segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

AQUI SE FAZ, AQUI SE PAGA?

"Pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas" (Colossenses 3:25).

Há um ditado popular que diz: “Aqui se faz, aqui se paga.” Vários personagens bíblicos expressaram essa mesma crença. Quando os irmãos de José chegaram ao Egito para comprar alimentos, José, reconhecendo-os, os declarou espiões e mandou prendê-los. Então seus irmãos julgaram que todo esse mal lhes sobreviera porque haviam maltratado seu irmão no passado (ver Gn 42:21, 22).

O rei Adoni-Bezeque, ao ser derrotado pelos exércitos de Judá e Simeão, teve os polegares cortados. Então fez a seguinte confissão: “Cortei os polegares de setenta reis, e [...] agora Deus me fez pagar do mesmo jeito!” (ver Jz 1:7).

Acabe matou Nabote e Deus mandou o profeta Elias dizer-lhe que ele teria o mesmo fim (ver 1Rs 21:19).

Salomão disse: “Se até os justos são castigados durante esta vida por causa de seus pecados, imagine o que acontecerá ao pecador rebelde!” (Pv 11:31, BV).

Davi cometeu adultério e homicídio, ao tomar para si Bate-Seba, a mulher de Urias. Quando ele se arrependeu, Deus lhe perdoou o pecado mas não removeu as consequências: “Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto Me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher” (2Sm 12:10).

Os judeus exigiram de Pilatos a condenação de Cristo clamando: “Caia sobre nós o Seu sangue e sobre nossos filhos!” (Mt 27:25). Ellen White, ao comentar este texto, diz: “Terrivelmente se cumpriu isso na destruição de Jerusalém. Terrivelmente se tem manifestado na condição do povo judeu durante todos estes séculos [...] Terrivelmente será aquela súplica atendida no grande dia do Juízo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 739).

Este comentário mostra que os resultados dos atos de uma pessoa poderão ser colhidos em sua própria vida, na vida de seus filhos, ou no Dia do Juízo. Nem tudo será pago agora, pois, se assim fosse, não haveria necessidade de um Juízo Final. O que é certo, porém, é que Deus estabeleceu um dia em que trará “a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12:14).

A única maneira de evitarmos as consequências eternas do pecado é o arrependimento sincero, a confissão a Deus e a aceitação do Seu perdão. Então “o castigo que nos traz a paz” será lançado sobre Jesus, pois “o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos” (Is 53:5, 6).

Rubem M. Scheffel (via Com a Eternidade no Coração)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

PAZ

Na Bíblia, há palavras que merecem um destaque especial. "Paz" é uma delas. Talvez uma leitura apressada esconda os muitos significados que estas três letras carregam.

O que é paz para você? Já pensou sobre isso?

Se a pergunta fosse dirigida ao profeta Naum, ele diria: "Paz é uma boa notícia" (Naum 1:15) - uma proclamação de sorte mudada, uma celebração. É o grito de quem volta da batalha como vencedor. De fato, a palavra hebraica para paz aqui é shalom, que não significa necessariamente ausência de guerra, mas o que se conquista com a guerra.

Isaías teria outras definições. Para ele, paz é um lugar - é ele quem diz que "aqueles que andam retamente entrarão na paz" (Isaías 57:2) -, mas não um lugar qualquer. Paz é um reino, possui um príncipe (Isaías 9:6) e uma lei peculiares.

Nas palavras de Jesus, paz é um presente (João 14:27), oferecido por Ele mesmo a Seus discípulos, nas páginas sangrentas do evangelho de João. É dom comprado com cravos e cruz, mas concedido pela graça para ligar o céu à terra.

Mas a novidade mais bonita vêm da pena do profeta Miquéias. Ele abre as cortinas do céu e nos revela: paz é uma pessoa. Depois de apresentar Aquele que tem "suas origens no passado distante do infinito” e profetizar sua encarnação miraculosa, assistida pela pequena Belém-Efrata, Miquéias declara: "Ele será a paz" (Miquéias 5:5) dos que O aceitarem e a Ele se renderem.

O mundo grita por paz. Mas para muitos em nossos dias, paz é simplesmente ausência - de problemas, conflitos, tristezas, frustrações, lágrimas e dor. Não sabem que o conceito bíblico é totalmente distinto. Na Bíblia, paz não tem que ver com ausência, mas com presença - presença de Deus. Paz é uma pessoa. Paz é Jesus. Ele é o guerreiro forte que vence a guerra e nos dá boas notícias para contar. Ele é o refúgio, o lugar seguro, que nos oferece segurança, identidade e sustento. Ele é a dádiva que tocou a Terra. Ele é Emanuel - Deus conosco. Ele é nossa paz. E nEle, com Ele e por causa dEle podemos descansar seguros. 

Paz é muito mais.

“Não há outra base de paz senão essa. A graça de Cristo recebida no coração subjuga a inimizade; afasta a contenda e enche de amor o coração. Aquele que se acha em paz com Deus e seus semelhantes não se pode tornar infeliz”, descreve Ellen White. “O coração que se encontra em harmonia com Deus compartilha da paz do Céu, e difunde ao redor de si sua bendita influência” (O Maior Discurso de Cristo, p. 28).

Jesus também lembrou que são “bem-aventurados os pacificadores” (Mt 5:9). Na mesma página, Ellen White completou: “Os seguidores de Cristo são enviados ao mundo com a mensagem de paz. Qualquer ser humano que, pela serena, inconsciente influência de uma vida santa, revela o amor de Cristo; qualquer ser humano que, por palavras ou ações, leva outro a abandonar o pecado e entregar o coração a Deus é um pacificador”. Isso não significa uso de armas nem conflitos de rua. Tem que ver com o cumprimento de nossa missão. Compartilhamos a paz por meio da Palavra de Deus, do testemunho pessoal e de uma vida exemplar.

Por outro lado, não podemos nos esquecer de que nunca haverá paz verdadeira enquanto os homens lutarem pelas conquistas exteriores que não comecem com a transformação interior. Os ditadores podem ser derrubados, novos direitos podem ser conquistados e ideias podem ser impostas, mas o coração continuará dominado pelo pecado, e o mal ressurgirá de outra forma. Essa paz é ilusória e passageira. A paz não é resultado da guerra. A paz é um dom de Deus.

