sábado, 31 de outubro de 2020
Ellen White, Lutero e a Grande Reforma
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
Halloween ou Reforma Protestante?
Estive nos
Estados Unidos, certa vez, poucos dias antes do fatídico dia de a
maioria das pessoas assumirem um lado tétrico e de nítida apologia à
morte e fiquei surpreso. Uma semana antes, casas eram “decoradas” com
alguma coisa que parecia ser teia de aranha, além de réplicas de lápides
de cemitério com a inscrição RIP (que significa rest in peace,
ou descanse em paz, em alusão clara ao falecimento). Sem falar na
quantidade absurda de abóboras sem recheio que “enfeitam” a frente de
muitas residências.
Enquanto isso, do outro
lado da rua, em uma igreja cristã, a amnésia histórica tomou conta dos
cristãos que, um dia, de alguma forma, estiveram ligados a um episódio
emblemático ocorrido também num 31 de outubro (de 1517), no distante
castelo de Wittenberg, na Alemanha. Ali, um monge questionador e sincero
temente a Deus, chamado Martinho Lutero, afixou na porta do castelo o
que se convencionou chamar de as 95 teses sobre justificação pela fé.
Talvez não saibamos de memória o conteúdo do que Lutero escreveu, mas
sabemos que ele questionava atitudes, conceitos e ensinamentos
contrários à Bíblia. E mais ainda: ele exaltava a Bíblia como regra de
fé para os que se dizem seguidores de Cristo.
quinta-feira, 29 de outubro de 2020
INERRÂNCIA BÍBLICA
A questão da inspiração e autoridade da Bíblia raramente perturbava os cristãos até um século atrás. Eles consideravam a Bíblia como fonte de sua crença. Aceitavam a autoridade da Bíblia sem defini-la em termos de inerrância. Nenhum dos principais credos católicos ou protestantes discute a noção de inerrância bíblica. Somente desde o século XIX é que essa questão tem dominado o cenário religioso.
1 — Primeiramente que os autores bíblicos foram os redatores de Deus, e não a pena do Espírito Santo. Eles estavam plenamente envolvidos na produção de seus escritos. Alguns deles, como Lucas, reuniram as informações entrevistando testemunhas visuais do ministério de Cristo (Lc 1:1-3). Outros, como os autores de Reis e Crônicas, fizeram uso de registros históricos que lhes estavam disponíveis. O fato de que tanto os escritores e suas fontes eram humanos, torna-se irreal insistir em que não há declarações inexatas na Bíblia.
2 — Em segundo lugar, as tentativas dos inerrantistas em conciliar as diferenças entre as descrições bíblicas do mesmo evento, amiúde resulta em interpretações distorcidas e rebuscadas da Bíblia. Por exemplo, alguns tentam conciliar os divergentes relatos da negação de Pedro a Jesus com relação ao cantar do galo propondo que Pedro negou a Jesus um total de seis vezes! Tais especulações gratuitas podem ser evitadas por simplesmente aceitar a existência de pequenas e insignificantes discrepâncias factuais nos relatos dos Evangelhos quanto à negação de Pedro.
3 — Em terceiro lugar, por basear a confiabilidade e infalibilidade da Bíblia na exatidão de seus detalhes, a doutrina da inerrância ignora que a principal função da Escritura é revelar o plano de Deus para a nossa salvação. A Bíblia não tem intenção de suprir-nos com informações geográficas, históricas ou culturais precisas, mas revelar-nos como Deus nos criou perfeitamente, remiu-nos completamente, e por fim nos restaurará.
4 — Em quarto lugar, a doutrina da inerrância bíblica é carente de apoio bíblico. Em parte alguma os autores bíblicos reivindicam que suas declarações sejam inerrantes. Tal conceito tem sido deduzido a partir da ideia da inspiração divina. Presume-se que, sendo a Bíblia divinamente inspirada, deve também ser inerrante. Todavia, a Bíblia nunca faz a equivalência de inspiração com inerrância. A natureza da Bíblia deve ser definida indutivamente, ou seja, considerando-se todos os dados propiciados pela própria Bíblia, antes que dedutivamente, ou seja, por tirar conclusões de premissas subjetivas. Uma análise indutiva das discrepâncias existentes na Bíblia não apoia o ponto de vista de inerrância absoluta.
