação singular do amor e do poder de Deus (Jo 1:14). Essa é a boa notícia do evangelho!

Ángel Manuel Rodríguez (via Revista Adventista)

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

O ÚLTIMO DIA NA TERRA

A maioria das pessoas vive como se a vida nunca fosse acabar e se esquece de que o último dia pode chegar a qualquer momento. Há muitos que não gostam de tocar nesse tema com medo de que isso acabe apressando as coisas. Contudo, não podemos alimentar, de maneira nenhuma, esse tipo de superstição. Precisamos, sim, continuar confiando no Deus que tem tudo sob sua direção. Ele conhece o tempo certo e isso não depende do que falamos.

Qual seria sua atitude se soubesse que esse dia chegou? O que mudaria em seus planos, pensamentos, decisões e atitudes? Quando alguém perguntava a John Wesley, fundador do metodismo, o que ele faria se tivesse a certeza de que Jesus voltaria amanhã e esse fosse seu último dia na Terra, ele respondia que faria exatamente o que havia planejado. Qual seria sua resposta?

Jesus alertou sobre o assunto quando contou a parábola do rico néscio, que pensava em acumular riquezas, fazer investimentos e aproveitar a vida, sem considerar o dia seguinte. Ele terminou com um duro apelo: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12:20).

Ellen White tinha a mesma preocupação: “Devemos vigiar e trabalhar e orar como se este fosse o último dia que nos fosse concedido” (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 60). A cada manhã, diz ela, devemos consagrar nossa vida a Deus. “Não façais cálculos para meses ou anos; eles vos não pertencem. Um curto dia é o que vos é dado. Como se fosse esse vosso último dia na Terra, trabalhai para o Mestre durante as suas horas” (Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 93).

Quero desafiá-lo a viver cada dia como se fosse o último, estando sempre preparado para o descanso ou para o encontro com Jesus em sua vinda. Meu desafio não é apenas para que você ponha Deus em primeiro lugar, mas que O coloque no centro de sua vida. Ele deve influenciar cada detalhe de sua existência. Isso é viver cada dia na presença do Senhor. Assim, qualquer dia poder ser o último, pois você estará nas mãos daquele que é o dono do futuro.

Por outro lado, aproveite cada oportunidade para testemunhar de Jesus às pessoas com quem você tiver contato. Lembre-se disto: “Cada dia o tempo de graça de alguém se encerra. Cada hora alguns passam para além do alcance da misericórdia. E onde estão as vozes de aviso e rogo, mandando o pecador fugir desta condenação terrível? Onde estão as mãos estendidas para o fazer retroceder do caminho da morte? Onde estão os que com humildade e fé perseverante intercedem junto a Deus por ele?” (Patriarcas e Profetas, p. 140).

Se a sua vida for um exemplo, nenhuma pessoa que tiver contato com você vai viver seu último dia sem oportunidade de salvação. Afinal, 10% das pessoas leem a Bíblia e 90% leem nossa vida. Através do seu exemplo pessoal, as pessoas vão conhecer o caminho para entregar a vida ao Senhor.

Veja que profundo este pensamento de Ellen White: “Tudo com que temos que nos haver, é este dia de hoje. Hoje devemos ser fiéis ao nosso legado. Hoje devemos amar a Deus de todo o coração, e ao nosso próximo como a nós mesmos. Hoje é que nos cumpre resistir às tentações do inimigo, e pela graça de Cristo alcançar a vitória. Isto é vigiar e aguardar a vinda de Cristo. Devemos viver cada dia como se soubéssemos ser ele nosso último dia na Terra. Se soubéssemos que Cristo viria amanhã, não haveríamos então de comprimir no dia de hoje todas as palavras bondosas, todos os atos desinteressados que nos fosse possível? Devemos ser pacientes e amáveis, e possuídos de fervor intenso, fazendo tudo que está em nosso poder para ganhar pessoas para Cristo" (Cuidado de Deus, pp. 368-369).

Acredito, quase tenho a certeza, de que você não terá apenas o dia de hoje, mesmo assim peço-lhe que viva-o em toda a sua plenitude e potencialidade, como se amanhã não fosse existir. Planeje sua vida, pratique todo o bem que puder, sorria, abrace e ame da forma mais plena e desinteressada que for capaz, mas, acima de tudo, entregue-se nas mãos do Pai como se fosse sua última oportunidade de fazê-lo. Se você parou em algum degrau da vida cristã agora é o momento de prosseguir. Há algum pedido do Pai que você ainda não atendeu, agora é o momento de fazê-lo. Amanhã não, hoje é o dia, agora é o momento de aceitar Sua salvação e dar testemunho do poder de Cristo em nossa vida.

Quando cuidamos de nossos valores espirituais e os compartilhamos com outras pessoas, estamos sempre preparados e podemos dizer com tranquilidade: “Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14:8).

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

COMO ERAM ADÃO E EVA?

Como eram Adão e Eva? Infelizmente, a Bíblia não fala muita coisa acerca disso. Sabemos que, no aspecto moral, Adão e Eva eram semelhantes a Deus, pois foram criados à Sua imagem e semelhança. Ellen G. White assim descreve Sua criação:

"Criados para serem a 'imagem e glória de Deus', Adão e Eva tinham obtido prerrogativas que os faziam bem dignos de seu alto destino. Dotados de formas graciosas e simétricas, de aspecto regular e belo, o rosto resplandecendo com o rubor da saúde e a luz da alegria e esperança, apresentavam eles em sua aparência exterior a semelhança dAquele que os criara. Esta semelhança não se manifestava apenas na natureza física. Todas as faculdades do espírito e da alma refletiam a glória do Criador. Favorecidos com elevados dotes espirituais e mentais, Adão e Eva foram feitos um pouco menores do que os anjos (Hebreus 2:7), para que não somente pudessem discernir as maravilhas do universo visível, mas também compreender as responsabilidades e obrigações morais" (Educação, p. 20).

"Depois que a Terra com sua abundante vida animal e vegetal fora suscitada à existência, o homem, a obra coroadora do Criador, e aquele para quem a linda Terra fora preparada, foi trazido em cena. A ele foi dado domínio sobre tudo que seus olhos poderiam contemplar. Deus criou o homem à Sua própria imagem. Não há aqui mistério. Não há lugar para a suposição de que o homem evoluiu, por meio de morosos graus de desenvolvimento, das formas inferiores da vida animal ou vegetal. Tal ensino rebaixa a grande obra do Criador ao nível das concepções estreitas e terrenas do homem. Os homens são tão persistentes em excluir a Deus da soberania do Universo, que degradam ao homem, e o despojam da dignidade de sua origem. Posto que formado do pó, Adão era filho "de Deus". Ele foi posto, como representante de Deus, sobre as ordens inferiores de seres" (Patriarcas e Profetas, pp. 44, 45).

No aspecto físico, somente podemos analisar e discorrer sobre poucas características:

1. Cor da pele – A origem do nome “Adão” dá uma boa pista sobre a cor da pele deles. A origem da palavra “humanidade” também. A palavra adam está relacionada a outra palavra hebraica, adamah, que significa “terra” ou “solo”. O conceito prevalecente entre os eruditos hebraicos é que ambas as palavras derivam da hebraica adom, que significa “vermelho”. O Dicionário Teológico do Velho Testamento (1974; em inglês) sugere um possível motivo da derivação de “solo” da palavra “vermelho”, ao mencionar que a terra pode ter contido ferro e, assim, ter parecido vermelha. De modo similar, algumas autoridades, que afirmam que adam (Adão, homem) vem de adom (vermelho), especulam que Adão pode ter tido pele de cor avermelhada.

