sexta-feira, 29 de setembro de 2017

12 frases que você já ouviu, mas que não estão na Bíblia

É comum observar em conversas entre cristãos, letras de música, e até mesmo em mensagens de pregações, os “ditados bíblicos” que não estão na Bíblia. Ainda que estas frases não sejam leais às Escrituras Sagradas, muitas delas são coerentes aos princípios bíblicos – se usadas corretamente.

Veja abaixo, os doze versículos imaginários mais populares, conhecidos entre cristãos e não-cristãos:

1. "Vinde a mim como estás."
Jesus faz o convite aos cansados, mas não com estas palavras. O correto é: "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês." (Mateus 11:28)

2. "O cair é do homem, mas o levantar é de Deus."
Essa frase, que é muito conhecida, não está na Bíblia. O versículo que remete a este texto é: “Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal." (Provérbios 24:16)

3. "Quem não vem pelo amor, vem pela dor.”
Embora a ideia seja verdadeira, este não é um versículo bíblico. Em muitas situações, o sofrimento se torna um instrumento para conduzir o homem ao arrependimento.

4. "O dinheiro é a raiz de todos os males.”
A raiz de todos os males não é o dinheiro, mas sim o amor ao dinheiro. Veja: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." (1 Timóteo 6:10)

5. "Esforça-te, e eu te ajudarei.”
O termo "esforça-te" é, de fato, encontrado várias vezes na Bíblia, mas em nenhum momento está acompanhado de “e eu te ajudarei”. Veja exemplos: "Esforça-te, e faze a obra." (1 Crônicas 28:10); "Esforça-te, e clama." (Gálatas 4:27). 

6. "Eu venci o mundo, e vós vencereis.”
No texto correto da Bíblia, não está escrito "e vós vencereis”. O correto é: "Tenho-vos dito isto para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo." (João 16:33)

7. "Diga-me com quem tu andas, e eu te direi quem és.”
Embora o livro de Provérbios traga essa ideia, este versículo não existe. Veja: "O homem violento persuade o seu companheiro, e guia-o por caminho não bom." (Provérbios 16:29)

8. "É dando que se recebe.”
Muitos mencionam esta frase, em confusão com o seguinte versículo: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” (Atos 20:35)

9. "Quem com ferro fere, com ferro será ferido.”
Na verdade, o que a Bíblia diz é: "... todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão." (Mateus 26:52)

10. "Não cai uma folha da árvore sem que Deus queira."
Está ideia é bíblica. Deus não só controla, mas determina todas as coisas. No entanto, este versículo não existe, podendo ser confundido com a ideia do seguinte: “... mas nem um só cabelo de vossa cabeça se perderá.” (Lucas 21:18)

11. “Fazei o bem sem olhar a quem.”
Também não está na Bíblia. O versículo mais parecido que encontramos é: “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé." (Gálatas 6:10)

12. “Quem dá aos pobres, empresta a Deus.”
O mais próximo que encontramos na Bíblia é: “Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e esse lhe paga o seu benefício." (Provérbios 19:17)

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Vamos falar sobre infidelidade?

Ela está entre nós há muito tempo, mas nem por isso nos acostumamos com sua realidade. A notícia da infidelidade no casamento ainda choca, traumatiza, entristece e fragmenta famílias em todo o mundo. Porém, se ela é tão prejudicial, por que ainda faz parte do cotidiano da sociedade?

Com certeza, ninguém acorda obstinado de um dia para o outro e diz: “Vou trair meu cônjuge hoje!” Esse é um processo lento que pode ter contornos diferentes para homens e mulheres. Isso é o que revela uma pesquisa conduzida pela professora Mirian Goldenberg, do Departamento de Antropologia Cultural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo, que vem sendo realizado desde 1989, já abrangeu cerca de 1.300 pessoas de ambos os sexos.

Segundo a investigação, os homens ainda traem mais que as mulheres – 60% dos homens pesquisados confessaram a traição, contra 47% das mulheres. Porém, as mulheres traem mais na atualidade do que há 20 anos. O que mais motiva a mulher a trair é a insatisfação com o marido ou a vingança por uma traição que tenha sofrido. Ela acaba procurando em outro homem um amigo, companheiro, cúmplice, e raramente consegue manter envolvimento com dois homens por muito tempo; tende logo a uma definição.

Em contrapartida, quando o homem trai, ele pode passar anos com uma vida dupla, convivendo “tranquilamente” com a esposa no âmbito social e buscando na amante a satisfação sexual. A maioria deles considera que a própria natureza masculina é a responsável pela traição. Essa ideia também é sustentada pela sociedade, que é muito mais tolerante com a traição masculina do que com a feminina. As mulheres experimentam mais repressão em questões de cunho sexual do que os homens.

A traição pode acontecer de várias formas, com danos igualmente consideráveis. Vale atentar, pelo menos, para três tipos de traição: a imaginária (vivenciada na fantasia da pessoa, sem que haja, necessariamente, a participação consciente do outro), a virtual (muito popular em nossos dias, podendo incluir desde o acesso à pornografia online até um relacionamento virtual com uma pessoa específica) e a real (um estágio mais avançado do que as anteriores e que inclui o contato físico). À medida que a traição avança, o parceiro vai se esvaziando na vida do outro. Quando menos se percebe, ele não está mais lá. Ainda que os dois dividam a mesma casa, caminham silentes em sua solidão.

Tanto traidor como traído sofrem. O primeiro experimenta perda da integridade, forte sentimento de culpa, angústia, medo de ser descoberto e confusão de sentimentos. O segundo sente dor, decepção, rejeição, tristeza, medo quanto ao futuro, perda da autoestima, raiva e desespero, entre outras coisas. Ambos podem experimentar depressão e precisar de ajuda. Os danos tendem a aumentar quando crianças estão envolvidas.

Muitas vezes, o relacionamento extraconjugal, que no momento de euforia trouxe a sensação de vivacidade, parece algo deslocado, que não se encaixa na vida da pessoa. É como beber água quando se está com sede: tão logo a sede passe, não faz sentido ficar perto do bebedouro. E acomodar um bebedouro na vida nem sempre é fácil; pode dar muito trabalho. É por isso que a traição virtual tem sido popular. Ela possibilita passos mais curtos antes do envolvimento concreto. Esses passos, contudo, não são menos perigosos. Sem perceber, a pessoa está construindo uma armadilha para si mesma, da qual terá muita dificuldade para se desvencilhar.

Seja fiel a um princípio de vida, e não apenas a uma pessoa, pois, neste caso, a chance de traição surgirá quando ela não estiver presente. Se você for fiel a um princípio de vida, não importa a oportunidade nem a ocasião, será mais fácil resistir. A fidelidade por princípio independe do outro. Se necessário, busque ajuda, pois, como disse alguém, “a traição pode ser questão de escolha ou oportunidade, mas, se persistir, torna-se uma questão de caráter”. 

Talita Borges Castelão (via Revista Adventista)

STF aprova ensino religioso confessional em escolas públicas

Por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ser pertinente o ensino confessional em escolas públicas. Sendo assim, professores dessas instituições continuam autorizados a professar e promover crenças religiosas durante as aulas de religião. O julgamento foi motivado por um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e tem sido discutido desde 2015 – quando o ministro Luís Roberto Barroso solicitou uma audiência pública com várias entidades para ouvir opiniões a respeito.

De acordo com Barroso, relator da ação, o ensino não confessional é favorável ao pluralismo e dá aos brasileiros a liberdade para que “cada um possa conduzir a sua vida de acordo com a sua crença”. Já para o ministro Gilmar Mendes, que julgou a ação improcedente, tal decisão teria impacto direto na cultura brasileira seja no nome dos estados (São Paulo, Santa Catarina e outros), monumentos – como o Cristo Redentor -, e feriados nacionais. Em defesa da ação, o ministro Luís Roberto Barroso disse não questionar as manifestações culturais de religião. “A discussão aqui é se o espaço público pode ser apropriado privadamente por uma religião para doutrinar crianças. E eu penso que não”, ressaltou o relator.

Para os ministros Marco Aurélio e Celso de Mello, o ensino confessional em espaço público não é o mais adequado. “A separação constitucional entre Estado e Igreja objetiva resguardar que […] grupos fundamentalistas se apropriem do aparelho do Estado para impor aos demais cidadãos a observância de princípios teológicos e diretrizes religiosas”, argumentou Mello.