5 — Uma razão final para a rejeição da inerrância absoluta, no caso dos adventistas, são os ensinos de Ellen G. White, e o exemplo da produção de seus escritos. Ela claramente reconhece o papel humano na produção da Bíblia. Escreveu ela:
“A Bíblia aponta a Deus como seu autor, contudo foi escrita por mãos humanas, e no variado estilo de seus diferentes livros apresenta as características dos vários autores. As verdades reveladas são todas dadas por inspiração de Deus (2Tm 3:16); contudo são todas expressas nas palavras dos homens. O Infinito por Seu Espírito Santo derramou luz nas mentes e corações de Seus servos” (Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 25).
A inspiração, segundo Ellen G. White, impressionou os autores da Bíblia com pensamentos, não com palavras:
“Não são as palavras da Bíblia que são inspiradas, mas os homens é que foram inspirados. A inspiração não atua nas palavras do homem, ou suas expressões, mas no próprio homem, que, sob a influência do Espírito Santo, é imbuído com os pensamentos” (Idem, p. 21).
Deus inspirou homens, não suas palavras. Isso significa, como explica Ellen G. White, que a Bíblia “não é o modo de pensamento e expressão de Deus. Os homens muitas vezes dirão que tal expressão não parece como de Deus. Mas Deus não Se colocou em palavras, em lógica, em retórica, em julgamento na Bíblia. Os escritores da Bíblia foram redatores de Deus, não Sua pena” (Idem).
Ellen G. White reconheceu a presença de discrepâncias ou inexatidões na produção da Bíblia e na transmissão de seu texto:
“Alguns nos encaram seriamente e dizem, ‘Não acha que poderia ter havido alguns erros nos copistas ou tradutores?’ Isso é muito provável. (…) [mas] todos os erros não causarão perturbação a uma alma, ou levarão quaisquer pés a tropeçarem, que não manufaturarem dificuldades das verdades mais claramente reveladas” (Idem, p. 16).
“Nem sempre ocorre perfeita ordem ou unidade aparente na Escritura” (Idem, p. 20).
Para Ellen G. White, a presença de inexatidões na produção ou transmissão do texto bíblico é somente um problema para aqueles que desejam “manufaturar dificuldades da verdade mais claramente revelada“. A razão é que a presença de detalhes inexatos não enfraquece a validade das verdades fundamentais reveladas na Escritura.
Obs.: Os adventistas consideram os escritos de Ellen White como possuindo inspiração conceitual, e não verbal. Inclusive, ela mesma não rogava para seus escritos o grau de inerrância.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem historicamente mantido uma visão equilibrada da Bíblia por reconhecer tanto seu caráter divino quanto humano. Muito do crédito para isso deve-se à direção profética de Ellen G. White.
Em suma, a Bíblia é o produto de uma misteriosa combinação da participação divina e humana. A fonte é divina, os escritores são humanos, e os escritos contêm pensamentos divinos em linguagem humana. Esta combinação singular nos oferece uma revelação digna de confiança e infalível da vontade e plano de Deus para nossa vida presente e destino futuro. Como declarado na primeira das crenças fundamentais dos adventistas do sétimo dia, “As Sagradas Escrituras são a revelação infalível de Sua vontade. São o padrão do caráter, o teste da experiência, a autoridade reveladora de doutrinas e o registro digno de confiança dos atos de Deus na história”.
Trecho de artigo "Inerrância Bíblica" escrito por Samuelle Bacchiocchi (via Adventismo em Foco)
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
Os adventistas e as eleições 2020
terça-feira, 27 de outubro de 2020
Os adventistas e a dignidade humana
Criação e dignidade humana
A cruz e a dignidade humana
A dignidade humana e o templo do Espírito Santo
A dignidade humana e os mandamentos de Deus
Dignidade humana: Implicações no discipulado
Margem alguma para o silêncio
A dignidade humana: Um valor central
Notas e referências:
- Declarações de Igreja, 1a. ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), p. 59.
- Todas as referências bíblicas deste artigo foram extraídas da Versão Almeida revista e atualizada no Brasil.
- Ellen G. White, Life Sketches of Ellen G. White (Mountain View, Calif.: Pacific Press Publ. Assn., 1943), p. 473.
- __________, Obreiros Evangélicos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993), p. 123.
- Zdravko Plantak, The Silent Church (Nova York: St. Martin's Press, Inc., 1998), p. 48.
- Ellen White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000), vol. 1, p. 358.
- Ver Douglas Morgan, Adventists and the American Republic (Knoxville: The University of Tennessee Press, 2001), p. 31.
- Tiago White, citado por Morgan, p. 34.
- "Report on the Third Annual Session of the General Conference", p. 197; citado por Morgan, pp. 36 e 37.
- Ibidem.