“Humano” vem de húmus, igualmente “terra”. Assim, pesquisadores criacionistas acreditam que Adão tinha cor de terra, da qual foi feito. Não era negro, nem branco, talvez mais para o “apache”.

Ellen White diz: “Ao sair Adão das mãos do Criador... Sua cútis não era branca ou pálida, mas rosada, reluzindo com a rica coloração da saúde" (Exultai-O, p. 40).

2. Altura – A Terra “primitiva” (período pré e pós-diluviano) era muito diferente do que é hoje. Isso possivelmente forneceu muitas vantagens (estatura e sobrevida) para a vegetação (árvores imensas), grandes insetos, animais de grande porte (dinossauros) e para os seres humanos. Nesse sentido, as evidências científicas são claras em demonstrar que tanto o planeta Terra quanto o ser humano estão involuindo (degenerando), ao invés de estarem evoluindo em níveis ascendentes, como postulado pelo paradigma evolutivo. A Bíblia mais uma vez mostra a legitimidade de seu conteúdo científico à frente de seu tempo.

A entrada do pecado deu origem não só ao aparecimento de espinhos em plantas, mortes e/ou diminuição de espécies, mas, principalmente, à diminuição dos níveis de elementos químicos essenciais na atmosfera, como o oxigênio. A Bíblia afirma que a Terra sempre possuiu oxigênio (a partir do terceiro dia da semana da criação). Antes do dilúvio, o clima era temperado e possuía muito mais oxigênio do que hoje em dia. Isso contribuía para que as espécies de animais e os humanos fossem maiores em estatura do que são hoje. A altura estimada para Adão, segundo projeções, seria de 4 a 5 metros.

Veja estas duas afirmações de Ellen White: “Ao sair Adão das mãos do Criador, era de nobre estatura e perfeita simetria. Tinha mais de duas vezes o tamanho dos homens que hoje vivem sobre a Terra, e era bem proporcionado. Suas formas eram perfeitas e cheias de beleza. Eva não era tão alta quanto Adão. Sua cabeça alcançava pouco acima dos seus ombros. Ela, também, era nobre, perfeita em simetria e cheia de beleza. Esse casal, que não tinha pecados, não fazia uso de vestes artificiais. Estavam revestidos de uma cobertura de luz e glória, tal como a usam os anjos. Enquanto viveram em obediência a Deus, esta veste de luz continuou a envolvê-los” (História da Redenção, p. 21).

“Adão e Eva no Éden eram nobres em estatura e perfeitos em simetria e beleza. Estavam sem pecado e em perfeita saúde. Que contraste com a humanidade agora! A beleza perdeu-se. A saúde perfeita é desconhecida. Por toda parte vemos doenças e deformidade” (Conselhos sobre o Regime Alimentar, p. 145).

3. Força – Em 2010, um livro publicado pelo antropólogo Peter McAllister apresentou pesquisas que sugeriram que os homens de hoje são mais fracos e não seriam páreo para seus antepassados em uma batalha de força ou velocidade. Além disso, sabe-se que o genoma humano está deteriorando (diminuindo de tamanho) devido ao acúmulo de mutações deletérias a cada geração.

Acompanhe estas duas declarações de Ellen White: "Deus dotou o homem de tão grande força vital que ele tem resistido ao acúmulo de doenças lançadas sobre a raça em consequência de hábitos pervertidos, e tem sobrevivido por seis mil anos. Este fato, por si mesmo, é suficiente para nos mostrar a força e a energia elétrica que Deus conferiu ao homem na criação. Foram necessários mais de dois mil anos de delitos e de condescendência com as paixões inferiores para trazer sobre a raça humana enfermidades físicas em grande escala. Se Adão, ao ser criado, não houvesse sido dotado de vinte vezes maior vitalidade do que os homens possuem agora, a humanidade, com seus presentes métodos de vida que constituem uma violação da lei natural, já estaria extinta. Por ocasião do primeiro advento de Cristo, o gênero humano degenerara tão rapidamente que um acúmulo de doenças pesava sobre aquela geração, suscitando uma torrente de aflição e uma carga de sofrimento indescritível" (Conselhos Sobre Educação, p. 8).

"Se Adão, ao ser criado, não houvesse sido dotado de vinte vezes maior força vital do que os homens possuem agora, a humanidade, com seus presentes métodos de vida que constituem uma violação da lei natural, já estaria extinta" (Eventos Finais, p. 289).

4. Longevidade – Gênesis 5:3 relata que Adão viveu 930 anos e que em seu tempo havia gigantes (Gênesis 6:4). Vários fatores poderiam ter contribuído para essa longevidade. O clima, a dieta, a ação do pecado e da morte no mundo ainda sem força, entre outras situações.

Ellen White diz: "Os patriarcas desde Adão até Noé, com poucas exceções, viveram quase mil anos. Depois do tempo de Noé, a duração da vida tem diminuído gradualmente. Os que sofriam de enfermidades eram levados a Cristo de toda cidade, vila e aldeia para serem curados por Ele; pois eram afligidos por toda sorte de doenças. E a doença tem aumentado constantemente através das gerações sucessivas desde aquele período. Em virtude da continuada violação das leis da vida, a mortalidade tem aumentado de modo alarmante. Os anos de vida dos homens têm diminuído a tal ponto, que a geração atual desce à sepultura, antes mesmo da idade em que as gerações que viveram durante os dois primeiros mil anos, após a criação, se lançavam ao campo de ação" (Fundamentos da Educação Cristã, p. 24).

5. Inteligência – Adão era perfeito e sabemos que a ele foram dadas instruções sobre o Éden e sobre como tudo deveria funcionar. Até foi dada a ele ordem para nomear os animais. Então, Adão deve ter sido capaz de falar. Ele deve ter tido linguagem complexa desde o início. Ele nem sequer teve que aprender a falar, como nós. Ele foi feito como um ser humano maduro.

Ellen White afirma: "Adão foi coroado rei no Éden. Foi-lhe dado domínio sobre todos os seres viventes que Deus tinha criado. O Senhor abençoou Adão e Eva com inteligência tal que Ele não tinha dado a nenhuma outra criatura. Conferiu a Adão o poder sobre todas as obras criadas, de Suas mãos. O homem, feito à imagem divina, poderia contemplar e apreciar as obras gloriosas de Deus na Natureza. Favorecidos com elevados dotes espirituais e mentais, Adão e Eva foram feitos um pouco menores do que os anjos" (A Maravilhosa Graça de Deus, p. 34).

6. Peso - Se Adão tinha, segundo Ellen White, “mais de duas vezes o tamanho dos homens que hoje vivem sobre a Terra”, podemos imaginar que tivesse entre quatro e cinco metros. Para facilitar, vamos ficar com quatro metros. Com base nessa medida, vamos calcular qual teria sido o provável peso de Adão e sua esposa, Eva. Acompanhe:

Tomando como referência valores médios de altura de homens e mulheres nos Estados Unidos, respectivamente, 1,77 m e 1,62 m, bem como um IMC ao redor de 25, podemos imaginar um homem com 78 kg e uma mulher com 66 kg. Se Eva tinha uma altura tal que o topo de sua cabeça ficava pouco acima dos ombros de Adão, e se Adão tinha 4 m de altura, então Eva deveria ter algo em torno de 3,5 m de altura. Vamos imaginar que a densidade e as proporções de Adão e Eva fossem as mesmas das pessoas hipotéticas descritas acima; então podemos calcular a massa corporal deles, lembrando que ela é proporcional ao volume do corpo, que é proporcional ao cubo da altura.