Nesta quarta-feira (27), último dia de julgamento, o desempate do placar coube à ministra Carmen Lúcia, presidente da Corte. Carmen disse que todos os 11 ministros do Supremo estão de acordo em preservar a liberdade religiosa e a tolerância, porém, segundo ela, o ensino religioso em escolas públicas deve ser facultativo. De acordo com a presidente, o ensino confessional não abre espaço para doutrinação. “Não consigo vislumbrar nas normas autorização para o proselitismo, para o catequismo, para imposição de uma apenas uma ou qualquer religião. Mas também não vejo […] proibição para que seja oferecido facultativamente ensino religioso cujo conteúdo se oriente segundo determinados princípios […]”, concluiu.

Não confessional
O advogado Bernardo Pablo Sukiennik, presidente do Observatório da Liberdade Religiosa e membro do Comitê Distrital de Diversidade Religiosa do Governo do Distrito Federal, acredita ser contraditório o ensino confessional em escolas públicas. “Precisamos encontrar uma formulação de ensino religioso que não agrida a laicidade estatal. A Constituição Federal prevê que a matrícula das aulas seja facultativa. Logo, nenhum aluno deveria ser obrigado a participar das aulas. […] Em princípio, parece-me que a única forma de compatibilizar o caráter laico do Estado com o ensino religioso nas escolas públicas é através do modelo não confessional”, argumentou.

Para o diretor de Liberdade Religiosa e Assuntos Públicos da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Hélio Carnassale, a opção pelo ensino religioso deve ser livre e “sem nenhuma participação ou interferência do Estado”. “[a decisão] deve ser impulsionada unicamente por foro íntimo, a fim de buscar a orientação religiosa para seus filhos, se assim livremente desejarem. E se o fizerem, que o façam segundo suas próprias convicções religiosas, por livre iniciativa, sem coerção ou indução de quem quer que seja”, afirmou.

Ensino religioso no Brasil
O ensino religioso no Brasil remonta o ano de 1.500, quando efetivamente ocorreu o chamado descobrimento do país por parte do antigo império português. Até o ano de 1.800, nesse período de 300 anos, instituições como a igreja, o poder político e a sociedade em geral atuavam de maneira absolutamente integrada e o ensino nas escolas, portanto, seguia a lógica da religião que predominava no país.

Com o fim do império no Brasil e início do sistema republicano, em 1889, foi proibida a intervenção da autoridade federal e dos estados federados em matéria religiosa. Dessa forma, consagrou a plena liberdade de cultos. A partir da Constituição de 1934, o ensino religioso passou a vigorar, ou seja, tornou-se oficial. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em dezembro de 1996, assegurava que “o ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”. Isso sofreu alteração, em 2009, com o chamado Acordo Brasil-Vaticano que modificou o texto da LDB incluindo o termo “ensino religioso católico e de outras confissões religiosas”. De acordo com o ministro do STF Dias Toffoli – também contrário a ação que defende o ensino não confessional – a LDB é inclusiva e “imprescindível” para manter o caráter plural e inclusivo do ensino religioso.

[Com informações da ASN]

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Arco-íris, a Aliança da Promessa

"Porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra." (Gênesis 9:13)

Este capítulo introduz uma das palavras mais importantes da Bíblia – “Aliança”. Significa um pacto entre Deus e a humanidade, um acordo solene entre as duas partes. No verso acima, vemos Deus estabelecendo uma aliança com Noé e seus filhos após o dilúvio. Ao prometer nunca mais trazer as águas de destruição sobre o mundo, Deus faz uma “aliança” e a representa pelo arco-íris (Gênesis 9:13-17). Aos homens e mulheres temerosos diante da possibilidade de um novo cataclismo, Deus dá um sinal de sua promessa. Ellen G. White nos deixou este maravilhoso texto a respeito desta "aliança":
"Que condescendência da parte de Deus! Que compaixão pelo homem falível, colocar o belíssimo e variegado arco-íris nas nuvens, sinal do concerto do grande Deus com o homem! Este arco-íris devia tornar evidente a todas as gerações o fato de que Deus destruiu os habitantes da Terra por um dilúvio, por causa de sua grande maldade. Era propósito de Deus que, quando os filhos das gerações posteriores vissem o arco-íris nas nuvens e perguntassem a significação do glorioso arco que abrange os céus, seus pais lhes explicassem a destruição do velho mundo pelo dilúvio, porque as pessoas se entregaram a toda sorte de maldades, e que as mãos do Altíssimo tinham curvado o arco e colocado nas nuvens como um sinal de que Ele nunca mais enviaria um dilúvio de águas sobre a Terra. Este símbolo nas nuvens deve confirmar a crença de todos e estabelecer sua confiança em Deus, pois é um sinal da divina misericórdia e bondade para com o homem; que, embora Deus tenha sido provocado a destruir a Terra pelo dilúvio, ainda Sua misericórdia circunda a Terra. Deus disse que quando olhasse para o arco nas nuvens Se lembraria. Não precisa fazer-nos compreender que Ele jamais Se esquece, mas fala ao homem em sua própria linguagem, para que o homem O possa compreender melhor." (História da Redenção, pp. 70-71)
Ao longo das Escrituras, lemos acerca de alianças. Deus faz uma aliança com Abraão (Gênesis 17:7-16), então com Israel no Sinai (Êxodo 19:3-6), com as pessoas do tempo de Josué (Josué 24:1-27) e assim por diante. Jeremias prediz uma nova aliança: “Eu porei a minha lei na mente deles e no coração deles a escreverei. Eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo” (Jeremias 31:31-34, NTLH), e no Novo Testamento esta aliança passa a existir (Hebreus 8:6-13).

Qual é o significado dessa linguagem da “aliança”? Mostra a graciosa condescendência de um Deus que se preocupa tanto conosco que, a fim de nos tranquilizar, até mesmo aceita firmar um compromisso conosco. A aliança procura nos mostrar que podemos confiar em Deus, que Ele realmente se preocupa conosco. Indica também que somente Ele pode especificar o caminho da salvação.

Embora diversas alianças sejam mencionadas na Bíblia, todas elas brotam da “aliança eterna” (Hebreus 13:20), ratificada não com o sangue de animais, mas com o sangue de Cristo. Cada promessa do Antigo Testamento, seja para Adão e Eva, Noé, Abraão, ou Israel, apontava para aquilo que o cordeiro de Deus iria realizar, e descansava na certeza daquela realização.

Cada vez que você contemplar um arco-íris, pense no arco-íris existente sobre o trono de Deus (Apocalipse 4:3), e tenha a certeza que Deus lhe ama profundamente e oferece a você a salvação.

E aí, vamos "limpar" a igreja?

Sim, existem comportamentos na igreja que me incomodam.
Sim, se dependesse de mim algumas pessoas não fariam parte da igreja. 
Sim, sei que esses pensamentos podem ser perigosos e pecaminosos.

Ao lado do meu ímpeto justiceiro, eu tenho a experiência de Jesus “purificando” o templo com um chicote, além de vários juízos divinos entre o Seu povo. No entanto, existem vários textos bíblicos que nos orientam a não julgar, não condenar, e até mesmo a deixar o trigo e joio crescerem juntos até o tempo da colheita.

Então, que postura devemos adotar? Julgo ou não julgo, limpo ou não limpo a igreja?

Existe um caminho sobremodo excelente indicado por Paulo, que é o amor (1Co 13). Esse é um ótimo começo. Se em tudo o que eu fizer não houver o selo do amor divino, não vai servir de nada.

Parece-me uma obrigação cristã julgar. Devemos julgar pessoas, ensinos e atitudes dentro de nossas claras limitações humanas (nunca julgaremos as intenções, por exemplo, a menos que se tornem conhecidas). A proibição de julgar refere-se a preconceitos e a julgamentos precipitados sobre intenções não conhecidas e fatos dos quais não temos pleno conhecimento. Também se refere ao espírito critico e condenatório.

Mas, após julgarmos, o que fazemos? Estamos autorizados a pegar o chicote e sair limpando o templo como Jesus fez? Não. A menos que você esteja disposto a subir o Monte de Calvário e morrer por cada uma dessas pessoas, você não tem nenhuma autorização para fazer isso.

No entanto, a disciplina eclesiástica existe, é matéria bíblica. Deveríamos aprender biblicamente como lidar com escândalos, pecados publicamente cometidos e comportamentos abertamente contrários ao que ensina a Bíblia.

