segunda-feira, 30 de junho de 2025

PREGAÇÃO NO DESERTO OU DESERTO NA PREGAÇÃO?

A cada sábado, milhares de pregadores adventistas ao redor do globo sobem ao púlpito para apresentar a mensagem do Céu. Mas o que acontece como resultado de tantos sermões? As pessoas veem a glória de Deus? Notam a santidade do Altíssimo? Percebem o amor e a justiça do Criador? Têm elas um vislumbre do caráter de Cristo? Sentem o toque do Espírito Santo? São esquadrinhadas e impactadas pela Palavra? Crescem em conhecimento? Os pecadores se arrependem? Os corações partidos são remendados? Os aflitos são tranquilizados? Os acomodados são inquietados? A adoração é autêntica? O que acontece quando seu pastor fala ou você prega?

Não é preciso ser um observador muito atento para constatar que a pregação experimenta uma crise. Em sua maioria, com honrosas exceções, os púlpitos estão pobres, e a reclamação é geral. A qualidade dos sermões caiu em muitas denominações, inclusive na nossa. E, se a pregação perde qualidade, a igreja perde inspiração, motivação, transformação e capacidade de impactar o mundo. Afinal, a pregação é o momento em que Deus fala ao nosso coração para mudar nossas atitudes e revolucionar nossa vida.

A pregação é fundamental na vida do povo de Deus. Por isso, Jesus não veio como ensaísta, filósofo ou mesmo teólogo, mas como pregador (Mc 1:14). Era o Logos, o Verbo divino (Jo 1:1), a síntese da mensagem celestial. Assim, seria um paradoxo se Ele não pregasse. Ao contrário dos deuses do Olimpo e das divindades do panteão romano, que mantinham distância dos meros mortais, Jesus Se aproximou da humanidade como o Deus encarnado (Mt 1:23; Jo 1:14). Era a personificação da pregação, a Palavra ao vivo, em todos os momentos e lugares.

Pregador carismático e poderoso por excelência, Jesus proclamava as boas-novas em cidades e vilas (Mt 9:35; Lc 4:43); equilibrava paixão e ternura, como no sermão da montanha (Mt 5–7) e na denúncia contra os hipócritas (Mt 23); ilustrava muito bem Suas pregações com parábolas inteligentes e até um toque de humor (Mt 13; Lc 15); apresentava uma mensagem completa, combinando aspectos espirituais e sociais (Mt 25); falava com profundidade e autoridade (Mt 7:29; Lc 4:32); pintava um quadro macro da história e da vida, focalizando os sinais do fim e a necessidade de preparo (Mt 24–25; Mc 13; Lc 21); e pregava com base na Bíblia (Lc 4:16-20).

A chegada de Jesus foi anunciada por um profeta que pregava no deserto (Mt 3:1-3), cumprindo a profecia de outro pregador cheio de sensibilidade e fervor (Is 40:3-5). Essa pregação incendiária foi a maneira idealizada por Deus para preparar o caminho para o Rei divino-humano, que também Se preparou no deserto para iniciar Sua poderosa pregação (Lc 4:1). Períodos no deserto podem ser prenúncios de grandes coisas, desde que haja fome, sede e rajadas do Vento divino.

De igual modo, temos hoje que preparar o caminho para a volta do Rei, e as dificuldades ainda existem. Estudos geográficos indicam que as áreas desérticas estão aumentando. Figuradamente, o mundo está se tornando um deserto, símbolo de aridez, isolamento e ambiente hostil. Mas é nesse território de condições extremas que a voz dos pregadores precisa ser ouvida. Por isso, fazemos um convite para que os pregadores adventistas, com preparo, inteligência e ousadia, resgatem o poder da exposição bíblica.

Marcos De Benedicto (via Revista Adventista - Título original: Vozes no deserto)

Nota: Algumas considerações de Ellen G. White sobre o assunto:

"Deus pede um reavivamento e uma reforma. As palavras da Bíblia, e a Bíblia somente, deviam ser ouvidas do púlpito. Mas a Bíblia tem sido roubada em seu poder, e o resultado é visto no rebaixamento do tono da vida espiritual. Em muitos sermões de hoje, não existe aquela divina manifestação que desperta a consciência e leva vida à alma. Os ouvintes não podem dizer: 'Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?' (Lc 24:32). Há muitos que estão clamando pelo Deus vivo, ansiando pela divina presença. Permiti que a Palavra de Deus lhes fale ao coração. Deixai que os que têm ouvido apenas tradição e teorias e máximas humanas ouçam a voz dAquele que pode renovar a alma para a vida eterna" (Profetas e Reis, p. 626).

“Há homens que ficam nos púlpitos como pastores, professando alimentar o rebanho, enquanto as ovelhas estão morrendo por falta do pão da vida. Há longos e arrastados discursos grandemente compostos de narrativas de anedotas; mas o coração dos ouvintes não é tocado. Pode ser que os sentimentos de alguns sejam tocados, podem derramar algumas lágrimas, mas seu coração não foi quebrantado. […] O Senhor, Deus do Céu, não pode aprovar muito do que é trazido ao púlpito pelos que professam estar falando a Palavra do Senhor. Não inculcam ideias que sejam uma bênção para os que o ouvem. Alimento barato, muito barato é colocado diante do povo” (Testemunhos para Ministros, pp. 336-337).

sexta-feira, 27 de junho de 2025

BRASA VIVA

"Então gritei: Ai de mim! Estou perdido! Pois sou homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros" (Isaías 6:5).

Isaías era ainda jovem quando foi chamado por Deus para ser um profeta. Essa não era tarefa simples em seus dias. As páginas que escreveu são só um pedaço do discurso forte e impopular que levou a judeus e estrangeiros, para o presente e para o futuro... mas antes que pudesse se levantar com uma missão a cumprir, ele teve um encontro com Deus.

Quando viu a revelação da glória do Senhor, os olhos espirituais do rapaz foram abertos para novas revelações sobre ele mesmo que mudariam sua história. Ele encontrou resposta para três perguntas que os verdadeiros encontros com Deus sempre instigam: 1. Como estou? 2. Quem eu sou? e 3. Onde estou?

"Estou perdido!", foi o grito de Isaías. Um encontro com a justiça de Deus desmascara nossa face pecadora, desmantela nossas ferramentas para produzir justiça própria, mede os quilates de nossa santidade vazia. Revela como estamos no final das contas... perdidos.

"Sou homem de lábios impuros!" Uma confrontação com o caráter puro de Deus torna mais grosseiras as rasuras de nosso caráter. A comtemplação de sua beleza torna mais gritante nossa feiura. O contato com sua perfeição torna específicos nossos erros. Quem somos? Seres impuros...

"Vivo no meio de um povo de lábios impuros!" Um encontro com o brilho de Deus sempre revela a escuridão que nos envolve. A visão dos caminhos de Deus aponta os passos tortos que damos. A luz que Deus oferece traz discernimento e sensibilidade. Cura a cegueira. Faz-nos sóbrios e responsáveis. Onde estamos? No escuro, nem nós mesmos saberíamos responder...

O texto continua... Isaías se calou e um anjo voou até ele trazendo uma brasa viva, do trono de Deus, para tocá-lo. A revelação de Deus não é abstrata. É mais que informação - é um toque. Mas algo nesta cena me chama a atenção. Onde a brasa do céu tocou isaías? Nos lábios. Coincidência? Creio que não. O grito desesperado do profeta encontrou eco nos ouvidos de Deus. Seu problema era nos lábios, como ele mesmo disse... e foi ali que o milagre aconteceu - o milagre da brasa. Imagino que talvez tenha sido doloroso, mas era tudo que ele mais precisava naquele momento.

Não sei quando foi seu último encontro com Deus, mas sei as perguntas que você precisa responder diante das respostas que só ele tem... Como você está? Quem você é? Onde você está?... Consegue responder?

Não sei onde está seu problema, mas sei que há uma brasa viva do céu capaz de curá-lo. Talvez você precise de um toque de Deus em seus lábios, como Isaías. Talvez o toque seja necessário em seus olhos preconceituosos, em seus relacionamentos errados, em seu coração frio, em sua cabeça quente. Quem sabe, nos pés, nos planos. Não sei. E você só saberá quando tiver um encontro de verdade com Deus. O sábado é o dia dos grandes encontros. Aproveite. Aceite este toque em sua rotina.

E descanse...

[Cândido Gomes via Uma Janela]

quinta-feira, 26 de junho de 2025

UMA VISÃO BÍBLICA SOBRE TORTURA

Antes de uma análise sobre a prática, é necessário deixar claro o que chamamos de “tortura”. Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma confissão, informação ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura. Também tem, como uma definição mais abrangente, "o dano físico e mental deliberado causado pelos governos contra os indivíduos para destruir a personalidade individual e aterrorizar a sociedade" segundo o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.

Todo torturador é um covarde. Aproveita-se da circunstância em que um adversário está subjugado, sem condições de defesa, para dar vazão a truculência, sadismo e perversão. Nem mesmo em guerras essa infâmia é permitida. A Terceira Convenção de Genebra, de 1929, proíbe que prisioneiros sejam submetidos a tortura, pressão física e psicológica e tratamentos desumanos.