Diante de um mundo em permanente convulsão, em que os fatos e as notícias negativas se repetem todos os dias perto e longe de nós, precisamos buscar, receber e compartilhar a paz que só Cristo pode dar. Em um mundo cheio de ódio e contenda, um mundo de guerra ideológica e de conflitos militares, desejamos ser reconhecidos como pacificadores e trabalhar pela justiça e paz mundiais sob Cristo como a cabeça da nova humanidade.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

RÚSSIA, UCRÂNIA E A CONTENÇÃO DIVINA

Explosão é vista na capital ucraniana de Kiev
Após dias de escalada de tensão e ameaças, a Rússia de Vladimir Putin atacou a Ucrânia nas primeiras horas desta quinta-feira (24).

Pouco depois de Putin ter autorizado, em pronunciamento pela TV, uma operação militar nas regiões separatistas do leste da Ucrânia, explosões e sirenes foram ouvidas em várias cidades do país. A Ucrânia informou que pelo menos 50 pessoas morreram.

Em seu pronunciamento, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.

Kiev tem congestionamentos, corrida aos mercados e estações de trem lotadas. ONU pede que Putin recue, e o presidente americano Joe Biden diz que a Rússia escolheu uma guerra de perdas catastróficas. E o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse em pronunciamento que a Rússia pode iniciar "uma grande guerra na Europa" a qualquer momento, e pediu aos russos que se oponham ao conflito.

Contenção divina
Segundo as profecias, o destino da Terra não está sujeito à boa-vontade de líderes humanos. O Soberano do universo intervém para conduzir o mundo a um desfecho específico. Quando parece que os povos vão se destruir, Deus age para contê-los. No Apocalipse, isso é representado pela imagem de quatro anjos segurando os quatro ventos do céu (Apocalipse 7:1).

A chave para se compreender essa simbologia está no sexto selo (Apocalipse 6:12-17). Nessa seção, fala-se de eventos cataclísmicos, que culminam no recolhimento das nuvens e a fuga dos “reis da terra” e de “todo escravo e todo livre”, que se abrigam “nas cavernas e nos penhascos dos montes” (ou seja, refere-se aos “eventos finais que conduzirão para a segunda vinda de Cristo”).[1] Pedem que os montes e rochedos caiam sobre eles e os escondam “da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro”. E a seção termina com uma pergunta contundente: “chegou o grande Dia da ira deles e quem é que pode suster-se?” (v. 17).

O capítulo 7, que constitui um parêntese entre o sexto e o sétimo selos, parece responder à pergunta feita em 6:17. Nele, apresentam-se “quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma” (Apocalipse 7:1). Na Bíblia e no simbolismo apocalíptico, o número quatro representa as quatro direções (norte, sul, leste e oeste), transmitindo a ideia de uma abrangência global, a totalidade do mundo (1Crônicas 9:24; Isaías 11:2; Jeremias 49:36; Ezequiel 7:2; Zacarias 2:6).

Os quatro anjos representam “os agentes divinos no mundo, retendo as foças do mal até que a obra de Deus no coração dos seres humanos seja concluída e o povo do Senhor receba o selo na testa”.[2] Assim como as casas dos israelitas foram marcadas com sangue para serem protegidas antes da última praga e do próprio êxodo, e algo semelhante tenha ocorrido no tempo do exílio (Ezequiel 9:1-11), no tempo do fim, o povo de Deus receberá um sinal distintivo para ser protegido contra as imensas destruições reservadas para os últimos momentos antes da volta de Jesus (Mateus 24:30, 31; 1Tessalonicenses 4:16-18).

Na Bíblia, Deus é o Senhor dos ventos (Amós 4:13). O Criador os utiliza para cumprir seus propósitos na Terra (Gênesis 8:1; Êxodo 10:13; 14:21). Ventos servem para destruir e proteger, trazer alimento (Números 11:31) ou a privação dele (Gênesis 41:6); nas mãos de Deus, o “vento abrasador” é um instrumento de juízo (Salmos 11:6; 48:7), como elemento desagregador (Salmos 18:42; 35:5). Na metáfora poética, Deus “cavalga um querubim”, voa “nas asas do vento” (Salmos 18:10; 104:3).

Porém, é nos textos dos Profetas que a imagem do vento assume um significado mais útil para a compreensão do símbolo apocalíptico. Vento se torna uma metáfora para a ação destruidora das nações que resulta na dispersão e no cativeiro (Jeremias 4:11-13; 18:17; 22:22; 49:32, 36; 51:1, 16; Ezequiel 5:2, 10; 13:11, 13; 17:21; Oseias 8:7; 12:1; 13:15; Hebreus 1:11). É tomado como símbolo apocalíptico em Daniel 7:1 a 8 e se apresenta com o mesmo significado no Apocalipse.

Na fase final da história humana, a Divindade atua para conter os impulsos violentos das nações. O livro de Daniel nos dá um vislumbre da ação dos mensageiros divinos junto aos governantes humanos – “o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (Daniel 10:13). Os quatro anjos simbólicos de Apocalipse 7 representam a ação de anjos reais, sem desconsiderar a atividade imprescindível do Espírito Santo, simbolizada pelos “sete espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Apocalipse 5:6; comparar com 1:4; 3:1; 4:5).

Consciência e ação
Para a escritora Ellen White, a mensagem apocalíptica dos quatro anjos segurando os quatro ventos tem implicações espirituais profundas quanto à consciência sobre o tempo em que vivemos, à condição espiritual de cada um e, especialmente, quanto à missão. Destaco a seguir algumas de suas mensagens sobre os quatro anjos e a contenção dos ventos:

1) “Os (…) ventos serão a incitação das nações para um combate fatal”, por parte de Satanás (Maranata, p. 173).

2) Apesar de a paz mundial se encontrar num estado de “incerteza”, com as nações “iradas” e fazendo “grandes preparativos de guerra”, “está ainda em vigor a ordem dada nos anjos, de segurarem os quatro ventos” (Maranata, p. 241).

3) Os acontecimentos são iminentes, apesar de ainda não ter chegado a hora da “batalha final” (Eventos Finais, p. 229).

4) Mesmo agora o “refreador Espírito de Deus está (…) sendo retirado do mundo. Furacões, tormentas, tempestades, incêndios e inundações, desastres em terra e mar, seguem-se um ao outro em rápida sequência” (Serviço Cristão, p. 52).

5) Tudo depende do fim da intercessão de Cristo no santuário celestial. Quando isso ocorrer, os anjos deixarão de segurar os ventos, e virão “as sete últimas pragas”, que são juízos divinos (Eventos Finais, p. 245).

6) Não há espaço para complacência. Devemos travar uma inevitável luta espiritual pela transformação do caráter (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 217).

7) Agora é o momento de alcançar o mundo com a mensagem para este tempo (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 374).

