sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

ANTÍDOTO PARA O DESESPERO

As tragédias envolvendo a adolescente Jéssica Vitória, 22 anos, e o youtuber PC Siqueira, 37, evidenciam de maneira drástica como a internet se consolidou como um ambiente propício à disseminação de ódio, mentiras e julgamentos que podem ser fatais.

Jéssica e PC Siqueira, que tiraram suas próprias vidas nos últimos dias, tinham algo em comum: precisavam lidar com o “tribunal da internet” desde que tiveram seus nomes associados a notícias que circularam sem compromisso com a verdade dos fatos ou com o direito à presunção de inocência. Estas mortes também acenderam o alerta sobre a necessidade de cuidados com a saúde mental.

"As redes amplificam muito do que é falado na sociedade em geral. Temos visto discursos de ódio que podem adoecer, gerar um gatilho e fazer com que pessoas que já estejam vulneráveis por muitas outras questões acabem tendo um ato ou fazendo algo desesperado. Cabe todo um cuidado para conhecer sua própria saúde mental e ver como as redes a influenciam", disse a psicóloga e coordenadora do Instituto Vita Alere de Prevenção do Suicídio Karen Scavacini.

Cabe uma reflexão a respeito dos tribunais da internet, do cancelamento e da vida online. Cada um de nós também precisa ficar atento às pessoas ao nosso lado. Às vezes, ficamos tão preocupados com a tela que está na frente dos nossos olhos que esquecemos de olhar ao lado para as pessoas de carne e osso, que estão se sentindo extremamente solitárias convivendo conosco.

E você... alguma vez já se sentiu a ponto de desistir de tudo? Pareceu-lhe estar no limite da sua sanidade? Pensava estar no paredão?

Estar no limite é um assunto a respeito do qual nós, cristãos, não nos sentimos bem ao falar. Entretanto, muitos de nós têm chegado ali. Às vezes, sentimos que as circunstâncias da vida nos sufocam. Sentimos que mergulhamos no desespero. Podemos até perguntar: “Por que Deus não nos impede que nos afastemos do abismo? Por que não nos permite apenas prosseguir?”

Desespero
Nos anos de 1970, Seligman desenvolveu uma das primeiras teorias filosóficas explicando por que as pessoas se tornam depressivas. Sua teoria era fundamentada em certo número de experimentos com ratos. Seligman verificou que os ratos que ficavam trancados numa gaiola dividida em dois compartimentos, quando recebiam choque elétrico em um dos lados da gaiola, aprenderam a passar para o outro lado e evitar o choque. Se naquele lado fossem igualmente submetidos ao choque, voltavam para o primeiro compartimento. Mas, se os ratos tomassem choques elétricos continuamente, não se importavam com o lado da gaiola em que estivessem. Apenas ficavam ali, indefesos, pois eram incapazes de prever ou evitar o evento desagradável. A este fenômeno, Seligman denominou “aprendizado por meio do abandono”. Sua teoria sugere que, quando enfrentamos a depressão, o desespero, semelhante à experiência dos ratos, estamos experimentando o “aprendizado por meio do abandono”. Incapazes de prever ou evitar as circunstâncias adversas, as intempéries da vida, ficamos paralizados, presos na armadilha.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, por ano, mais de 700 mil pessoas tirem a própria vida em todo o mundo. Segundo a organização, o número pode chegar a 1 milhão se forem considerados os casos não registrados. No Brasil, são aproximadamente 14 mil suicídios todos os anos — uma média de 38 pessoas por dia. Especialistas apontam que a maioria dos casos é relacionada a transtornos mentais, como depressão, e alertam que esses problemas têm se manifestado cada vez mais cedo. Segundo o psiquiatra Rodrigo Bressan, presidente do Instituto Ame Sua Mente, pesquisas indicam que 75% dos transtornos mentais do adulto começam antes dos 24 anos. No caso dos adolescentes, metade tem início antes dos 14 anos. “A gente acaba vendo o indivíduo que está deprimido com 20, com 30 anos, mas na verdade a doença, a maioria, começou muito mais cedo”, diz.

O desespero nos cega impedindo-nos de ver qualquer raio de esperança. Deixa-nos paralizados, inativos e nos afasta para longe dos sonhos. Leva-nos para a beira do abismo, nos deprime, pesa sobre nós e grita: “Volte! Desista!” Martin Luther King Júnior disse: “Se um homem ainda não descobriu algo pelo que possa dar a própria vida, esse não serve para viver.” Vamos arrumar essa declaração em nossa mente: “Se alguém não descobriu a razão de viver, este não está pronto para morrer.” Para que vivemos? Já descobrimos o propósito para o qual fomos criados? Já o conhecemos antes de sermos engolidos pelo curso da vida fazendo com que percamos nosso alvo?

Esperança
Esperança é o oposto de desespero. A esperança é o que Satanás procura tirar de nós, porque ela é a base e fundamento da fé. Em Hebreus 11:1 está registrado o seguinte: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.” A fé é, ao mesmo tempo, verbo e substantivo – uma palavra de ação. É esperança em ação.

A esperança é representada mais claramente na vida de Abraão: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia. ... Porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (versos 8 e 10). Por que Abraão deixou o conforto, a segurança e os lugares conhecidos para trilhar caminhos que lhe eram desconhecidos? É que ele tinha uma esperança de algo mais do que seus olhos humanos podiam ver, mais do que suas mãos podiam tocar.

Quando Satanás fomenta a dúvida, a desesperança e o desespero em nossa vida, podemos achar que nossa fé pereceu. Em tais ocasiões é difícil andar pelos caminhos desconhecidos e confiar em Deus. Mas a esperança abre nossos olhos para a razão pela qual fomos chamados; para o propósito pelo qual Deus nos criou – mesmo diante da adversidade.

Jesus foi claro a respeito de Seu propósito de vida. Mesmo quando precisou enfrentar as predições de Sua morte na cruz, Ele disse: “Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo” (João 18:37). Jesus estava dizendo: “Eu nasci por uma razão, vivo por esta causa e estou preparado para morrer por essa causa.” O propósito de Jesus era testificar da verdade; a verdade do Rei e do reino!

Enquanto peregrinamos pela vida, e a fim de banir o desespero, mesmo quando formos confrontados com a adversidade, calamidade, tristeza, perda e temor, devemos conhecer a razão pela qual vivemos. Se fixarmos os olhos nesse alvo, Deus poderá insuflar vida à nossa visão, mais do que sempre sonhamos ser possível.

Preparados para a Causa
De que modo podemos eliminar de nossa vida o desespero? Apresentamos aqui cinco estratégias:

1. Guardar nossa mente. João Batista conhecia a causa pela qual vivia e passava muito tempo preparando a mente para enfrentar o ataque de Satanás. Ele deve ter-se apresentado de maneira diferente das pessoas de seu tempo. Isolava-se nas montanhas e ia às aldeias apenas para proclamar a mensagem do juízo. Não deve ter sido fácil para ele. Ellen G. White escreveu: “Pesava sobre ele a responsabilidade de sua missão. Meditando e orando, na solidão, buscava cingir a alma para a obra de sua vida. Cerrava, quanto possível, toda entrada a Satanás; não obstante, assaltava-o ainda o tentador. Sua percepção espiritual, porém, era clara; desenvolvera resistência de caráter e decisão e, mediante o auxílio do Espírito Santo, era habilitado a pressentir a aproximação de Satanás, e resistir-lhe ao poder” (O Desejado de Todas as Nações, p. 102).

Jamais sabemos, por antecipação, quando ou como Satanás virá para desencorajar nossa fé e roubar nossa esperança. Porém, uma coisa sabemos com certeza: Ele virá e nos tentará a descrer de Deus e questionar Seu amor.

2. Confiar em Deus. Podemos passar horas, semanas e anos perturbados ou preocupados, tentando descobrir por que esta ou aquela condição se instala, ou como podemos escapar, ou mudar uma situação ruim. Podemos procurar respostas em toda parte, exceto no único lugar em que está a esperança. Consideremos o comentário de Ellen White a respeito da mulher do poço (João 4): “[Ela] olhava atrás, aos pais, e ao futuro, à vinda do Messias, ao passo que a Esperança desses antepassados, o próprio Messias, estava ao seu lado, e ela O não conhecia. Quantas almas sedentas se acham hoje junto à fonte viva, e olham todavia a distância, em busca das fontes da vida!” (O Desejado de Todas as Nações, p. 184).