A tortura é um dos atos mais vis praticados por seres humanos contra o seu próximo. A tortura é crime sob a lei internacional. E crime contra a humanidade. A prática é absolutamente proibida e não tem justificativa em nenhuma circunstância. Com esse recado, a ONU marca neste 26 de junho, o Dia Internacional em Apoio às Vítimas de Tortura. A data foi criada pela Assembleia Geral em 1997 com o objetivo de erradicar o crime. O Dia Internacional também promove o funcionamento efetivo da Convenção contra Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes ou Punição. Segundo a ONU, milhares de pessoas em todo o mundo foram vítimas de tortura enquanto outras seguem sendo torturadas até os dias de hoje.

Nenhum cristão pode defender a tortura
“Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como uma ovelha que diante dos seus tosquiadores fica calada, Ele não abriu a boca” (Isaías 53:7).

Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, foi brutalmente torturado antes de Sua crucificação. Ele sofreu humilhações, açoites e uma morte cruel, tudo isso para nos trazer salvação. Como seguidores de Cristo, não podemos, em hipótese alguma, defender ou justificar a tortura, pois ela contradiz os ensinamentos de amor, compaixão e dignidade que Ele nos deixou.

A Bíblia nos relata, em detalhes, o sofrimento de Jesus. Ele foi traído, preso, espancado, coroado com espinhos e açoitado de forma desumana. Em Mateus 27:26-31, vemos a brutalidade que Ele enfrentou nas mãos de soldados romanos. Jesus, o Cordeiro de Deus, suportou tudo isso em silêncio, sem revidar, para cumprir o plano de redenção.

Se Cristo, que é o exemplo perfeito de amor e justiça, foi vítima de tortura, como podemos, como cristãos, justificar ou apoiar tal prática? A tortura é uma violação da dignidade humana, algo que vai contra tudo o que Jesus ensinou e viveu. Ele nos chamou para amar até mesmo nossos inimigos (Mateus 5:44), e não para infligir dor ou sofrimento.

O amor é o fundamento da fé cristã. Jesus nos ensinou que o maior mandamento é amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22:37-39). A tortura, por sua própria natureza, é um ato de ódio, crueldade e desumanização. Ela destrói vidas, causa traumas irreparáveis e desonra a imagem de Deus presente em cada ser humano.

Quando defendemos ou justificamos a tortura, negamos o amor que Cristo nos chamou a viver. Não há espaço para a tortura no Reino de Deus, pois este é um reino de justiça, paz e compaixão.

A Bíblia nos ensina que todos os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:27). Isso significa que cada pessoa possui um valor intrínseco e uma dignidade que devem ser respeitados. A tortura é uma afronta direta a essa dignidade, pois reduz o ser humano a um objeto de sofrimento e humilhação.

Jesus, em Seu ministério, sempre valorizou a dignidade das pessoas. Ele acolheu os marginalizados, curou os doentes e defendeu os oprimidos. Como Seus seguidores, somos chamados a fazer o mesmo, rejeitando qualquer forma de violência ou desumanização.

O profeta Miqueias nos lembra do que Deus requer de nós: “Pratique a justiça, ame a misericórdia e ande humildemente com o seu Deus” (Miqueias 6:8). A tortura é o oposto da justiça e da misericórdia. Ela é uma prática que perpetua o mal e a injustiça, enquanto o evangelho nos chama a ser agentes de reconciliação e paz.

Jesus nos mostrou, em Sua vida e morte, que o caminho do cristão é o caminho do amor sacrificial, não da violência. Ele nos ensinou a vencer o mal com o bem (Romanos 12:21), e não com mais maldade. Nenhum cristão pode defender a tortura, pois ela é uma negação dos ensinamentos de Cristo e uma afronta à dignidade humana. Nosso Senhor foi brutalmente torturado para nos salvar, e Seu sofrimento nos chama a rejeitar qualquer forma de violência e a viver uma vida de amor, compaixão e justiça.

A proibição bíblica da tortura
A seguir estão os principais argumentos bíblicos contra a tortura de qualquer ser humano, seja estrangeiro ou cidadão:

1. Paulo declarou que dar um tapa em um prisioneiro antes da condenação sob o devido processo legal é uma violação da lei (Atos 23:3). Se até um tapa era “contrário à lei”, então qualquer coisa maior do que um tapa no rosto também deve ser considerado ilegal. Isso seria verdadeiro se a pessoa fosse “natural da terra” ou “estrangeira que peregrina entre vós”, uma vez que deveria haver uma “mesma lei” para ambos (Êxodo 12:49).

2. Nicodemos argumentou que julgar um indivíduo ou uma multidão como inimigos do Estado sem terem sido condenados em um tribunal é contrário à lei (João 7:47-53). Quando se utiliza a tortura para extrair informações de um suspeito, assume-se a culpa de um indivíduo sem o devido processo.

3. Considerando a partir do menor para o maior, se a crueldade contra animais foi proibida na Bíblia (Gênesis 49:5-7; Provérbios 12:10), o que dizer da crueldade contra seres humanos que tem a imagem de Deus (Gênesis 9:6; Êxodo 6: 9; Salmos 71:4; 74:20)?

4. A lei bíblica que regula o tratamento de prisioneiros não permitia torturar ou matá-los (2 Reis 6: 8-23). No campo de batalha, um inimigo poderia ser morto, mas se o conflito imediato cessou, tais prisioneiros não podem ser tratados de forma desumana. Também não cabe o argumento que estamos em um estado perpétuo de emergência. Ou podemos tratar um soldado capturado diferentemente do que Deus ordenou que os pagãos capturados em 2 Reis 6:8-23 fossem tratados? Os limites desse tipo de conduta estão no campo de batalha no combate face-a-face. Uma vez que os soldados estão sob custódia e fora do campo de batalha, 2 Reis 6:8-23 entra em ação e eles devem ser bem tratados.

5. Apesar de inimigos de uma nação agressora poderem ser feitos escravos como reparações de guerra (Levítico 25:44-46; Josué 9:23), todos escravos bíblicos (inclui-se os servos contratados) tinham direitos básicos dados por Deus que excluíam a tortura:

a) Punições físicas só poderiam ser infligidas em escravos como clara punição para desobediência registrada (Lucas 12:44-48). Não há evidência de que os escravos poderiam ser espancados para se extrair informações a partir deles. Mantenha em mente que “uma criança não é diferente de um escravo” (Gálatas 4:1). Isso significa que qualquer punição corporal considerada imoral para um pai aplicar em seu filho também seria imoral que infligisse sobre um escravo.

b) Em segundo lugar, os escravos deviam sempre ser tratados com respeito, e não com crueldade (Levítico 25:46,53). Técnicas interrogatórias que são cruéis ou duras não deviam ser usadas.

c) A Escritura protegia os escravos com o princípio da Lei de Talião assim como qualquer outro cidadão, e se danos permanentes de qualquer tipo fossem infligidos em um cativo (Êxodo 21:20-27), ele tinha que ser libertado (Êxodo 21:26-27; Levítico 24:19-22).

6. As testemunhas eram exigidas da promotoria, mas não do acusado (Deuteronômio 19:15; Levítico 5:1). Isto por si só exclui o uso de tortura, já que ela exige que uma pessoa se torne uma testemunha contra si mesma. Apenas o acusador deveria ser obrigado a depor.

7. A tortura viola o direito bíblico do acusado de permanecer em silêncio. Esta lei está implícita em Números 35:30; Deuteronômio 17:6; 19:15 e é explicitamente afirmada pelo silêncio de Cristo em Marcos 15:3-5; Mateus 27:14. Isso reforça o ponto anterior de que a promotoria tinha a responsabilidade de trazer testemunhas, e o acusado não.

8. O acusado é tratado como inocente até que se prove o contrário (Deuteronômio 25:1-2; Isaías 43:9; Deuteronômio 17:6; Atos 16:37; 23:3). Essa foi uma das graves violações da lei que ocorreram no julgamento de Jesus. Ele foi escarnecido e espancado antes do julgamento (Lucas 22:63-65). Mas a tortura moderna de “suspeitos” capturados é uma violação semelhante do princípio do “inocente até que se prove a culpa”.

9. A tortura corrói o caráter e testemunho de uma nação (Deuteronômio 4:6-8 contra Lamentações 4:3; Ezequiel 34:4). Deus queria que os gentios tivessem ciúmes das liberdades que Sua lei trouxe para Israel (Deuteronômio 4:6-8), e a chamou de “lei perfeita da liberdade” (Tiago 1:25; 2:12). No entanto, por meio de crueldade, a reputação de Israel foi destruída (Lamentações 4:3; Ezequiel 34:4).

10. O próprio torturador é desumanizado. “O homem cruel causa o seu próprio mal” (Provérbios 11:17).

11. Todos os homens são feitos à imagem de Deus: (Gênesis 1 26-28; 9:6) e a tortura degrada essa imagem (Deuteronômio 25:3). Mesmo depois de um julgamento e da condenação, a ninguém podia ser dada mais de quarenta chicotadas em uma surra, porque isso o “humilharia” (Deuteronômio 25:3). Não importava se pensassem que um criminoso hediondo “merecia” mais do que isso, este era o limite de degradação que foi deixada na Bíblia como punição. Também não existiam outras formas de dor física além de espancamentos e pena capital que tenham sido autorizados para qualquer crime. A tortura parecia estar fora do radar de justiça bíblica.