A paz entre as nações é apenas um verniz de civilidade e respeito mútuo. Se as paixões humanas pervertidas assumem o controle, toda a diplomacia desmorona. “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição” (1 Tessalonicenses 5:3). Somente o Rei dos Reis pode impedir que nos destruamos uns aos outros. Ele refreia o ímpeto destrutivo das nações, para preservar a vida. Portanto, como Jesus disse, não precisamos viver “assustados”, pois as guerras são um dos sinais do fim, mas não o fim (Marcos 13:7).

De nossa parte, cabe orar “em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Timóteo 2:2). Precisamos ter consciência de que a paz e a liberdade religiosa são uma dádiva, a qual devemos ajudar a preservar, como os maiores pacifistas. O tempo de graça e liberdade que temos deve ser aproveitado ao máximo para salvar pessoas. Nos dias atuais, não podemos brincar de ser cristãos. Devemos levar a sério nossa identidade e missão.

Adaptação de texto de Diogo Cavalcanti (via Apocalipses)

Referências
[1] Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ. Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2ª ed., 2009, p. 259.
[2] Francis Nichol (ed.). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, vol. 7, 2014, p. 864.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

ELLEN G. WHITE E OS SINDICATOS

Muitos adventistas do sétimo dia utilizando-se da Bíblia Sagrada e, principalmente, dos escritos de Ellen G. White, afirmam categoricamente que é um erro os cristãos adventistas se filiarem a sindicatos e participarem de movimentos reivindicatórios e grevistas. E aproveitam as redes sociais ou mesmo as "rodas de conversas" para condenar a participação de cristãos adventistas em qualquer greve ou manifestação por direitos. Passagens bíblicas são tiradas de seus contextos para dizer o que, de fato, não pretendem dizer. Mas afinal, o que a Bíblia Sagrada e Ellen G. White dizem sobre o assunto? É mesmo um pecado os cristãos adventistas participarem de sindicatos e suas atividades? Esse artigo tem por objetivo refletir em alguns pontos sobre este assunto complexo, mas sem pretender esgotá-lo e oferecer uma resposta universal e encerrada. As situações e contextos são muito diferentes, mas creio que podemos chegar ao bom senso cristão comum, digamos assim.

Antes de prosseguir na explanação do tema em questão, devo fazer o seguinte esclarecimento: As ideias inseridas no texto não representa de forma alguma o pensamento oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas tão somente reflexo da minha opinião pessoal, decorrente de minhas reflexões. Dito isto, prossigamos na análise do tema.

Ellen G. White e os Sindicatos
É verdade que a escritora cristã Ellen G. White fala dos sindicatos numa perspectiva muito negativa. A maior parte de sua vida foi vivida no século XIX, nos Estados Unidos da América do Norte. Nesse tempo, as questões trabalhistas já eram objeto de movimentos grevistas, e isso passou a gerar implicações de grande alcance. Em face desse problema, ela escreveu:

“Em razão de monopólios, sindicatos e greves, as condições da vida nas cidades estão-se tornando cada vez mais difíceis” (A Ciência do Bom Viver, p. 364).

“Essas cidades estão repletas de toda espécie de iniquidade – com conflitos e assassínios e suicídios. Satanás está nelas, controlando os homens em sua obra de destruição” (Vida no Campo, p. 25).

“Buscam os homens conseguir que os elementos empenhados em diferentes profissões se filiem a certos sindicatos. Esse não é o plano de Deus, mas de um poder que não devemos jamais reconhecer” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 115).

“Os sindicatos trabalhistas rapidamente se agitam e apelam à violência se suas reivindicações não são atendidas. Mais e mais claro está se tornando que os habitantes do mundo não estão em harmonia com Deus” (Eventos Finais, p. 23).

“Os sindicatos serão um dos instrumentos que trarão sobre a Terra um tempo de angústia tal como nunca houve desde o princípio do mundo” (Vida no Campo, p. 16).

“Não devemos ter nada que ver com essas organizações. Deus é o nosso Soberano, o nosso Governador” (Eventos Finais, p. 116).

Muitos valem-se destas e de outras citações dela para criticar os seus irmãos, afirmando que os mesmos incorrem em erro ao participarem de sindicatos e eventualmente de movimentos paredistas. Todavia, ao fazerem tal julgamento, tais pessoas desprezam uma das características fundamentais do método científico de análise literária: todas as declarações de um autor sobre determinado assunto a ser estudado devem ser cuidadosamente consideradas, levando-se sempre em consideração o contexto socioeconômico, político e religioso em que foram escritas. Se levarmos isso em conta evitaremos as más interpretações dos escritos dos autores. Esse princípio básico de compreensão de texto deve-se aplicar nas declarações supracitadas de Ellen G. White.

É importante que se diga que, as greves sindicais nos Estados Unidos na época de Ellen G. White eram marcadas por forte violência, que prejudicavam a própria causa dos trabalhadores, em vez de beneficiá-la. No seu artigo “O Sindicalismo nos Países industriais”, Carlos Fernando de Almeida, afirma que no final do século XIX, “os métodos de ação [dos sindicatos] revelavam grande dose de empirismo e improvisação. O recurso à greve, à sabotagem e à violência era frequente”. (http://analisesocial.ics.ul.pt/.../1224161582B5aYZ8dg3Hs9...).

Isso explica o fato dela escrever sobre o assunto de forma tão negativa. Vale ressaltar ainda que, ao escrever dessa forma dos sindicatos “a intenção de Ellen White não era tolher os direitos dos trabalhadores, mas simplesmente incentivá-los a assegurar seus direitos de forma pacífica, sem o uso da violência, característica das greves sindicais da época. É por essa razão que a Igreja Adventista não proíbe seus membros de se vincularem aos sindicatos modernos, mas apenas os orienta a não desconhecerem os princípios da não violência ensinados por Cristo (ver Mat. 5:38-42). (...)

“Desconhecendo o contexto da época, alguém poderia acusar o próprio apóstolo Paulo de discriminação sexual, ao ordenar que as mulheres ficassem caladas na igreja (ver 1Co 14:34 e 35). Isso confirma mais uma vez o princípio básico de que, para conhecermos o pensamento de um autor (inclusive de Ellen White), não podemos confiar meramente nas opiniões dos seus apaixonados advogados ou dos seus acérrimos inimigos, mas devemos estudá-los por nós mesmos, para ver se as coisas são "de fato, assim" (ver Atos 17:11)” (Revista Adventista, agosto de 1998. Casa Publicadora Brasileira, p. 33).