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
Como dialogar sobre suas crenças
sábado, 24 de outubro de 2020
O pastor e as questões políticas
Independentemente das condições de vida de um país, a Bíblia chama as pessoas a se arrepender e crer no evangelho, proclamando que o reino de Deus está próximo. Essa é a essência da mensagem divina do Antigo ao Novo Testamento. Esse é o cerne da pregação dos reformadores do século 16, dos mileritas do século 19 e dos adventistas até a segunda vinda de Jesus. Todos os mensageiros evangélicos da história viveram em cidades com melhores ou piores condições de vida, com gente brigando por poder, mas não colocaram sua atenção no sistema nem nas circunstâncias. Em vez disso, pregaram a mensagem de juízo e de salvação, levando os ouvintes a decidir sobre seu destino eterno.
Se não pregarmos a Bíblia, quem pregará? Se misturarmos a Bíblia e a política, a Palavra de Deus será rebaixada à condição humana. Se os ministros de Deus se concentrarem nas coisas deste mundo, quem serão os pregadores do evangelho de Jesus? Quem anunciará a esperança da vida eterna? A quem as pessoas recorrerão quando quiserem aprender as Escrituras? “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão Aquele em quem não creram? E como crerão Naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10:13, 14). “Vós sois o sal da Terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens” (Mt 5:13).
Se um pastor acha que prestaria um serviço melhor à humanidade por meio da política, não deveria ser coerente e deixar o ministério pastoral, dedicando-se à carreira política integralmente? Ellen White foi muito contundente quanto a esse assunto, ao escrever que “todo mestre, ministro ou dirigente em nossas fileiras que é agitado pelo desejo de ventilar suas opiniões sobre questões políticas, deve converter-se pela crença na verdade ou renunciar à sua obra”, afinal, “o dízimo não deve ser empregado para pagar ninguém para discursar sobre questões políticas” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 477).
(via Revista Ministério)
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
10 dicas para a escolha dos líderes da igreja
1. Tomar muito cuidado na escolha de pessoas
Deve-se tomar muito cuidado ao escolher homens para ocuparem posições de responsabilidade como guardiães das igrejas. Meus irmãos, não façam essa escolha cegamente para que o rebanho de Deus não tenha diante de si um exemplo que lhes ensinará a ferir e destruir. Os homens que assumem responsabilidades na causa de Cristo devem ser homens de oração e humildade. Devem eles agir como homens que, em todos os seus intercâmbios com os irmãos, sejam guiados pelo Espírito de Deus. Eles devem dar um exemplo de retidão. Devem guardar sagradamente a reputação daqueles que estão fazendo a obra de Deus.
2. Escolher pessoas sábias
Durante anos o Senhor nos tem instruído a escolher homens sábios, homens dedicados a Deus, homens que conhecem os princípios do Céu, homens que têm aprendido a andar com Deus. Deve-se colocar sobre eles a responsabilidade de cuidar dos negócios ligados à nossa obra. Isso está de acordo com o plano bíblico conforme apresentado no sexto capítulo de Atos. Precisamos estudar esse plano, pois é aprovado por Deus. Sigamos a Palavra.
3. Escolher pessoas confiáveis
Deus ensinará Seu povo a proceder com cautela e a escolher judiciosamente os homens que não traiam os sagrados encargos. Se nos dias de Cristo foi necessário que os crentes usassem de prudência para a escolha dos homens para os cargos de responsabilidade, nós que vivemos neste tempo certamente precisamos usar de grande discrição. Devemos apresentar a Deus cada caso, e, com oração fervorosa, pedir-Lhe que escolha por nós.
4. Escolher pessoas que tenham experiência na fé
Os que são assim indicados para superintendentes do rebanho devem ser homens de boa reputação; homens que deem provas de possuir, não somente conhecimento das Escrituras, mas experiência na fé, na paciência, para que, em mansidão, possam instruir os que se opõem à verdade. Devem ser homens íntegros, não neófitos, mas inteligentes estudantes da Palavra, aptos para ensinar a outros também, tirando do tesouro coisas novas e velhas; homens que, em caráter, palavras, conduta, sejam uma honra à causa de Cristo, ensinando a verdade, vivendo a verdade, crescendo até à estatura perfeita em Cristo Jesus. Isso importa no desenvolvimento e fortalecimento de cada faculdade mediante o exercício da mesma, para que os obreiros se tornem aptos a suportar maiores responsabilidades, à medida que a obra aumenta.