12. Mesmo depois da pena capital ser infligida, o corpo de um criminoso tinha de ser tratado com respeito para que a terra não se contaminasse (Deuteronômio 21:23). Certas formas de tortura desrespeitam flagrantemente os corpos das pessoas.

13. Autorizar a tortura é dar ao governo um poder demasiado. Uma vez que o governo civil é composto de indivíduos depravados (Romanos 3:10-18), um poder irrestrito nas mãos deles seria corrompido, além de perigoso.

14. O Novo Testamento diz que “toda transgressão e desobediência [no Antigo Testamento] recebeu a devida punição” (Hebreus 2:2). Na medida em que nos desviamos da lei de Deus, nos desviamos da justiça. Desde o Antigo Testamento, em nenhum lugar vemos a tortura como um justo uso da força civil. Usá-la é desviar-se da justiça e abraçar o pragmatismo.

15. A regra de ouro – fazer aos outros o que você gostaria que eles fizessem a você (Mateus 7:12). Ninguém gostaria de ser torturado caso capturado pelo inimigo.

Simplesmente não há evidência bíblica de testemunho coagido autorizado. Mesmo Acã, que pôs em perigo a segurança de toda a nação, e que Deus já havia julgado e condenado, só foi convidado a dar uma confissão voluntária em Josué 7:9-26. Assim Paulo, com razão, protestou quando ele foi tratado como culpado até que se provasse inocente (Atos 16:37) e o julgamento de Cristo foi frustrado em sua tentativa de provar que Ele era culpado, porque Ele se recusou a dar informações apesar da tortura. Isso, porém, não significa que uma pessoa não possa ser condenada quando ela testemunha a sua própria culpa. Ver, por exemplo 2 Samuel 1:16, onde disse Davi: “Você é responsável por sua própria morte. Sua boca testemunhou contra você, quando disse: ‘Matei o ungido do Senhor’ “.

Conclusão
Com base nas evidências bíblicas apresentadas, podemos constatar que a tortura nunca deve ser usada ou defendida, pois é, em si, um ataque hostil contra a ordem social de Deus e deve ter a oposição de todos os cidadãos.

[Com informações de Forum Adventista e Eis-me Aqui]

quarta-feira, 25 de junho de 2025

FESTAS JUNINAS NA BÍBLIA?

Ao tocar nesse assunto corro seriamente o risco de sapecar meus dedos em alguma fogueira por aí. Mas, vamos lá. As chamadas festas juninas começam com Santo Antonio, na véspera do dia 12, tem São João, dia 24 e terminam com São Pedro, dia 29 de junho. E haja alegria, quadrilhas, quentão, pipoca e pinhão para tantas homenagens…

Todas essas festanças tem origem nas tradições portuguesas. Os chamados “santos populares” correspondem aos diversos feriados municipais dos patrícios de além mar: Santo Antonio, em Lisboa; São Pedro, no Seixal e São João, no Porto, Braga e Almada.

O forte da festa de São João, aqui no Brasil, acontece no nordeste. Canjica, pamonha e comidas tradicionais abastecem os festejos juninos. Alguns países europeus católicos, ortodoxos e protestantes também realizam, cada um ao seu modo, esse tipo de comemoração.

Algumas linhas sobre os três principais homenageados: o Antonio (“o santo casamenteiro”) nem está na Bíblia. Foi um frei português que nasceu em Lisboa, em 1195. O nome nem era Antonio. Chamava-se Fernando. Já Pedro foi discípulo de Jesus e João Batista o precursor do Messias. Pedro é conhecido pelos católicos como “o santo protetor das viúvas e pescadores”. A brincadeira mais comum na festa é a do pau-de-sebo. A comemoração mais famosa, porém, é para “São João”, com balões e fogueiras de todos os tipos e tamanhos.

Na Bíblia não tem festa junina. Aliás, o conceito bíblico de “santo” é muito diferente do que é propagado ou conhecido por aí. Para adoração, somente a Deus, que é imortal e santo (1 Timóteo 1:17). Porém, essa qualidade, a santificação – separação daquilo que não tem nada a ver com Deus – deve ser buscada diariamente por todo o crente vivo (Hebreus 12:14). Paulo costumava chamar os membros das igrejas que havia fundado de “santos” (Colossenses 1:2, Filipenses 1:1, etc).

Pedro, segundo a tradição, foi morto entre os anos 64 e 67 DC, crucificado de cabeça para baixo. João Batista foi decapitado por ordem de Herodes Antipas. Já o Antonio (ou Fernando) morreu na Itália em 1231.

Antonio, João e Pedro viveram exemplarmente aquilo que conheceram. Hoje, porém, eu posso garantir pela Bíblia que os três dormem o sono da morte. São pó. Nada mais do que isso! O que você acabou de ler pode soar como um rojão barulhento ao seu coração. Mas é verdade! Os mortos – todos eles, bons e maus – estão na sepultura. No céu, há somente um suficientemente intercessor: Jesus. Este sim, Santo na plenitude da palavra.

Porém, no desfecho da História, os “santos” e os “ímpios” acordarão do sono da morte. A Bíblia chama isso de ressurreição. Aliás, Jesus acrescenta a informação de que serão duas ressurreições. Uma para a vida eterna (quando Ele retornar segunda vez) e a outra, para a morte eterna (João 5:29). O intervalo entre elas será de mil anos, conforme o livro do Apocalipse, capítulo 20.

Entre a tradição e a Bíblia, fique com a Bíblia!

Assista também este vídeo do prof. Leandro Quadros:

terça-feira, 24 de junho de 2025

RESGATE

Juliana Marins, de 26 anos, foi encontrada morta nesta terça-feira no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, após cair em uma ribanceira e passar quatro dias presa em uma encosta de difícil acesso, sem água, comida ou abrigo. A família confirmou a morte pelas redes sociais. “Hoje, a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido”, escreveu a família no Instagram, no perfil Resgate Juliana Marins.

Juliana caiu durante uma trilha guiada na madrugada da última sexta-feira (21), em um dos trechos mais perigosos da rota que leva ao cume do vulcão. Desde então, seis equipes de resgate atuavam em condições climáticas complicadas para tentar alcançá-la, com o apoio de dois helicópteros e equipamentos como uma furadeira industrial. O corpo foi localizado por uma das equipes que desceu pela encosta da região conhecida como Cemara Nunggal, entre 2.600 e 3.000 metros de altitude.

O guia que acompanhava Juliana Marins pela trilha negou ter abandonado a publicitária antes de ela sofrer um acidente e precisar de resgate. Segundo Ali Musthofa, que aos 20 anos atua como guia na região desde novembro de 2023 e costuma subir o Rinjani duas vezes por semana, ele ficou apenas "três minutos" à frente de Juliana e voltou para procurá-la ao estranhar a demora da brasileira para chegar ao ponto de encontro.

Juliana era natural de Niterói, no Rio de Janeiro, e atuava como publicitária. Apaixonada por viagens e esportes ao ar livre, ela havia embarcado para um mochilão pela região do Sudeste Asiático desde fevereiro deste ano. Durante a viagem, a niteroiense visitou países como Filipinas, Tailândia e Vietnã. 

A operação de resgate foi marcada por chuvas, terreno instável e dificuldades de acesso, o que impediu o contato direto com Juliana desde o momento da queda. A causa da morte ainda será determinada pelas autoridades locais. (O Globo)

Acompanhamos com muita esperança o resgate de Juliana, mas infelizmente recebemos com tristeza a notícia de que essa garota tão sorridente foi encontrada sem vida. Que Deus conforte os corações de toda a família e de seus amigos neste momento de profunda dor. É uma história triste, forte, comovente e ao mesmo tempo uma ilustração viva de nosso resgate do pecado. Pense no sofrimento de Juliana durante os quatro dias em que esperou por uma solução, e você vai entender melhor o sofrimento de Deus, dos anjos e dos mundos não caídos ao contemplar nossa condição e a longa espera pelo momento certo do resgate. Ellen White destaca que Cristo jamais abandonará a pessoa por quem Ele morreu, ainda que o ser humano O rejeite (O Maior Discurso de Cristo, p. 118).

Ao contrário do trágico fim do resgate de Juliana, o nosso terá um final feliz. Em breve Cristo voltará e nos levará para casa. A segunda vinda de Cristo será o maior resgate da história da Terra. Ellen White diz: "O Senhor há de vir logo, e precisamos estar preparados para encontrá-Lo em paz. Por muito tempo temos esperado; mas nossa esperança não deve diminuir. Estamo-nos aproximando do tempo em que Cristo virá com poder e grande glória para levar ao lar eterno os Seus resgatados" (Visões do Céu, p. 165).

Nosso resgate está chegando. Não perca a esperança!

segunda-feira, 23 de junho de 2025

A MARCHA QUE NUNCA FOI PARA JESUS

Na 33ª edição da Marcha para Jesus, São Paulo parou para testemunhar talvez o mais completo espetáculo de fé performática e política soteriológica. Soteriologia é o estudo da salvação, isto é, de onde ela vem, quem pode oferecê-la e do necessário para sermos salvos. Fez parte da liturgia de soft power israelense exportado por atacado.

No centro do palco, o governador estranho ao ninho paulista — outrora militar e engenheiro, nascido no Rio de Janeiro, agora ungido em terra nomeada de santo católico — surge enrolado em uma bandeira de Israel, como se Davi tivesse voltado em versão tecnoportunista. Canta um louvor com os olhos fechados, talvez não por êxtase, mas para não ver o abismo entre o orçamento contingenciado da educação e o valor da sua pauta eleitoreira.

A cena atinge seu clímax teológico-midiático quando uma Bispa, condenada em 2012 a devolver o valor do repasse feito pelo Ministério da Educação por não ter comprovação da aplicação dos recursos em alfabetização de jovens e adultos, puxa um “Parabéns pra Você”. Era como se Jesus tivesse retornado em forma de governador de direita. Era uma missa de corpo presente da laicidade do Estado.

Ao fundo, os telões estampavam azul e branco — as cores da bandeira israelense, mas também, convenhamos, complementares da verde-e-amarela, apropriada por simulacros de nacionalistas submissos ao King dos EUA.

Enquanto isso, a multidão orava como se o Apocalipse fosse um plano desenvolvimentista do governo federal e o Armagedom, um Orçamento Geral da União com autorização de gastos sociais do Tesouro Nacional. Esta seria a batalha final entre as forças do bem e do mal.

Israel, ali, não era exatamente uma nação, mas um símbolo com função geopolítico-espiritual de uso evangélico-funcional. Não se tratava de uma posição sobre conflitos no Oriente Médio, mas da exibição de um token sagrado: o selo de autenticidade do crente-patriota de direita sob forças do além, isto é, dos States.

A guerra contra o Irã? O massacre de civis inocentes é visto com indiferença apenas como um detalhe místico. Para o público presente, era a confirmação de o proclamado fim dos tempos estar próximo, mas em real time, via push notification, apenas para os crentes devotos alcançarem o paraíso. A estação do metrô é logo ali.

A Marcha parecia organizada por uma joint venture entre gabinete militar-eleitoreiro e assessoria de marketing evangélico. Com o devoto do “caminho das pedras”, para ser eleito, no púlpito (um tipo de palco ou tribuna de onde o pregador ou líder religioso fala à congregação),  Jesus virou cabo eleitoral, Israel virou logo de campanha, e o louvor virou jingle com cumprimento da meta fiscal.

Os fiéis, de camisetas amarelas, empunhavam bandeiras de Israel como se dissessem: “Vê, ó Senhor, estamos no lado certo da proxy war!” O neopentecostalismo brasileiro agora opera com overlay geopolítico e API de Jerusalém Celestial.

Moral da história (se existe moralidade nessas cenas grotescas de oportunismo político): a Marcha para Jesus tornou-se uma marcha para o neonacionalismo gospel-globalizado, no qual Jesus é coach, o governador é messias, Israel é QR code escatológico e a bandeira é mais performática diante a Bíblia.

Se Moisés abriu o mar, o governador em campanha um ano e meio antes da eleição abriu a terceira via entre O Mercado e O Altar.  Originariamente, este era o local onde se realizavam sacrifícios de animais ou oferendas a uma divindade.

No dia seguinte, um editorial de jornal de oposição ao governador estampa a chamada: “A Marcha para Jesus como síntese do messianismo eleitoral, cosplay geopolítico e liturgia da conveniência”.

Diz ele: “Há imagens capazes de expressar tudo à primeira vista. Revela o governador de São Paulo, enrolado em uma bandeira de Israel, com os olhos semicerrados em devoção calculada, após entoar um louvor e receber um “Parabéns pra Você” da Bispa condenada como se fosse aniversário da segunda vinda de Cristo — ou, no mínimo, do capital político da direita evangélica.

A 33ª edição da Marcha para Jesus conseguiu unir todos os elementos definidores da estética atual do poder em tempos de pós-laicidade: fé de palco, política de púlpito, marketing de campanha e geopolítica de rede social. Não se tratou de uma celebração religiosa, mas de uma opera sacra tecnopolítica, com direito a bandeiras israelenses tremulando como se Tel Aviv fosse bairro paulistano e o governador, um Moisés de gabinete adepto fiel de meta fiscal.

Na lógica do evento, Israel não é uma nação em conflito, mas um símbolo plug-and-play: terra santa sob demanda, metáfora internacional para a “guerra do bem”, plataforma escatológica para reforçar a ideia de tudo e quem se opõe ao governador conservador local serem parte do comunismo disfarçado de direito humano.

A recente tensão nuclear entre Israel e Irã apenas reforçou esse apelo: para parte do universo neopentecostal, qualquer ação de Israel é automaticamente sinal profético — e qualquer figura política capaz de acenar nessa direção, automaticamente “escolhido”. Assim, marchar por Jesus é também marchar por uma teocracia midiática com sotaque militar e hashtag de Jerusalém.

O governador sabe disso. Ao se enrolar na flâmula azul e branca, ele não está apenas performando fé. Está anexando a bandeira de Israel à sua estratégia de engajamento — porque hoje, na política brasileira, o céu não é o limite, é o nicho.

Mas o episódio revela algo mais profundo (ou mais raso, dependendo do ponto de vista): a total conversão da religião institucional ao marketing político, no qual louvor vira jingle, profecia vira slogan, e guerra santa vira plataforma eleitoral.

Se Jesus expulsou os vendilhões do templo, hoje talvez encontrasse dificuldade em distinguir o altar do camarim. Na Marcha para Jesus, o milagre não foi a multiplicação dos peixes, mas a multiplicação das estratégias eleitorais em nome da fé.

O governador não marchou para Jesus. Marchou para um imaginário específico, onde fé e política são intercambiáveis, Israel é atalho para likes e o Messias é, como convém aos candidatos oportunistas, um cargo em disputa.

Fernando Nogueira da Costa (via GGN) (Título original: Marcha para Jesus S/A)

Nota do blog: A figura de Jesus não cabe dentro de qualquer arranjo ideológico. Sua mensagem transcende as utopias, subverte o establishment e desafia o mais insólito dos ideais humanos. Também não é cabo eleitoral de candidatura alguma. Não ousem conferir tom partidário à Sua mensagem. Toda vez que Sua mensagem é diluída numa ideologia qualquer, perde sua essência e eficácia.

A verdadeira "Marcha para Jesus" não acontece com data marcada, guiada por trios elétricos, ao som de gritos de guerra, mas acontece todos os dias, pelas ruas, avenidas, corredores de supermercados, shoppings, bancos, onde pessoas conquistadas pelo amor de Jesus são conduzidas como evidência do poder do Evangelho. A marcha que Cristo ensinou à sua igreja foi outra, silenciosa e efetiva, tal qual o sal penetrando no alimento (Mt 5:13); pessoal e de relacionamento, como na igreja primitiva (At 8:4); cotidiana e sem cessar, como entre os primeiros convertidos (At 2:42-47).

quinta-feira, 19 de junho de 2025

CORPUS CHRISTI E A BÍBLIA

Comemorado neste ano em 19 de junho, o Corpus Christi é uma celebração litúrgica da Igreja Católica que simboliza a presença de Cristo na Eucaristia, lembrando a morte e a ressurreição de Jesus. É o único dia do ano em que o Santíssimo Sacramento sai em procissão pelas ruas – no Brasil, é celebrado em diversos locais por meio da tradição dos tapetes confeccionados com serragem colorida.

O recém-escolhido Papa Leão XIV, eleito para assumir a liderança da Igreja Católica após a morte do argentino Francisco, irá conduzir sua primeira celebração da data. De acordo com o Vaticano, o Papa Leão celebrará a missa da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo às 17h do domingo (hora de Roma), 22 de junho, na Basílica de São João de Latrão. A liturgia inclui ainda a procissão com a Hóstia consagrada.

Ao longo dos anos, o então Papa Francisco enfatizou vários aspectos desta Solenidade. Na homilia de 2015, o papa destacou:

"Cristo presente no meio de nós, no sinal do pão e do vinho, exige que a força do amor ultrapasse todas as dilacerações e, ao mesmo tempo, que se torne comunhão inclusive com o mais pobre, sustentáculo para quem é frágil, atenção fraterna a quantos têm dificuldade de carregar o peso da vida quotidiana, e correm o perigo de perder a própria fé."

E na homilia de 2020, ele explicou o Corpus Christi:

"Deus deixou-nos um memorial! Não nos deixou só a Escritura, porque é fácil esquecer o que se lê. Não nos deixou apenas sinais, porque se pode esquecer também o que se vê. Deu-nos um Alimento, e é difícil esquecer um sabor. Deixou-nos um Pão em que está Ele, vivo e verdadeiro, com todo o sabor do seu amor. Foi por isso que Jesus nos pediu: 'Fazei isto em memória de Mim'. Fazei. A Eucaristia não é simples lembrança; é um fato: é a Páscoa do Senhor, que ressuscita para nós. Na Missa, temos diante de nós a morte e a ressurreição de Jesus. Fazei isto em memória de Mim: reuni-vos e, como comunidade, como povo, como família, celebrai a Eucaristia para vos lembrardes de Mim. Não podemos passar sem ela, é o memorial de Deus. E cura a nossa memória ferida".