É evidente que os sindicatos de hoje são muito mais organizados do que os dos séculos passados. Não se observa mais a violência que caracterizavam as greves norte-americanas no século XIX. Carlos Fernando de Almeida ainda afirma que “as características dos sindicatos modernos são, na verdade, amplamente distintas das dos sindicatos dos fins do século XIX. As formas de organização, os métodos, os objetivos foram-se modificando, à medida que os sindicatos se iam mostrando capazes de vencer as primeiras resistências, de conquistar a confiança dos trabalhadores e de se implantar solidamente na sociedade” (http://analisesocial.ics.ul.pt/.../1224161582B5aYZ8dg3Hs9...).

O que diz a Bíblia?
Evidentemente que as Escrituras Sagradas nada dizem sobre as greves, como as que conhecemos hoje. Até porque nos tempos bíblicos não existia essas formas de organizações, que são modernas. Os sindicatos nascem na primeira metade do século XIX, como reação às precárias condições de trabalho e remuneração a que estão submetidos os trabalhadores no capitalismo. Porém, a Bíblia apresenta princípios que devem nortear o comportamento dos cristãos. Vamos analisar alguns textos comumente citados quando o assunto está em discussão, e que supostamente poderiam nos dar alguma orientação.

Aqueles que são contra a participação dos cristãos em movimentos paredistas são useiros e vezeiros das célebres palavras de Jesus: “dai a César o que é de César e dai a Deus o que é de Deus” (Lc 20:25). Indubitavelmente, quando Jesus profere estas palavras está ensinando sobre a obediência civil. Que devemos pagar impostos, obedecer as leis e respeitar as autoridades. Porém, penso que é possível o cristão fazer greve dentro da lei, respeitando as autoridades.

É preciso lembrar que greve é um direito constitucional do trabalhador. É legal. Na minha opinião, participar de uma greve quando é permitida por lei é algo lícito ao cristão. Vejamos o que diz a “lei da greve” ou LEI Nº 7.783, DE 28 DE JUNHO DE 1989.

• “Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

• Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador.

• Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.

Essa lei possui 19 artigos reguladores das greves, mas somente esses três já no servem como um grande filtro de ética. Se a greve em questão não for pacífica nenhum cristão deve participar. É crime segundo a lei brasileira e segundo a lei de Deus. Segundo, se a greve começou sem nenhuma tentativa de resolução do problema por vias normais nenhum cristão deve participar. A greve é um último recurso que deve ser evitado, não um atalho para resolver logo qualquer tipo de problema.

Esta lei define também, que: “Art. 6º. [...] § 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. [...] § 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa”. Uma greve que não obedece a isso, além do restante da lei e às decisões judiciais, seria ilegal ou abusiva, sendo, em minha opinião, não conveniente a participação do cristão. Quando ocorrem atos de violência e vandalismo os cristãos não devem fazer parte desses movimentos. O crente adventista deve sempre tomar uma posição pacífica e estar pronto para negociar. É importante evitar extremos e violência. A justiça é muito importante, mas a paz também é. Jesus afirmou: “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9, NVI).

A atitude do cristão adventista durante uma greve vai afetar seu testemunho. É preciso que ele saiba como defender sua posição sobre a situação de uma forma moderada e sensata, sem insultar ninguém. Fora ou dentro da greve, o cristão deverá ser “sal e luz” e manter sua fidelidade a Cristo (Mt 5:13, 14).

Ademais, é preciso analisar a justiça da greve. Se os salários dos trabalhadores estão defasados e as condições de trabalhos são precárias, o cristão pode participar de movimentos reivindicatórios. Quando cumpre a lei, a causa é justa e outros métodos pacíficos falham, os cristãos podem, sim, fazer greve. A greve é um recurso de última instância que serve para corrigir abusos por parte do patronato. Os trabalhadores só devem recorrer à greve quando não têm mais opções. A Bíblia não condena a luta pacífica pela justiça. Se a greve é justa, o cristão não se deve sentir culpado se participar. A greve é uma forma pacífica e legítima de resolver injustiça. Muitas vezes os trabalhadores sentem dúvidas ou até mesmo lesados em seus direitos, e quando isso acontece, o Sindicato o qual o trabalhador pertence, poderá orientá-lo como exigir o cumprimento dos seus direitos.

Os Sindicatos têm condições de tentar a solução dos problemas através de negociação, denuncia a Delegacia Regional do Trabalho, Procuradoria do trabalho se necessário, e em última instância ingressar com ação na Justiça do Trabalho.

Por vezes permitir que a injustiça continue causará mais problemas que uma greve. A greve prejudica o patronato temporariamente para resolver uma situação de injustiça permanente. Por exemplo, sem recurso a greve as mulheres nunca teriam conseguido o direito de igualdade salarial. Às vezes não podemos ficar indiferentes. Se Martin Luther King pensasse como muitos de nós, os negros americanos ainda estariam segregados. Foi ao custos de muitas greves, boicotes e manifestações que a América se dobrou às reivindicações daquele jovem pastor.

Um outro texto bíblico bastante utilizado por aqueles que são contra a participação dos cristãos nos sindicatos e nas greves, é Lucas 3:14: "Não pratiquem extorsão nem acusem ninguém falsamente; contentem-se com o seu salário". E, então eles concluem: os adventistas não devem participar de sindicatos e greves porque a Bíblia diz que devemos nos conformar com nosso salário. Eles ignoram o fato de que, quando João Batista falou aos soldados estas palavras estava advertindo contra a extorsão que praticavam para ganhar mais dinheiro (“a ninguém trateis mal nem defraudeis”). Portanto, não se trata de desqualificar a luta por melhores salários ou condições dignas de trabalho. Se a partir disso formularmos uma regra genérica de que “o cristão deve contentar-se com seu salário”, o simples fato de mudar de emprego ou estudar para passar num concurso para obter melhor remuneração já seria uma desobediência a Deus e, portanto, pecado.

Um outro texto empregado por aqueles que são contrários os cristãos participarem de sindicatos e greves, é Romanos 13:1, onde Paulo exorta-nos a submeter-nos às autoridades constituídas. Isso significa que devemos fazer o nosso trabalho bem e respeitar nossos chefes. O cristão não é um desordeiro que gosta de provocar confusão nem causar danos a outros. A ética normal de trabalho do cristão promove sempre a excelência. Não significa isso que não temos que lutar por melhores condições de salário e de trabalho. Por outro lado, a Bíblia diz que devemos lutar pela causa dos oprimidos. “Aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva” (Isaías 1:17, NVI). Cada cristão pode escolher se submeter a opressão individual mas tem o dever de defender outros. Quando uma pessoa oprime outra, quem tem poder para mudar a situação e não faz nada comete pecado (Tg 4:17). Uma greve nunca é uma questão individual; trata de situações de injustiça coletiva. Ao aderir a uma greve, o cristão adventista não está lutando apenas por um direito particular, mas pela classe que representa. Portanto, ele luta pelo bem comum.