Chamando a massa de Adão de M e a massa de um homem atual de m, e de H a altura de Adão e h a altura de um homem atual, a fórmula para o cálculo da massa de Adão é: M = m(H/h)³ = 78(4/1,77)³. O que resulta em cerca de 900 kg.

Para a mulher, vale a mesma fórmula com os respectivos dados: M = 66(3,5/1,62)³. O que resulta em cerca de 660 kg. Ou seja, uma top model com quase 700 kg!

Só podemos imaginar as capacidades físicas, mentais e espirituais que nossos primeiros pais tiveram, e que um dia, quando a Terra for recriada por Deus, serão nossas novamente. Que venha logo esse dia a partir do qual a raça humana voltará ao plano original!

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

EXTINÇÃO EM MASSA

O planeta Terra claramente passou por diversas extinções, algumas menores, outras mais abrangentes. Pelo menos é isso que geólogos e paleontólogos afirmam quando estudam a crosta de nosso planeta empregando seu conhecimento de fenômenos geológicos atuais. O consenso é de que houve pelo menos cinco grandes extinções ao longo de toda da história da Terra. A ação vulcânica, o impacto de cometas e meteoritos, a tectônica de placas e a ação devastadora de imensos corpos de água são muitas vezes apontados como os principais causadores de tanta mortalidade.

Paleontólogos estimam que a maior extinção de todas teria ocorrido no período Permiano-Triássico. Eles estimam que o fenômeno provavelmente ocorreu há aproximadamente 252 milhões de anos, tendo sido provocado pelo impacto de um grande meteorito, que desencadeou erupções vulcânicas simultâneas em várias áreas do planeta, fratura da crosta terrestre, tsunamis e outros fenômenos correlacionados. Cenas que Hollywood consegue retratar muito bem em seus filmes apocalípticos. Estima-se que, durante esse evento, aproximadamente 96% de todas as espécies marítimas e 70% das espécies terrestres tenham sido destruídas. Paleontólogos defendem que o planeta levou entre 5 e 10 milhões de anos para se recuperar dessa catástrofe e a vida a voltar a florescer em toda a sua diversidade, embora eles acreditem que as espécies que evoluíram durante esse período não foram as mesmas que estão vivas hoje. Isso teria ocorrido pelo menos umas cinco vezes ao longo de toda a história do planeta.

Obviamente, essas postulações científicas são bastante divergentes daquelas que estamos acostumados a ouvir em círculos criacionistas. Para nós, a Terra não sofreu várias extinções globais, mas uma única, conhecida como dilúvio. Segundo o relato de Gênesis 7, o mundo foi inundado pelas águas, matando e sepultando toda vida animal e vegetal que existia, com exceção daqueles que entraram na arca de Noé. Isso não teria ocorrido há milhões de anos, mas em um período bem mais recente. Os registros fósseis dessa tragédia indicam que todas as espécies de animais e plantas que foram soterrados viviam juntos em uma única “ecoesfera” – não em eras e períodos consecutivos. Eles morreram e forram soterrados em um período muito curto de tempo.

Evidências do Dilúvio no Mundo Natural
As rochas e os fósseis providenciam a mais conhecida fonte de evidência para o teste do Dilúvio. 

1) Cemitérios Fósseis: Cemitérios fósseis falam de morte por atacado. A cama de ossos de Agate Springs, Nebraska, contém uma confusão de ossos de milhares de mamíferos incluindo rinocerontes, camelos, porcos gigantes, e outros animais que viviam não muito distante da área. Os ossos e as rochas circunvizinhas têm indicações que água depositou-lhes depois que os corpos tinham decaído suficientemente para as correntes arrancar-lhes as partes. Na Cicília, tem depósitos de ossos de hipopótamos tão extensivamente que pessoas têm extraído deles como uma fonte de carvão comercial.1 

2) Camadas Descobertas: No Grand Canyon e em muitas áreas circunvizinhas que sofreram profundas erosões, podemos ver camada sobre camada de depósitos bem abaixo do leito de granito assentado no fundo. As camadas vistas nas erosões profundas do Grand Canyon correspondem a grandes áreas contínuas subterrâneas conforme mostra o fundo dos poços de petróleo. Parece que elas estão na mesma ordem onde quer que apareçam. As camadas finas podem se estender por centenas de quilômetros no território. Em todo o lugar há evidência de que no passado houve uma ação global da água. O quadro de um Dilúvio universal é o único que nos serve como modelo.2 

3) A Formação do Carvão e do Petróleo: As estimadas sete trilhões de toneladas de carvão da Terra oferecem outra forma de suporte para o paradigma do Dilúvio. "Nesse tempo imensas florestas foram sepultadas. Estas foram depois transformadas em carvão formando as extensas camadas carboníferas que hoje existem, e também fornecendo grande quantidade de óleo."3 

4) As Atividades Vulcânicas e Sísmicas: O carvão e o óleo frequentemente se acendem e queimam debaixo da terra. Assim as rochas são aquecidas, queimada a pedra de cal, e derretido o minério de ferro. A ação da água sobre a cal aumenta a fúria do intenso calor, e determina os terremotos, vulcões e violentas erupções.4

5) Depósitos Vulcânicos de Quantidade sem Paralelo: Devemos lembrar que o Senhor fez "romperem-se todas as fontes do grande abismo" (Gn 7:11). "Também houve comoções violentas tais como terremotos, atividades vulcânicas e as águas que irrompiam arrojando ao ar enormes rochas.5  

Segundo William Lovelless: Para imaginar o que aconteceu, o que todos vocês deveriam fazer, é ir a John Day, Oregon, e fazer uma pequena escavação como os estudantes do colégio fazem cada ano. Ali você encontrará centenas de milhas quadradas de depósito vulcânico. Quando isto aconteceu? Como aconteceu? Nada há hoje semelhante. Quando um vulcão irrompe no Sul do Pacífico ou eleva sua cabeça em algum lugar na Turquia ele aparece na primeira página. Mas é apenas um pequeno dedo em comparação ao que aconteceu quando os depósitos de John Day foram feitos.6 

Howe afirma: "Estas rochas recentes na terrado John Day em minha opinião foram depositadas ou imediatamente após o Dilúvio de Noé ou durante o estágio final do Dilúvio."7 

6) O Encaixe de Continentes: A idéia de que os continentes podem ser encaixados juntamente como num quebra-cabeças para formar um único supercontinente é antiga. 

Especialmente interessante é como o leste da América do Sul pode encaixar-se ao sudoeste da África. Recentes investigações têm usado computadores para encaixar os continentes. Aqueles que apreciam o total encaixe dos continentes chamam de evidência "constrangedora" enquanto outros que notam vazios permanecem céticos.8 

Para Rohrer a Bíblia pode dar indício desse acontecimento: A causa do Dilúvio de Noé é descrita em termos tectônicos: "todas as fontes do grande abismo quebraram" (Gn 7:11). A palavra hebraica para "quebraram" é BAGA e é usada em outras passagens do Velho Testamento (Zc 14:4; Nm 16:31) para referir-se ao fenômeno geológico de defeito. Se a separação continental ocorreu durante o Dilúvio de Noé, uma hoste de problemas no dilema tectônico pode ser resolvido como a grande quantidade de rochas vulcânicas nas águas do mar. Os fatos indicam que a separação dos continentes, empurrando as trincheiras dos oceanos foi realizada por rápidos processos, que não ocorrem hoje, e iniciados por um mecanismo catastrófico.9 

7) A Formação de Cadeias de Montanhas: Em muitos lugares, colinas e montanhas tinham desaparecido não deixando vestígio do lugar em que se achavam; planícies haviam dado o lugar a cadeias de montanhas. Estas transformações eram mais acentuadas em alguns lugares do que em outros.10 

8) Fósseis Encontrados em Montanhas: Humboldt encontrou vários depósitos de hulha, detritos de antigas florestas e vegetais aquáticos e terrestres sepultados em Guanaco, na América do Sul, a uma altura de 13.000 pés, perto dos limites atuais das neves eternas. Encontram-se ossadas de mastodontes sobre as Cordilheiras, a uma altura de 8.000 pés. No Himalaia, avalanches de neves caíram de uma altura de 16.000 pés; arrastaram brechas ossosas e têm-se encontrado ali segundo Lyell petrificações a 18.400 pés de altura. Encontram-se geralmente depósitos de ossadas de animais ante-diluvianos nas mais altas montanhas do mundo, Monte Branco, Himalaia e Cordilheiras.11

Nos rochedos e colinas do estado de Wyoming, nos Estados Unidos podemos quebrar um pedaço de rocha e encontrar folhas de sequóia, moscas com asas estendidas, peixes, conchas demonstrando que somente um dilúvio poderia ter ocorrido para depositá-los no alto das montanhas e serem fossilizados intactamente. 