Mas você sabe, realmente, o que esse evento significa?

Trata-se de uma das principais celebrações da Igreja Católica. Corpus Christi é uma expressão latina que significa "corpo de Cristo". Acontece sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da “santíssima Trindade” que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes. A celebração acontece sessenta dias após a Páscoa. É uma festa que exige o comparecimento obrigatório dos católicos que participam da missa, conforme estabelece a Conferência Episcopal de cada país.

A primeira vez que se festejou Corpus Christi foi no século XIII, na Europa, mais precisamente na Bélgica, na diocese de Liège. E foi justamente uma religiosa desta terra, Santa Juliana de Liège, que promoveu e tornou-se a criadora da celebração de Corpus Christi. Na realidade, a comemoração passou a ser celebrada nove anos após a morte da freira Juliana. A festa foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’ de 11 de agosto de 1264. A procissão pelas vias públicas, quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico que determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, "para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo.

A razão de toda essa celebração é a “presença real e substancial de Cristo na Eucaristia”. A Eucaristia é um dos sacramentos que propõe o cristianismo. Consiste na união de um fiel a Jesus, a Deus e a todos os seus irmãos através do ato de beber o sangue e comer da carne de Cristo, desde que na celebração da missa o padre tenha consagrado o vinho e o pão transformando-os no sangue e no corpo de Cristo. Este sacramento é considerado como símbolo de unidade, caridade e gratidão ao cristianismo. Assim, acredita-se que o pão servido na cerimônia seja o próprio corpo real de Jesus, e o vinho, Seu sangue. É conhecida, teologicamente, como “doutrina da transubstanciação”.

A doutrina da transubstanciação baseia-se nas seguintes passagens do Novo Testamento em que Jesus diz:

"Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida" (João 6:55).

"Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá" (João 6:57).

"Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos" (João 6:53).

A Igreja ensina que há uma transformação da substância, mas não dos acidentes, ou seja, os acidentes como odor, sabor, textura, forma, cor permanecem, mas já não são mais pão e vinho e sim corpo e sangue, por um milagre de Cristo ao proferir as palavras sagradas.

Este é, sem dúvida, um dos grandes temas divergentes entre católicos e demais cristãos. A razão principal está na aplicação literal que os católicos fazem da forma figurativa que Jesus utilizou na Santa Ceia. Ele declarou ser o corpo dEle, pão. E o vinho, sangue.

É oportuno lembrar que Jesus gostava de utilizar essas ilustrações ou comparações. Facilitava a comunicação dEle com as pessoas simples. Em João 14:6, por exemplo, Ele diz ser “o caminho”. Já no capítulo 10:7, Ele afirmou ser “a porta”. É óbvio que Ele não estava se transformando literalmente numa porta ou em uma estrada. Simplesmente falava de forma figurativa.

A Bíblia mostra claramente que a eucaristia é uma cerimônia simbólica, uma lembrança do sacrifício de Cristo em nosso favor. Ao ser instituída por Jesus, substituiu a festa da Páscoa que simbolizava a libertação dos israelitas da escravidão, a preservação da vida dos primogênitos através do sangue do cordeiro e uma demonstração de fé no sacrifício que Cristo faria no futuro.

Após a vinda de Cristo para morrer na cruz, a Páscoa passou a simbolizar a libertação dos homens da escravidão do pecado, a aquisição da vida eterna através do sangue de Cristo e uma demonstração de fé no sacrifício que Ele fez.

Essa comemoração, porém, não seria feita apenas uma vez por ano, mas em todo o ritual da ceia do Senhor. Portanto, a discordância entre católicos e não-católicos está justamente nessa transubstanciação ou não dos elementos (pão e suco de uva) no corpo de Cristo. Concluímos com o que diz Ellen G. White no livro A Fé Pela Qual Eu Vivo (pp. 300-301), diz:

"A salvação dos homens depende de aplicarem continuamente ao seu coração o sangue purificador de Cristo. A ceia do Senhor, portanto, não deve ser observada vez por outra ou anualmente, mas com mais frequência do que a páscoa anual. Essa solene ordenança comemora um acontecimento bem maior do que o livramento dos filhos de Israel, do Egito. Aquele livramento era típico da grande expiação que Cristo realizou com o sacrifício de Sua própria vida para o libertamento final de Seu povo.

Essa ordenança não deve ser exclusivista, como muitos dela querem fazer. Cada pessoa deve participar da mesma publicamente, e deste modo, testemunhar: Aceito a Cristo como meu Salvador pessoal. Ele deu Sua vida por mim a fim de que pudesse ser livre da morte.

A Santa Ceia aponta à segunda vinda de Cristo. Foi destinada a conservar viva essa esperança na mente dos discípulos. Sempre que se reuniam para comemorar Sua morte, contavam como Ele, 'tomando o cálice e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos. Porque isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até àquele dia em que o beba de novo convosco no reino de Meu Pai' (Mateus 26:27-29). Nas tribulações, encontravam conforto na esperança da volta de seu Senhor. Indizivelmente precioso era para eles o pensamento: 'Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha' (1 Coríntios 11:26).

Cristo instituiu este serviço para que ele nos falasse aos sentidos acerca do amor de Deus. ... Não pode haver união entre nossa alma e Deus, senão por meio de Cristo. A união e o amor entre irmão e irmão devem ser cimentados e feitos eternos pelo amor de Jesus. E nada menos que a morte de Cristo podia tornar eficaz o Seu amor por nós. É unicamente por causa de Sua morte, que podemos esperar com alegria Sua segunda vinda. Seu sacrifício é o centro de nossa esperança. Nele nos cumpre fixar a nossa fé".

quarta-feira, 18 de junho de 2025

ORANDO CONTRA INIMIGOS?


Por muito tempo, acreditei que não só era errado orar pela ruína dos nossos inimigos, mas que Deus nem sequer responderia a tais orações. Mas, ao acompanhar o texto do Salmo 109, o que eu acreditava anteriormente a respeito de orar pelos (ou mesmo sobre) os inimigos foi invertido.

O apelo ao julgamento no Salmo 109
Há muitos outros salmos em que o escritor se queixa a Deus sobre o que os justos sofrem nas mãos dos ímpios, orando para que Deus o vingue e o proteja de seguir o caminho do opressor, lamentando como a vida nunca parece seguir seu caminho e perguntando por que tudo o que ele parece receber é chuva enquanto seu inimigo se deleita com um sol imerecido. Mas o Salmo 109 é único por abandonar em grande parte o clamor repetido encontrado em outros salmos de "Por que eu, Deus?" e, em vez disso, clama pelo julgamento de Deus.

Ao ler a passagem, minha boca, já boquiaberta, abriu-se ainda mais enquanto Davi implorava a Deus que tornasse a vida de seu inimigo um pesadelo. “Quando for julgado, seja ele considerado culpado” (Sl 109:7); “Sejam poucos os seus dias” (versículo 8); “Fiquem órfãos os seus filhos, e viúva a sua mulher” (versículo 9); “Apodere-se o credor de tudo o que ele tem” (versículo 11); “Não haja quem lhe tenha misericórdia” (versículo 12); que os seus pecados “estejam continuamente diante do Senhor” (versículo 15). Em termos simples, Davi não só queria que seu inimigo e aqueles que lhe eram queridos sofressem, como também queria que Deus o fizesse.

Uau. A introdução da passagem explicava por que Davi se sentia tão amargurado. Ele havia sido enganado, atormentado sem motivo e estava sem saber o que fazer — motivo suficiente para querer se vingar, diriam alguns. Fiquei perplexo. Se Davi podia orar tão abertamente pelo pior resultado para seu inimigo, será que perdemos outras oportunidades de deixar Deus saber exatamente o que queríamos que acontecesse com aqueles que tinham intenções obviamente maliciosas contra nós, simplesmente porque não sabíamos que podíamos?

O que justifica tais petições?
As Escrituras estão repletas de evidências suficientes para apoiar tudo o que me foi ensinado enquanto crescia sobre não orar pela queda dos outros, merecida ou não. Um simples virar de página verá Jesus admoestando Seus seguidores a oferecer a outra face (Mt 5:38-48), perdoar (Mt 18:21) e orar por nossos inimigos com amor (Lc 6:28). E a admoestação do apóstolo Tiago àqueles que lamentavam que suas orações não estavam sendo atendidas apresenta pedidos com motivos malignos como a razão para seu dilema (Tg 4:3). Então, o que justificaria as petições de Davi no Salmo 109?

Durante semanas, lutei com a questão, lendo comentários de várias fontes para ver se havia algo que eu tivesse perdido. Felizmente, me deparei com um artigo de 1994 do Journal of the Adventist Theological Society , intitulado “Inspiração e os Salmos Imprecatórios”, de Ángel M. Rodríguez. Em sua análise dos salmos imprecatórios, o autor postula que parte da linguagem usada nesses salmos reflete a linguagem usada pelo próprio Deus em Seus pronunciamentos sobre os ímpios (Dt 26:19, Is 13:11, 49:26, Jr 30:16-20), e até mesmo para Seu povo em tempos de apostasia (Lv 26). Portanto, a linguagem forte usada pelo salmista poderia ser interpretada como o apelo de uma criança magoada a um Pai todo-poderoso: “Faça o que Você fez antes e o que prometeu fazer àqueles que machucam aqueles que Você ama”.

Além disso, apesar de todas as coisas que Davi pede a Deus contra seus inimigos, nenhuma vez Davi diz a Deus: “ Eu [insira vingança aqui]". Afinal, a advertência é clara na mesma coleção de Salmos: "Pois o cetro da impiedade não permanecerá na terra destinada aos justos, para que os justos não estendam as mãos para a iniquidade" (Sl 125:3). Sabendo que tentar resolver o problema com as próprias mãos, por algo que muitos considerariam um "bom motivo", não apenas o tornaria culpado, mas o deixaria vulnerável ao julgamento que o Senhor impõe aos ímpios, ele só tinha um lugar para ir: a Deus, que diz: "A vingança é minha; eu retribuirei" (Rm 12:19; veja também Dt 32:35).

Tudo isso me ajudou a colocar as coisas em perspectiva. Talvez a verdadeira essência do Salmo 109 não seja tentar usar Deus como uma arma que possamos brandir contra aqueles que tornam a vida desconfortável para nós, mas sim saber a quem recorrer quando os ataques daqueles que não nos querem bem se tornam insuportáveis. A Pessoa a quem podemos nos agarrar em uma aparente derrota; para chorar, reclamar e chafurdar na autopiedade, mesmo que por pouco tempo, mas sabendo que, como diz o ditado, "Quando eles caem, nós subimos", tão alto que nosso Pai celestial lutará e vencerá por nós. Afinal, a vingança é Dele.

Olivia Valentine (via Adventist Review)

terça-feira, 17 de junho de 2025

GUERRAS, CONTENÇÃO DIVINA E O ARMAGEDOM

O mundo registrou, em 2024, o maior número de conflitos armados desde o fim da Segunda Guerra Mundial, segundo levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisas de Paz de Oslo (PRIO, na sigla em inglês). O relatório aponta 61 guerras em 36 países, superando os 59 confrontos registrados em 34 nações no ano anterior.

A principal responsável pela pesquisa, Siri Aas Rustad, afirma que o dado não representa apenas um aumento pontual, mas sim uma mudança estrutural no cenário global. "O mundo de hoje é muito mais violento e fragmentado do que era há uma década", disse a pesquisadora, que acompanha as tendências de conflito desde 1946. O levantamento, baseado em dados compilados pela Universidade de Uppsala, na Suécia, mostra que as guerras com participação de ao menos um Estado resultaram em cerca de 129 mil mortes no ano passado.

O relatório destaca que a escalada dos conflitos na Ucrânia e em Gaza são os principais fatores que contribuíram para esse aumento. As mortes em batalha chegaram a 162.000 em 2023. A África liderou em número de guerras estatais, com 28 conflitos ativos, seguida pela Ásia (17), Oriente Médio (10), Europa (3) e Américas (2), onde se destacam os casos persistentes da Colômbia e do Haiti. Além das guerras entre Estados ou envolvendo governos, o estudo também monitorou confrontos entre grupos armados não estatais, como milícias, facções e cartéis. Foram 74 episódios desse tipo ao redor do mundo.

E um dos maiores conflitos de 2025, entre Irã e Israel, entrou no quinto dia nesta terça-feira (17). Desde sexta-feira (13), as trocas de ataques deixaram 248 mortos nos dois países, segundo autoridades locais. Os dois países mantêm o discurso de que continuarão atacando e retaliando um ao outro.

Contenção divina
Segundo as profecias, o destino da Terra não está sujeito à boa-vontade de líderes humanos. O Soberano do universo intervém para conduzir o mundo a um desfecho específico. Quando parece que os povos vão se destruir, Deus age para contê-los. No Apocalipse, isso é representado pela imagem de quatro anjos segurando os quatro ventos do céu (Apocalipse 7:1).

A chave para se compreender essa simbologia está no sexto selo (Apocalipse 6:12-17). Nessa seção, fala-se de eventos cataclísmicos, que culminam no recolhimento das nuvens e a fuga dos “reis da terra” e de “todo escravo e todo livre”, que se abrigam “nas cavernas e nos penhascos dos montes” (ou seja, refere-se aos “eventos finais que conduzirão para a segunda vinda de Cristo”).[1] Pedem que os montes e rochedos caiam sobre eles e os escondam “da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro”. E a seção termina com uma pergunta contundente: “chegou o grande Dia da ira deles e quem é que pode suster-se?” (v. 17).

O capítulo 7, que constitui um parêntese entre o sexto e o sétimo selos, parece responder à pergunta feita em 6:17. Nele, apresentam-se “quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma” (Apocalipse 7:1). Na Bíblia e no simbolismo apocalíptico, o número quatro representa as quatro direções (norte, sul, leste e oeste), transmitindo a ideia de uma abrangência global, a totalidade do mundo (1Crônicas 9:24; Isaías 11:2; Jeremias 49:36; Ezequiel 7:2; Zacarias 2:6).

Os quatro anjos representam “os agentes divinos no mundo, retendo as foças do mal até que a obra de Deus no coração dos seres humanos seja concluída e o povo do Senhor receba o selo na testa”.[2] Assim como as casas dos israelitas foram marcadas com sangue para serem protegidas antes da última praga e do próprio êxodo, e algo semelhante tenha ocorrido no tempo do exílio (Ezequiel 9:1-11), no tempo do fim, o povo de Deus receberá um sinal distintivo para ser protegido contra as imensas destruições reservadas para os últimos momentos antes da volta de Jesus (Mateus 24:30, 31; 1Tessalonicenses 4:16-18).

Na Bíblia, Deus é o Senhor dos ventos (Amós 4:13). O Criador os utiliza para cumprir seus propósitos na Terra (Gênesis 8:1; Êxodo 10:13; 14:21). Ventos servem para destruir e proteger, trazer alimento (Números 11:31) ou a privação dele (Gênesis 41:6); nas mãos de Deus, o “vento abrasador” é um instrumento de juízo (Salmos 11:6; 48:7), como elemento desagregador (Salmos 18:42; 35:5). Na metáfora poética, Deus “cavalga um querubim”, voa “nas asas do vento” (Salmos 18:10; 104:3).

Porém, é nos textos dos Profetas que a imagem do vento assume um significado mais útil para a compreensão do símbolo apocalíptico. Vento se torna uma metáfora para a ação destruidora das nações que resulta na dispersão e no cativeiro (Jeremias 4:11-13; 18:17; 22:22; 49:32, 36; 51:1, 16; Ezequiel 5:2, 10; 13:11, 13; 17:21; Oseias 8:7; 12:1; 13:15; Hebreus 1:11). É tomado como símbolo apocalíptico em Daniel 7:1 a 8 e se apresenta com o mesmo significado no Apocalipse.

Na fase final da história humana, a Divindade atua para conter os impulsos violentos das nações. O livro de Daniel nos dá um vislumbre da ação dos mensageiros divinos junto aos governantes humanos – “o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (Daniel 10:13). Os quatro anjos simbólicos de Apocalipse 7 representam a ação de anjos reais, sem desconsiderar a atividade imprescindível do Espírito Santo, simbolizada pelos “sete espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Apocalipse 5:6; comparar com 1:4; 3:1; 4:5).

Consciência e ação
Para a escritora Ellen White, a mensagem apocalíptica dos quatro anjos segurando os quatro ventos tem implicações espirituais profundas quanto à consciência sobre o tempo em que vivemos, à condição espiritual de cada um e, especialmente, quanto à missão. Destaco a seguir algumas de suas mensagens sobre os quatro anjos e a contenção dos ventos:

1) “Os (…) ventos serão a incitação das nações para um combate fatal”, por parte de Satanás (Maranata, p. 173).

2) Apesar de a paz mundial se encontrar num estado de “incerteza”, com as nações “iradas” e fazendo “grandes preparativos de guerra”, “está ainda em vigor a ordem dada nos anjos, de segurarem os quatro ventos” (Maranata, p. 241).

3) Os acontecimentos são iminentes, apesar de ainda não ter chegado a hora da “batalha final” (Eventos Finais, p. 229).

4) Mesmo agora o “refreador Espírito de Deus está (…) sendo retirado do mundo. Furacões, tormentas, tempestades, incêndios e inundações, desastres em terra e mar, seguem-se um ao outro em rápida sequência” (Serviço Cristão, p. 52).

5) Tudo depende do fim da intercessão de Cristo no santuário celestial. Quando isso ocorrer, os anjos deixarão de segurar os ventos, e virão “as sete últimas pragas”, que são juízos divinos (Eventos Finais, p. 245).

6) Não há espaço para complacência. Devemos travar uma inevitável luta espiritual pela transformação do caráter (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 217).

7) Agora é o momento de alcançar o mundo com a mensagem para este tempo (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 374).

A paz entre as nações é apenas um verniz de civilidade e respeito mútuo. Se as paixões humanas pervertidas assumem o controle, toda a diplomacia desmorona. “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição” (1 Tessalonicenses 5:3). Somente o Rei dos Reis pode impedir que nos destruamos uns aos outros. Ele refreia o ímpeto destrutivo das nações, para preservar a vida. Portanto, como Jesus disse, não precisamos viver “assustados”, pois as guerras são um dos sinais do fim, mas não o fim (Marcos 13:7).

De nossa parte, cabe orar “em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Timóteo 2:2). Precisamos ter consciência de que a paz e a liberdade religiosa são uma dádiva, a qual devemos ajudar a preservar, como os maiores pacifistas. O tempo de graça e liberdade que temos deve ser aproveitado ao máximo para salvar pessoas. Nos dias atuais, não podemos brincar de ser cristãos. Devemos levar a sério nossa identidade e missão.

Armagedom
Muitas teorias especulativas têm sido propostas na tentativa de interpretar o Armagedom mencionado em Apocalipse 16:12-16. Hoje, uma das mais populares é a de que ele será uma guerra nuclear de grandes proporções. Como já ocorreram duas guerras mundiais, e o texto bíblico fala que nesse confronto estarão envolvidos os “reis do mundo inteiro” (verso 14), muitos imaginam que o Armagedom só poderá ser uma terceira guerra mundial. Por mais fascinante e lógica que essa ideia possa parecer, ela não passa de uma teoria especulativa, sem base bíblica.

Conflitos bélicos certamente continuarão existindo, e mesmo se intensificando, até o fim dos tempos (ver Mt 24:6-8). Mas o Armagedom é descrito no livro do Apocalipse como “a peleja do grande Dia do Deus todo-poderoso” (16:14), travada entre os poderes demoníacos da “besta” e dos “reis da terra, com os seus exércitos”, de um lado, e o “Rei dos reis e Senhor dos senhores” e “o seu exército”, do outro (19:16 e 19).

A natureza essencialmente espiritual desse conflito é confirmada pela participação nele tanto de Cristo, o “Rei dos reis e Senhor dos senhores” que monta o “cavalo branco” (Ap 19:11, 16, 20), quanto do “dragão”, que é Satanás, e de outros “espíritos de demônios” (Ap 16:13 e 14 e 12:9). Os dois grupos conflitantes serão definidos pelo seu relacionamento com os “mandamentos de Deus” e o “testemunho de Jesus” (Ap 12:17). De um lado, estarão “os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”, e que, consequentemente, não adoram “a besta e a sua imagem”; e, do outro, estarão os que adoram “a besta e a sua imagem”, e que, por conseguinte, não “guardam os mandamentos de Deus” e que não “têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17, 14:912).

Longe de ser um mero conflito bélico-nuclear, o Armagedom será o confronto cósmico final entre as forças do bem e os poderes do mal, no qual será decidido, para sempre, quem é digno de adoração (comparar com 1Rs 18). Embora os ímpios se prepararão belicamente para a batalha (Ap 16:14; ver também 20:7-9), cremos que os justos jamais assumirão uma postura de combatência militar (ver Mt 5:38-48, Rm 12:17-21). Nesse conflito espiritual (ver Ef 6:10-18), Cristo e os Seus anjos pelejarão em favor dos justos, triunfando definitivamente sobre Satanás e suas hostes (Ap 20:1-21:8).

Referências
[1] Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ. Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2ª ed., 2009, p. 259.
[2] Francis Nichol (ed.). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, vol. 7, 2014, p. 864.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

TEMPO DE ANGÚSTIA

Considerando as várias apresentações a respeito do tempo de angústia que precede a segunda vinda de Cristo, não surpreende que muitas pessoas fiquem apavoradas diante do assunto. Eu sei que a Bíblia compara as convulsões dos últimos dias às dores de parto. Mas, se tivéssemos escolha, acho que poderiamos optar por algum tipo de anestesia cósmica – um parto sem dor.

Que diz a Bíblia
A frase específica “tempo de angústia” aparece somente no livro de Daniel, que prediz um “tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo…” (Daniel 12:1). Mateus 24 refere-se a guerras, terremotos, fome, convulsões naturais e outras crises durante o tempo do fim. Jesus falou aos discípulos que eles passariam por tribulações, seriam odiados e até mortos (Mateus 24:9). Ele também mencionou “o abominável da desolação” (v. 15), uma entidade que os comentaristas bíblicos vêm como o anticristo perseguidor. Numa linguagem paralela a Daniel 12, Cristo profetiza “grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais” (v. 21). Esses distúrbios são comparados a dores de parto (v. 8).

Algumas das mais vividas representações das últimas aflições terrestres aparecem no Apocalipse de João: imagens de perseguições, o feroz poder de uma besta que trama a morte daqueles que se recusam adorá-la, taça da ira divina sendo derramada e conflitos sangrentos que precedem o grande Dia do Senhor. Enquanto as trombetas soam, os ventos são soltos, pragas caem sobre a Terra e as forças do mal são arregimentadas contra os santos que clamam: “Até quando, ó Senhor?”

Outros escritores bíblicos também se referem ao grande trauma antes da restauração final de todas as coisas. Jeremias, tal como Mateus, usa a linguagem do parto para descrever a angústia do povo de Deus antes da reconciliação final. Depois de descrever um homem em agonia, o profeta exclama: “Ah! Que grande é aquele dia, e não há outro semelhante! É tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será livre dela” (Jeremias 30:7). Embora o contexto imediato seja o da volta do cativeiro babilônico, muitos eruditos vêm uma aplicação mais ampla ao conflito antes do grande ajuntamento na era messiânica e também ao tempo de angústia precedente à segunda vinda de Jesus.

O ensinamento bíblico a respeito do tempo de angústia, ou grande tribulação, segue um molde mais amplo que emerge por toda a descrição da história da salvação. O nascimento de uma nova ou renovada ordem sempre é precedido por um período de trauma e caos. Esse período convulsivo e caótico pode ser visto tanto no julgamento divino daqueles que rejeitam a Deus como na libertação dos Seus fiéis. Embora as multidões o rejeitem, um remanescente fiel que segue a Deus, de modo incondicional, finalmente será salvo.

A história da criação provê uma linguagem que revela essa transição cósmica. A narrativa do Dilúvio, a jornada de Abraão e o Êxodo são bons exemplos. A tribulação final é vista como seguindo esses modelos introduzidos nas Escrituras. Em geral, a transição inclui trevas de um mundo rebelde, sopro de ventos, secamento de águas, tentação ilusória, sofrimento, pragas e julgamento divino, a fidelidade de um remanescente e a libertação do povo de Deus, nascimento de novos céus e nova Terra.1

Por que a angústia?
A repetição desse ciclo através da história da salvação levanta uma questão lógica. Por que não pular o trauma e ir diretamente à liberdade?

Eu posso aventurar uma resposta ao notar a natureza do engano conhecido como pecado. Esse ciclo foi posto em movimento por alguém que é descrito como “mentiroso e pai da mentira” (João 8:44). Desde o início, a raiz podre do pecado está envolvida pela sedutora promessa que não passa de uma reluzente desilusão. O pecado, rebelião contra Deus e independência dEle, é apresentado como uma alternativa gratificante e avançada de vida. Deus é apresentado como um Ser negativo e desleal que pode controlar Suas criaturas apenas com ameaça de morte (Gênesis 3:1-5) ou suborno (Jó 1:1-12).

Através da história humana Deus tem-Se revelado em contraste às mentirosas acusações. Dramaticamente Ele divide o Mar Vermelho e conduz Israel em segurança. Faz alianças entre trovões e relâmpagos no Monte Sinai, tira água da rocha e envia o maná do céu, em benefício do Seu povo. Fala através da sucessão de profetas. E no maior ato de auto-revelação, Ele envia o próprio Filho. Com as mãos perfuradas, estendido na cruz, Ele demonstra a profundidade e intensidade do amor de Deus e Seu desejo de salvar Seus filhos. Um sepulcro vazio certifica de Seu poder sobre a morte e todo dilema humano.

Aparentemente, qualquer uma dentre essas demonstrações, especialmente a cruz, poderia ser bastante para destruir a ilusão da mentira original de Satanás. A existência de Deus, o caráter de Deus, o amor de Deus e as consequências do pecado estão gravados na História pelos Seus atos. Infelizmente, o deslumbrante e ilusório poder do pecado ocasionalmente oscila e ofusca o entendimento de algumas pessoas que, esquecendo as manifestações divinas, usam as manifestações pecaminosas como evidências contra Deus.

Mas há algo diferente em relação à tempestuosa série de eventos finais. Embora a história terrestre tenha sido pontuada com episódios de horror, Deus tem pacientemente limitado o impacto do poder destrutivo do pecado. Mas no final dos tempos, uma vez por todas. Deus deve tirar a restrição e expor a realidade escura da rebelião cósmica.

Embora a suspensão das restrições seja um ato de julgamento e revelação divina, assim como todas as manifestações da “ira de Deus”, há um componente de “abandono” (Romanos 1:8, 24, 26 e 28), de modo que os princípios do inimigo de Deus e a obra destruidora do pecado sejam revelados. “Satanás mergulhará então os habitantes da Terra em uma grande angústia final. Ao cessarem os anjos de Deus de conter os ventos impetuosos das paixões humanas, ficarão às soltas todos os elementos de contenda.

Antes que isso aconteça todo indivíduo terá feito uma decisão sobre a quem prestará adoração. Multidões oferecerão obediência à criatura humana, enquanto um remanescente adorará o Deus Criador. Em meio à polarização do mundo, uma iluminação emerge. Os princípios sedutores que têm magnetizado a maioria dos habitantes do mundo serão revelados como um engano tenebroso e destrutivo. A confiabilidade de Deus será vindicada. E o ciclo termina. O mundo caído será finalmente restaurado. A velha ordem passará para nunca retornar.

Esperança e segurança
O desfecho desse tempo pode ser positivo, mas a maioria das pessoas ainda nutre temor a seu respeito. Posso adiantar que ele pode ser, na verdade, o mais significativo período na história de um indivíduo. Digo isso, não por causa do pensamento, por mais verdadeiro que seja, de que no futuro todo o mal finalmente será transformado. Nem por causa da certeza de que pão e água serão supridos aos fiéis (Isaías 33:16), ou em virtude de que anjos guardiães nos protegerão das ameaças que poderão nos extinguir num instante. A glória real desse tempo reside na paradoxal verdade que a presença de Deus se tornará especialmente real e, ouso dizer, especialmente venturosa para nós durante o seu decorrer.

Enumero algumas razões pelas quais penso dessa maneira:

Primeira, é importante notar o surpreendente e esperançoso fio que perpassa as passagens bíblicas profetizando as convulsões dos últimos dias. Nenhuma dessas passagens parece particularmente preocupada com tribulações. Ao contrário, a ênfase é na liberdade e no triunfo. Embora Daniel profetize um grande tempo de prova, no contexto da própria tribulação, como ele a descreve, ela é posta um pouco de lado. O desenho de Daniel é emoldurado com afirmações de esperança e libertação. Os santos do Altíssimo são apresentados não como esmagados pelo sofrimento, mas são vistos em sua alegria, libertos, resplandecendo “como o fulgor do firmamento”, brilhando “como as estrelas sempre e eternamente” (Daniel 12:3).

Jesus profetizou uma variedade de dores de parto no discurso do Olivete. Mas, Ele interrompeu Sua descrição de “guerras e rumores de guerras” ao dizer: “não vos assusteis” (Mateus 24:6). Também prometeu que “por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados” (v. 22). O sinal mais significativo da Sua vinda não são as tribulações, mas a pregação do evangelho a todo o mundo (v. 14). E a comparação com os dias de Noé, quando o povo foi apanhado em meio aos prazeres e prosperidade material, sugere que o sinal generalizado do fim da história terrestre é a prosperidade enganosa, não simplesmente infindável tribulação.

O Apocalipse, livro que apresenta a mais espantosa imagem das convulsões finais da Terra, irrompe em cânticos e louvores. A mais significativa visão não é de bestas, pragas ou derramamento de sangue, mas de santos cantando e louvando o Cordeiro.

Segunda razão, eu penso que as promessas de Deus para nós se cumprirão de uma maneira que a maioria de nós nunca imaginou. Uma passagem chave, expositora desse tema é encontrada em Romanos 8. Em face das tribulações, angústias e perseguições, “somos mais que vencedores, por meio dAquele que nos amou” (v. 37). Não existe absolutamente nada, “nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura” que possa “separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (v. 39). Podemos ainda agarrar-nos ao conselho de Cristo: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo” (João 16:33).

Alguns dos Salmos, originalmente expressões vitais de fé em face de experiências tais como as lutas de Davi diante de Saul, podem se tornar mais brilhantes, aplicados às tribulações finais do povo de Deus. O Salmo 27:5, por exemplo, afirma que “no dia da adversidade, Ele me ocultará no Seu pavilhão”. Igual segurança também é encontrada no Salmo 32: “Tu és o meu esconderijo: Tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento” (v. 7). O Salmo 59:16 descreve Deus como nosso “alto refúgio e proteção no dia da minha angústia”.

O mesmo pensamento é expresso no Salmo 138:7, onde Davi afirma: “Se ando em meio à tribulação, tu me refazes a vida; estendes a mão contra a ira dos meus inimigos; Tua destra me salva.” O Salmo 91 O apresenta como “meu refúgio e meu baluarte” (v. 2). Nele o salmista garante que Deus “cobrir-te-á com as Suas penas, e sob Suas asas, estarás seguro” (v. 4).

A terceira razão é minha crença em que nós experimentaremos um inédito senso de propósito e vitalidade durante o tempo de angústia. Peça a qualquer pessoa para descrever os momentos da vida nos quais ela se sentiu mais animada, e verá que tais momentos foram precedidos por intensa luta. Geralmente falamos dos tempos de desafios, adversidade, períodos quando fomos exigidos ao máximo. Os veteranos de guerra reúnem-se para contar suas histórias. Atletas falam das longas competições e provas a que são submetidos. Independentemente da área de ação, a preocupação é a mesma. Celebramos mais as vitórias difíceis, não as fáceis.

E quando não estamos no meio do fogo cruzado, aparentemente buscamos significado para crises triviais. Um distraído motorista que cruza o nosso caminho, um cabelo mal cortado, um aborrecimento doméstico, a interrupção do almoço por uma mensagem rude, ou a pane na bateria do carro, tudo isso pode parecer dominante na vida.

Mas, virá o dia quando, repentinamente, em face das convulsões finais da Terra, esses pequenos aborrecimentos se tornarão em nada. A vida terá seu verdadeiro foco. Tudo o mais será eclipsado pela grande questão, a verdadeiramente grande questão – a quem seremos fiéis? Quem é digno de nosso louvor? É Jesus o verdadeiro Senhor, ou não? É Ele o senhor de nossa vida? Enquanto durante esse terrível tempo nós experimentamos Seu Senhorio em uma nova e poderosa maneira, quando a chuva serôdia do Espírito Santo embeber-nos, e as perturbações ficarem para trás, experimentaremos uma vida e vitalidade nunca dantes conhecidas.

Quarta, nós experimentaremos uma profunda transformação pessoal durante o tempo de angústia. Os adventistas do sétimo dia têm-se referido à tribulação final do povo de Deus como o tempo da “angústia de Jacó”. Essa é uma referência para uma luta interior, não com bestas e poderes externos do mal, mas com nós mesmos. O propósito desse tempo vai além do desmascaramento de Babilônia e nos confronta com as maneiras pelas quais ela tem fincado raízes em nosso coração.

A noite de luta de Jacó é uma apropriada metáfora, porque ali na escuridão ele repentinamente sentiu a mão de um estranho sobre ele. Em temor e desespero, Jacó lutou ao ponto de absoluta exaustão. Por um esperançoso momento, ele adquiriu uma nova dose de energia. O estranho gritou por liberdade antes de o sol raiar e Jacó caiu em excruciante dor. Quando, à luz da alvorada, ele surgiu mancando para o encontro com Esaú, poderia dar a aparência de ter sido rebaixado por sua noite de luta. Mas não se tratava disso; ele estava transformado. O novo nome recebido por ele é um apropriado reconhecimento dessa mudança.

Assim, quando comparamos a luta de Jacó à época através da qual, no fim dos tempos, os filhos leais de Cristo devem caminhar, ele pode bem ser descrito como “a melhor resposta às suas petições”3 por transformação e pureza.

Canto de vitória
Finalmente, nunca devemos perder de vista o fato de que essas tribulações representam o prólogo de algo estupendo. Elas são o prelúdio de um futuro de alegria, além da nossa imaginação. Embora tenhamos visto mamães felizes com seus bebês depois do parto, ainda não somos cristãos que já passaram pelo tempo de angústia. Mas João nos dá um vislumbre daqueles que estarão reunidos no mar como que de vidro, cantando o cântico de Moisés e do Cordeiro. Os redimidos, em triunfante coro transbordarão com louvor ao Cordeiro que foi morto (Apocalipse 5).

E esse cântico de triunfo pode começar bem antes de nossa chegada ao Céu. Nas palavras do teólogo Walter Wink, “a celebração da vitória divina não começa no final do livro do Apocalipse, depois que a luta passou. Ao contrário, ela acontece ao longo do caminho… Não temos aí peregrinos sisudos e tristonhos subindo um monte de lágrimas, mas cantores alegrando-se na luta porque ela confirma sua liberdade. Mesmo em meio ao conflito, sofrimento ou aprisionamento, repentinamente um hino penetra a melancolia, as hostes celestiais trovejam num poderoso coro, e nosso coração brilha mais claro”.4

Enquanto a tribulação se aproxima, vamos começar a cantar. 

CALVIN THOMSEN (via Ministério)

Referências:

1. Jon Paulien, What the Bible Says About End-Time, (Hagerstown, Md: Review and Herald Publishing, 1911).

2. Ellen G. White. O Grande Conflito, (Tatuí. SP: CPB), p 614.

3. Ibidem, p. 631.

4. Walter Wink, Engaging the Powers, (Mineápolis, inn: Fortress press, 1992), p. 321.