Outro texto comumente empregado por aqueles que são contrários aos sindicatos e suas ações é Efésios 6:5-8. O apóstolo Paulo afirma: “Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo”. Note que o apóstolo está falando sobre realizar um trabalho honesto, e sobre não fingir que está trabalhando (“não servindo à vista”). Além disso, a relação de trabalho do trecho citado é de escravidão, permitido pela lei vigente. Não havia, entre os autores bíblicos, a intenção de incentivar seus destinatários a se rebelar contra a lei (1Co 7.20-24).

Finalmente, concluo retomando a questão do título do artigo: Pode um cristão adventista participar de Sindicato e de greves? Diante do exposto afirmo que SIM! Contudo, acredito que isso é uma questão de foro íntimo. Se o crente adventista sente-se desconfortável em filiar-se a um sindicato de sua categoria e de participar de greves, que não participe. Porém, se um outro percebe que sua participação não afeta sua vida espiritual com Deus, obedecendo os critérios da justiça, legalidade e do princípio da não violência, que participe. Cada um é livre para participar ou não na constituição de um sindicato e dele se tornar sócio. Ambos devem respeitar-se mutuamente.

Querido irmão, antes de sair por aí condenando cristãos que aderem as greves, consideremos a legitimidade de suas reivindicações. Como por exemplo, uma remuneração que lhes permita oferecer conforto e dignidade à sua família. O Deus revelado nos evangelhos está atento ao clamor dos trabalhadores! Ou não foi isso que Tiago disse em sua epístola?

“Vede! O salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando. Os clamores dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor Todo-poderoso.” Tiago 5:4

E como fazer vista grossas às passagens abaixo?

“Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás. O salário do operário não ficará em teu poder até o dia seguinte.” Levítico 19:13.

“Não explorarás o assalariado pobre e necessitado, seja ele teu irmão, seja ele estrangeiro que mora na tua terra e nas tuas cidades.” Deuteronômio 24:14.

Ricardo André (via facebook)

PROSTITUTAS NO REINO DE DEUS?

"Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus" (Mateus 21:31).

No tempo de Cristo publicanos e meretrizes eram desprezados pela sociedade, especialmente pelos fariseus. Os publicanos, ou cobradores de impostos, eram considerados como estando além da possibilidade de arrependimento, o que os excluía totalmente da salvação.

As meretrizes estavam mais ou menos no mesmo nível, pois a lei de Moisés estabelecia penas severas para as praticantes (Lv 21:9, Dt 22:21).

Agora imagine o espanto e a ira dos fariseus – tidos como exemplos de moralidade – ao ouvirem Jesus dizer que essas duas classes abominadas entrariam no Céu antes deles! Estaria Cristo elogiando os pecadores e condenando os observadores e intérpretes da Lei?

"Os fariseus eram favorecidos com todos os privilégios temporais e espirituais, e diziam com arrogância e orgulho: 'Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; contudo eram desgraçados, e miseráveis, e pobres, e cegos, e nus' (Ap 3:17). Cristo lhes ofereceu a pérola de grande preço; mas desdenharam aceitá-la, e Ele lhes disse: “Os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus” (Parábolas de Jesus, p. 56).

O significado desta parábola é claro: Jesus não está prometendo a salvação nem aos fariseus cheios de justiça própria, nem aos pecadores impenitentes. Ele não está elogiando ninguém aqui; está apenas dizendo que um grupo é menos pior do que o outro. Vejam: os versos precedentes falam de dois filhos: um prometeu ao pai que iria trabalhar na sua vinha, mas não foi. O outro disse que não iria, mas foi.

O primeiro representa os líderes judaicos, que não creram na pregação de João Batista nem aceitaram a mensagem de Jesus. Cumpriam com exatidão e zelo os ritos e cerimônias, mas rejeitavam a verdade, deixando assim de fazer a vontade de Deus. E Jesus deixou claro que sua desobediência lhes impediria a entrada no reino de Deus.

"Na multidão que estava perante Jesus, havia escribas e fariseus, sacerdotes e maiorais, e depois de ter apresentado a parábola dos dois filhos, Jesus perguntou: 'Qual dos dois fez a vontade do pai?' Esquecendo-se de si mesmos os fariseus responderam: 'O primeiro.' Isto disseram sem perceber que pronunciavam sentença contra si mesmos. Os publicanos e meretrizes eram ignorantes, porém estes homens cultos conheciam o caminho da verdade. Contudo recusavam andar no caminho que conduz ao Paraíso de Deus" (Parábolas de Jesus, p. 144).

Assim como na parábola nenhum dos dois filhos trouxe satisfação completa ao seu pai, Jesus quis ensinar também que nem os fariseus nem os publicanos e meretrizes representavam o grupo ideal. Os fariseus, porque diziam e não faziam (Mt 23:3). E palavras belas e piedosas não são substituto para boas ações. Os publicanos e meretrizes também não representavam o filho ideal, pois eram materialistas e mundanos, embora suas ações fossem, às vezes, mais piedosas do que as de muitos seguidores de Jesus. O filho ideal é aquele cuja profissão de fé é coerente com a prática. É o que diz e faz. É esse que traz alegria completa ao Pai.

Mas, é importante frisar que no reino de Deus encontraremos fariseus como Nicodemos, prostitutas como Raabe, e publicanos como Zaqueu. Todos convertidos e salvos pela fé em Jesus.

"Por mais miseráveis que sejam os espécimes da humanidade, de quem outros zombam e se retraem, não são baixos, nem miseráveis demais para a atenção e amor de Deus. Cristo anseia que homens aflitos, cansados e opressos, a Ele vão. Anseia dar-lhes luz, alegria e paz não encontradas em qualquer outra parte. Os piores pecadores são objeto da Sua profunda, ardente misericórdia e amor. Envia o Espírito Santo para sobre eles vigiar com ternura, procurando atraí-los a Si" (Parábolas de Jesus, p. 117).

Rubem M. Scheffel (via Com a Eternidade no Coração)

Inserção de textos de Ellen G. White foram feitas pelo blog.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

SINAGOGA DE SATANÁS

A palavra sinagoga, que significa “congregação”, ou etimologicamente “instrução conjunta”, identifica o lugar de adoração e de leitura e exposição da lei utilizado pelos judeus. O costume de se reunirem para esse fim ocorria, provavelmente, já no tempo do exílio babilônico, mas sua plena efetivação teve lugar depois do retorno do cativeiro. Os judeus entenderam que este viera em resultado do desprezo à Torah, o ensino de Deus, e então instituíram a sinagoga para restaurar o conhecimento da lei e impedir que se esquecessem de sua tradição histórica e religiosa.