Em nossa boa intenção de “purificar” a igreja e manter o alto padrão, corremos o risco de agir como os fariseus da época de Jesus: criamos uma comunidade excludente.

Fugindo do extremo das igrejas liberais, que tornaram o Evangelho em mero detalhe ornamental de vidas pecaminosas, podemos cair facilmente no outro extremo, de tornar o Evangelho no chicote para massacrar pessoas em nossa tentativa de separar manualmente o joio do trigo.

Quando surgir aquela "santa" vontade de limpar a igreja de seus membros infiéis e manter os pecadores do lado de fora, pense na sua historia. Aquele que o convidou "Vinde a mim", prometeu que todo aquele que fosse a Ele seria aceito, e de modo algum Ele o lançaria fora.

A turma do PottersHouse resume isso em 30 segundos:


Vanessa Meira (via Resumo da Ópera)

Nota: Leia atentamente estes importantes textos de Ellen G. White:
"Se aqueles que lidam com os que erram tivessem o coração pleno de ternura, que espírito diferente prevaleceria nas igrejas! Que o Senhor possa abrir os olhos e suavizar o coração daqueles que têm demonstrado um espírito ríspido, não perdoador e inflexível para com aqueles que eles pensam estar em erro. Tais homens desonram seu cargo e desonram a Deus. Eles magoam o coração de Seus filhos e os compelem a clamar a Deus em sua angústia. Certamente o Senhor ouvirá o seu clamor e julgará todas essas coisas." (The Review and Herald, 14 de Maio de 1895)

"Almas há que estão definhando por falta de simpatia. Definham por falta do pão da vida; mas não têm confiança para tornar conhecida a sua grande necessidade. Os que levam responsabilidades em conexão com a obra de Deus, devem compreender que estão sob a mais solene obrigação de ajudar a essas almas." (Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 353) 

"Que revelações viriam aos homens se a cortina fosse aberta e vocês pudessem ver o resultado de seu trabalho ao lidar com os que erram e que necessitam do mais adequado tratamento para não serem desviados do caminho!" (Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 184)

"O homem finito é propenso a julgar mal o caráter, mas Deus não deixou a obra de julgar e de fazer pronunciamentos sobre o caráter com aqueles que para isto não estão preparados. Não devemos dizer o que constitui o trigo e o que constitui o joio. O tempo da colheita determinará completamente o caráter das duas classes especificadas sob a figura de joio e de trigo. A obra de separação é dada aos anjos de Deus, e não entregue nas mãos de qualquer homem." (A Igreja Remanescente, p. 44)
O professor Leandro Quadros também aborda este assunto:

 

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Comportamento na igreja: antes, durante e depois do culto

Para a alma crente e humilde, a casa de Deus na Terra é como que a porta do Céu. Os cânticos de louvor, a oração, a palavra ministrada pelos embaixadores do Senhor, são os meios que Deus proveu para preparar um povo para a assembléia lá do alto, para aquela reunião sublime à qual coisa nenhuma que contamine poderá ser admitida. Da santidade atribuída ao santuário terrestre, os cristãos devem aprender como considerar o lugar onde o Senhor Se propõe encontrar-Se com Seu povo. 

Houve uma grande mudança, não para melhor mas para pior, nos hábitos e costumes do povo com relação ao culto religioso. As coisas sagradas e preciosas, destinadas a prender-nos a Deus, estão quase perdendo sua influência sobre nosso espírito e coração, sendo rebaixadas ao nível das coisas comuns. A reverência que o povo antigamente revelava para com o santuário onde se encontrava com Deus, em serviço santo, quase deixou de existir completamente. Entretanto, Deus mesmo deu as instruções para Seu culto, elevando-o acima de tudo quanto é terreno.

Antes do Culto
Quando os crentes penetram na casa de culto, devem guardar a devida compostura e tomar silenciosamente seu lugar. Se houver na sala uma estufa, não convém agrupar-se em torno dela em atitude indolente e de abandono. Conversas vulgares, cochichos e risos, não devem ser permitidos na casa de culto, nem antes nem depois das reuniões. Uma ardente e profunda piedade deve caracterizar todos os adoradores.

Se faltam alguns minutos para o começo do culto, os crentes devem entregar-se à devoção e meditação silenciosa, elevando a alma em oração a Deus para que o culto se torne para eles uma bênção especial, operando a convicção e conversão em outras almas. Devem lembrar-se de que estão presentes ali mensageiros do Céu. Perdemos geralmente muito da suave comunhão com Deus pela nossa falta de quietude e por não nos darmos à reflexão e oração. O estado espiritual da alma necessita muitas vezes ser passado em revista, e o espírito e coração serem elevados para o Sol da Justiça. Se os crentes, ao entrarem na casa de oração, o fizessem com a devida reverência, lembrando-se de que se acham ali na presença do Senhor, seu silêncio redundaria num testemunho eloquente. Os cochichos, risos e conversas, que se poderiam admitir em qualquer outro lugar, não devem ser sancionados na casa em que Deus é adorado. Cumpre preparar o espírito para ouvir a Palavra de Deus, a fim de que esta possa exercer impressão e influir sobre a alma.

Durante o Culto
O pastor deve entrar na casa de oração com uma compostura digna e solene. Chegado ao púlpito, deve inclinar-se em silenciosa oração e pedir fervorosamente a assistência de Deus. Que impressão não fará isto! A solenidade se apoderará de toda congregação. Seu pastor ali está, comunicando-se com Deus, encomendando-se a Ele antes de ousar apresentar-se diante dela. Uma profunda solenidade invade tudo e a todos, e os anjos de Deus são trazidos para bem perto. Cada um dos congregados deve, de cabeça inclinada, associar-se ao pregador em silenciosa oração, e suplicar a Deus que abençoe a reunião pela Sua presença, imprimindo virtude à palavra ministrada por lábios humanos.

Ao ser aberta a reunião com oração, cada qual deve ajoelhar-se na presença do Altíssimo e elevar o coração a Deus em silenciosa devoção. As orações dos fiéis serão ouvidas e o ministério da palavra provar-se-á eficaz. A atitude indiferente dos crentes na casa de Deus, é um dos grandes motivos por que o ministério não acusa maiores resultados. A melodia do canto, derramando-se dos corações num tom de voz claro e distinto, representa um dos instrumentos divinos na conversão de almas. Todo o serviço deve ser efetuado com solenidade e reverência, como se fora feito na presença pessoal de Deus mesmo.

Quando a Palavra é exposta, deveis lembrar-vos, irmãos, de que é a voz de Deus que vos está falando por meio de Seu servo. Escutai com atenção. Não dormiteis nessa hora; porque assim fazendo é possível escaparem-se-vos nesse momento justamente as palavras que mais necessitais ouvir - palavras que, atendidas, vos livrariam de enveredar por algum caminho errado. Satanás e seus anjos estão ativos, criando uma espécie de paralisia dos sentidos, de modo a não serem ouvidas as admoestações, advertências e repreensões, ou, se ouvidas, não terem efeito sobre o coração, transformando a vida. Às vezes é uma criança que desvia de tal modo a atenção dos ouvintes, que a semente preciosa não cai em terreno fértil para produzir fruto. Outras, são os moços e moças que revelam tão pouco respeito pela casa de Deus, que se entretêm a conversar durante a pregação. Se estes pudessem perceber os anjos que os estão observando e notando o seu procedimento, corariam de vergonha e se aborreceriam a si próprios. Deus quer ouvintes atentos. Foi enquanto os homens dormiam que Satanás aproveitou para semear o joio.

Cumpre evitar toda ostentação em matéria de roupa, que somente serviria para provocar a irreverência. Não raro a atenção das pessoas é dirigida sobre essa ou aquela peça de roupa e deste modo são sugeridos pensamentos que não deviam ocorrer no coração dos adoradores. Não têm exata compreensão da ordem, da decência e do decoro que Deus exige dos que se chegam à Sua presença a fim de adorá-Lo. Deus é que deve ser o objeto exclusivo de nossos pensamentos e adoração; qualquer coisa tendente a desviar o espírito de Seu culto solene e sagrado constitui uma ofensa a Ele. 