5. Escolher pessoas dependentes de Deus
Procuram-se homens que sintam sua necessidade de sabedoria do alto, homens que sejam convertidos de coração, que compreendam que são apenas pecadores mortais e devem aprender lições na escola de Cristo antes de estarem preparados para moldar outras mentes. Quando os homens tiverem aprendido a depender de Deus, quando tiverem fé que atue por amor e lhes purifique a alma, então não colocarão sobre os ombros de outros homens fardos penosos de ser suportados.
6. Escolher pessoas com a excelência do caráter cristão
Mas a posição não faz o homem. É a integridade de caráter, o Espírito de Cristo, que o torna grato, nada interesseiro, sem parcialidade e sem hipocrisia; e, para Deus, isto é que tem valor. Que os cargos de responsabilidade sejam dados a homens experientes, provados e tementes a Deus, homens que suportarão a mensagem de reprovação enviada por Deus.
7. Não escolher pessoas que se opõem à unidade
Têm ultimamente surgido entre nós homens que professam ser servos de Cristo, mas cuja obra se opõe àquela que nosso Senhor estabeleceu na igreja. Têm métodos e planos de trabalho originais. Desejam introduzir mudanças na igreja, segundo suas ideias de progresso, e imaginam que desse modo se obtenham grandes resultados. Esses homens precisam ser discípulos em vez de mestres na escola de Cristo. Estão sempre desassossegados, aspirando a realizar alguma grande obra, fazer algo que lhes traga honra a si mesmos. Precisam aprender a mais proveitosa de todas as lições: humildade e fé em Jesus.
8. Não escolher pessoas que se recusam a cooperar
Deus pôs na igreja, como seus auxiliares indicados, homens de talentos diferentes para que, mediante a sabedoria de muitos, seja feita a vontade do Espírito. Os homens que agem de conformidade com seus próprios fortes traços de caráter, recusando aliar-se a outros que têm tido mais longa experiência na obra de Deus, ficarão cegos pela confiança própria, incapazes de discernir entre o falso e o verdadeiro. Não é seguro escolher tais pessoas para líderes na igreja; pois seguirão seu próprio juízo e planos, sem consideração pelo juízo de seus irmãos. É fácil para o inimigo agir por intermédio dos que, necessitando eles próprios de conselho a cada passo, se encarregam do cuidado das pessoas em sua própria força, sem ter aprendido a mansidão de Cristo
9. Não escolher pessoas que desejam pouco trabalho
Os que desejam apenas uma quantidade determinada de trabalho e que procuram encontrar uma atividade exatamente adaptada às suas aptidões, sem a necessidade de se preocupar em adquirir novos conhecimentos e em aperfeiçoar-se, não são os que Deus chama a trabalhar em Sua causa. Os que procuram dar o menos possível de suas forças físicas, espirituais e morais não são os trabalhadores sobre quem derramará abundantes bênçãos. Seu exemplo é contagioso. O interesse próprio é seu móvel supremo. Os que necessitam ser vigiados e trabalham apenas quando cada dever lhes é especificado não pertencem ao número dos que serão chamados bons e fiéis. Precisam-se obreiros que manifestem energia, integridade, diligência, e que estejam prontos a colaborar no que seja necessário que façam.
10. Não escolher pessoas imaturas
Um cristão imaturo, atrofiado em seu crescimento religioso, destituído de sabedoria do alto, está despreparado para enfrentar os ferozes conflitos pelos quais a igreja é chamada a passar. Os insinceros e profanos, os que são dados à tagarelice, que vivem a comentar as faltas alheias, ao passo que se descuidam das próprias, devem ser afastados da obra.
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
O GRANDE DESAPONTAMENTO
Ellen G. White em cena do filme Como tudo começou (assista abaixo) |
Eles haviam sido despertados para a espera da segunda vinda de Jesus por meio dos sermões e da exposição bíblico-escatológica do pregador leigo Guilherme Miller. Ele era um fazendeiro batista, autodidata em história universal e estudioso da Bíblia, cuja atenção se concentrou na cronologia bíblica, especialmente em relação às profecias de Daniel e Apocalipse.
Baseado no texto de Daniel 8:14, Miller chegou à conclusão que a purificação do santuário ali mencionada significava a purificação da terra pelo fogo. E que isso significava, portanto, a volta de Jesus ao mundo, de maneira pessoal e visível no dia 22 de outubro de 1844.[1]
Miller começou a pregar publicamente a partir de 1831[2], e o fazia de maneira convicta e tão persuasiva. Aonde quer que fosse, surgia um reavivamento espiritual. Porém, sua intenção nunca foi fundar uma nova igreja, mas advertir o mundo acerca da breve vinda de Cristo para que todos pudessem ser salvos.