Neemias 8 registra o que poderia ser chamado de o nascedouro da sinagoga. Alguns dias após a construção dos muros de Jerusalém, e próximo à festa da Expiação, os judeus se reuniram numa praça, e Esdras, ocupando um púlpito, leu o livro da lei para eles, enquanto um grupo de levitas auxiliava nas explicações (versos 2 a 8). Daí por diante seria uma prática comum esse tipo de reunião. Com o tempo, edifícios começaram a ser construídos onde o encontro passou a ser sistemático. Principalmente após a rebelião dos Macabeus no segundo século a.C., através da qual os judeus se tornaram independentes do poder sírio, a prática do estudo da lei se estendeu às comunidades da Diáspora, constituídas por judeus que não haviam retornado.

Sinagoga e culto cristão
A sinagoga foi certamente a precursora do local de reunião dos cristãos (mais tarde conhecido como igreja) e de seu modo original de culto e dia de reunião. Os judeus dedicavam-se na sinagoga a momentos de oração, louvor e estudo, com cânticos dos salmos e leitura de documentos inspirados, o Pentateuco e então os Profetas. A seguir, era proferida uma análise expositiva dos textos lidos, conhecida como derash, o que, nos termos da liturgia cristã, poderia ser chamado de sermão. Finalmente, a oração e bênção, proferidas pelo líder com um amém responsivo da congregação.

Podemos inferir que esta foi também a forma do culto cristão primitivo, pois, conforme o livro de Atos, as reuniões exclusivamente cristãs, e em locais próprios, só passavam a ocorrer quando os judeus expulsavam de suas sinagogas os pregadores do Evangelho e aqueles que lhes aceitavam a mensagem. Em outras palavras, as congregações cristãs nasceram com o uso das sinagogas. Naturalmente os que agora a compunham, reuniam-se num local que poderia ser eventualmente chamado também de sinagoga (ver Tiago 2:2), pois se reuniam no mesmo dia e cumpriam uma liturgia idêntica, com a diferença de que todo o serviço era cristocêntrico, inclusive a leitura e exposição do texto sagrado. Igrejas com a tendência de alterar o padrão, principalmente em razão do exercício distorcido de algum dom espiritual, receberam a repreensão e correção apostólicas (ver 1 Coríntios 14).

Ainda no primeiro século, determinados documentos elaborados pelos apóstolos, ou sob a orientação deles, passaram a ser considerados de origem divina tanto quanto as “demais escrituras” (2 Pedro 3:16), e eram, assim, incluídos como material de leitura e reflexão (Colossenses 4:16; Apocalipse 1:3). Muito provavelmente a epístola aos Hebreus foi chamada pelo próprio escritor de “palavra de exortação” (13:22), porque ele esperava que fosse lida e estudada pelos destinatários em suas reuniões (3:13).

A sinagoga se reunia em mais de um dia na semana, mas o sábado se destacava (Atos 13:27; 15:21). Paulo, em Corinto, pregava aos sábados na sinagoga, “persuadindo tanto judeus como gregos” (verso 4). Depois de algum tempo, e diante da oposição dos primeiros, passou a utilizar a casa de Tício Justo, “contígua à sinagoga” (verso 7), prosseguindo com as reuniões por “um ano e seis meses” (verso 11), naturalmente aos sábados, como fizera desde o princípio e em todos os lugares aonde chegava (13:14, 42, 44; 16:13; 17:2). A igreja primitiva, portanto, herdou dos judeus não somente a forma como também o dia de culto. No segundo e terceiro séculos, todavia, com o antisemitismo tornando-se cada vez mais generalizado entre os cristãos, foi-se fortalecendo a tendência do sábado ser permutado pelo domingo, o famoso dia do culto ao Sol em todo o Império, tendência que alcançou plena consolidação no quarto e quinto séculos, embora existissem cristãos que ainda respeitavam o sábado.

Sinagoga de Satanás
O Apocalipse faz duas referências à “sinagoga de Satanás”, a primeira no contexto da perseguição sofrida pela igreja de Esmirna, e a segunda na carta à igreja de Filadélfia, com sabor escatológico e também ligada à perseguição (2:9; 3:9). Segundo Tertuliano, os judeus, opondo-se ao Evangelho, tornaram as sinagogas um centro promotor de perseguição, planejando ali as acusações que fariam contra os cristãos às autoridades. Atos indica que isto foi verdade desde o princípio (13:45-50; 14:2; 17:5, 13; etc.). Que mudança lastimável! De local de estudo e oração, num centro de intrigas e maquinações, onde eram tramados planos para combater a Jesus e Seus seguidores.

Como já referido, sinagoga significa congregação, e o próprio Apocalipse chama a Satanás de acusador (12:10). Portanto, sinagoga de Satanás é congregação dos que acusam. A fórmula se amolda ao que vinha ocorrendo. Na verdade, o grande acusador da Igreja é o diabo, e seus seguidores não lhe ficam atrás. Finalmente, ele congregará o mundo para a última batalha contra Deus e Seu povo (16:14, 16). Naquele dia, Armagedon (que significa o monte de Megido) se transformará numa gigantesca “sinagoga de Satanás”, que envolverá a humanidade. Em outras palavras, a perseguição do passado é um tipo da perseguição futura e final, e nesse tempo a mensagem à igreja de Esmirna será de grande alento para o povo de Deus.

Nos últimos dias
Segundo a profecia, a “sinagoga de Satanás”, isto é, o grupo de acusadores, estaria de volta nos dias finais. Ellen G. White diz: "Satanás tem a sua grande confederação, a sua igreja. Cristo chama-a sinagoga de Satanás, porque seus membros são filhos do pecado. Os membros da igreja de Satanás têm estado a trabalhar constantemente para lançar fora a lei divina, e tornar confusa a distinção entre o bem e o mal. Satanás está operando com grande poder nos filhos da desobediência e por meio deles, para exaltar a traição e a apostasia como verdade e lealdade. E neste tempo o poder de sua satânica inspiração está movendo os instrumentos vivos a fim de promoverem contra Deus a grande rebelião que começou no Céu" (A Igreja Remanescente, p. 12).

Ellen G. White também fala que apóstatas manifestarão “a mais amarga inimizade, fazendo tudo o que está ao seu alcance para oprimir e difamar seus antigos irmãos, e incitar a indignação contra eles” (Testimonies, vol. 5, p. 463). Serão os piores inimigos da Igreja, pois “quando os observadores do sábado forem levados perante os tribunais para responder por sua fé, esses apóstatas serão os mais ativos agentes de Satanás para representá-los falsamente e os acusar e, por meio de falsos boatos e insinuações, incitar os governantes contra eles” (O Grande Conflito, p. 607). A julgar pela forma como hoje, em dias de relativa paz, acusam, não é difícil supor como acusarão quando a prova final chegar!