Depois do Culto
Ao ser pronunciada a bênção, todos devem conservar-se quietos, como temendo ficar privados da paz de Cristo. Saiam então todos sem se atropelar e evitando falar em voz alta, portando-se como na presença de Deus e lembrando-se de que Seus olhos repousam sobre todos. Ninguém deve deter-se nos corredores para encontros e tagarelice, impedindo a passagem aos outros que buscam a saída. Os arredores imediatos da casa de oração devem caracterizar-se por uma grave solenidade, evitando os crentes o fazer deles lugar de encontro com os amigos, a fim de trocarem frases banais ou tratarem de negócios. Tais coisas não convêm na casa de Deus. Deus e os anjos têm sido desonrados pela maneira irreverente com que os crentes se portam nalgumas igrejas, acordando os ecos com suas gargalhadas e fazendo ruído com os pés.

Pais, exaltai o padrão do cristianismo no espírito de vossos filhos; ajudai-os a entretecer a pessoa de Jesus em sua experiência; ensinai-os a ter o maior respeito pela casa de Deus e a compreender que quando entram ali devem fazê-lo com o coração comovido, ocupando-se com pensamentos como estes: "Deus está aqui; esta é a Sua casa. Devo alimentar pensamentos puros e guiar-me pelos mais santos propósitos. Não devo conservar em meu coração orgulho, inveja, ciúme, suspeitas, ódio ou engano; porque estou na presença de Deus. Este é o lugar onde Deus vem ter com Seu povo e o abençoa. O Altíssimo e Santo, que habita na eternidade, me vê, esquadrinha meu coração, e lê meus mais secretos pensamentos e atos de minha vida."

O tempo de angústia

A expressão “tempo de angústia” ocorre várias vezes na Bíblia. O povo de Deus, em diferentes épocas, passou por momentos difíceis com perseguições, escravidão, guerras e fome. Vale ressaltar nas primeiras palavras desse artigo que Deus não é o causador da angústia, no sentido de que Ele não cria situações de sofrimento para os seres humanos. Isso é consequência do pecado.

Nos últimos dias, fomos bombardeados com notícias estarrecedoras que evidenciam a incapacidade que temos diante da fúria da natureza. Furacões, terremotos, enchentes, destruição e mortes. Não temos nada a fazer diante da força dos eventos naturais, senão apenas fugir. Somos reféns dessa situação.

Nesse artigo, vou explorar quatro tempos específicos de angústia que estão relacionados com a Igreja de Deus nos últimos dias. Esses momentos nos ajudam a entender para onde estamos indo e como Deus tem cuidado de cada detalhe da história para que os Seus propósitos sejam cumpridos.

Os 4 tempos são: os 1260 anos, o pequeno tempo de angústia, a grande angústia e por fim a angústia de Jacó.

A angústia dos 1.260 anos – Apocalipse 12:6
Cristo foi para o céu e a mulher, que representa a igreja, encontrou proteção divina no deserto durante o período de tempo profético de 1.260 dias. Neste tempo, ela aguarda o retorno de Cristo e o estabelecimento do reino eterno de Deus, mas não pode se manifestar publicamente por causa da intensa perseguição.

Esse período é o da supremacia papal, que começa no ano de 538 d.C., quando os ostrogodos são vencidos por Belizário, general de Justiniano, e expulsos de Roma. Nesse ano, cai o terceiro dos três chifres descritos no livro de Daniel 7:8, 20. O imperador Justiniano faz um decreto onde reconhece a supremacia do bispo de Roma e a partir daí começa a perseguição a quem não obedecer às doutrinas humanas que passam a fazer parte da igreja cristã.

As perseguições sobre os seguidores de Cristo são intensas. A Bíblia descreve essa angústia sendo “grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais.” (Mateus 24:21).

Tempo de angústia depois do deserto – Apocalipse 10:10
O propósito de Apocalipse 10 não é apenas dar uma descrição da experiência de João comendo o livro. Lembre-se que o Apocalipse é um livro de profecia e o seu objetivo é dizer ao povo de Deus o que acontecerá no futuro (1:1; 22:6). Assim, a experiência visionária de João tem um propósito muito mais profundo. Ele representa a igreja, comissionada para proclamar o evangelho por toda parte do mundo durante o tempo entre o período profético especificado em Daniel e a Segunda Vinda. Isto é, durante este período que, por meio da igreja, Deus advertirá os habitantes da Terra do Seu julgamento (14:6-12).

A experiência de João aponta para outro evento que ocorreu no final da profecia de Daniel sobre os 1260 dias. Os adventistas do sétimo dia viram um paralelo entre a experiência de João e o Grande Desapontamento experimentada pelos mileritas em 1844.

Sob a liderança do revivalista Guilherme Miller, eles erroneamente concluíram que a segunda vinda de Jesus ocorreria no outono de 1844. A mensagem sobre a vinda de Cristo foi muito doce no começo. No entanto, quando a data passou sem o retorno, os mileritas ficaram desapontados experimentaram a amargura da mensagem que eles haviam crido e pregado.

Os adventistas viram na comissão de Cristo a João para “profetizar novamente sobre muitos povos e nações e línguas e reis”, o comissionamento da igreja de Deus para proclamar a mensagem da Segunda Vinda “para aqueles que vivem na terra e para todas as nações e tribos e línguas e povos” (Apocalipse 14:6). Quando a mensagem do evangelho for ouvida no mundo inteiro, então o fim virá e a história da Terra irá terminar (Mateus 24:14).

O grande tempo de angústia
O grande tempo de angústia é mencionado nos escritos proféticos de Daniel. “Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro” (Daniel 12:1).

O texto de Daniel esclarece que o tempo da grande angústia ocorrerá quando Miguel Se levantará no Céu. Miguel é uma figura de Cristo, e na Sua ascensão ao Céu depois de Sua ressurreição Ele “assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” (Hebreus 1:3).

Como o assentar-se indica o início de Sua obra no Céu, assim o levantar-se anuncia o fim. Então o levantar-se é simultâneo ao fim da graça e o início das sete últimas pragas.

Esse tempo de angústia vai do momento em que se pronuncia no Céu o decreto de Apocalipse 22:12 – é o momento em que termina a graça ou a oportunidade de salvação – até o dia da segunda vinda de Cristo.

Será uma oportunidade para Satanás demonstrar suas intenções sobre a Terra. Após o fim da graça, ele terá domínio completo sobre os habitantes e elementos da Terra. Para esse momento ele planejou todo tempo. Agora lhe é permitido ser o pretenso Cristo e ele imagina que pode governar o mundo.

Antes desses dias, vivemos a intensificação dos sinais preditos por Jesus em Mateus 24 – guerras, rumores de guerras, furacões, enchentes, aumento da indiferença, tragédias, fome entre tantas coisas mais. O aumento desses sinais em quantidade e intensidade são evidências que nos aproximamos do fim de todas as coisas.

Angústia de Jacó
A expressão “angústia de Jacó” ocorre apenas uma vez na Bíblia, em Jeremias 30:7.

Esse tempo da angústia inicia com o decreto de morte promulgado no fim da segunda praga e antes do início da terceira. A primeira praga será uma chaga maligna, e, na segunda, o mar se transformará em sangue. Daí o apóstolo João declara: “Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Tu és justo, tu és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas; porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tem dado a beber: são dignos disso” (Apocalipse 16:5, 6).

Por condenar à morte os filhos de Deus, os incrédulos se tornarão verdadeiramente culpados pelo seu sangue como se eles já o tivessem derramado com suas mãos. Assim Deus envia a terceira praga porque os ímpios promulgarão um decreto de morte contra os filhos de Deus. No auge da perseguição, os fiéis viveram essa angústia que tem suas razões:
1. Medo de serem mortos.
2. Medo de que seus pecados não foram perdoados. Assim como Satanás acusou Jacó, acusará o povo de Deus.
3. Estarão perfeitamente conscientes de sua fraqueza e indignidade. Satanás se esforçará por aterrorizá-los com o pensamento de que seus casos não dão margem à esperança.
4. Medo de não terem se arrependido de todos os pecados.
5. Medo de desonrar o nome de Deus.
O final de todo o período de angústia será por ocasião da Volta de Jesus. E o povo de Deus O receberá com uma grande aclamação de vitória. Rapidamente os fiéis são atendidos pelos anjos e todo o Céu estará brilhante com a glória de Deus. A angústia terminou para sempre. O prêmio final será para todos os que permanecerem até o final ao lado do Senhor (Mateus 24:13). Por isso, não desista, falta somente um pouco mais.

“Crede no Senhor vosso Deus e estareis seguros”, diz 2 Crônicas 20:20.