Movimento que cresceu
Entre os anos 1838 a 1841, Miller recebeu o apoio de Josias Litch, Josué Himes (coordenador do movimento), Carlos Fitch e Silvestre Bliss que contribuíram para que suas pregações alcançassem as cidades grandes e tomassem âmbito nacional. Em um período de 12 anos, Miller chegou a pregar cerca de 4.500 sermões sobre a breve volta de Jesus.[3]
Um grande grupo de cristãos de várias denominações, estimado entre 50 a 100 mil pessoas, e entre 700 a 2000 pastores[4] creram nas pregações de Miller e se uniram a ele na proclamação da breve volta de Jesus, dando forte impulso ao “movimento milerita”.
No início do movimento, o tema da breve volta de Jesus foi bem aceito e resultou em reavivamento nas igrejas. Com a crescente expansão, os mileritas foram tolerados e os pastores aliados ao movimento tiveram de escolher entre seguir crendo na breve volta de Jesus ou deixar definitivamente o ministério. Os membros de suas igrejas acabaram sendo expulsos ou decidiram deixar as igrejas voluntariamente.
E quando o tão esperado dia – 22 de outubro de 1844 – chegou, eles esperaram até a meia-noite, mas Jesus definitivamente não veio. Ainda perseveraram até a manha do dia 23 de outubro de 1844, contudo sofreram uma grande desilusão, o chamado Grande Desapontamento.
Como resultado, os fiéis crentes mileritas ficaram desorientados, e sofreram grande zombaria e escárnio. O movimento entrou em crise e sofreu um processo de perda de identidade e todos acabaram sendo confrontados com a pergunta: Por que Jesus não veio?
Algum tempo depois, surgiram entre os mileritas diferentes tentativas de explicar o que havia acontecido, mas que finalmente causou a divisão do movimento e o surgimento de pelo menos quatro pequenos grupos:
(1) Os que descreram completamente na volta de Jesus e abandonaram a fé.
(2) Os que deram uma interpretação simbólica e espiritualista ao acontecimento, passando a ensinar que Cristo viera em Espírito e o milênio havia começado.
(3) Os que marcaram novas datas para a segunda vinda de Cristo.
(4) Os que, mesmo sem entender por que Jesus não havia voltado, perseveraram no estudo da Bíblia e na oração.
O movimento milerita surgiu como uma iniciativa profética levantada por Deus para cumprir a profecia de Apocalipse 10:8-11.
Curiosidade
O que aconteceu com Guilherme Miller após o grande desapontamento?
Miller foi excluído da Igreja Batista. Ele procurou fortalecer a fé dos desapontados e manteve a fé na breve volta de Jesus pelo resto da vida. Escreveu poucas cartas a amigos pastores. Publicou artigos na revista The Advent Herald e participou de assembleias em Low Hampton e Albany, nos Estados Unidos, com o objetivo de reunificar os mileritas. Porém, seus esforços afetaram fortemente a sua saúde. A partir de abril de 1849, ele não conseguia mais se levantar da cama. Guilherme Miller faleceu aos 67 anos no dia 20 de dezembro de 1849, e foi sepultado no pequeno cemitério perto da sua casa em Low Hampton, Estado de Nova Iorque.
Aplicação espiritual
Como você lida com desapontamentos?
Nossos irmãos mileritas depositaram suas esperanças em um acontecimento, uma data e foram amargamente frustrados. Em nossa vida também enfrentamos desapontamentos. Fazer uma pausa, olhar para trás, refletir sobre o que aquela situação trouxe de aprendizado, abrir o coração a Deus em oração e perseverar são formas sábias de reagir a desapontamentos.
Edegar Link (via Resgatando a História)
Sugestão para leitura adicional:
Knight, George. Adventismo – Origem e Impacto do movimento Milerita. Casa Publicadora Brasileira, 2014.
Schwarz, Richard W.; Greenleaf, Floyd. Portadores de Luz: História da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2016.
Referências
[1] Em princípio, Miller acreditava que Jesus voltaria entre a primavera de 1843 e 1844, sem fixar uma data exata. Mas acabou sendo influenciado principalmente pela interpretação da profecia dos 2300 anos de Samuel Snow para chegar a data de 22 de outubro de 1844. Veja mais detalhes em: C. Mervyn Maxwell. História do Adventismo, p. 30-32.
[2] Para saber mais detalhes veja: Everett Dick. Fundadores da Mensagem, p. 20.
[3] Everett Dick. Fundadores da Mensagem, p. 24.
Sobre a origem do movimento, veja o filme Como tudo começou: