Frequentemente os que estão com saúde esquecem as maravilhosas
misericórdias a eles feitas continuadamente, dia após dia, ano após ano,
e não rendem a Deus tributo e louvor por Seus benefícios. Ao sobrevir a
doença, porém, Ele é lembrado. Ao faltarem as forças humanas, sentem os
homens a necessidade do auxílio divino. E nunca o nosso misericordioso
Deus Se afasta da alma que para Ele em sinceridade se volve em busca de
auxílio. Ele é nosso refúgio na enfermidade assim como na saúde.
"Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece
daqueles que O temem. Pois Ele conhece a nossa estrutura; lembra-Se de
que somos pó." (Salmos 103:13 e 14)
"Por causa do seu caminho de transgressão e por causa das suas
iniquidades", os homens "são afligidos. A sua alma aborreceu toda
comida, e chegaram até às portas da morte" (Salmos 107:17 e 18).
"Então, clamaram ao Senhor na sua angústia, e Ele os livrou das suas
necessidades. Enviou a Sua palavra, e os sarou, e os livrou da sua
destruição" (Salmos 107:19 e 20).
Deus está hoje tão desejoso de restabelecer os doentes como quando o
Espírito Santo proferiu estas palavras por intermédio do salmista. E
Cristo é agora o mesmo compassivo médico que era durante Seu ministério
terrestre. NEle há bálsamo curativo para toda doença, poder restaurador
para toda enfermidade.
Seus discípulos de nossos dias devem orar pelos doentes tão
verdadeiramente como os de outrora. E seguir-se-ão as curas; pois "a
oração da fé salvará o doente" (Tiago 5:15). Temos o poder do Espírito
Santo, a calma certeza da fé, de que podemos reivindicar as promessas de
Deus. A promessa do Senhor: "Imporão as mãos sobre os enfermos e os
curarão" (Marcos 16:18), é tão digna de fé hoje como nos dias dos
apóstolos. Ela apresenta o privilégio dos filhos de Deus, e nossa fé
deve lançar mão de tudo quanto aí se encerra. Os servos de Cristo são os
instrumentos de Sua operação, e por meio deles deseja exercer Seu poder
de curar. É nossa obra apresentar o enfermo e sofredor a Deus, nos
braços da fé. Devemos ensinar-lhes a crer no grande Médico.
O Salvador deseja que animemos os enfermos, os desesperançados, os
aflitos a apegarem-se a Sua força. Mediante a fé e a oração, o quarto do
doente pode se transformar numa Betel. Por palavras e atos, os médicos e
as enfermeiras podem dizer, tão positivamente que não possa ser mal
compreendido: "Deus está neste lugar" para salvar, e não para destruir.
Cristo deseja manifestar Sua presença no quarto do doente, enchendo o
coração dos médicos e enfermeiros com a doçura de Seu amor. Se a vida
dos assistentes do enfermo é de maneira a Jesus os poder acompanhar ao
leito dele, ao mesmo sobrevirá a convicção de que o compassivo Salvador
está presente, e essa convicção por si só fará muito em benefício tanto
de sua alma como do corpo.
E Deus ouve a oração. Cristo disse: "Se pedirdes alguma coisa em Meu
nome, Eu o farei" (João 14:14). Noutro lugar, Ele diz: "Se alguém Me
serve, ... Meu Pai o honrará" (João 12:26). Se vivemos em harmonia com
Sua palavra, toda preciosa promessa dada por Ele em nós se cumprirá.
Somos indignos de Sua misericórdia, mas, ao entregar-nos a Ele,
recebe-nos. Ele operará em favor e por intermédio daqueles que O seguem.
Mas unicamente vivendo em obediência a Sua palavra podemos pedir o
cumprimento das promessas que nos faz. O salmista diz: "Se eu atender à
iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá" (Salmos 66:18). Se
Lhe prestamos apenas uma obediência parcial, com a metade do coração,
Suas promessas não se cumprirão em nós.
Temos na Palavra de Deus instruções relativas à oração especial pelo
restabelecimento de um doente. Mas tal oração é um ato soleníssimo, e
não o devemos realizar sem atenta consideração. Em muitos casos de
oração pela cura de um doente, o que se chama fé não é nada mais que
presunção.
Muitas pessoas chamam sobre si a doença pela condescendência consigo
mesmas. Não têm vivido segundo as leis naturais ou os princípios da
estrita pureza. Outros têm desconsiderado as leis da saúde em seus
hábitos de comer e beber, vestir ou trabalhar. Freqüentemente é alguma
forma de vício a causa do enfraquecimento mental ou físico. Obtivessem
essas pessoas a bênção da saúde, e muitas delas continuariam a seguir o
mesmo rumo de descuidosa transgressão das leis naturais e espirituais de
Deus, raciocinando que, se Ele as cura em resposta à oração, elas se
acham em liberdade de prosseguir em suas práticas nocivas,
condescendendo sem restrições com apetites pervertidos. Se Deus operasse
um milagre para restaurar à saúde essas pessoas, estaria animando o
pecado.É trabalho perdido ensinar o povo a volver-se para Deus como
Aquele que cura suas enfermidades, a menos que seja também ensinado a
renunciar aos hábitos nocivos. Para que recebam Sua bênção em resposta à
oração, devem cessar de fazer o mal e aprender a fazer o bem. Seu
ambiente deve ser higiênico, corretos os seus hábitos de vida. Devem
viver em harmonia com a Lei de Deus, tanto a natural como a espiritual.
Deve-se tornar claro aos que desejam orações por seu restabelecimento
que a violação da Lei de Deus, quer natural quer espiritual, é pecado, e
que, a fim de receber Suas bênçãos, ele deve ser confessado e
abandonado.
A Escritura nos ordena: "Confessai as vossas culpas uns aos outros e
orai uns pelos outros, para que sareis" (Tiago 5:16). Ao que solicita
orações, sejam apresentados pensamentos como este: "Nós não podemos ler o
coração, nem conhecer os segredos de vossa vida. Estes são conhecidos
unicamente por vós mesmos e por Deus. Se vos arrependeis de vossos
pecados, é o vosso dever fazer confissão deles." O pecado de natureza
particular deve ser confessado a Cristo, o único mediador entre Deus e o
homem. Pois "se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus
Cristo, o justo" (1 João 2:1). Todo pecado é uma ofensa a Deus, e Lhe
deve ser confessado por intermédio de Cristo. Todo pecado público, deve
ser do mesmo modo publicamente confessado. A ofensa feita a um
semelhante deve ser ajustada com a pessoa ofendida. Se alguém que deseja
recuperar a saúde se acha culpado de maledicência, se semeou a
discórdia no lar, na vizinhança ou na igreja, suscitando separação e
dissensão, se por qualquer má prática induziu outros a pecar, essas
coisas devem ser confessadas diante de Deus e perante os agravados. "Se
confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar... e
nos purificar de toda a injustiça" (1 João 1:9).
Havendo os erros sido endireitados, podemos apresentar as necessidades
do enfermo ao Senhor com fé tranquila, como Seu espírito nos indicar.
Ele conhece cada indivíduo por nome, e cuida de cada um como se não
houvesse na Terra nenhum outro por quem houvesse dado Seu bem-amado
Filho. Por ser o amor de Deus tão grande e inalterável, o doente deve
ser estimulado a confiar nEle e ficar esperançoso. Estar ansioso quanto a
si mesmo tende a causar fraqueza e doença. Se eles se erguerem acima da
depressão e da tristeza, será melhor sua perspectiva de
restabelecimento; pois "os olhos do Senhor estão sobre... os que esperam
na Sua misericórdia" (Salmos 33:18).
Ao orar pelos doentes, cumpre lembrar que "não sabemos o que havemos de
pedir como convém" (Romanos 8:26). Não sabemos se a bênção que desejamos
será para o bem ou não. Portanto, nossas orações devem incluir este
pensamento: "Senhor, Tu conheces todo segredo da alma. Estás
familiarizado com estas pessoas. Jesus, seu Advogado, deu a vida por
elas. Seu amor por elas é maior do que é possível ser o nosso. Se,
portanto, for para Tua glória e o bem dos aflitos, pedimos, em nome de
Jesus, que sejam restituídas à saúde. Se não for da Tua vontade que se
restaurem, rogamos-Te que a Tua graça as conforte e a Tua presença as
sustenha em seus sofrimentos."
Deus conhece o fim desde o princípio. Conhece de perto o coração de
todos os homens. Lê todo segredo da alma. Sabe se aqueles por quem se
fazem as orações haviam ou não de resistir às provações que lhes
sobreviriam, houvessem eles de viver. Sabe se sua vida seria uma bênção
ou uma maldição para si mesmos e para o mundo. Esta é uma razão pela
qual, ao mesmo tempo que apresentamos nossas petições com fervor,
devemos dizer: "Todavia, não se faça a minha vontade, mas a Tua" (Lucas
22:42). Jesus acrescentou estas palavras de submissão à sabedoria e
vontade de Deus, quando, no jardim de Getsêmani, rogava: "Meu Pai, se é
possível, passe de Mim este cálice" (Mateus 26:39). Se elas eram
apropriadas para Ele, o Filho de Deus, quanto mais adequadas são nos
lábios dos finitos e errantes mortais!
A atitude coerente é expor nossos desejos a nosso sábio Pai celeste e
então, em perfeita segurança, tudo dEle confiar. Sabemos que Deus nos
ouve se pedimos em harmonia com a Sua vontade. Mas insistir em nossas
petições sem um espírito submisso não é direito; nossas orações devem
tomar a forma, não de uma ordem, mas de uma intercessão.
Há casos em que o Senhor opera decididamente por Seu divino poder na
restauração da saúde. Mas nem todos os doentes são sarados. Muitos são
postos a dormir em Jesus. João, na ilha de Patmos, foi mandado escrever:
"Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz
o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os
sigam" (Apocalipse 14:13). Vemos por aí que, se as pessoas não forem
restituídas à saúde, não devem ser por isso consideradas sem fé.
Todos nós desejamos respostas imediatas e diretas às nossas orações, e
somos tentados a ficar desanimados quando a resposta é retardada ou vem
por uma maneira que não esperávamos. Mas Deus é demasiado sábio e bom
para atender nossas petições sempre justamente ao tempo e pela maneira
que desejamos. Ele fará mais e melhor por nós do que realizar sempre os
nossos desejos. E como podemos confiar em Sua sabedoria e Seu amor, não
devemos pedir que nos conceda a nossa vontade, mas buscar
identificar-nos com Seu desígnio, e cumpri-lo. Nossos desejos e
interesses devem-se fundir com Sua vontade. Estas experiências que
provam a fé são para nosso bem. Por elas se manifesta se nossa fé é
verdadeira e sincera, repousando unicamente na Palavra de Deus, ou se
depende de circunstâncias, sendo incerta e instável. A fé é revigorada
pelo exercício. Devemos permitir que a paciência tenha a sua obra
perfeita, lembrando-nos de que há preciosas promessas nas Escrituras
para aqueles que esperam no Senhor.
Nem todos compreendem esses princípios. Muitos dos que buscam as
restauradoras graças do Senhor pensam que devem ter uma resposta direta e
imediata a suas orações, ou se não sua fé é falha. Por essa razão os
que estão enfraquecidos pela doença precisam ser sabiamente
aconselhados, para que procedam prudentemente. Eles não devem desatender
ao seu dever para com os amigos que lhes sobreviverem, nem negligenciar
o emprego dos agentes naturais.
Há muitas vezes perigo de erro nisto. Crendo que hão de ser curados em
resposta à oração, alguns temem fazer qualquer coisa que possa indicar
falta de fé. Mas não devem negligenciar o pôr em ordem os seus negócios
como desejariam se esperassem ser tirados pela morte. Nem também temer
proferir palavras de ânimo ou de conselho que estimariam dirigir aos
seus amados na hora da partida.
Os que buscam a cura pela oração não devem negligenciar o emprego de
remédios ao seu alcance. Não é uma negação da fé usar os remédios que
Deus proveu para aliviar a dor e ajudar a natureza em sua obra de
restauração. Não é nenhuma negação da fé cooperar com Deus, e colocar-se
nas condições mais favoráveis para o restabelecimento. Deus pôs em
nosso poder o obter conhecimento das leis da vida. Este conhecimento foi
colocado ao nosso alcance para ser empregado. Devemos usar todo recurso
para restauração da saúde, aproveitando-nos de todas as vantagens
possíveis, agindo em harmonia com as leis naturais. Tendo orado pelo
restabelecimento do doente, podemos trabalhar com muito maior energia
ainda, agradecendo a Deus o termos o privilégio de cooperar com Ele, e
pedindo-Lhe a bênção sobre os meios por Ele próprio fornecidos.
Temos a sanção da Palavra de Deus quanto ao uso de remédios. Ezequias,
rei de Israel, estava doente, e um profeta de Deus levou-lhe a mensagem
de que haveria de morrer. Ele clamou ao Senhor, e Este ouviu a Seu
servo, e mandou-lhe dizer que lhe seriam acrescentados quinze anos de
vida. Ora, uma palavra de Deus haveria curado instantaneamente a
Ezequias; mas foram dadas indicações especiais: "Tomem uma pasta de
figos e a ponham como emplasto sobre a chaga; e sarará" (Isaías 38:21).
"Porque no dia da adversidade me esconderá no Seu pavilhão; no oculto do
Seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha. Também a minha
cabeça será exaltada sobre os meus inimigos que estão ao redor de mim;
pelo que oferecerei sacrifício de júbilo no Seu tabernáculo; cantarei,
sim, cantarei louvores ao Senhor" (Salmos 27:5 e 6).
Certa ocasião, Cristo ungiu os olhos de um cego com terra, e mandou-lhe:
"Vai, lava-te no tanque de Siloé. ... Foi, pois, e lavou-se, e voltou
vendo" (João 9:7). A cura poderia ser operada unicamente pelo poder do
grande Médico; todavia, Cristo fez uso de simples agentes da natureza.
Conquanto Ele não favorecesse as medicações de drogas, sancionou o
emprego de remédios simples e naturais.
Ao termos orado pela restauração de um enfermo, seja qual for o
desenlace do caso, não percamos a fé em Deus. Se formos chamados a
sofrer a perda, aceitemos o amargo cálice, lembrando-nos de que é a mão
de um Pai que no-lo chega aos lábios. Mas, sendo a saúde restituída, não
se deveria esquecer que o objeto da misericordiosa cura se acha sob
renovada obrigação para com o Criador. Quando os dez leprosos foram
purificados, apenas um voltou em busca de Jesus para dar-Lhe glória. Que
nenhum de nós seja como os inconsiderados nove, cujo coração ficou
insensível diante da misericórdia de Deus. "Toda boa dádiva e todo dom
perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança,
nem sombra de variação" (Tiago 1:17).