Rafael Rossi (via ASN)

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O verdadeiro cristão é amigo dos pobres

“O verdadeiro cristão é amigo dos pobres. Ele trata com o seu irmão perplexo e desafortunado como se trata com uma planta delicada, tenra e sensível.” (Ellen G. White - Beneficência Social, p. 168)
A ligação entre o evangelho e a responsabilidade social é claramente representada no ministério de Cristo, e tanto no Velho como no Novo Testamentos. Quando os estragos da pobreza, injustiça e opressão estão bem presentes, a Palavra de Deus insiste que uma fé que fala somente das necessidades espirituais do povo, mas deixa de demonstrar sua compaixão mediante auxílio prático é vista como um culto falso (ver Isaías 58). Com efeito, como Gandhi certa vez disse: “Precisamos viver em nossas vidas as mudanças que queremos ver no mundo.”

Um discípulo de Cristo verdadeiramente crente não pode tratar com indiferença as desigualdades materiais e a manifestação de poder e privilégio que atingem a tantos e leva ao empobrecimento espiritual de outros. O evangelho convida o discípulo de Cristo e a igreja à solidariedade com todos os que sofrem, a fim de juntos podermos receber, incorporar e partilhar as boas-novas de Jesus, a fim de melhorar a vida de todos. Como Cheryl Sanders o expressa:
“O reino preparado desde a fundação do mundo é um reino onde todos são satisfeitos, alimentados e livres. Alguém se qualifica para entrar nesse reino exercendo boa mordomia da própria vida, e distribuindo vida a partir da abundância que recebeu como legado de Deus. E o evangelho declara que a vida eterna é a recompensa daqueles que cuidam da vida. Aqueles que alimentam os famintos, dão de beber aos sedentos, abrigam o estrangeiro, vestem os nus e visitam os doentes e encarcerados tornam-se identificados com a criação do reino de Deus neste mundo, e atuam em parceria com Deus no domínio dos negócios humanos. Desobedecer esse mandado bíblico é negar lealdade ao reino e ao Rei”. (Ministry at the Margins, p. 28)
Jesus raramente mencionou o tipo de sociedade política à qual Seus discípulos deviam aspirar. Ele não pretendeu ser um reformador sociopolítico. Ele não enunciou nenhuma plataforma política. As tentações no deserto tinham uma dimensão claramente política e Ele as resistiu. Embora Ele tivesse mais de uma oportunidade para apoderar-Se do governo da sociedade por uma espécie de golpe de estado (ex.: o alimentar a multidão e a entrada triunfal em Jerusalém), Ele não escolheu esta opção.

Ao mesmo tempo, os ensinos de Jesus não podiam deixar de ter uma influência sociopolítica ao serem observados pela comunidade cristã. Ele ofereceu boas novas aos pobres, liberdade para os oprimidos e vida abundante (João 10:10). Portanto, os adventistas, seguindo o exemplo de cristãos através dos séculos, precisam reconhecer sua responsabilidade social. Os pioneiros adventistas pregavam não só o evangelho de salvação individual, mas também se preocupavam com alcoólatras, escravos, mulheres oprimidas e as necessidades educacionais de crianças e jovens. 

Assim, o cristianismo não é uma religião de individualismo isolado ou de introversão; é uma religião de comunidade. Os dons e as virtudes cristãs têm implicações sociais. Devoção a Cristo significa devoção a todos os filhos de Deus, e devoção gera responsabilidade pelo bem-estar de outros.

A igreja e o seguidor de Cristo precisam responder à pergunta: “Sou eu guardador do meu irmão?” O sofrimento de nossos semelhantes nos causa dor. Podemos tentar escondê-lo, negá-lo, encobri-lo ou descartá-lo, mas ainda assim o sofrimento e a dor dos outros não nos podem deixar completamente impassíveis. Nossa fé cristã reforça isso. Como posso chamar-me de seguidor de Cristo quando não me preocupo com meus semelhantes? Como posso representar o reino de Deus e não me preocupar profunda e praticamente com as pessoas que são incluídas em Seu reino?
“Mas não necessitamos de ir a Nazaré, a Cafarnaum ou a Betânia para andar nos passos de Jesus. Encontraremos Suas pegadas ao pé do leito dos doentes, nas choças de pobreza, nos apinhados becos das grandes cidades, e em qualquer lugar onde há corações humanos necessitados de consolação. Fazendo como Jesus fazia quando na Terra, andaremos nos Seus passos." (O Desejado de Todas as Nações, p. 616) 
Na Palavra de Deus, a responsabilidade do seguidor de Cristo pelos pobres e necessitados não é menos importante do que a pregação do evangelho, nem é opcional. É parte integrante de toda a história do evangelho, porque realmente vemos na face do pobre a face de Cristo: 
“Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes.” (Mateus 25:40)
Para concluir, vejamos Ellen G. White nos descrevendo a injusta desigualdade social aqui reinante, e o que podemos fazer para atender e atenuar as necessidades dos mais carentes.
"Por toda parte, em nosso redor, vemos miséria e sofrimento: famílias com falta do necessário, crianças a pedirem pão. A casa do pobre ressente-se, muitas vezes, da falta de móveis indispensáveis, e de colchões e roupa de cama. Muitos vivem em simples choças, destituídas de todo conforto. O clamor dos pobres chega até aos Céus. Deus vê e ouve. [...]

Que miséria existe no próprio centro de nossos chamados países cristãos! Pensai nas condições dos pobres de nossas grandes cidades. Há, nessas cidades, multidões de criaturas humanas que não recebem tanto cuidado e consideração quanto se dispensa aos animais. Há milhares de crianças miseráveis, rotas e meio famintas tendo estampados no rosto o vício e a depravação. Arrebanham-se famílias em promiscuidade em míseros casebres, muitos deles escuros celeiros cheios de umidade e de imundícia. As crianças nascem nesses terríveis lugares. A infância e a juventude nada vêem de atrativo, nada de beleza natural das coisas criadas por Deus para deleite dos sentidos. As crianças são deixadas a crescer e formar o caráter segundo os baixos preceitos, a miséria, os maus exemplos que vêem em torno de si. O nome de Deus, só ouvem proferir de maneira profana. Palavras impuras, o cheiro das bebidas e do fumo, a degradação moral de toda espécie, eis o que se lhes depara aos olhos e perverte os sentidos. E dessas infelizes habitações partem lamentáveis clamores por pão e roupa, clamores saídos de lábios que nada sabem acerca da oração.

Há uma obra a ser feita por nossas igrejas, da qual muitos mal fazem uma ideia, obra até aqui nem tocada, por assim dizer. 'Tive fome', diz Cristo, 'e destes-Me de comer; tive sede, e destes-Me de beber; era estrangeiro e hospedastes-Me; estava nu, e vestistes-Me; adoeci, e visitastes-Me; estive na prisão, e fostes ver-Me.' (Mateus 25:35 e 36). Pensam alguns que, se dão dinheiro para esta obra, isto é tudo quanto deles se requer; mas isto é um erro. A dádiva do dinheiro não pode tomar o lugar do serviço pessoal. É direito dar de nossos meios, e muitos mais o deveriam fazer; é-lhes, porém, exigido o serviço pessoal segundo suas oportunidades e suas forças.
A obra de recolher o necessitado, o oprimido, o aflito, o que sofreu perdas, é justamente a obra que toda igreja que crê na verdade para este tempo devia de há muito estar realizando. Cumpre-nos mostrar a terna simpatia do samaritano em acudir às necessidades físicas, alimentar o faminto, trazer para casa os pobres desterrados, buscando de Deus todo dia a graça e a força que nos habilitem a chegar às profundezas da miséria humana, e ajudar aqueles que absolutamente não se podem ajudar a si mesmos. Isto fazendo, temos favorável ensejo de apresentar a Cristo, o Crucificado." (Beneficência Social, p. 188-190)
O prof. Leandro Quadros também aborda este assunto:

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Hoje não tem post

Hoje, o blog não traz nenhum post. Nenhuma reflexão. Nenhum insight. Nada inovador. Nada diferente. Nada que você já não tenha pensado antes. Quero te convidar ao básico. Onde você estiver – em casa, no trabalho, na rua, no ônibus, no trem… não importa – te convido a parar por alguns segundos. Minha proposta é que, no exato momento em que está lendo este texto, você:

1. Pense em alguém que está enfrentando depressão e ore em silêncio por ele.

2. Pense em alguém que está com alguma doença no corpo e ore em silêncio por ele.

3. Pense em alguém que te fez muito, mas muito mal, e ore em silêncio pedindo a Deus que o perdoe totalmente.

4. Pense em alguém que precisa de salvação e ore em silêncio por ele.

5. Pense em alguém que está passando por necessidades materiais e ore em silêncio por ele. Em seguida, veja como você pode, com ações práticas, ajudá-lo. E ajude o mais rápido possível.

6. Pense em alguém que está se sentindo solitário e ore em silêncio por ele. Pense em quando você poderia encontrá-lo e passar algumas horas juntos. E faça isso o mais rápido possível.

7. Pense em alguém que esteja cometendo algum pecado sem arrependimento, e que você saiba, e ore em silêncio por ele.

8. Pense em todas as coisas boas que Deus te deu e agradeça a Ele em silêncio por cada uma.

9. Pense em quem Deus é e diga-Lhe em oração silenciosa tudo o que Ele representa para você.

10. Pense em como você poderia amar mais ao próximo. Mas, em vez de orar por isso, ponha em prática o que você pensou.

Pronto. Por hoje basta. Se você cumprir os dez itens acima, já será um cristão bem mais conformado à imagem de Jesus do que antes.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Mauricio Zágari (via Apenas)

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Com será o reencontro de Adão com Jesus?

Diante da multidão de resgatados está a santa cidade. Jesus abre amplamente as portas de pérolas, e as nações que observaram a verdade, entram. Ali contemplam o Paraíso de Deus, o lar de Adão em sua inocência. [...] Ao serem os resgatados recebidos na cidade de Deus, ecoa nos ares um exultante clamor de adoração. Os dois Adões estão prestes a encontrar-se. O Filho de Deus Se acha em pé, com os braços estendidos para receber o pai de nossa raça — o ser que Ele criou e que pecou contra o seu Criador, e por cujo pecado os sinais da crucifixão aparecem no corpo do Salvador. Ao divisar Adão os sinais dos cruéis cravos, ele não cai ao peito de seu Senhor, mas lança-se em humilhação a Seus pés, exclamando: “Digno, digno é o Cordeiro que foi morto!” Com ternura o Salvador o levanta, convidando-o a contemplar de novo o lar edênico do qual, havia tanto, fora exilado.

Depois de sua expulsão do Éden, a vida de Adão na Terra foi cheia de tristeza. Cada folha a murchar, cada vítima do sacrifício, cada mancha na bela face da Natureza, cada mácula na pureza do homem, era uma nova lembrança de seu pecado. Terrível foi a aflição do remorso, ao contemplar a iniquidade que abundava, e, em resposta às suas advertências, deparar com a exprobração que lhe faziam como causa do pecado. Com paciente humildade, suportou durante quase mil anos a pena da transgressão. Sinceramente se arrependeu de seu pecado, confiando nos méritos do Salvador prometido, e morreu na esperança de uma ressurreição. O Filho de Deus redimiu a falta e a queda do homem; e agora, pela obra da expiação, Adão é reintegrado em seu primeiro domínio.

Em arrebatamento de alegria, contempla as árvores que já foram o seu deleite — as mesmas árvores cujo fruto ele próprio colhera nos dias de sua inocência e alegria. Vê as videiras que sua própria mão tratara, as mesmas flores que com tanto prazer cuidara. Seu espírito apreende a realidade daquela cena; ele compreende que isso é na verdade o Éden restaurado, mais lindo agora do que quando fora dele banido. O Salvador o leva à árvore da vida, apanha o fruto glorioso e manda-o comer. Olha em redor de si e contempla uma multidão de sua família resgatada, no Paraíso de Deus. Lança então sua brilhante coroa aos pés de Jesus e, caindo a Seu peito, abraça o Redentor. Dedilha a harpa de ouro, e pelas abóbadas do céu ecoa o cântico triunfante: “Digno, digno, digno, é o Cordeiro que foi morto, e reviveu!” A família de Adão associa-se ao cântico e lança as suas coroas aos pés do Salvador, inclinando-se perante Ele em adoração. 

Esta reunião é testemunhada pelos anjos que choraram quando da queda de Adão e rejubilaram ao ascender Jesus ao Céu, depois de ressurgido, tendo aberto a sepultura a todos os que cressem em Seu nome. Contemplam agora a obra da redenção completa e unem as vozes no cântico de louvor.

Ellen G. White - O Grande Conflito, pp. 646-648

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Ellen G. White e o julgamento da mulher adúltera

Revigorado espiritualmente após Seu retiro no Monte das Oliveiras, Jesus voltou ao templo. Reunindo-se-Lhe o povo em volta, sentou-Se e pôs-Se a ensiná-los. Foi em breve interrompido. Aproximou-se dEle um grupo de fariseus e escribas, arrastando consigo uma aterrorizada mulher, a qual, com duras e veementes vozes, acusavam de ter violado o sétimo mandamento. Havendo-a empurrado para a presença de Jesus, disseram-Lhe com hipócrita manifestação de respeito: "Na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu pois que dizes?" (João 8:5).

Sua fingida reverência ocultava um laço fundamente armado para Sua ruína. Lançaram mão dessa oportunidade para garantir-Lhe a condenação, julgando que, fosse qual fosse a decisão que Ele desse, haviam de achar ocasião de acusá-Lo. Se absolvesse a mulher, seria acusado de desprezar a lei de Moisés. Declarasse-a Ele digna de morte, e seria denunciado aos romanos como assumindo autoridade que só a eles pertencia.

Jesus contemplou um momento a cena - a trêmula vítima em sua vergonha, os mal-encarados dignitários, destituídos da própria simpatia humana. Seu espírito de imaculada pureza recuou do espetáculo. Bem sabia para que fim fora levado esse caso. Lia o coração, e conhecia o caráter e a história da vida de cada um dos que se achavam em Sua presença. Esses pretensos guardas da justiça haviam, eles próprios, induzido a vítima ao pecado, a fim de prepararem uma armadilha para Jesus. Sem dar nenhum indício de lhes haver escutado a pergunta, inclinou-Se e, fixando no chão o olhar, começou a escrever na terra.

Impacientes ante Sua demora e aparente indiferença, os acusadores aproximaram-se, insistindo em Lhe atrair a atenção sobre o assunto. Ao seguirem, porém, com a vista, o olhar de Jesus, fixaram-na na areia aos Seus pés, e transmudou-se-lhes o semblante. Ali, traçados perante eles, achavam-se os criminosos segredos de sua própria vida. O povo, olhando, reparou na súbita mudança de expressão e adiantou-se, para descobrir o que estavam eles olhando com tal espanto e vergonha.

Com toda a sua professada reverência pela lei, esses rabis, ao trazerem a acusação contra a mulher, estavam desatendendo às exigências da mesma. Era dever do marido mover ação contra ela, e as partes culpadas deviam ser igualmente punidas. A ação dos acusadores era de todo carecida de autorização. Entretanto, Jesus os rebateu com as próprias armas deles. A lei especificava que, nas mortes por apedrejamento, as testemunhas do caso fossem as primeiras a lançar a pedra. Erguendo-Se, então, e fixando os olhos nos anciãos autores da trama, disse Jesus: "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela." (João 8:7). E, inclinando-Se, continuou a escrever no chão.

Não pusera de lado a lei dada por Moisés, nem fora de encontro à autoridade de Roma. Os acusadores haviam sido derrotados. Então, rotas as vestes da pretendida santidade, ficaram, culpados e condenados, em presença da infinita pureza. Tremeram de que as ocultas iniquidades de sua vida fossem expostas à multidão; e um a um, cabisbaixos e confusos, foram-se afastando silenciosos, deixando a vítima com o compassivo Salvador.

Jesus Se ergueu e, olhando para a mulher, disse: "Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem Eu também te condeno: Vai-te, e não peques mais." (João 8:10 e 11). A mulher estivera toda curvada, possuída de temor diante de Jesus. Suas palavras: "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela", haviam-lhe soado qual sentença de morte. Não ousava levantar os olhos para o rosto do Salvador, mas aguardava em silêncio a condenação. Atônita, viu os acusadores partirem mudos e confundidos; então, chegaram-lhe aos ouvidos as palavras de esperança: "Nem Eu também te condeno; vai-te, e não peques mais." (João 8:11). Comoveu-se-lhe o coração, e ela se atirou aos pés de Jesus, soluçando em seu reconhecido amor e confessando com amargo pranto os seus pecados.

Isto foi para ela o início de uma nova vida, vida de pureza e paz, devotada ao serviço de Deus. No reerguimento dessa alma caída, operou Jesus um milagre maior do que na cura da mais grave enfermidade física; curou a moléstia espiritual que traz a morte eterna. Essa arrependida mulher tornou-se um de Seus mais firmes seguidores. Com abnegado amor e devoção, retribuiu-Lhe a perdoadora misericórdia.

Em Seu ato de perdoar a essa mulher e animá-la a viver vida melhor, resplandece na beleza da perfeita Justiça o caráter de Jesus. Conquanto não use de paliativos com o pecado, nem diminua o sentimento da culpa, procura não condenar, mas salvar. O mundo não tinha senão desprezo e zombaria para essa transviada mulher; mas Jesus profere palavras de conforto e esperança. O Inocente Se compadece da fraqueza da pecadora, e estende-lhe a mão pronta a ajudar. Ao passo que os fariseus hipócritas denunciam, Jesus lhe recomenda: "Vai-te, e não peques mais." (João 8:11).

Não é seguidor de Cristo aquele que, desviando os olhos, se afasta do transviado, deixando-o sem advertência prosseguir em sua degradante carreira. Os que são mais prontos a acusar a outros, e zelosos em os levar à justiça, são frequentemente em sua própria vida mais culpados que eles. Os homens aborrecem o pecador, ao passo que amam o pecado. Cristo aborrece o pecado, mas ama o pecador. Será esse o espírito de todos quantos O seguem. O amor cristão é tardio em censurar, pronto a perceber o arrependimento, pronto a perdoar, a animar, a pôr o transviado na vereda da santidade e a nela firmar-lhe os pés.

[Ellen G. White - O Desejado de Todas as Nações, pp. 460-462]

As 7 doenças que estão matando nossa humanidade

Nem toda superstição é religiosa, e uma das superstições mais perigosas de nosso tempo nada tem de mística. Ela consiste na crença de que o desenvolvimento da sociedade sempre é algo positivo, e que na busca pelo progresso deixamos para trás apenas o que é obsoleto.

Sete das mentes mais criativas dos últimos tempos atacaram essa superstição. É verdade, a tecnologia e a evolução dos costumes podem transformar nossas vidas aqui na Terra em um paraíso. Mas é possível que nesse processo deixemos para trás algumas das condições necessárias para uma vida plena, feliz e amorosa – uma vida com sabedoria, em outras palavras. Se desejamos rumar até o paraíso, precisamos saber distingui-lo do inferno. Para sete pensadores, nossa sociedade está enferma, e eles diagnosticaram as sete doenças que a acometem.

1- A ESPETACULARIZAÇÃO DE NOSSAS VIDAS
Em 1967, o filósofo francês Guy Debord escreveu A Sociedade do Espetáculo, em que propõe que no mundo moderno somos induzidos a preferir a imagem e a representação da realidade à própria realidade concreta. Para Debord, as imagens, apenas sombras do que existe, contaminaram nossa experiência cotidiana, levando-nos a renunciar à vivência da realidade tal como ela é. 

Toda a vida em sociedade virou um acúmulo de espetáculos individuais e coletivos, tudo é vivido apenas enquanto representação perante os outros. Compartilhar status, instagrams, tweets: os palcos e as plateias mudaram, a encenação ficou cotidiana. Há, assim, um gradual empobrecimento das relações humanas. Isoladas, as pessoas tornam-se intimamente mais inseguras, e portanto mais fragilizadas. Essa fragilização torna os indivíduos mais influenciáveis e facilmente manobráveis. [...]

2- A MENTIRA ENQUANTO NARRATIVA
O filósofo e neurocientista norte americano Sam Harris escreveu em 2013 o livro Lying (Mentindo), na verdade um ensaio em que ele demonstra que a mentira é o pecado que pavimenta todos os demais pecados da modernidade.

Dizer tudo é relativo é um slogan ultrapassado. Agora, tudo é narrativa, e passamos a acreditar que não há nenhum fato que não possa ser redefinido como uma forma de narrativa do protagonista. Após séculos identificando Deus como A Verdade e o diabo como O Pai da Mentira, a sociedade atual encara o conceito de “verdade” com ironia e ceticismo. O relativismo moral é uma mentira cuidadosamente elaborada para que ela própria pareça uma verdade. [...]

3- O PROTAGONISMO
O produtor britânico Adam Curtis idealizou o documentário The Century of the Self (O Século do Eu). Nessa obra imperdível (disponível aqui), ele demonstra como a publicidade utilizou as teorias psicológicas sobre o funcionamento da mente humana para tentar manipular o desejo do público e induzir todos ao consumo. 

As redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter e Tumblr só querem uma única coisa de nós: que as utilizemos cada vez mais, que as tornemos uma parte indispensável de nossa vida. E o que fazem para isso é criar espaços em que podemos construir nossa imagem pessoal perante os outros de forma que pareçamos protagonistas de uma narrativa interessante. O protagonismo estimulado pela nossa sociedade torna, subjetivamente, todas as outras pessoas meros coadjuvantes de nossa história pessoal. [...]

4- AS RELAÇÕES LÍQUIDAS
Muito já se falou da teoria do sociólogo polonês Zygmunt Bauman sobre a sociedade líquida. Por “líquida” entende-se uma sociedade em que não há papeis sociais rígidos nem certezas sólidas. Tudo, portanto, é fluído e não somos obrigados a assumir um compromisso duradouro com qualquer papel social ou pessoa.

Que emprego escolher, com quem nos casar, que estilo de vida adotar: não há qualquer orientação sobre o que é certo e errado diante de duas escolhas, e tudo o que nos é dito é que temos total liberdade para decidir. O problema é que cada escolha por um caminho implica na renúncia de outro, e disso irremediavelmente surgem dúvidas e a sombra do arrependimento. [...] O resultado são indivíduos acometidos de ansiedade constante, inseguros, fragilizados. E pessoas fragilizadas são mais facilmente influenciáveis. [...]

5- A FALTA DE TEMPO
Em Mal-estar na atualidade, o psicanalista brasileiro Joel Birman alerta que a racionalização das práticas sociais usurpou dos indivíduos o controle do seu tempo. A forma como utilizamos nosso tempo pessoal está cada vez mais sendo pré-determinada pelas demandas sociais, impondo que vivamos em um frenesi ininterrupto. Hoje em dia, estamos sempre super atarefados. 

A sociedade nos seduz com o sonho de sermos protagonistas de nosso espetáculo privado, mas o caminho para esse sonho está ladrilhado com tarefas, microtarefas e toda espécie de atividade que exige nossa constante atenção. Isso consome praticamente todo o nosso tempo desperto. [...]

6- O HIPERCONSUMISMO
O filósofo francês Gilles Lipovetsky cunhou o termo hiperconsumo. Seríamos, neste momento da história, não meros consumidores, mas hiperconsumidores. Em uma estrutura na qual o crescimento econômico depende do consumo crescente da população, estamos todos inseridos numa dinâmica social baseada na compra contínua. Se pararmos de consumir febrilmente, há o colapso da economia. 

Não há nada de essencialmente errado com o consumo. O mercado de consumo tem sim seus espaços legítimos de atuação. Porém, a partir de 1970, segundo Lipovestky, ingressamos na fase do hiperconsumo. Trata-se de uma fase essencialmente subjetiva, pois os indivíduos desejam adquirir objetos não pela sua utilidade ou necessidade, mas para aliviarem sua ansiedade de aceitação e integração na coletividade. [...]

7- A IRONIA
“Não se engane, a ironia nos tiraniza”, vaticinou o escritor americano David Foster-Wallace em seu ensaio E Unibus Pluram. E seu alerta precisa ser levado a sério. 

Ironia consiste essencialmente em querer dizer coisa distinta daquela que está sendo expressamente dita, causando o efeito de humor. Portanto, a ironia flerta com a mentira e, ao lado do conceito de narrativa, é outra forma eficaz de deteriorar socialmente o valor da verdade em nossa sociedade. Mas a ironia é ainda mais nociva, pois não para seu trabalho corrosivo por aí – a ironia mina a própria capacidade do indivíduo vivenciar e expressar socialmente sentimentos verdadeiros e significativos. [...]

Escrito por Victor Lisboa (leia na íntegra em Ano Zero)

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Quem você quer ser?

Faltando pouco para completar 6 anos, minha filha entrou numa fase interessante da infância: a de se identificar com outras pessoas e desejar imitá-las. Agora, quase diariamente, quando ela vê um documentário, assiste a uma ópera, vê um desenho animado ou lê um livro, vira-se para mim e pergunta, para que eu escolha dentre os personagens: “Papai, quem você quer ser?”. E eu tenho de escolher algum personagem com que me identifico: ou o palhaço, porque é engraçado; ou o heroizinho, porque tem cabelos castanhos; ou o suricato, porque anda de um jeito esquisito como eu ando. Em seguida, ela também aponta “quem ela é”, seja a princezinha, seja o golfinho, seja a colombina. É interessante ver essa necessidade de se enxergar em alguém que tenha qualidades com quem a bebê procura se identificar. Sem que ela perceba, minha filhinha vive o que todos nós, adultos, deveríamos viver.

Sempre nos espelhamos em alguém que admiramos. Freud baseou toda sua psicologia nesse fato, discorrendo a respeito da influência de nossos pais no desenvolvimento do indivíduo. Todos precisamos de modelos e, até mesmo inconscientemente, elegemos aqueles que desejamos “ser”. É por isso que os meninos se vestem como Batman ou Homem de Ferro e as meninas querem ganhar a roupa da Elsa, do “Frozen”. É trazendo para nosso ser as características daqueles que escolhemos como modelos que vamos formando nosso senso de identidade. E isso, acredite, é bíblico.

“Sejam meus imitadores, como eu sou imitador de Cristo” (1Co 11:1, NVT), escreveu Paulo, mostrando que devemos imitar Jesus. O mesmo Paulo também nos orientou acerca de um dos grandes objetivos da vida: “Pois Deus conheceu de antemão os seus e os predestinou para se tornarem semelhantes à imagem de seu Filho, a fim de que ele fosse o primeiro entre muitos irmãos” (Rm 8:29, NVT). Sim, Deus quer que sejamos semelhantes a seu Filho. Em outras palavras, o Senhor vira-se para nós e pergunta: “Quem você quer ser?”, desejando que olhemos para todas as pessoas que já pisaram na terra e, dentre todos esses bilhões de indivíduos, apontemos para Jesus e respondamos: “Ele!”.

Isso significa que Jesus deve ser nosso referencial em tudo o que fazemos. Se somos tentados, precisamos querer imitar o Cristo que “Uma vez que Ele próprio passou por sofrimento e tentação, é capaz de ajudar aqueles que são tentados” (Hb 2:18, NVT). Se olhamos para o mundo afundado em pecado, precisamos fazer como o Cristo que “Quando viu as multidões, teve compaixão delas, pois estavam confusas e desamparadas, como ovelhas sem pastor” (Mt 9:36, NVT). Se deparamos com os doentes, aflitos e necessitados, é necessário amá-los como os amou o Cristo que “viu a grande multidão, teve compaixão dela” (Mt 14:14, NVT). Em tudo o que fazemos, precisamos imitar o exemplo de Cristo.

Quando lavou os pés de seus discípulos, Jesus deu a instrução máxima a ser seguida. É como se Ele tivesse perguntado “quem você quer ser?”. E Ele mesmo respondeu: “Eu lhes dei um exemplo a ser seguido. Façam como eu fiz a vocês” (Jo 13:15). É disso que precisamos: fazer como Ele fez. Servir como Ele serviu. Ser manso e humilde de coração, como Ele foi. Glorificar o Pai, como Ele glorificou. Amar o próximo como a si mesmo, como Ele amou. Viver como Ele viveu.

A regra de tomar Cristo como o modelo de tudo deve valer para tudo. Respeitando os limites pelo fato de Ele ser Deus e nós não, é importante copiá-Lo descaradamente. Esse tipo de pirataria não O incomoda; pelo contrário, Deus a incentiva. Se você precisa tomar decisões e não sabe o que decidir, procure pensar: o que Jesus faria nessa situação? E, ao obter sua resposta, pense: “eu quero ser como Ele é”. E, assim, faça o que Cristo faria. Essa é uma dinâmica que, se posta em prática, vai conduzi-lo muito mais perto da vontade do Senhor.

E então, quem você quer ser? E, se quer, já é? Se ainda não é, o que está esperando para começar a ser?

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari (via Apenas)

Escravidão atinge 40 milhões de pessoas - O que diz a Bíblia?

Um total de 40 milhões de pessoas no mundo ainda são vítimas da escravidão, enquanto outras 152 milhões de crianças são obrigadas a trabalhar. Dados divulgados nesta terça-feira pela ONU e pela Organização Internacional do Trabalho revelam que a escravidão moderna é ainda uma realidade.

O levantamento aponta que mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas. Elas representam 71% das pessoas em situação de escravidão, quase 29 milhões. Dezesseis milhões de pessoas trabalham em condições de escravidão como domésticas, na construção civil ou na agricultura. Na indústria do sexo, são 5 milhões de vítimas pelo mundo. Outras 4 milhões de pessoas são obrigadas a trabalhar pelas próprias autoridades. 

No caso das Américas, quase 2 milhões de pessoas ainda seriam vítimas da escravidão moderna. São 24 milhões na Ásia e 9 milhões na África. O que também chama a atenção das autoridades é que uma a cada quatro vítimas da escravidão é menor de idade, cerca de 10 milhões de crianças. Destas, 5,7 milhões ainda são obrigadas a se casar. No que se refere ao trabalho infantil, o principal empregador é a agricultura, onde estão 70% dos menores. No setor de serviços, estão 17% das vítimas. 

O epicentro do problema do trabalho infantil continua sendo a África, com 72,1 milhões de pessoas. Na Ásia, são 62 milhões, contra 10,7 milhões nas Américas. (Com informações de ISTOÉ

A Bíblia e a escravidão
É uma acusação comum contra os cristãos: "A Bíblia defende a escravidão!" Não. A Bíblia regulamenta e humaniza temporariamente a escravidão, uma prática que nunca esteve nos planos de Deus.

As leis divinas para Israel estabeleciam regras inovadoras para a relação senhor e servos. A servidão, conforme regulamentada no Antigo Testamento, em nada se parecia com a escravidão que permeia nossa mente: navios negreiros, senzalas, açoites, estupros. Vejamos um breve resumo da legislação bíblica sobre a escravidão:

Escravidão foi a primeira lei que Deus deu aos israelitas quando eles saíram do Egito (cf. Êx 21:1-11). Na lei mosaica, sequestrar alguém para ser vendido como escravo era um crime punido com pena capital (Êx 21:16). Um escravo hebreu deveria trabalhar apenas seis anos para pagar sua dívida, sendo libertado no sétimo ano, sem pagar nada (Êx 21:2). Além disso, ele deveria receber de seu proprietário alguns animais e alimentos para recomeçar a vida (Dt 15:13, 14). Durante seu período de serviço, o(a) escravo(a) teria um dia de folga semanal, o sábado (Êx 20:10). É interessante notar que na versão dos 10 mandamentos de Deuteronômio 5, é nos dito que o sábado foi dado para que o servo e a serva “descansem como tu”, no caso, o patrão.

Biblicamente, os servos tinham direitos e deveres. E ao lermos a Bíblia inteira, percebemos um movimento social em direção à igualdade e liberdade. E se a Palavra de Deus fosse levada à sério desde o início, a escravidão não teria durado tanto tempo. O Senhor estabeleceu o Ano do Jubileu, a cada 50 anos, terras seriam restituídas, todos os escravos seriam libertos, devedores seriam perdoados, e a igualdade seria celebrada ao lado da liberdade: 
"Declarareis santo o quinquagésimo ano e proclamareis a libertação de todos os moradores da terra. Será para vós um jubileu: cada um de vós retornará a seu patrimônio, e cada um de vós voltará a seu clã." (Levítico 26:10) 
Alguém pode questionar o motivo pelo qual Deus não aboliu a escravidão entre os israelitas. Lembre-se de que eles estavam inseridos numa cultura impregnada dessa prática. Mesmo que Deus a abolisse, isso não mudaria a forma como eles pensavam. Portanto, criticar a Bíblia afirmando que ela defende a prática da escravidão é desconhecer quase por completo o ambiente histórico no qual ela foi produzida.

O Novo Testamento fecha a questão deixando bem claro que no cristianismo:
"Não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus." (Gálatas 3:28)
Deus estabeleceu liberdade e igualdade. O homem é que não consegue implementar isso. Até hoje.