Nessa ocasião, as palavras de Apocalipse 3:9, o segundo texto que fala da sinagoga de Satanás, também se cumprirão. Ellen G. White aplica as palavras do texto à experiência desses apóstatas momentos antes de Jesus aparecer nas nuvens. “Logo ouvimos a voz de Deus semelhante a muitas águas a qual nos anunciou o dia e a hora da vinda de Jesus... Ao declarar Deus o tempo, verteu sobre nós o Espírito Santo, e nosso rosto brilhou... Foi então que a sinagoga de Satanás conheceu que Deus nos havia amado a nós..., e adoraram a nossos pés” (Vida e Ensinos, p. 58). 

O ato de adorar não significa que se arrependeram e foram salvos. “Esta classe é de adventistas nominais que caíram, já crucificaram de novo o Filho de Deus, e O expuseram ao vitupério público. E na hora da tentação que está para vir, para revelar o verdadeiro caráter de cada um, eles conhecerão que estão perdidos para todo o sempre; e oprimidos, angustiados de espírito, cairão aos pés dos santos” (A Word to the ‘Little Flock’, p. 12).

Notem que os que compõem a sinagoga de Satanás “expuseram Cristo ao vitupério público”. De que maneira? Uma delas pelo método satânico de acusações à Igreja e a seus membros, acusações que se tornam conhecidas aos de fora. Segundo a lei do Evangelho, faz-se ao próprio Cristo o que se faz ao seguidor de Cristo (Mateus 25:40).

A sinagoga de Satanás não começou a operar apenas a partir de 1914 com o surgimento dos chamados reformistas, distribuindo aos quatro cantos sua literatura deletéria, mas desde o início do movimento adventista. No século passado, por exemplo, surgiram os que afirmavam que a Igreja e seus dirigentes eram Babilônia, e usavam os escritos do Espírito de Profecia para substanciar seus pontos de vista. Ellen G. White os repreendeu, afirmando que Deus não os havia enviado, e que eram impulsionados por outro espírito (ver Mensagens Escolhidas 2, pp. 63-71). Entre outras coisas, ela observou que a obra daquelas pessoas era “acusar e despedaçar” (p. 69). Ela também disse: “Quando homens se levantam, pretendendo ter uma mensagem de Deus, mas em vez de combaterem contra os principados e potestades, e os príncipes das trevas deste mundo, eles formam um quadrado, virando as armas de guerra contra a igreja militante, tende medo deles. Não possuem as credenciais divinas” (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 22).

E observem uma vez mais que o vitupério de Cristo é de natureza “pública”. Hoje, a sinagoga de Satanás se encontra em franca atividade, utilizando os meios de comunicação para alardear acusações. Com isto, inevitavelmente, a imagem do povo de Deus é injuriada diante do mundo, e o propósito satânico é cumprido, não importa se as acusações tenham fundamento ou não.

Não sou tolo imaginando não haver problemas na Igreja. Problemas há, e muitos; a Igreja, composta de pecadores, é ainda militante e continuará a sê-lo até Jesus voltar. Ellen G. White diz que “embora existam males na Igreja, e tenham de existir até ao fim do mundo, a Igreja destes últimos dias há de ser a luz do mundo poluído e desmoralizado pelo pecado. A Igreja, débil e defeituosa, precisando ser repreendida, advertida e aconselhada, é o único objeto na Terra ao qual Cristo confere Sua suprema consideração” (Testemunhos Para Ministros, p. 49, grifos acrescentados). “Ele vela constantemente com solicitude por ela, e fortalece-a por Seu Espírito Santo” (Mensagens Escolhidas 2, p. 96).

Vejam esta importante advertência de Ellen G. White: "É de suma importância que os ministros e obreiros dêem exemplo correto. Se eles sustentam e praticam princípios falhos, frouxos, seu exemplo é citado por aqueles que gostam mais de falar do que de fazer, como plena justificativa de sua maneira de agir. Cada erro cometido magoa o coração de Jesus e prejudica a influência da verdade, que é o poder de Deus para a salvação das almas. Toda a sinagoga de Satanás busca descobrir faltas na vida dos que estão procurando representar a Cristo, e tira o máximo proveito de cada falha" (Conselhos sobre Saúde, p. 559).

Conclusão
Lembremos que a Igreja é propriedade do Senhor, e não nossa. Ele a tem nas mãos, e a está conduzindo. Não tentemos fazer o que é atribuição dEle, porque certamente o faremos equivocadamente. O que tem de ser consertado sê-lo-á no tempo certo, do modo certo, e pela Pessoa certa. “Vestida com a completa armadura de luz e justiça, entra a Igreja em seu conflito final” (Testemunhos para Ministros, p. 17). Acredito plenamente nesta afirmação profética. Deus aparelhará a Igreja para esse momento decisivo, e finalmente a exibirá vitoriosa no glorioso dia; e com ela todos os que forem achados fiéis.

[Com informações de Revista Adventista]

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

AS 7 BEM-AVENTURANÇAS DO APOCALIPSE

O livro do Apocalipse fecha com chave de ouro o cânon das Sagradas Escrituras. Foi colocado ali como a coroa do Novo Testamento. Não somente inspira fé no triunfo final do reino de Cristo, mas também constitui uma promessa de que as esperanças da igreja chegariam a seu tempo a uma consumação gloriosa. Não somente o Novo Testamento dá evidência de seu Autor divino, mas o livro do Apocalipse obedece a um planejamento. Ele se abre com mensagens endereçadas a sete igrejas típicas no mundo e se encerra com a visão majestosa da cidade celeste que não tem templo, porque “seu templo é o Senhor Deus todo-poderoso” (Ap 21:22). Ele descreve em rápidas visões as vicissitudes da igreja desde seu início até seu triunfo glorioso. E dentro da narrativa se encontram as sete bem-aventuranças, não menos preciosas por estarem, por assim dizer, ocultas na mina de ouro da verdade.

Peguemos essas sete jóias uma a uma, e as examinemos à luz de todo o Apocalipse. Elas nos lembram as oito bem-aventuranças com que Cristo saudou a família humana ao expor a natureza de Seu reino, no Sermão da Montanha. É o mesmo Salvador amante que pronuncia essas bênçãos singulares para assegurar à Sua igreja que Ele é Aquele que “nos ama” e que logo virá “com as nuvens” (Ap 1:5 e 7).

1. “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Ap 1:3).