9) Extinção de Numerosos Tipos de Plantas: Referências de textos padrões em paleobotânica demonstrarão os numerosos tipos de plantas encontrados em camadas fósseis que não são conhecidos na terra hoje. Grupos inteiros tais como as Calamites, Cordaitales, Cycadofilicales, Bennettitales, e as Caytoniales, só para mencionar uns poucos têm desaparecido.12 

A extinção de muitas espécies é exatamente o que alguém preveria se tivesse acontecido um grande dilúvio. 

10) Mudanças Drásticas de Temperatura e Surgimento de Imensas Quantidades de Gelo: Cinzas vulcânicas são muito efetivas em reduzir as radiações solares. Na parte setentrional da Califórnia em pequena área entre Feather e Pit Rivers tem 150 cones de vulcões extintos. Tal atividade na época do Dilúvio (ver item 5) pode ter absorvido o calor do sol. 

Tem sido calculado que se nossa temperatura foi reduzida em 5 graus F do presente, providenciaria condições de umidade favoráveis e grandes quantidades de gelo poderiam começar a formar em montanhas e em platôs de áreas niveladas na zona temperada norte. Com a abundância de água enchendo todas as áreas continentais baixas no término do Dilúvio, com precipitações pesadas devido ao ar frio e mares quentes, com redução de radiação solar tanto como resultado de atividades vulcânicas, haveria toda razão para esperar que tremendas quantidades de água seriam seguradas como neve e gelo em regiões polares e temperadas nos continentes. 13 

11) O Notável Testemunho de Darwin: Darwin e Wallace foram impressionados pela evidência de destruição em massa. Em seu jornal de pesquisas escreveu de sua admiração ao ver fósseis na América do Sul que ele visitou na viagem do Beagle em 1845. 

A mente é de início irresistivelmente levada a crença que alguma grande catástrofe tem ocorrido. Para destruir animais ambos grandes e pequenos no sul da Patagônia, no Brasil, na Cordilheira, na América do Norte para o Estreito de Behring precisamos sacudir a estrutura inteira do mundo. Certamente nenhum fato através da história do mundo é tão surpreendente como a ampla exterminação de seus habitantes.14

12) Animais que Morreram Alimentando-se: Um dos que mais estudou os fósseis dos milhares de mamutes da Sibéria foi Howard. Howard escreveu que tinha confirmado muitas vezes que o conteúdo dos estômagos destes gigantes tinha sido examinado cuidadosamente e mostravam conter comida ainda não digerida, composta de folhas de árvores agora encontradas no sul da Sibéria.15

13) Esqueletos e Escamas de Peixes Fossilizados: Outra interessante evidência de rápido soterramento é vista nos esqueletos e escamas de peixes fossilizados. Milhares de quilômetros quadrados de argila xistosa, mesclados com escamas de peixes fossilizados são encontrados nos Estados ao norte das Montanhas Rochosas (o Xisto Mowry). Que explicação damos para os milhões de escamas de peixes fossilizados?16

Conclui-se que os corpos de miríades de peixes foram repentinamente e simultaneamente mortos em poucas horas tanto que" ... a carne, o fígado, o canal alimentar e outras partes ficaram inquestionavelmente intactas, quando foram lacrados pelos sedimentos."17

14) Fósseis de Dinossauros: Centenas de pegadas de dinossauros foram encontradas nos Estados de Massachussets e Conecticut. Alguns dos melhores esqueletos de dinossauros encontram-se em museus europeus e americanos como o Museu Americano de História Natural em Nova Iorque e o Smithsonian Institution de Washington DC. 

Os cientistas tem-se perguntado por muitos anos porque os ossos de dinossauros são encontrados apenas em certas camadas de rocha. A terra e areia depositadas acima dessas camadas de rocha não contém ossos de dinossauros. Parece que os dinossauros foram extintos rapidamente. Porque morreram subitamente? Essas são perguntas às quais os cientistas tem procurado responder.18 

Um dilúvio universal pode explicar a sequência de fósseis encontrados na coluna geológica e o misterioso desaparecimento dos dinossauros. 

15) Árvores Petrificadas: Por muito tempo geólogos e paleontólogos apresentaram teorias que vistas superficialmente pareciam corretas, mas que se provaram falsas mais tarde. Entre tais teorias está aquela conclusão que todas as árvores petrificadas encontradas em posição vertical estão em suas posições de crescimento (autóctone). Mas, ... 

O crescimento de tantas florestas sucessivas, umas sobre as outras requer pelo menos 15.000 anos. Esta estimativa é feita tendo como base 300 anéis como o tamanho médio da árvore mais velha para cada nível, cifras conservadoras derivadas da Floresta Petrificada de Specimen Creek localizada no Parque de Yellowstone. Se usarmos estes cálculos a Specimen Petrified Forest, com mais do dobro de camadas de árvores, requereria mais de 40.000 anos.19 

Pesquisas têm demonstrado que quando o Monte Santa Helena explodiu em 1980, uma gigantesca jangada de troncos foi criada sobre a superfície do lago adjacente chamado Spirit Lake. Muitos dos troncos que flutuavam no lago, especialmente aqueles que tinham raízes ficaram em posições eretas. 

Os fósseis de árvores eretas no contexto geológico são compatíveis com o modelo do Dilúvio. Na realidade quando todos os fatores são considerados, uma catástrofe que envolve água e um grande número de árvores flutuantes, oferece uma explanação mais satisfatória para a origem delas.20 

É necessário lembrar que as provas naturais do passado que se acham à disposição dos cientistas para estudo são de natureza subjetiva ou persuasiva. Ao estudar a natureza uniformitaristas e os diluvialistas encaram as mesmas evidências ou pontos de prova e apresentam suas respectivas interpretações.

16) Sítio de Tanis: Um achado recente tem enchido pesquisadores de expectativa. Em uma região conhecida como Tanis, no Estado de Dakota do Norte, nos Estados Unidos, foram encontrados fósseis reveladores: uma perna completamente preservada, um embrião de pterossauro ainda dentro do ovo e outros fósseis de peixes.

O mais interessante a respeito desse fóssil é que cientistas afirmam ser possível que ele tenha morrido, instantaneamente, no dia do impacto do asteroide que teria dizimado os dinossauros. Isso é totalmente novo, já que pouquíssimos fósseis de alguns milhares de anos antes do impacto foram encontrados, mas não do mesmo período. Daí a importância desse achado.21

Mais curioso ainda é a localização em que esses fósseis foram encontrados: a cerca de três mil quilômetros do local atingido pelo asteroide. Isso mostra a monstruosidade desse impacto e suas consequências, que foram sentidas em proporções globais. Mas você pode se perguntar: como os paleontólogos sabem que esses animais morreram imediatamente após a colisão desse asteroide? É certo que um impacto dessa magnitude teria provocado tsunamis, terremotos, erupções vulcânicas, além de levantar uma grande nuvem de poeira que continha, inclusive, partículas do próprio asteroide. 

De acordo com os pesquisadores envolvidos no estudo dos fósseis em Tanis, “os restos dos animais e plantas parecem ter sido rolados juntos com sedimentos por ondas do rio provocadas por inimagináveis tremores. Organismos aquáticos foram misturados com criaturas terrestres. [...] Parece que esse animal teve a perna arrancada muito rapidamente. Não há evidência do contrário. Então, a melhor explicação que temos é que esse animal morreu rapidamente”.22

Análises químicas e físicas mostraram pequenas partículas de vidro preservadas em resinas de árvores e em peixes que, provavelmente, respiraram essas partículas junto com a água do rio. Elas possuem a mesma composição e características extraterrestres que aquelas identificadas na região do impacto, no México. Ainda são necessárias mais pesquisas e artigos para confirmar essas observações. Elas ainda não são consenso, havendo alguns cientistas céticos a respeito do momento da morte desses animais.21-22

Os efeitos do dilúvio, como conhecemos a partir da Bíblia, se parecem muito com as descrições feitas por esses especialistas. No capítulo 7 de Gênesis, a descrição é assustadora: “(...) romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram, e caiu chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites” (versos 11 e 12). Termos bem conhecidos hoje, como tsunamis, meteoros e placas tectônicas, não existiam na época em que o Gênesis foi escrito, mas as evidências científicas mostram que é possível que esses tipos de eventos tenham acontecido durante o dilúvio, inclusive impactos de grandes asteroides, mudando a geografia e o clima do planeta Terra. Também é possível perceber, pelas afirmações dos pesquisadores, que os eventos responsáveis pela morte desses animais foram instantâneos, matando-os rapidamente. Mais uma vez, há coerência com as condições do dilúvio bíblico.

Dr. Frank Lewis Marsh pergunta e responde: "Qual explicação é a melhor? Isso depende de onde desejais colocar a vossa fé."23

Dica de leitura: Nahor N. Souza Jr., A Grande Extinção em Massa (CPB, 2021, 352 páginas). “A realidade do registro fóssil é, sem sombra de dúvida, a mais forte evidência e a mais trágica manifestação da Grande Extinção em Massa. A impressionante preservação desses seres nas camadas sedimentares do Cambriano ao Neógeno se deve justamente ao curto tempo que se deu entre a morte subida e o soterramento rápido desses organismos” (p. 145).

Referências
1 Wheeler, 116. 
2 Harry J. Baerg, O mundo já foi melhor (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1992), 41, 42. 
3 White, Patriarcas e profetas, 107. 
4 lbid., 107. 
5 Idem, "O Gênesis e a Geologia", em Comentario Biblico Adventista deI Séptimo Dia, vol. l.
6 William Loveless, What a Beginning (Washington, DC: Review and Herald Publishing Association). 
7 George F. Howe, Speak to the Earth Creation Studies in Geoscience (Presbyterian and Reformed Publishing Company), 225. 
8 Duanet Gish e Donald H. Rohrer, Up with Creation (San Diego, CA: Creation Life Publishers), 175. 
9 Ibid., 179. 
10 White, Patriarcas e profetas, 107.
11 Henrich Reush, A Bíblia e a natureza (Porto: Livraria Internacional), 2:44.
12 Walter Lammerts, "Select Articles from the Creation", Research Society Quaterly, 1 (1964- 1968), 294, 295. 
13 Frank Lewis Marsh, Life, Man and Time (Out Doar Pictures), 122.
14 Arthur C. Custance, Evolution or Creation? (Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House), 96. 
15 Ibid., 98. 
16 Harold G. Coffin, Aventuras da criação (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993), 104. 
17 Alonzo L. Baker e Francis D. Nicho, The Flood Creation not Evolution (Mountain View, CA: Pacific Press Publishing Association), 61. 
18 Ruth Wheeler e Harold G. Coffin, Os dinossauros (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1996), 30.
19 Harold G. Coffin, "O Enigma das Árvores Petrificadas'', Revista Diálogo 1, 1992, 11. 
20 Ibid., 31. 
23 Frank L. Marsh, Evolução ou criação especial (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira), 32.

terça-feira, 21 de novembro de 2023

A PARÁBOLA DO BOM ARGENTINO

Certa ocasião, um brasileiro perguntou: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?”. Então, o Mestre respondeu: “O que está escrito na Lei? Como você a lê?” Ele respondeu: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Disse o Mestre: “Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá”.

Mas ele, querendo justificar-se, perguntou ao Mestre: “E quem é o meu próximo?” Em resposta, disse o Mestre: “Um homem descia do Rio de Janeiro para Assunção, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.

Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um pastor. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um apóstolo; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um argentino, estando de viagem, chegou até ali, e quando viu o homem, teve muita pena dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois pesos ao hospedeiro e disse: “Cuide dele. Quando eu voltar, pagarei todas as despesas que você tiver”.

“Qual destes três, você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”

Depois de muito auto-contorcimento, caras e bocas, respondeu o brasileiro: “O argentino, que teve misericórdia dele”. E o Mestre disse: "Pois vá e faça a mesma coisa."

Que essa história sirva para atenuar, um pouco, a centenária rivalidade no futebol entre Brasil e Argentina. Afinal, hoje é dia de jogaço pelas eliminatórias da Copa do Mundo. Agora, falando sério...

Em Lucas 10:25-37 encontramos uma história que nos ensina muitas verdades, e cada vez que a lemos, aprendemos muitas lições. Ela é conhecida como O Bom Samaritano. A escritora Ellen White escreveu que nessa história, Cristo ilustra “a natureza da verdadeira religião. Mostra que a religião consiste, não em sistemas, credos ou ritos, mas no cumprimento de atos de amor, no proporcionar aos outros o maior bem, na genuína bondade.” Ela diz mais: "Cristo mostrou que nosso próximo não quer dizer simplesmente alguém de nossa igreja ou da mesma fé. Não tem que ver com distinção de raça, cor, ou classe. Nosso próximo é todo aquele que necessita de nosso auxílio. Nosso próximo é toda alma que se acha ferida e quebrantada pelo adversário. Nosso próximo é todo aquele que é propriedade de Deus."

Qual dos três era o próximo daquele homem sofredor? O sacerdote? O levita? O samaritano? Qual foi a resposta do intérprete da lei? O que teve misericórdia dele. Ellen White comenta que o doutor da lei não quis pronunciar o nome samaritano para fazer tal elogio. Jesus percebeu isso.

Quantas vezes nós, cristãos do século XXI, temos agido como o intérprete da lei, evitando reconhecer as virtudes daqueles que não consideramos como irmãos? Quantas vezes temos agido como o sacerdote, como o levita, agairrados a formalismos, a tradicionalismos, ignorando a lei do amor de Deus? Nós somos iguais a eles quando colocamos o EU em primeiro lugar. Quando as tradições, as normas de igreja só interessam para satisfazer o ego. Quando as normas de cerimonialismo são mais importantes que a grande lei do amor de Deus. Quando não reconhecemos que todos os seres humanos, filhos de Deus, são o nosso próximo (o homem, a mulher, a criança, o idoso, o jovem, o magro, o gordo, o alto, o baixo, o bonito, o feio, o rico, o pobre, o brasileiro, o argentino...).

O meu próximo não tem que ser alguém igual a mim: da mesma religião, do mesmo grupo de amigos, da mesma cidade, da mesma nacionalidade etc. O meu próximo é toda e qualquer pessoa neste mundo.

Ellen White continua dizendo que “na história do bom samaritano, Jesus ofereceu uma descrição de Si mesmo e de Sua missão. O homem fora enganado, ferido, despojado e arruinado por Satanás, sendo deixado a perecer; o Salvador, porém, teve compaixão de nosso estado de desamparo. Deixou Sua glória, para vir em nosso socorro. Achou-nos quase a morrer, e tomou-nos ao Seu cuidado. Curou-nos as feridas. Cobriu-nos com Sua veste de justiça” (O Desejado de todas as Nações, p. 497-505).

O Bom Samaritano das nossas vidas é Cristo. Ele nos encontrou como mortos, caídos pela ação do pecado, porque fomos atacados por Satanás (os salteadores), mas ele nos cuida, nos salva e nos tira da condição de semimortos e garante o pagamento, com o seu sangue na cruz, conduzindo-nos ao Pai (o hospedeiro), dizendo: receba esta pessoa, aceite-a bem, pois eu garanto o pagamento de todas as despesas, eu pago o preço para que ela seja curada e transformada.

Adaptação de texto de Unção Outros Não

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

O 20 de novembro não é uma data qualquer em nosso país. É um dia de relembrar a luta contra a escravidão realizada pelos povos escravizados e seus descendentes no Brasil. É um momento de celebrar a força e a resistência afro-brasileiras. É a oportunidade de tomada de consciência de todo e qualquer brasileiro e brasileira sobre a importância da luta antirracista e o dever do Estado de implementar e aperfeiçoar as políticas de igualdade racial.

O Quilombo de Palmares (1597-1694), pedra fundamental para esse dia tão importante, como diversos outros quilombos erguidos no Brasil ao longo de 300 anos, simboliza a luta coletiva de negros e negras escravizados que se levantaram contra o sistema escravista. Sistema esse cujos efeitos nefastos repercutem até hoje no quadro de desigualdades raciais que assola a vida da população negra.

Ao comemorarmos o Dia da Consciência Negra, escolhido em homenagem a Zumbi, líder do Quilombo de Palmares, assassinado em 20 de novembro em 1695, nos reconectamos à força dos heróis e das heroínas negras que ajudaram a moldar nossa identidade brasileira. Palmares foi, acima de tudo, um ato de liberdade inspirado pela ancestralidade africana.

O dia 20 de novembro remete à virada interpretativa da história da população negra, promovida pelo movimento negro em sua dimensão educativa, que fez emergir a ação política da resistência ao poder opressor. Por isso, deve ser motivo de orgulho para todos os brasileiros e brasileiras, independentemente de seus credos, origens ou orientação política. A consciência negra destacada nesse dia se configura como uma referência importante para a construção de novas formas de sociabilidade capazes de superar o racismo sistêmico. Portanto, mais do que uma data inscrita no calendário oficial, ela simboliza um avanço na agenda de construção de uma sociedade mais democrática.

Destacar um dia nacionalmente alçado para a celebração da negritude, no Brasil, é resultado da luta pelo reconhecimento de que nossa sociedade pluriétnica, plurirracial e pluricultural abriga não somente a beleza da diversidade, mas, também, um passado e um presente de violências que atingem determinados coletivos sociais, étnicos e raciais considerados como diferentes. É preciso reler a história da população negra brasileira com os olhos dos avanços da justiça e dos direitos humanos. Assim, compreenderemos que não é mais possível manter uma atitude de apatia e inércia raciais em face da existência do racismo que retira direitos e desumaniza negros e negras. Essa releitura certamente nos ajudará a entender melhor as desigualdades raciais cravadas na estrutura e nas relações sociais e revelará a branquitude como parte e projeto das relações de poder.

O Dia da Consciência Negra não significa um lamento, tampouco é um mimimi, como debocham determinados grupos conservadores. Ao contrário, esse dia nos ajuda a relembrar que Palmares foi, acima de tudo, um ato grandioso de liberdade e de protagonismo negro. E essa liberdade não era só para a população negra. Era para todo o país. A libertação do jugo colonial — aposta de Palmares — abrangia todos os oprimidos.

Em 2023, o Dia da Consciência Negra ganha novas perspectivas e novos motivos de reflexão. Em anos recentes, testemunhamos ataques em série à democracia, desmontes estruturais que afetaram, sobretudo, a população negra, pobre, periférica, quilombola, os povos indígenas... As populações tidas pelos setores dominantes, capitalistas e racistas como "menos humanas".

A reflexão acerca da consciência negra nos adverte de que a igualdade e a equidade raciais são necessárias para a concretização da democracia. Ela nos ensina que só se alcança a democracia por meio de uma construção coletiva e consciente de um projeto de sociedade e de Estado em que caibam todas e todos com direitos iguais, reconhecimento e respeito às diferenças e aos diferentes. O Dia 20 de novembro nos inspira à construção de uma ética e de um novo pacto social no qual o antirracismo seja ao mesmo tempo um princípio, uma ética, uma prática e um valor humano.

Quanto mais a nossa sociedade se abrir para o entendimento de que o racismo é um mal que arrasta e aprisiona todas e todos, independentemente de sermos negros ou brancos, amarelos, indígenas, mais nos aproximaremos da consciência negra, entendida pelo movimento negro como libertação do aprisionamento social, político, ético e cognitivo imposto pelo racismo. (CB)

Conforme lemos na Declaração da Igreja Adventista sobre o Racismo, "o racismo está entre os piores dos arraigados preconceitos que caracterizam seres humanos pecaminosos. Suas consequências são geralmente devastadoras, porque o racismo facilmente torna-se permanentemente institucionalizado e legalizado. Em suas manifestações extremas, ele pode levar à perseguição sistemática e mesmo ao genocídio. A Igreja Adventista condena todas as formas de racismo. Os adventistas querem ser fiéis ao ministério reconciliador designado à igreja cristã. Como uma comunidade mundial de fé, a Igreja Adventista deseja testemunhar e exibir em suas próprias fileiras a unidade e o amor que transcendem as diferenças raciais e sobrepujam a alienação do passado entre os povos."

A norma para os adventistas está reconhecida na Crença Fundamental nº 14 da Igreja, “Unidade no Corpo de Cristo”, baseada na Bíblia. Ali é salientado: “Em Cristo somos uma nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não deve ser motivo de dissenções entre nós. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição.”

Qualquer outra abordagem destrói o âmago do evangelho cristão.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

CRIAÇÃO DO CAOS E DA GUERRA

No princípio
era a Terra e ela tinha forma e beleza. E o homem habitava as planícies e vales da terra. E disse o homem: "Edifiquemos prédios neste belo lugar." E construiu cidades e encheu a Terra de aço e concreto. E as campinas desapareceram. E viu o homem que isso era bom.

No segundo dia, o homem olhou as águas da Terra. E disse: "Joguemos nossos refugos nas águas para acabar com o lixo." E assim fez. E as águas se tornaram poluídas e seu odor fétido. E viu o homem que isso era bom.

No terceiro dia, o homem olhou as florestas da terra e viu que eram exuberantes. E disse: "Serremos madeira para as nossas casas e cortemos lenha para nosso uso." E assim fez o homem. E as árvores desapareceram e a Terra se tornou árida. E viu o homem que isso era bom.

No quarto dia, o homem viu que os animais corriam livremente pelos campos e brincavam ao Sol. E disse: "Enjaulemos os animais para nosso divertimento e os matemos por esporte." E assim fez o homem. E não havia mais animais sobre a face da Terra. E viu o homem que isso era bom.

No quinto dia, o homem respirou o ar da Terra. E disse: "Espalhemos nossos detritos pelo ar, pois os ventos o dissiparão." E assim fez o homem. E o ar se impregnou de fumo e gases que não podiam ser eliminados. A atmosfera se tornou pesada com a fumaça que sufocava e ardia. E viu o homem que isso era bom.

No sexto dia, o homem olhou o próprio homem. E ouvindo as muitas línguas e vendo as diferenças raciais, temeu e sentiu ódio. E disse: "Façamos grandes máquinas para destruir a estes, antes que nos destruam." E construiu enormes máquinas e a Terra foi convulsionada com a fúria das grandes guerras. E viu o homem que isso era bom.

No sétimo dia, havendo o homem terminado toda a sua obra, descansou. E a Terra estava silenciosa e vazia, pois já o homem não habitava sobre a face da Terra.

E isto foi bom!

Pr. Enoch de Oliveira (Extraído do livro Ano 2000 – Angustia ou Esperança, p. 111 - O Último capítulo de Gênesis)

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

COMO TER SAÚDE ESPIRITUAL?

Muito se fala sobre a saúde do corpo e a saúde mental. Mas você já parou pra pensar sobre a saúde espiritual e o que ela pode trazer para a sua vida?

Antes de tudo, entenda que, para a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Isto significa que o sofrimento não se reduz apenas às questões físicas mas todo o ser: espírito, mente e corpo. E cada área influenciará a outra de forma positiva ou negativa, dependendo do cuidado tomado. Portanto, é essencial considerar todas as áreas que formam a “saúde completa”, uma vez que a doença não atuará apenas no nível físico, mas também no nível espiritual e emocional.

Aliás, quando falamos em saúde espiritual, nos referimos à busca de sentido, propósito e significado na vida. Independente da sua crença, sem dúvidas, você tem (ou já teve) indagações que buscam estas respostas: qual é o propósito da minha vida? De onde venho? Para onde vou? O que acontece após a morte?

Surpreendentemente, quando estas perguntas tiverem as respostas certas, você poderá experimentar paz, integridade, esperança e conforto ao enfrentar os momentos mais difíceis. Assim, ao atingir este estado de saúde espiritual, você experimentará a recuperação da saúde e bem-estar geral. E acredite: até o seu sistema imunológico será impactado positivamente.

7 aspectos fundamentais para a saúde espiritual
No geral, existem 7 aspectos fundamentais para o bem-estar espiritual, essenciais para que um indivíduo desfrute de saúde espiritual. São eles:

- Amor: Todos nós precisamos amar e ser amados. Isto engloba todos os outros. Praticar o amor é fundamental para a saúde espiritual.

- Pessoal e relacional: Todo ser humano tem a necessidade de ser reconhecido como uma pessoa, tendo seus pensamentos, sentimentos e decisões respeitados. Além disso, individualmente, o reconhecimento da identidade e o sentir-se útil também são fundamentais para a construção da saúde.

- Significado: É a necessidade que todo ser humano tem de encontrar sentido na vida, mesmo quando é hora de partir. Mas independente do momento de vida, encontrar sentido ou propósito faz parte da construção da saúde espiritual, porque isso renova a esperança e promove uma atitude capaz de enfrentar as dificuldades de uma maneira positiva.

- Esperança: A esperança tem grande influência no bem-estar de uma pessoa, uma vez que proporciona a oportunidade de ressignificar os eventos traumáticos do passado e seguir em frente. A esperança neste processo se torna uma fonte de crescimento pessoal.

- Valores morais: Não ser coerente com suas próprias crenças ou valores, pode trazer culpa ou remorso. Por outro lado, tomar decisões em favor de seus valores e/ou crenças, promove a paz interior, ou seja, uma consciência limpa, livre de culpas e aberta ao perdão.

- Emoções: Expressar as emoções, angústias, medos e a incerteza sobre o futuro é um processo terapêutico. Isso gera paz espiritual e faz toda a diferença na construção da saúde espiritual.

- Religiosidade: Independentemente de sua religião ou prática espiritual, desenvolver a espiritualidade através da prática de crenças (individuais ou coletivas), com ritos e celebrações, e exercer a confiança em Algo superior faz parte do desenvolvimento da saúde do espírito.

Saúde espiritual e a confiança em Deus - Dicas para desenvolver o bem-estar espiritual

Por fim, alcançar o bem-estar espiritual é um processo que dependerá da satisfação das necessidades espirituais que acabamos de mencionar. Mas como todos os processos, requer tempo e esforço. E dependerá da experiência pessoal de cada um. Entretanto, há algumas dicas práticas que eu gostaria de recomendar sobre pontos que envolvem a saúde espiritual.

Primeiro, é sobre a fé. Ela é uma atitude que faz com que as pessoas confiem e acreditem que algo melhor virá. A esperança é alimentada pela fé. Além disso, essa atitude é tão positiva que diversos estudos apontam a fé como um elemento fundamental para a cura de doenças físicas. Por isso desenvolvê-la é muito importante! Então busque desenvolver a sua fé todos os dias. Esta decisão impactará a sua saúde como um todo.

Outra dica, faça uso do recurso da oração. Pode ser que você conheça este ato por outro nome: prece, reza, meditação. Mas independente do nome que você usa, tire alguns momentos no seu dia para dialogar com Deus, com o Transcendente, pois a oração é um grande auxílio em meio ao caos. Você vai ver como isso muda o dia, a rotina!

Terceira dica para desenvolver a saúde espiritual plenamente: pratique o serviço ao próximo. Encontre alguém para dar apoio, para ajudar e oferecer suporte. Pode ser atendendo necessidades materiais ou se colocando disponível para ouvir e conversar.

Saúde espiritual e a gratidão
Por último, seja grato pelo que você tem (mesmo que seja pouco) e por quem você tem. De fato, agradecer àqueles que sempre estiveram presentes ou simplesmente agradecer por esses pequenos atos de vida fazem a diferença. A saber: a gratidão renova o espírito, ajuda no sentimento de satisfação com a vida. Com isso, gratidão faz bem para a saúde! 

Portanto, se você quer ter saúde espiritual para vivenciar um bem-estar completo decida hoje mesmo desenvolver todos estes aspectos que você aprendeu hoje.

Soledad Marisol Araujo, capelã do Sanatório Adventista del Plata (via Vida e Saúde)

terça-feira, 14 de novembro de 2023

PERSEVERANÇA DOS SANTOS

O que significa "perseverança dos santos"? (Apocalipse 14:12).

Gosto dessa pergunta. Ela se refere à vida cristã e como deve ser vivida, em lugar de pormenores interessantes que, geralmente, não impactam significativamente nosso relacionamento com Deus. Os que gostam de estudar a Bíblia devem tentar compreender o máximo possível sua mensagem e conteúdo. Entretanto, se esse estudo não faz de nós melhores cristãos, estamos perdendo tempo. Assim, o que significa “perseverança dos santos”?

1. Significado do Termo
O termo grego traduzido por “perseverança dos santos” é hupomonē, que expressa a ideia de suportar ou permanecer firme sob circunstâncias difíceis. Poderia ser traduzido por “paciência” ou “esperança”. Na literatura grega, ela é atribuída a uma atitude de perseverança agressiva e desafiadora ao enfrentar dificuldades e infortúnios. Revela coragem, persistência e disposição diante do sofrimento. Essas ideias expressam bem o significado principal do termo hupo (“sob”) e menō (“permanecer”), ou seja, “permanecer sob” pressão, sem desistir.

Na Bíblia, é acrescentada uma nova dimensão de significado. A tradução grega do Antigo Testamento usava esse termo para traduzir algumas palavras hebraicas para “esperança”. Por essa razão, adicionou ao termo grego a ideia de expectativa, espera (Jeremias 14:8; Salmos 71:5). Essa esperança era considerada como vinda de Deus, a esperança de Seu povo. O termo grego expressava não apenas paciência e perseverança sob pressão, mas também a base para essa perseverança, isto é, confiança e esperança em Deus, que pode libertar Seu povo de situações ameaçadoras que trazem angústia para a alma.

2. O Uso de “Hupomonē” no Apocalipse
O substantivo hupomonē é usado sete vezes no livro de Apocalipse (sete é um número comum e recorrente no livro). Ele designa a correta resposta do povo de Deus quando sua fé é ameaçada. Em Apocalipse 1:9, é destinada à experiência de João e das igrejas para as quais escreve. Eles eram co-participantes no sofrimento, no reino e na “paciente perseverança”. Unidos a Cristo, suportaram corajosamente os sofrimentos e aflições, enquanto esperavam pelo Reino de Deus.

Para a igreja de Éfeso, Jesus disse: “Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança” (Apocalipse 2:2). As obras são definidas como trabalho árduo e perseverante. O contexto indica que, nesse caso, “perseverança” se refere à opressão causada pelos ataques à doutrina interna. Em Apocalipse 2:3, hupomonē é usada para descrever a resposta dos fiéis ao ataque dos falsos mestres. Embora sob opressão, eles perseveraram em sua fé a qualquer preço. O mesmo uso é encontrado em Apocalipse 2:19, cujo contexto sugere que os falsos ensinos de Jezabel ameaçavam a fé e a comunidade, embora muitos deles se opuseram corajosamente a ela. A igreja de Filadélfia parecia estar enfrentando conflitos internos, mas os verdadeiros fiéis foram chamados pelo Senhor para resistir, sabendo que o Senhor iria livrá-los (Apocalipse 3:10). Em Apocalipse 13:10, a igreja é perseguida, mas lembrada a permanecer fiel à convicção de que o Senhor retornará e reverterá a sua sorte.

3. Perseverança e o Povo de Deus no Tempo do Fim
A última passagem que aplica o termo hupomonē para designar o povo de Deus do tempo do fim descreve-o como aqueles que têm a “paciência dos santos”, que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus (Apocalipse 14:12). O contexto imediato (Apocalipse 12 e 14) torna claro que a capacidade de resistir, de suportar, é necessária porque os poderes do mal proclamam a falsa mensagem, ou seja, convida o povo a adorar a imagem da besta. E porque sua vida está sendo ameaçada, estão sob imensa pressão (Apocalipse 13:15). Entretanto, eles resistem sabendo que podem confiar no livramento do Senhor. Essa resistência é baseada no compromisso pessoal com o Cordeiro e na profunda convicção de que Ele os libertará.

Em Apocalipse, hupomonē é a característica chave dos remanescentes que enfrentaram perseguição, sofrimento e engano. Alguns dos leitores podem estar enfrentando, hoje, perseguição; outros podem estar lutando contra falsos ensinamentos. A mensagem para todos nós é: Permaneça fiel e firme mesmo sob pressão, estando completamente seguro de que pode esperar pelo Senhor.

Ángel Manuel Rodríguez (via Adventist World)

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

EM NOME DE DEUS...

O título desse artigo revela a mais potente motivação que um ser humano pode encontrar. Também confundida como “o bem maior”, ela pode ser transformadora ou devastadora. Vimos que, em nome de Deus, muito bem foi feito, e podemos citar avanços incríveis que foram realizados em nome de Deus. Mas também podemos citar terríveis acontecimentos levados a cabo pelo mesmo nome. Por exemplo, em nome de Deus já se fizeram escravos, no mesmo nome eles foram libertos. O grande problema é que quando incluímos Deus na nossa equação pessoal de visão de mundo podemos criar um sério problema.

A compreensão de que Deus é absoluto somada à noção de que nossas opiniões pessoais e/ou devaneios são a vontade de Deus confere a nosso argumento, seja ele qual for, autorização infinita, absoluta. Assim, em nome de Deus o indefensável se torna justificável. O absurdo passa a ter motivo de existir. Muitas vezes, mais do que função em um propósito, o absurdo pode se tornar um dever do individuo. Essa compreensão também empodera os atuantes. Eles se sentem mais motivados e mais fortes para agir de maneira cada vez mais ousada.[...]

Paulo passou por isso, em Filipenses 3:6, onde ele explica que em seu "zelo", ou seja, na busca de preservar sua visão de mundo, em nome de um “bem maior”, no afã de preservar sua fé, defender a Deus, atacar o mundo, ele se tornou perseguidor da igreja. Paulo lutou do lado errado da batalha, tempo suficiente para incorrer em absurdos e violência, em “nome de Deus”. Achando que Deus estava com ele, Paulo foi mais longe que todos os outros e investiu fortemente contra a igreja. Tentou justificar o injustificável do assassinato em nome de Deus. E não pense que você não incorreria no mesmo erro!

Paulo é um dos homens mais inteligentes nas escrituras, e ainda assim, foi enganado por seu próprio “zelo”. Só quando Jesus, em pessoa, aparece para ele que convencê-lo se torna possível, caso contrário, permaneceria cego em sua caçada. Isso pode acontecer facilmente comigo e contigo também. Ninguém pede para ficar cego. Nós acabamos nos cegando com “bons motivos” e, muitas vezes, no próprio “nome de Deus”.

Enfim, percebemos que o problema não está no “nome de Deus”, este é apenas um potencializador, o problema está naquilo que fazemos com o “nome de Deus”. Como podemos torná-lo uma desculpa para nossas próprias agendas de terror, ódio, intolerância, segregação, julgamento, opressão, inveja, calúnia, controle e etc… O problema não é apenas a maldade que temos em nós, mas as desculpas que criamos para elas.

Muitos estão dispostos a criar desculpas perfeitas para a ações equivocadas como, por exemplo, defender a Deus. Eva foi atraída ao pecado e árvore da qual devia se distanciar, porque ouviu uma frase mentirosa da serpente e se prontificou a defender Deus. Os caras mais errados da Bíblia foram precisamente aqueles que tentaram defender a honra de Deus: Bildade, Zofar e Elifaz. No fim do livro de Jó, Deus os repreendeu, enquanto passaram a maior parte do livro tentando defender e justificar a Deus. Será que Deus foi ingrato? Acho que não. Ele estava apenas nos ensinando a não fazer o que fazemos: justificar nossas visões de mundo com o nome dEle.

Adventistas, cristãos, judeus, muçulmanos, enfim, todos que estiverem lendo este artigo, em nome do Deus criador de todas as coisas e do bom senso não justifiquem suas visões particulares da religião e da vida com o nome de Deus. Deus não precisa de defensores, Sua honra não está em jogo, Sua justiça não depende de agentes humanos, Sua verdade não está sujeita a nós e Seu amor não tem limites como o nosso. Cuidemos todos para que o “zelo" não corrompa as nossas ações. O Reino de Deus não é hostil. Não existe cristianismo de guerrilha, que usa a verdade como ferramenta de maus tratos. Nossas palavras não são para ferir e machucar, nossos atos não são para dividir, julgar e acusar. Nossa postura não é a do confronto, do ódio ou da intolerância. NADA JUSTIFICA ESSAS COISAS. NADA. Nem Deus.

Diego Barreto (via Notícias Adventistas)