3. Encher de coisas puras a mente e a vida. Deus quer renovar nossa mente. O apóstolo Paulo escreveu: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2). Conforme o desejo de Deus, o que deve preencher nossa mente? Outra vez, o apóstolo escreveu: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp 4:8).

Diz Ellen White: “Na vida futura, os mistérios que aqui nos inquietaram e desapontaram serão esclarecidos. Veremos que as orações na aparência desatendidas e as esperanças frustradas têm lugar entre as nossas maiores bênçãos” (A Ciência do Bom Viver, p. 474). Algumas vezes, nossas preocupações, estresse e desespero são causados por expectações ilusórias. Por vezes, nossa mente fica repleta de preocupações, estressada porque não estamos contentes com as bênçãos que temos. 

Nossa conduta social também auxilia nosso coração e mente a manter atitude positiva. Devemos cercar-nos de pessoas positivas, que nos encorajem, que orem em nosso favor. 

4. Esperar no Senhor. Martin Luther King Júnior disse: “A verdadeira medida de alguém não é mantida em momentos de conforto e conveniência, mas onde essa pessoa permanece em tempos de desafios e controvérsias.” Problemas e crises virão. Coisas terríveis, imprevisíveis ocorrerão na Terra. Mas algo é certo, duradouro, não muda: Deus. A certeza que Ele nos concede é de que, se nEle descansarmos em meio à adversidade, Ele será nossa esperança e não precisaremos nos desesperar. Sua promessa é: “Quando passares pelas águas, Eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Is 43:2).

Portanto, não necessitamos ficar abalados com todo sentimento, situação ou emoção. Podemos ancorar nossa esperança em Deus, que é constante.

5. Orar a Deus continuamente. A expressão de louvor de Davi serve de modelo que bem faríamos em seguir: “Bendirei o Senhor em todo o tempo, o Seu louvor estará sempre nos meus lábios” (Sl 34:1).

Nem tudo o que nos suceder será bom, mas em todas as coisas podemos encontrar algo pelo que podemos louvar a Deus. A fé é a audácia da esperança. Se alguém ainda não descobriu uma razão pela qual viver, não está pronto para morrer. Para que estamos vivendo? Onde está depositada nossa esperança?

Se você está em tal estado de desespero, sentindo que a esperança não mais existe, então eu o desafio a apegar-se diariamente a Deus. Escolha viver pela causa de Deus, andar com Ele, apoiar-se nEle, fundamentar suas esperanças, seus sonhos, na Rocha.

Conforme as palavras registradas em Efésios 1:18, que possamos dizer com o apóstolo Paulo: “[Oro para que sejam] iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento.”
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Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

O QUE A ETERNIDADE NOS RESERVA?

Na Bíblia, a herança dos salvos é chamada um país (Hebreus 11:14-16). Ali o Pastor celestial conduz Seu rebanho às fontes de águas vivas. A árvore da vida produz seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações. Existem torrentes sempre a fluir, claras como cristal, e ao lado delas, árvores ondeantes projetam sua sombra sobre as veredas preparadas para os resgatados do Senhor. Ali as extensas planícies avultam em colinas de beleza, e as montanhas de Deus erguem seus altivos píncaros. Nessas pacíficas planícies, ao lado daquelas correntes vivas, o povo de Deus, durante tanto tempo peregrino e errante, encontrará um lar. 

“O meu povo habitará em morada de paz, e em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso.” “Nunca mais se ouvirá de violência na tua Terra, de desolação ou destruição nos teus termos; mas aos teus muros chamarás salvação, e às tuas portas louvor.” “Edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; ... os Meus eleitos gozarão das obras das suas mãos” (Isaías 32:18; 60:18; 65:21, 22). 

Ali, “o deserto e os lugares secos se alegrarão disto; e o ermo exultará e florescerá como a rosa.” “Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta” (Isaías 35:1; 55:13). “E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, ... e um menino pequeno os guiará.” “Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da Minha santidade”, diz o Senhor (Isaías 11:6, 9). 

A dor não pode existir na atmosfera do Céu. Ali não mais haverá lágrimas, cortejos fúnebres, manifestações de pesar. “Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, ... porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4). “E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absorvido da sua iniqüidade” (Isaías 33:24). 

Ali está a Nova Jerusalém, a metrópole da nova Terra glorificada, como “uma coroa de glória na mão do Senhor e um diadema real na mão de teu Deus” (Isaías 62:3). “Sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como cristal resplandecente.” “As nações andarão à sua luz; e os reis da Terra trarão para ela a sua glória e honra” (Apocalipse 21:11, 24). Diz o Senhor: “Folgarei em Jerusalém, e exultarei no Meu povo” (Isaías 65:19). “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Apocalipse 21:3). 

Na cidade de Deus “não haverá noite.” Ninguém necessitará ou desejará repouso. Não haverá cansaço em fazer a vontade de Deus e oferecer louvor a Seu nome. Sempre sentiremos a frescura da manhã, e sempre estaremos longe de seu termo. “Não necessitarão de lâmpada nem de luz do Sol, porque o Senhor Deus os alumia” (Apocalipse 22:5). A luz do Sol será sobrepujada por um brilho que não é ofuscante e, contudo, suplanta incomensuravelmente o fulgor de nosso Sol ao meio-dia. A glória de Deus e do Cordeiro inunda a santa cidade, com luz imperecível. Os remidos andam na glória de um dia perpétuo, independentemente do Sol. 

“Nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus todo-poderoso, e o Cordeiro” (Apocalipse 21:22). O povo de Deus tem o privilégio de entreter franca comunhão com o Pai e o Filho. “Agora vemos por espelho em enigma” (1 Coríntios 13:12). Contemplamos a imagem de Deus refletida como que em espelho, nas obras da Natureza e em Seu trato com os homens; mas então O conheceremos face a face, sem um véu obscurecedor de permeio. Estaremos em Sua presença, e contemplaremos a glória de Seu rosto. 

Ali os remidos conhecerão como são conhecidos. O amor e simpatias que o próprio Deus plantou na alma, encontrarão ali o mais verdadeiro e suave exercício. A comunhão pura com os seres santos, a vida social harmoniosa com os bem-aventurados anjos e com os fiéis de todos os tempos, que lavaram suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro, os sagrados laços que reúnem “toda a família nos Céus e na Terra” (Efésios 3:15) — tudo isto concorre para constituir a felicidade dos remidos. 

Ali, mentes imortais contemplarão, com deleite que jamais se fatigará, as maravilhas do poder criador, os mistérios do amor que redime. Ali não haverá nenhum adversário cruel, enganador, para nos tentar ao esquecimento de Deus. Todas as faculdades se desenvolverão, ampliar-se-ão todas as capacidades. A aquisição de conhecimentos não cansará o espírito nem esgotará as energias. Ali os mais grandiosos empreendimentos poderão ser levados avante, alcançadas as mais elevadas aspirações, as mais altas ambições realizadas; e surgirão ainda novas alturas a atingir, novas maravilhas a admirar, novas verdades a compreender, novos objetivos a aguçar as faculdades do espírito, da alma e do corpo.

O que a eternidade reserva para os remidos? Todos os tesouros do Universo estarão abertos ao estudo dos remidos de Deus. Livres da mortalidade, alçarão vôo incansável para os mundos distantes — mundos que fremiram de tristeza ante o espetáculo da desgraça humana, e ressoaram com cânticos de alegria ao ouvir as novas de uma alma resgatada. Com indizível deleite os filhos da Terra entram de posse da alegria e sabedoria dos seres não-caídos. Participam dos tesouros do saber e entendimento adquiridos durante séculos e séculos, na contemplação da obra de Deus. Com visão desanuviada olham para a glória da criação, achando-se sóis, estrelas e sistemas planetários, todos na sua indicada ordem, a circular em redor do trono da Divindade. Em todas as coisas, desde a mínima até à maior, está escrito o nome do Criador, e em todas se manifestam as riquezas de Seu poder. 

E ao transcorrerem os anos da eternidade, trarão mais e mais abundantes e gloriosas revelações de Deus e de Cristo. Assim como o conhecimento é progressivo, também o amor, a reverência e a felicidade aumentarão. Quanto mais aprendem os homens acerca de Deus, mais Lhe admiram o caráter. Ao revelar-lhes Jesus as riquezas da redenção e os estupendos feitos do grande conflito com Satanás, a alma dos resgatados fremirá com mais fervorosa devoção, e com mais arrebatadora alegria dedilharão as harpas de ouro; e milhares de milhares, e milhões de milhões de vozes se unem para avolumar o potente coro de louvor. 

“E ouvi a toda a criatura que está no Céu, e na Terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre” (Apocalipse 5:13). 

O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta criação. DAquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor.

[Ellen G. White - O Grande Conflito, pp. 675-678]

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

INVENTÁRIO

"Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade" (Salmos 39:4)

Outro ano quase se passou para a eternidade. Recordemos o registro do ano que tão breve estará no passado. Que progresso fizemos na experiência cristã? Nosso trabalho — temo-lo efetuado de modo que subsista à inspeção do Senhor, que deu a cada homem uma obra de acordo com suas várias habilidades? Será consumido como palha, madeira e restolho, indignos de conservação ou suportará a prova do fogo? 

Todas as providências foram tomadas para que alcancemos em Cristo Jesus uma estatura que satisfaça a norma divina. Deus não Se agrada de Seus representantes se se satisfazem em serem pigmeus, quando poderiam crescer até à plena estatura de homens e mulheres em Cristo. Ele quer que tenhais pensamentos grandiosos, nobres aspirações, claras percepções da verdade, elevados propósitos de ação. Cada ano que passa deve aumentar o anseio da alma por pureza e perfeição do caráter cristão. E se esse conhecimento aumentar dia a dia, mês a mês, ano a ano, não será isso uma obra que se consuma como feno, madeira e restolho; mas será como que pôr sobre a pedra fundamental, ouro, prata e pedras preciosas — obras que não perecem, mas que resistirão ao fogo do último dia. 

Está nossa obra terrestre sendo executada de modo cabal e com tal fidelidade que resista a inquirição? Haverá os que tenhamos ofendido e que testificarão contra nós no dia de Deus? Neste caso, o registro foi feito no Céu, e o encontraremos de novo. Devemos trabalhar à vista do grande Senhor da tarefa, quer nossos penosos esforços sejam vistos e apreciados pelos homens, quer não. Nenhum homem, mulher ou criança pode servir a Deus aceitavelmente, trabalhando de modo negligente, a esmo, hipocritamente, quer se trate de serviço secular ou religioso. O verdadeiro cristão terá em vista a glória de Deus em todas as coisas, animando seus propósitos e fortalecendo os princípios com este pensamento: “Faço isto por Cristo.”

[Ellen G. White - Nossa Alta Vocação, p. 368]

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

A HUMANIDADE NÃO PRESTA, MAS...

A humanidade não presta. Isso a gente sabe desde Adão e Eva, não é nenhuma novidade. Depois vem Caim, mata Abel e se ainda restava alguma dúvida, agora é uma certeza: ninguém presta. De lá pra cá milênios se passaram. Mudaram a ciência, a medicina, a astronomia, a física, a filosofia, a religião, a arquitetura, a moda, as estações, a camada de ozônio, o nível dos mares… mas no que tange ao ser humano, continua tudo igual. As pessoas continuam tão horríveis como sempre foram. A verdade é que com a Queda, o coração do homem tornou-se ruim. Mau. Egoísta. Malévolo. Violento. Assassino. Se quisermos colher cardos e abrolhos basta rasgarmos nossos próprios peitos e lá dentro os encontraremos.

Vibramos com massacres mascarados de “esportes” de luta. Adoramos filmes de ação, violência e com sangue sendo esparramado para todo lado. E assistimos comendo pipoca, insensíveis que somos. Os desenhos animados a que nossos filhos assistem são ratos esmurrando gatos e pica-paus batendo em leões-marinhos, as comédias que nos fazem rir são pessoas enfiando tortas na cara de outras e batendo com paus na cabeça alheia, muitos dos videogames que jogamos são um ultraje à paz, saltamos da cadeira em êxtase quando nas corridas de carro há batidas, nos programas de auditório de domingo a desgraça alheia é celebrada com gargalhadas, videocassetadas que deixariam Francisco de Assis às lágrimas. Detalhe: tudo isso ocorre com não-cristãos, mas também com cristãos.

Fazemos guerras. Criamos armas de fogo. Queimamos crianças com napalm. Inventamos instrumentos de tortura. Investimos bilhões de euros por ano na criação de fuzis, mísseis inteligentes, bazucas que explodem tanques, balas que explodem cabeças, qualquer coisa que exploda qualquer coisa. E tudo em nome da “defesa”. E é lógico que temos de nos defender, afinal o ser humano é mau e nunca sabemos o que a outra pessoa pode fazer de ruim. Há momentos em que paro e mal acredito que isso aqui que nós somos, foi criado por um Deus perfeito e que somos o que a Bíblia chama de “a coroa da criação”. A verdade, meu irmão, minha irmã, é que nós somos uma droga. Não prestamos. Faríamos um grande favor ao mundo se sumíssemos da face da Terra e a devolvêssemos aos dinossauros. Que voltem os mamutes e outras criaturas mais dignas do que nós.

E, em meio ao fedor emanado pelo homem, ao horror que provocamos, ao sadismo que transpiramos, Aquele que é perfeito se faz como um de nós numa estrebaria de Belém da Judeia. Que loucura…

Você já parou para pensar com calma o que foi para Deus a encarnação? Abrir mão de sua glória para se tornar… isto que nós somos? E a glória de Deus não é uma nuvenzinha ou raios de luz brancos emanados de roupas brancas. A glória de Deus é um estado de perfeição absoluta, algo inconcebível ao homem natural, simplesmente uma realidade de tão puros amor, beleza, carinho, afeto, alegria, paz, amabilidade, bondade e outras virtudes tão cristalinas que nossa mente pateticamente limitada jamais conseguiria compreender nem de longe. Muito se fala do sacrifício de Jesus na cruz. Mas pouco se diz do sacrifício que foi para a Perfeição Absoluta trocar em sua encarnação, aquilo que é perfeitamente perfeito pelo que é rigorosamente asqueroso: nós, vermes humanos.

O Filho deixa sua habitação celestial pura e santa para habitar entre mendigos, leprosos, fedor de estrume de animais, sujeira, corações nojentos, podridão humana espalhada por todos os lados, chagas purulentas, doenças, morte. Jesus optou por ser uma ilha de brilho em meio a um oceano de terríveis trevas – externas e internas ao homem.

Mas… Jesus olha para essa humanidade enojante e consegue enxergar esperança. Consegue ver beleza. Incrível. Consegue ver resquícios da perfeição em meio a este mundo tenebroso. Jesus olha para mim e para você, ignora o odor do pecado que exalamos e diz: “Vinde a mim, vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. Meu Deus, por quê? Por quê? O Pai contempla de sua perfeição o mundo bonito que Ele criou e que o pecado deformou nesta coisa horripilante que existe hoje e consegue amá-lo de tal maneira que dá seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Por quê? Por quê?

Não entendo. Confesso, eu não entendo. Que amor é esse?! Como Ele consegue amar dessa forma?! Porque, no lugar de Deus, eu destruiria tudo. Agora. Já. A começar por mim, este poço de pecado, hipocrisia e negrume de alma. Mas não. Esse Deus insondável olha para mim e para você, que, sem ofensa, mas, pelos padrões divinos, é tão péssimo ou pior do que eu… e nos ama! Como pode?! Como?! Como?!

Não há resposta para isso. Não há resposta para esse que é o maior dos mistérios. E é por isso que me rio ao ver espécimens desse verme que é o homem se digladiando em debates sobre quem está certo sobre a mente de Deus. Inventam milhões de rótulos ligados ao perfeito Cristo e entram numa guerra sacra uns contra os outros sem perceber que Deus está tão, mas tão, mas tão acima de tudo isso que a discussão que – confesso – gostamos (eu gosto) de ter sobre teologia, sobre Deus, sobre os modelos e padrões de Igreja se tornam quando temos um lampejo de quem de fato é Deus… num amontoado inútil de estrume verbal.

Viver é Cristo e morrer é lucro. Ah, doce esperança de deixar para trás as guerras santas, as guerras nada santas, a mim mesmo enquanto homem não-glorificado. E que vontade de ingressar no que a Bíblia chama de “sala do trono” dAquele que é imaculado, que é perfume puro de nardo, que é a beleza que flor alguma conseguiu imitar. Ah, que vontade de entrar na doce presença, de aspirar o ar puro das esferas celestiais, de deixar para trás o lixo chamado planeta Terra, o aterro sanitário chamado vida. De deixar-me para trás enquanto aquilo imundo que sou e tornar-me alvo mais que a neve.

E poder, enfim, ouvir o Espírito e a noiva dizerem: “Vem!”. E poder beber de graça da água da vida. E escutar “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Felizes os que lavam as suas vestes, e assim têm direito à árvore da vida e podem entrar na cidade pelas portas”. Já não haverá maldição nenhuma. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão. Eles verão a sua face, e o seu nome estará em suas testas. Não haverá mais noite. Eles não precisarão de luz de candeia, nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará; e eles reinarão para todo o sempre. “Eis que venho em breve!”. Não há mais o que dizer a não ser “Ora, vem, Senhor Jesus”.

Sabe… normalmente busco terminar meus textos com alguma frase que dê um belo fechamento ao que escrevo. Mas desta vez… encerro somente com lágrimas pingadas sobre um teclado de computador. Um teclado cheio de manchas de gordura e sujeira, digitado por dedos com unhas sujas e ligados a uma alma imunda. Não, não há mais o que dizer. Encerro aqui.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Maurício Zágari via Apenas - Ilustração: Natal na Faixa de Gaza

"Jesus poderia ter permanecido ao lado do Pai, usando a coroa e as vestes reais, mas por amor a nós trocou as riquezas do Céu pela pobreza da Terra. Ele escolheu renunciar ao posto de Supremo Comandante e a adoração dos anjos que tanto O amavam. Escolheu trocar a adoração dos seres celestes pela zombaria e desprezo de homens ímpios. Por amor a nós, aceitou uma vida de privações e uma morte vergonhosa. Cristo fez tudo isso para provar o quanto Deus nos ama. Viveu na Terra para mostrar como podemos honrar a Deus através da obediência à Sua vontade. Assim agiu para que, seguindo Seu exemplo, possamos finalmente viver com Ele no lar celestial" (Ellen G. White, Vida de Jesus, p.10)

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

ADORAÇÃO E CULTO QUE AGRADAM A DEUS

O que é adoração/culto? Uma das definições diz que “’é a resposta positiva, submissa, obediente e integral do homem redimido à iniciativa de Deus de revelar seus atributos e ações, sobretudo de criação, redenção e providência.”[1] A seguir, eu gostaria de compartilhar algumas características e implicações gerais da adoração/culto que agrada a Deus:

1. A adoração/culto que agrada a Deus é fundamentada somente na Escritura, não apenas em uma parte dela, mas em toda a Bíblia (Lucas 24:27). Como o princípio Sola Scriptura constitui a primeira crença adventista do sétimo dia[2], nosso modelo de adoração/culto deve ser autorizado pela Bíblia, pois “as Escrituras Sagradas são a revelação infalível, suprema e repleta de autoridade de Sua vontade... o padrão de caráter, a prova da experiência, o revelador definitivo de doutrinas e o registro fidedigno dos atos de Deus na história (Salmo 119:105; Provérbios 30:5, 6; Isaías 8:20; João 17:17; 1 Tessalonicenses 2:13; 2 Timóteo 3:16, 17; Hebreus 4:12; 2 Pedro 1:20, 21).”[3]

Na adoração e “culto cristão, Deus é o centro, não o ser humano.”[4] Além de Deus ser o Autor da vida e da nossa salvação (Gênesis 2:7; João 1:1-3; 3:16), “num culto tudo vem de Deus”[5], inclusive “a iniciativa do culto pertence a Deus” (Mateus 18:20).[6]

O princípio da Sola Scriptura envolve a suficiência da Bíblia para nos conceder sabedoria para salvação (2Timóteo 3:15). Todas as doutrinas e experiências devem ser testadas pelas Escrituras (Isaías 8:20; João 17:17; 2Timóteo 3:16, 17; Hebreus 4:12).[7] Isso inclui adoração/culto. Sola Scriptura também envolve a primazia da Bíblia sobre as culturas e tradições humanas (Mateus 15:3, 6; Colossenses 2:8); a ciência humana (1Timóteo 6:20); as emoções e faculdades mentais humanas (Gênesis 3:1-6) e a natureza (Gênesis 3:17, 18).[8]

Canale lembra que “entre os diversos projetos teológicos produzidos pelas igrejas cristãs não há nenhum que se baseie totalmente nas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos”.[9] As doutrinas “imortalidade da alma”, “santificação do domingo”, “predestinação”, “uma vez salvo para sempre salvo”, “dicotomia entre o Antigo e Novo Testamentos”, “antinomianismo”, “sofrimento eterno” demonstram como projetos teológicos evangélicos foram influenciados e secularizados pela filosofia e tradições. Logo, “não é seguro tomar emprestado estilos litúrgicos de denominações evangélicas sem nenhuma crítica”.[10]

2. A adoração/culto que agrada a Deus é centrada no Cordeiro provido por Deus, e em Seu único e todo suficiente sacrifício na cruz. Isaque perguntou a Abraão: “Meu pai!...Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto” (Gênesis 22:7, 8). Cristo, o Cordeiro de Deus está no centro da adoração e culto em toda Escritura (Isaías 53:7; João 1:29; 1 Coríntios 5:7; Apocalipse 13:8). “Não há salvação em nenhum outro” (Atos 4:12), pois “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15:3).

O sacrifício único e todo-suficiente de Cristo na cruz é “o centro de nossa esperança. Nele nos cumpre fixar a nossa fé.”[11] Segundo as Escrituras o sacrifício de Cristo não pode ser repetido, reproduzido ou refeito (Hebreus 9:27, 28; 10:10). Após Sua morte, o Senhor “foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Coríntios 15:4; Lucas 24:46; Romanos 4:25). E após “quarenta dias” subiu ao Céu e “assentou-se à destra de Deus” (Atos 1:3; Hebreus 10:12).

3. Na adoração/culto que agrada a Deus, o adorador segue Jesus, o Cordeiro ao Santuário Celestial. Nos dias finais da história, os verdadeiros adoradores se distinguem dos que seguem a besta (Apocalipse 13:3, 4), como “seguidores do Cordeiro por onde quer que vá” (Apocalipse 14:4, 12).

Isso implica seguir pela fé a Cristo, o Cordeiro de Deus não somente à cruz, mas também ao santuário celestial, onde o Senhor ressuscitado ministra por nós como sumo sacerdote (Hebreus 8:1-3; 7:20-28; 4:16), e juiz (Daniel 7:9-22; 8:13, 14; João 5:22, 23; 2 Coríntios 5:10; Hebreus 9:27, 28; Apocalipse 14:6, 7).[12]

4. Na adoração/culto que agrada a Deus o adorador compreende a expiação como um processo bíblico histórico sequencial. Ou seja, temos expiação prometida, expiação provida, expiação aplicada e expiação realizada. Na fase da expiação prometida, o pecador exercia fé no futuro sacrifício histórico de Cristo na cruz, simbolizado e tipificado pelo sacrifício dos cordeiros (Gênesis 22:7-13; João 8:56; Êxodo 29:38, 39). Já na fase da expiação provida, Jesus, o Cordeiro de Deus (João 1:29), de fato morreu na cruz garantindo o perfeito sacrifício expiatório (1 Coríntios 5:7; 1 Pedro 1:18, 19; 3:18).

Embora “a morte vicária e expiatória de Cristo seja o âmago dessa expiação; abrange também o ministério de nosso Senhor como nosso sumo sacerdote celestial.”[13] Como no serviço simbólico diário, sacerdotes entravam no santuário terrestre oferecendo o sangue de sacrifícios em favor dos pecadores penitentes (Levíticos 4:13-20). Na fase chamada expiação aplicada, Cristo, o perfeito Sumo Sacerdote, entrou no santuário celestial para aplicar por Sua intercessão contínua os méritos do Seu perfeito sacrifício em favor do suplicante (Romanos 3:26; 4:25; 8:34; Hebreus 8:1-6; 9:1-6, 24; 1João 2:1).[14]

Finalmente, a fase da expiação realizada iniciou quando o Senhor Jesus Cristo passou ao lugar santíssimo do mesmo santuário em 1844.[15] Como juiz e sumo sacerdote, Ele realiza a purificação/eliminação legal dos registros dos pecados do Seu povo (Levíticos 16; 23:26-30; Daniel 7:9, 10; 8:13, 14; Hebreus 9:23; Apocalipse 11:19; 14:7).[16] Nesta fase, o Senhor ainda intercede pelas pessoas (Hebreus 9:7; 1 João 2:1), mas logo o processo finalizará. Cristo voltará como Rei dos reis em glória e majestade a esta terra, a fim de estarmos para sempre com o Senhor (Hebreus 9:27, 28; Apocalipse 22:11, 12; 14:14; 1Tessalonicenses 4:16-17). Amém!

5. A adoração/culto que agrada a Deus deve ser em Espírito e em verdade (João 4:23, 24). O verdadeiro culto “é fruto da operação do Espírito Santo. É pelo Espírito que toda prece sincera é ditada, e tal prece é aceitável a Deus.”[17] O Espírito Santo é o “Espírito da verdade”, e ao rogarmos por Sua direção, Ele nos guiará em “toda verdade” bíblica (João 16:13), capacitando-nos a aceitar os “princípios divinos”.[18] A verdadeira adoração não é emocionalismo e fanatismo. Implica no culto racional, uma adoração/culto “espiritual e inteligente”.[19]

Por outro lado, a verdadeira adoração/culto não é racionalismo e frio formalismo, pois, pela atuação do Espírito Santo, a Palavra de Deus alcança e transforma o coração (Salmo 119:11; 2Timóteo 3;16, 17). “Se Satanás não consegue prender as almas no gelo da indiferença, ele procurará impeli-las para o fogo do fanatismo.”[20] Logo, o adorador que agrada a Deus não perguntará “com que tipo de estilo de adoração posso ser feliz”, mas sim, “que farei Senhor” para ser renovado, transformado e experimentar “a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”? (Atos 22:10; Romanos 12:2).

6. Na adoração/culto que agrada a Deus “tudo” é feito “com ordem e decência” (1Coríntios 14:40). A recomendação do apóstolo implica que na Casa de Deus devem existir “regulamentos quanto ao tempo, lugar e maneira de adorar.”[21] Isto inclui vestuário e música adequada. Temos de cuidar para não imitar o estilo de adoração/culto de denominações evangélicas com suas ‘excitações’, ‘exorcismos’, ‘danças’, ‘improvisações’, narrações de ‘sonhos’ e ‘visões’, ‘expressões físicas e espirituais’.[22]

“Alguns dançavam para cima e para baixo, cantando: "Glória, glória, glória, glória, glória” ...Toda manifestação de fanatismo desvia a mente da evidência da verdade - a própria Palavra.”[23] Enquanto, “adventistas frequentemente copiam seus “estilos de adoração” das denominações protestantes”[24] temos de “decidir se deveríamos continuar a adotar cada novo “estilo” de liturgia criado pelos evangélicos ou se deveríamos, ao invés disto, alicerçar a nossa liturgia no pensamento escriturístico.”[25]

7. Na adoração/culto que agrada a Deus a pregação/ensino ocupa lugar central. A pregação/ensino ocupou lugar central na Igreja apostólica (Atos 2:14-41; 3:12-26; Romanos 10:14, 15; 1 Coríntios 1:21; 1 Timóteo 4:13; 2 Timóteo 4:2). No século XVI, os reformadores restabeleceram a “centralidade da Palavra e da pregação nos cultos públicos.”[26] Por exemplo: “a pregação de Lutero, expondo as plenas verdades da Palavra de Deus, e depois a própria Palavra, posta nas mãos do povo comum” resultou em “pessoas de todas as classes com a Bíblia nas mãos, defendendo as doutrinas da Reforma.”[27]

E quanto aos pioneiros adventistas? “A ênfase no estudo da Bíblia e das profecias causou forte impacto sobre os guardadores do sábado, e seu estilo de adoração...Em certo sentido equilibrava o lado intelectual e emocional da adoração.”[28]

E como proteger a Igreja do emocionalismo/fanatismo? Dando primazia à pregação/ensino da Palavra de Deus.[29] Verdadeiros pastores “satisfazem-se com a simplicidade nos cultos...volvem sua atenção principalmente para o estudo da Palavra”.[30]

8. A adoração/culto que agrada a Deus é comunitária, presencial e participativa. No deserto, Israel acampava-se em torno do tabernáculo da tenda da congregação (Números 2:1; Êxodo 40:2, 32). A Igreja apostólica se tornou um modelo bíblico de comunidade reunida para adorar a Deus (Atos 1:12-15; 5:12; 6:2; 12:12; 13:1-3; 1 Coríntios 1:2; 1Tessalonicenses 1:1). Os primeiros cristãos “estavam todos reunidos” quando receberam o Espírito Santo (Atos 2:1), e como resultado das primeiras pregações “todos os que creram estavam juntos” (Atos 2:44).

Já na Idade Média, as igrejas valdenses “rejeitando a supremacia do papa e prelados, mantinham a Escritura Sagrada como a única autoridade suprema, infalível...o povo congregava-se, não em igrejas suntuosas ou grandes catedrais, mas à sombra das montanhas nos vales alpinos, ou, em tempo de perigo, em alguma fortaleza rochosa, a fim de escutar as palavras da verdade proferidas pelos servos de Cristo”.[31] O verdadeiro crente se alegra com a adoração comunitária e presencial. “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor” (Salmo 122:1), e anela habitar “na casa do Senhor para todo o sempre” (Salmo 23:6). Portanto, “não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hebreus 10:25).

Nos reunimos para adorar e anunciar “a morte do Senhor, até que Ele venha” (1 Coríntios 11:26). Nos reunimos fim de “cultivar as qualidades do amor perfeito”, e sermos “habilitados para as moradas celestiais que Cristo foi preparar para os que O amam”.[32] A adoração que agrada a Deus, no entanto, é participativa.

A propósito, “o canto não deve ser sempre feito por uns poucos. O mais frequentemente possível, una-se toda a congregação”[33], pois “o canto é um ato de adoração tanto como a oração”.[34] Por outro lado, “o testemunho pessoal durante o culto é um meio poderoso de cativar a congregação na adoração”.[35]

9. A adoração/culto que agrada a Deus requer obediência pela fé em Cristo à santa Lei dos Dez Mandamentos (Deuteronômio 4:13; Provérbios 28:16; Mateus 5:17-27; Apocalipse 11:19; 14:12). O primeiro mandamento revela que há somente um Deus: “Eu Sou o Senhor teu Deus”, portanto: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:1, 2). Já o segundo mandamento explicitamente proíbe a manufatura, adoração/culto às imagens de escultura (Êxodo 20:4-6). As expressões “não as adorarás, nem lhes darás culto” são inseparáveis. A santificação do sábado do sétimo dia, conforme o quarto mandamento da Lei de Deus é para todos das nossas “portas para dentro” (Êxodo 20:8-11).

E, também, “assim diz o Senhor” a todos os habitantes do mundo que: “guardam os meus sábados, escolhem aquilo que me agrada e abraçam a minha aliança” (Isaías 56:4), porque “a minha casa será chamada Casa de oração para todos os povos”. “Precisamos nutrir e cultivar o espírito do verdadeiro culto, o espírito de devoção no dia santo do Senhor”.[36] A propósito, a guarda do domingo é vã tradição pagã eclesiástica.[37] Àqueles que invalidam a Palavra de Deus com tradições e falsos ensinos o Senhor declara: “em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mateus 15:9).

10. Na adoração/culto que agrada a Deus prazerosamente reconhecemos o Senhor como Criador, Redentor, Mantenedor, e a nós como Seus mordomos. Devolver dízimos honestos e ofertas de amor é um legítimo ato de adoração a Deus (Gênesis 14:20; 28:20-22; Levítico 27:30-32; Deuteronômio 16:17; Ageu 1:4-6; Malaquias 3:8-10; Mateus 23:23; 1Coríntios 4:1, 2; Hebreus 7:4-10). “Examine cada um regularmente sua renda, a qual é toda uma bênção de Deus, e ponha de parte o dízimo como um fundo separado, para ser sagradamente do Senhor. Esse fundo não deve em caso algum ser empregado em qualquer outro fim; unicamente para sustento do ministério do evangelho. Depois de separado o dízimo, sejam tirados donativos e ofertas, segundo a “prosperidade” que Deus lhe deu”.[38]

11. A adoração/culto que agrada a Deus resulta em compromisso e serviço na missão do Senhor. Como ocorreu com o profeta Isaías na Casa do Senhor, nós também contemplamos a santidade divina. Arrependidos, confessamos nossos pecados. Pela graça de Cristo somos perdoados, transformados e capacitados para a missão (Isaías 6:1-8).[39] "Entramos para adorar, saímos para servir."[40] Logo: “Deve ser feita a indagação: “O que estou fazendo, e qual é minha obra e missão neste tempo?”.[41]

Deus nos deu uma missão mundial: Mateus 24:14; 28:18-20; Marcos 16:15, 16; Atos 1:8; Apocalipse 14:6-12. “Não somente sobre o pastor ordenado repousa a responsabilidade de sair a cumprir esta missão. Todo que haja recebido a Cristo é chamado a trabalhar pela salvação de seus semelhantes.”[42] A propósito, a tríplice mensagem angélica é o derradeiro e solene convite a ser feito pelos membros da Igreja remanescente a cada habitante deste planeta, para adorar “Aquele que fez o Céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:6-12). “O capítulo dezoito do Apocalipse revela a importância de apresentar a verdade, não de maneira acanhada, mas com ousadia e autoridade.”[43]

Adoração e culto aceitáveis ao Senhor andam juntos e levam, portanto, cada adorador a uma ativa participação como missionários do Senhor.

Wilson Borba (via Notícias Adventistas)

Referências:

[1]PLENC, Daniel Oscar. El culto que agrada a Dios, 1ª ed. Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2007, p. 30. A seguir: PLENC.

[2]CANALE, Fernando. ¿Adventismo secular? 1ª ed. Lima: Universidad Peruana Unión, 2012, p. 32.

[3]Manual da igreja, 23ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2022, p. 173.

[4]MORAES, Natanael B. P. "Sugestões teológicas à liturgia adventista" em Bases bíblicas da adoração, org. Emilson dos Reis, Rodrigo Follis e Felipe Carmo, 1ª ed., Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2015, p. 120. A seguir: Bases bíblicas da adoração.

[5]SILVA, Horne P. Culto e adoração, SP: Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, 1984, p. 7,

[6]Ibidem, p. 9.

[7]DAVIDSON, Richard M. “Interpretação Bíblica”, em Tratado de teologia adventista do sétimo dia, 1ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011, p. 70.

[8]Ibidem.

[9]CANALE, Fernando. “Completando la teología adventista: El proyecto teológico adventista y su impacto en la iglesia – Parte II”, DavarLogos 6.2 (2007): p. 129.

[10]_______. “Principios de Adoración”, Revista SAIT 1.1 (octubre 2011), p. 6.

[11]WHITE, Ellen G. O Desejado de Todas as Nações, 22ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013, p. 660. A seguir: O Desejado de Todas as Nações.

[12]Para um estudo sobre o sacerdócio de Jesus Cristo ler: HOLBROOK, Frank B. O sacerdócio expiatório de Jesus Cristo, 1ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013.

[13]Questões de doutrina, 1ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009, p. 257, 258.

[14]Quando o Senhor ressuscitado subiu ao Céu, não entrou no Lugar Santíssimo ou Santo dos Santos, mas no Lugar Santo do Santuário. A versão Almeida Corrigida assim traduz Hebreus 9:12: “nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção”. Ver: Alwyn P. Salom, “Ta Hagia na Epístola aos Hebreus”, editado por HOLBROOK, Frank B. A luz de hebreus, 4ª ed. Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2021, p. 267.

[15]Para um estudo mais detido sobre a data 1844, e a segunda fase do ministério de Cristo no Santuário Celestial, ler: MAXWELL, C. Mervyn, Uma nova era segundo as profecias de Daniel, 2ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011, p. 203-278; GOLDSTEIN, Clifford. 1844, 7ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2022; O grande conflito, p. 317-342; 409-450.

[16]Ver a Crença Fundamental sobre o Ministério de Cristo no Santuário Celestial: Nisto cremos, 10ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2022, p. 391-415.

[17]O Desejado de Todas as Nações, p. 189.

[18]WHITE, Ellen G. Atos dos apóstolos, 9ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013, p. 140.

[19]“Comentário de Romanos 12:1”. Bíblia Andrews, versão Almeida Revista e Atualizada, 2ª ed. da Sociedade Bíblica do Brasil, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015, p. 1474.

[20]WHITE, Ellen G. Mente, caráter e personalidade, 5ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, v. 1, 2012, p. 38.

[21]WHITE, Ellen G. Testemunhos para a igreja, 1ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, v. 5, 2013, p. 491. Ver também: Manual da igreja, p. 127-139.

[22]PLENC, p. 43.

[23]WHITE, Ellen G. Mensagens escolhidas, 3ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, v. 3, 2012, p. 372.

[24]CANALE, Fernando. “Principios de Adoración”, Revista SAIT 1.1 (octubre 2011), p. 3.

[25]Ibidem.

[26]A igreja: adoração, ministério e autoridade, p. 39.

[27]O grande conflito, p. 195.

[28]A igreja: adoração, ministério e autoridade, p. 73.

[29]Bases bíblicas da adoração, p. 121.

[30]WHITE, Ellen G. Evangelismo, 3ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2012, p. 502. A seguir: Evangelismo.

[31]O grande conflito, p. 68.

[32]WHITE, Ellen G. Fé pela qual eu vivo, MM 1959, p. 37.

[33]Evangelismo, p. 507.

[34]WHITE, Ellen G. 9ª ed. Educação, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013, p. 168.

[35]A igreja: adoração, ministério e autoridade, p. 194.

[36]WHITE, Ellen G. A fé pela qual eu vivo, MM 1959, p. 35.

[37]BACCHIOCCHI, Samuele. Crenças populares: o que as pessoas acreditam e o que a Bíblia realmente diz, 1ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016, p. 187-235.

[38]WHITE, Ellen G. Conselhos sobre a escola sabatina, 7ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2012, p. 130.

[39]_______. Profetas e reis, 8ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013, p. 303-310.

[40]PLENC, p. 23.

[41]WHITE, Ellen G. Eventos finais, 1ª ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2012, p. 44.

[42]_______. A fé pela qual eu vivo, MM 1959, p. 359.

[43]Evangelismo, p. 230.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

DETOX EMOCIONAL PARA 2024

A palavra que melhor traduz os tempos atuais talvez seja esta: esgotamento. Estar na vida não é missão fácil, requer os canais abertos para aprender, ensinar, produzir, interagir com o outro e com o parceiro –, a sensação é a de ter abrigado doses de ansiedade, impotência e frustração muito maiores do que podemos administrar.

“O estresse deixa de ser normal e avança, diminuindo a capacidade de exercer a empatia. Por não vermos as situações com clareza, nos achamos injustiçados”, diz Armando Ribeiro, neuropsicólogo, especialista em estresse pela Universidade de Harvard. Esses sentimentos acumulados intoxicam. Produzem o que chamamos de frio na barriga, nó na garganta, aperto no peito, cabeça pesada, além do desânimo, que mina a energia para começar a rotina na manhã seguinte. 

Não é exagero comparar os estragos provocados pelos sentimentos envenenados aos prejuízos causados à saúde pela alimentação cheia de açúcares, carboidratos e gorduras. A analogia também pode ser empregada no detox. Assim como precisamos cortar o cardápio inadequado para limpar o organismo, devemos fazer um reset no comportamento, afastando as emoções negativas. 

As doenças de origem emocional têm se tornado epidêmicas. Quadros de ansiedade e depressão aumentaram após a pandemia de covid-19. Isso também se deve às condições inerentes às pessoas e também ao ambiente degradado e relações interpessoais complicadas que caracterizam os tempos em que vivemos. Os fatores agressivos ou estressantes são cada vez mais poderosos, cobrando de nós uma importante capacidade e energia para compreender, avaliar e gerenciar as exigências ou dificuldades, antes que se transformem em problemas, preocupações, angústia, medo ou violenta depressão. 

E o que fazer se algum desses sintomas ou doenças emocionais já faz parte de sua vida? Além de tudo o que a medicina, a psicologia e a psiquiatria podem realizar, estão o poder de Deus e o Seu desejo de que sejamos felizes. Ele não somente tem dado conhecimento a muitos profissionais da saúde como, de forma especial, tem instruções importantes para nós, as Suas criaturas.

Para você que quer começar 2024 fazendo um detox emocional, siga abaixo algumas dicas que o ajudarão a eliminar seu sobrepeso emocional, fazendo você se sentir mais ágil – psicológica e socialmente – para correr alegremente a grande carreira de sua vida. Caso não consiga, procure um profissional, pois pode tratar-se de um transtorno que necessitará tratamento especializado.

• Reduza seus desejos de bens materiais
Se não está agradecido e alegre com o que tem, se sentirá descontente, ainda que tenha dinheiro em abundância, pois quanto mais tiver, mais desejará ter. Desse modo, à medida que aumentarem os bens, poderá aumentar também as preocupações. Assim ensinou Cristo: “Porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:21). O que mais disse Jesus? Ele nos ensinou a pedir ao Pai o “pão nosso de cada dia (Mateus 6:11). O pão de cada dia, a roupa de cada dia, o sapato de cada dia, os objetos de casa de cada dia... Que Deus nos ajude a ter bom senso para ser possível viver melhor. Ele promete que nada nos faltará (Salmo 23).

• Reduza suas exigências
Não seja perfeccionista, nem espere encontrar perfeição nos demais. Com isso, evitará muitas dores de cabeça. Suas exigências excessivas podem indicar que padece da enfermidade de querer dominar os demais. Pratique a delicada arte de esquecer e perdoar, inclusive a si mesmo. Ellen G. White diz: "Veremos erros na vida dos outros, e defeitos em seu caráter. A humanidade está circundada de fraquezas. Em Cristo, porém, acharemos perfeição. Olhando para Ele seremos transformados" (O Desejado de Todas as Nações, p. 576).

• Reduza suas fantasias
Saia de seu mundo ilusório. Tenha alvos e aspirações realistas e evitará fracassos e desilusões. A verdadeira felicidade tem uma base sólida. Fixe alvos de acordo com seus talentos e possibilidades, e trabalhe para tornar realidade seus sonhos. Ellen G. White observa: “O êxito em qualquer coisa que empreendamos exige um objetivo definido. Aquele que desejar alcançar o verdadeiro êxito na vida deve conservar firmemente em vista o alvo digno de seus esforços” (Educação, p. 262).

• Reduza suas dívidas
Afaste-se do perigo das dívidas: perigo financeiro, mental e emocional. Você conhece alguém que deve e é feliz? Reduza suas dívidas e aumentará seu senso de segurança. Ellen G. White adverte: Não vos deveis permitir ficar embaraçado financeiramente, pois o fato de estardes com dívida enfraquece a vossa fé e vos leva ao desânimo, e até mesmo pensar nela vos deixa quase desatinado. Deveis reduzir vossas despesas e esforçar-vos por vencer essa deficiência de vosso caráter" (Conselhos sobre Mordomia, p. 153).

• Reduza sua vida digital
Segundo um estudo da Universidade de Pittsburgh, EUA, acessar as redes sociais por mais de duas horas diárias dobra o risco de isolamento social. Não as busque como refúgio ou antídoto para a frustração nem para preencher um vazio. Ellen G. White alerta: "Todas as energias de Satanás são postas em operação para prender a atenção em diversões fúteis, e ele está conseguindo seu objetivo. O mundo está de contínuo sedento de alguma novidade; quão pouco tempo e pensamento, no entanto, se dedicam ao Criador dos céus e da Terra!" (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 456).

• Reduza suas diferenças
Não brigue por causa da moda ou costume dos demais. Todos – inclusive você – têm diferentes valores e atuam em níveis distintos. Mas todos desejam autorrealização. E lembre-se: nos assuntos realmente importantes há pouca ou nenhuma diferença entre as pessoas. Frente a uma catástrofe, quão pouco valem as chamadas “coisas de valor”! Ellen G. White aconselha: "Todas as relações sociais exigem o exercício do domínio próprio, paciência e simpatia. Diferimos tanto uns dos outros em disposições, hábitos e educação, que variam entre si nossas maneiras de ver as coisas. Julgamos diferentemente" (A Ciência do Bom Viver, p. 483).

• Reduza suas antipatias
Elas representam uma liberação emocional equivocada. Suas antipatias fazem com que certas pessoas ou coisas reflitam seus temores, inveja ou incompreensão. Enriqueça a vida emocional com grandes doses de amor, paciência, tolerância e compreensão, e desfrutará felicidade. Ellen G. White reflete: "Oh! devemos educar nosso coração a ser piedoso, gentil, terno, cheio de perdão e compaixão. Não devemos tornar-nos insensíveis, antipáticos e insociáveis. O Espírito do Senhor deve repousar sobre vós até que sejais como uma fragrante flor do jardim de Deus" (E Recebereis Poder, p. 67).

• Reduza as influências negativas
Tendemos a assimilar comportamentos negativos dos que nos rodeiam. Isso desencadeia um ciclo de repetições destrutivas, do qual temos dificuldade de nos livrar. As reações químicas são afetadas pelos estímulos enviados ao cérebro. Sorria. O cérebro identifica como verdadeiras as expressões faciais. Agir como se estivéssemos em certo estado emocional aumenta a força daquela emoção. Veja este sábio conselho bíblico: “Não se associe com quem vive de mau humor, nem ande em companhia de quem facilmente se ira; do contrário você acabará imitando essa conduta e cairá em armadilha mortal” (Provérbios 22:24-25 NVI).

• Reduza as notícias ruins
A realidade alarmante, mesmo que longe, aumenta a percepção de ameaça, o que gera maior secreção de cortisol e adrenalina, hormônios do stress. Informe-se em boas fontes; evite as sensacionalistas, que só amplificam o mal-estar. Ellen White diz: "Sabes que nosso corpo é composto do alimento que assimila. Ora dá-se o mesmo com a nossa mente. Se fazemos a mente demorar-se nas coisas desagradáveis da vida, não teremos nenhuma esperança. Não temos ânsia de excitação, de sensacionalismo; quanto menos disso tivermos, tanto melhor" (Manuscrito 7, 1888).

Dica final de Ellen G. White: "Desgosto, ansiedade, descontentamento, remorso, culpa, desconfiança, todos tendem a consumir as forças vitais, e a convidar a decadência e a morte. O ânimo, a esperança, a fé, a simpatia e o amor promovem a saúde e prolongam a vida" (A Ciência do Bom Viver, p. 241).

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

POR UMA CEIA SEM ANIMAIS

Com a aproximação do Natal, as pessoas em breve estarão trabalhando no planejamento de uma reunião de família e amigos, e decidindo que pratos servir no menu. Se você, como milhões de outros brasileiros, está considerando um peru ou outro animal como a peça central de sua ceia de Natal, por que não parar por um momento para pensar de onde estará vindo a refeição de sua família? Ao longo do artigo, teremos alguns importantes conselhos de Ellen G. White sobre esse assunto.

Em primeiro lugar, o Natal é uma festividade religiosa que celebra o nascimento de Cristo, porém também é um sofrimento sem fim para os perus e outras espécies de animais consumidos pelos humanos. Em se tratando de perus, 300 milhões deles são criados e mortos nos EUA por sua carne a cada ano, com 67 milhões sendo mortos durante a temporada de festas de fim de ano. Mesmo antes de sua morte, as condições em que os perus são criados são horríveis. Uma investigação secreta recente em Minnesota revelou 25 mil fêmeas trancadas em cinco galpões que os repórteres descreveram estar “imundos e em condições cruéis”. Infelizmente, ambientes como estes são muito comuns, uma vez que as leis em qualquer parte do mundo não proíbem a criação de aves para consumo humano em condições desumanas. Devido aos alojamentos apertados, as aves têm seus bicos queimados e arrancados sem anestesia para que não se firam ao brigar entre si por causa do estresse do confinamento, e muitas vezes sofrem lesões graves e infecções devido às condições miseráveis.

“Deus deu aos nossos primeiros pais o alimento que pretendia que a humanidade comesse. Era contrário ao Seu plano que se tirasse a vida a qualquer criatura. Não devia haver morte no Éden. Os frutos das árvores do jardim eram o alimento que as necessidades do homem requeriam. Deus não deu ao homem permissão para comer alimento animal, senão depois do dilúvio. Fora destruído tudo que pudesse servir para a subsistência do homem, e diante da necessidade deste, o Senhor deu a Noé permissão de comer dos animais limpos que ele levara consigo na arca. Mas o alimento animal não era o artigo de alimentação mais saudável para o homem” (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 373).

Em investigações secretas, grandes fazendas de criações de perus têm sido flagradas torturando aves. Os repórteres viram funcionários “chutando e pisando sobre os perus, arrastando-os por suas frágeis asas e pescoços, e maliciosamente arremessando-os”. Além de maus-tratos nas mãos dos funcionários, muitos dos pássaros sofriam de doenças não tratadas e lesões graves, incluindo feridas abertas, infecções e ossos quebrados. Segundo a reportagem, infelizmente, investigações em outras fazendas criadoras de perus em todo o território americano produziram resultados semelhantes. Se isso ocorre em um país de primeiro mundo como os EUA, pode-se imaginar o que acontece em países menos desenvolvidos. Apesar dos perus serem criados nessas condições imundas e torturantes, a maioria das pessoas não questiona exatamente de onde seus jantares estão vindo e o efeito que a escolha da refeição pode ter na sua saúde, para os próprios animais e para o meio ambiente. 

“Os animais são muitas vezes transportados a longas distâncias e sujeitos a grandes sofrimentos para chegar ao mercado. Tirados dos verdes pastos e viajando por fatigantes quilômetros sobre cálidos e poentos caminhos, ou aglomerados em carros sujos, febris e exaustos, muitas vezes privados por muitas horas de alimento e água, as pobres criaturas são guiadas para a morte a fim de que seres humanos se banqueteiem com seu cadáver” (A Ciência do Bom Viver, p. 314).

"Aquele que maltrata os animais porque os tem em seu poder, é tão covarde quanto tirano. A disposição para causar dor, quer seja ao nosso semelhante quer aos seres irracionais, é satânica. Muitos não compreendem que sua crueldade haja de ser conhecida, porque os pobres animais mudos não a podem revelar. Mas, se os olhos desses homens pudessem abrir-se como os de Balaão, veriam um anjo de Deus, em pé, como testemunha, para atestar contra eles no tribunal celestial. Um relatório sobe ao Céu, e aproxima-se o dia em que se pronunciará juízo contra os que maltratam as criaturas de Deus" (Patriarcas e Profetas, p. 324).

Dizer não ao consumo de carne neste Natal não apenas pode salvar vidas animais como também é uma boa escolha para a saúde humana. Pesquisas têm mostrado que os vegetarianos e veganos são menos propensos a muitos dos problemas de saúde fatais do nosso tempo – incluindo câncer, doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial. Um estudo recente realizado pela Universidade de Carolina do Sul mostrou que uma dieta vegana é a mais eficaz para a perda de peso duradoura, a qual, por sua vez, protege as pessoas contra inúmeras doenças relacionadas com o peso. Em resumo, para se manter um peso adequado e viver uma vida mais longa e mais saudável, a alimentação livre de carne é o caminho a percorrer. 

"Não é tempo de que todos visem dispensar a carne na alimentação? Como podem aqueles que estão buscando tornar-se puros, refinados e santos a fim de poderem fruir a companhia dos anjos celestes, continuar a usar como alimento qualquer coisa que exerça tão nocivo efeito na alma e no corpo? Como podem eles tirar a vida às criaturas de Deus a fim de consumirem a carne como uma iguaria? Volvam eles antes à saudável e deliciosa comida dada ao homem no princípio, e a praticarem eles próprios e ensinarem a seus filhos, a misericórdia para com as mudas criaturas que Deus fez e colocou sob nosso domínio" (A Ciência do Bom Viver, p. 317).

"A carne nunca foi o alimento melhor; seu uso agora é, todavia, duplamente objetável, visto as moléstias nos animais estarem crescendo com tanta rapidez. [...] Quando os que conhecem a verdade tomarão atitude ao lado dos princípios corretos para o tempo e a eternidade? Quando serão fiéis aos princípios da reforma de saúde? Quando aprenderão que é perigoso usar alimentos cárneos? Estou instruída a dizer que, se em algum tempo foi seguro comer carne, não o é agora" (A Ciência do Bom Viver, p. 313).

Ignorar a carne nesta temporada de festas também pode ter um impacto positivo sobre o meio ambiente. Nos Estados Unidos, a pecuária superou as indústrias de transporte e de energia elétrica na emissão de gases prejudiciais de efeito estufa, tornando a produção de carne a principal causa das mudanças climáticas do país. Uma extensão de 56 mil km de rios norte-americanos estão poluídos com resíduos animais e, no mundo, dois hectares de floresta tropical são destruídos a cada minuto pela pecuária. Atualmente há inúmeras alternativas de pratos para uma ceia livre de crueldade e, ao manter a carne fora da mesa durante as festas, você estará fazendo a sua parte não só pelos animais, mas também para reduzir a emissão de carbono pela sua família. A ideia quanto à abstenção de carne de peru no Natal também se aplica ao consumo de todos os animais e todos os dias, pelo simples fato de todos terem o direito à vida. 

"Pensem na crueldade que o regime cárneo envolve para com os animais, e seus efeitos sobre os que a infligem e nos que a observam. Como isso destrói a ternura com que devemos considerar as criaturas de Deus" (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 383).

Deus se importa com Suas criaturas. Ele as ama. Não devemos causar o sofrimento animal. Não devemos sustentar uma indústria que causa tanta morte e sofrimento. O nosso papel, dado a Deus no Éden, é cuidar, proteger as criaturas dEle. 

“Aquele que ama a Deus, não somente amará o seu semelhante, mas considerará com terna compaixão as criaturas que Deus fez. Quando o Espírito de Deus está no homem, leva-o a aliviar o sofrimento antes que a criá-lo” (Beneficência Social, p. 48).

O ser humano está cada dia mais frio e não se importa mais com a dor alheia. É preciso renunciar a tudo o que nos deixa frios e nos afasta de Deus. 

Que possamos amar as criaturas de Deus e fazer a vontade do nosso Criador.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

DEIXADOS NO FRIO - UM CONTO DE NATAL

"Encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura" (Lucas 2:12).

Era a véspera de Natal de 1952 em uma remota vila da Coréia. Uma mulher solitária de pouco mais de 20 anos de idade caminhava lentamente por uma das ruas da cidade. Era difícil para ela ir mais depressa por causa do vento forte. Grávida de nove meses, seu bebê estava previsto para aquela noite. Ela não tinha família. Aquela moça engravidara de um soldado americano. Agora, sozinha, sem ter um lugar onde dar à luz o seu filho, ela lembrou-se de um bondoso missionário que morava do outro lado da cidade. Ela esforçou-se para chegar à casa dele, mas teve que se abrigar debaixo de uma ponte porque chegara o momento de o bebê nascer.

Para proteger o bebê do frio da noite, ela o envolveu em suas próprias roupas. Na manhã de Natal, logo cedo, ao atravessar a ponte, o pastor missionário ouviu o choro do recém-nascido. Rapidamente, desceu para ajudar. Para sua surpresa, ele encontrou a mãe inerte, morta pelo frio. Mas o bebê, envolto nas roupas da mãe, passava bem. O missionário adotou o bebê.

Dez anos depois, na véspera de Natal de 1962, o pai contou para o filho adotivo a história do incrível sacrifício de sua amorosa mãe. O menino ficou profundamente emocionado. Na manhã de Natal, quando o papai entrou no quarto do menino para acordá-lo, encontrou a cama do filho vazia. Ao olhar pela janela, o pai viu as pegadas na neve, seguiu-as e achou o menino naquela ponte em que fora encontrado. Descalço, desnudo até a cintura, tremendo na neve, e em prantos, o menino disse: "Papai, eu só queria saber o que a mamãe sentiu naquela noite quando ela morreu por mim."

Jesus queria saber como era sentir-se só, cansado, rejeitado, triste, machucado e ferido. Por isso, Ele veio a este mundo frio, cruel e calejado. Tudo o que Jesus experimentou foi por nós. Ele sabe. Ele entende. Ele tem empatia. Ele fica preocupado. Ele veio para perto de nós. Ele tremeu conosco neste mundo frio. Ele sabe o que você está passando agora mesmo e está ao seu lado para ajudar.

Venha a Ele, sem demora!

Mark Finley (via Meditações Diárias - Sobre a Rocha)