Prevendo a negligência com que o livro seria tratado mesmo por professos amantes das Escrituras, Jesus pronuncia uma bênção sobre todos que o leriam. O grego sugere uma leitura em voz alta, que era muito importante quando livros eram copiados à mão e poucos os podiam ler. O importante era ler, ler com a mente aberta, numa atitude de oração, o livro todo, visto que o livro é a “revelação de Jesus Cristo, a qual Deus Lhe deu, para mostrar a Seus servos as coisas que brevemente devem acontecer” (verso 1). Como podemos negligenciar uma bênção tão grande conferida à igreja como esse livro, o qual, como nenhum outro, exalta a Cristo e revela à igreja Sua posição na corrente da História?

“E abençoados são aqueles que ouvem e que guardam.” Muitos estudam o livro do Apocalipse como literatura. Mesmo como literatura, seu impacto sobre o leitor moderno é extraordinário. Suas metáforas são majestosas como o céu e tão inspiradoras como a eternidade. Reverberam com as cadências dos coros angélicos quando cantam: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso que era, e que é, e que há de vir” (Ap 4:8). É grandioso como literatura, mas a bênção mais duradoura é reservada para aqueles “que guardam o que nele está escrito”. Não basta ser um espectador do grande drama dos séculos, como é retratado no livro. Abundante alegria aguarda aqueles que rendem a alma em obediência aos apelos do Espírito, quando Ele fala ao coração individual: “Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida” (Ap 22:17).

“Porque o tempo está próximo.” Se havia uma bênção para os leitores do Apocalipse nas comunidades cristãs primitivas que sofriam perseguições cada vez piores pelas autoridades, e com heresias insidiosas dentro de suas próprias fileiras, maior ainda é a bênção agora, quando a salvação está às portas e a história está rapidamente alcançando seu clímax. “O tempo está próximo” para cada geração sucessiva no palco da História. Uns poucos anos rápidos e a cortina se fecha. No relógio da eternidade, mesmo a procissão implacável dos séculos é como o bater dos segundos. O tempo marcha! Página após página das profecias da Bíblia se cumpriram, e a convicção é inevitável de que estamos no limiar de acontecimentos solenes.

2. “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam” (Ap 14:13).

Um dos objetivos principais do Apocalipse era fortalecer a resolução do crente em face de um martírio possível. A mensagem à igreja de Esmirna – “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2:10) – deve ter encorajado muito crente vacilante em face do dilema de adorar o imperador como Senhor, ou perecer. De muitos é dito: “Não amaram a sua vida até à morte” (Ap 12:11). Quando o velho Policarpo, bispo de Esmirna, foi intimado a comparecer no tribunal como cristão e sendo-lhe dada a oportunidade de retratar-se, ele pronunciou com resolução as palavras memoráveis: “Oitenta e seis anos eu O servi, e Ele nunca me falhou; como então posso negar meu Rei que me salvou?”

Repetidamente era uma causa de assombro às autoridades pagãs o testemunho da coragem inabalável dos cristãos, dispostos a suportar o martírio, se o nome de Deus pudesse assim ser glorificado. Os perseguidores ficavam surpresos na presença de suas vítimas, porque nada conheciam da graça divina que os animava. Não teria sido essa segunda bem-aventurança um fator potente em sustentar a fé de muito cristão em face da morte?

Podemos imaginar que se uma tristeza se refletia no semblante desses mártires, era a de abandonar seu trabalho de amor, para dizer adeus àqueles que estavam levando a Cristo. Mas era tanto deles como nossa, a garantia do Espírito de que seu labor não fora em vão. Seu testemunho, selado por uma entrega completa a Cristo, continuaria a exercer uma influência salvadora sobre a posteridade. “Suas obras os seguem.”

Nem todo cristão é chamado ao martírio, mas todos são chamados a uma vida de serviço dedicado a Cristo. A segunda bem-aventurança pertence a todos eles. Ninguém precisa imaginar, quando chamado ao descanso, se seus trabalhos foram em vão. Abel, embora morto, ainda fala (Hb 11:4). A moedinha da pobre viúva ainda inspira liberalidade. O perfume do vaso de alabastro quebrado sobre os pés de Jesus, ainda espalha sua preciosa fragrância. Ninguém pode medir o círculo de influência crescente motivado pela vida de um cristão devoto.

3. “Bem-aventurado aquele que vigia” (Ap 16:15).

Esta bem-aventurança é colocada no contexto do sexto flagelo. Um estudo cuidadoso dos capítulos 15 e 16 revela o fato de que os sete últimos flagelos simbolizam julgamentos sobre uma humanidade impenitente, depois do encerramento do tempo da graça. A misericórdia de Deus não é ilimitada. As Escrituras deixam claro que haverá um último apelo ao arrependimento. Este último apelo é representado pela mensagem dos três anjos de Apocalipse 14. A primeira mensagem (versos 6 e 7) anuncia que a hora do juízo divino é chegada. Este julgamento, ainda futuro no tempo do apóstolo Paulo, tinha, não obstante, seu dia designado no calendário divino de eventos (Atos 17:31). O tribunal celeste está agora em sessão. Esta verdade bíblica, reconhecida há mais de um século, foi proclamada com poder crescente desde esse tempo.

A segunda mensagem (Ap 14:8) é uma advertência a não confundir os ensinos de uma igreja apóstata com os ensinos das Escrituras. A terceira mensagem emprega termos ainda mais severos e adverte a todos contra o conformismo ao relativismo moral que desafia a lei imutável de Deus, e encoraja submissão a uma instituição religiosa inventada pelos homens, em oposição a um mandamento expresso de Deus. Aquele que escolhe deslealdade ao Criador, “beberá o vinho da ira de Deus”, que encontra expressão nos terríveis julgamentos de Apocalipse 16.

Esses julgamentos são seguidos pela cena portentosa da segunda vinda de Cristo. A rapidez dramática dos acontecimentos vindouros é expressa pela advertência: “Eis que venho como ladrão” (Ap 16:15). Às multidões da Terra, a despeito de repetidas advertências, o advento glorioso de Cristo virá como uma terrível surpresa. Não precisava ser assim. Quão trágico que o dia no qual a esperança de todos os séculos encontra seu desfecho, tomasse a tantos desprevenidos!

Não é apenas o Apocalipse que levanta a bandeira de advertência. O apóstolo Paulo também advertiu: “Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição” (1Ts 5:2 e 3). Há alguns anos, em Nova Iorque, sob os auspícios do Centro para o Estudo das Instituições Democráticas, um grupo distinto de teólogos e filósofos, historiadores e diplomatas, se reuniu para discutir a encíclica do Papa João XXIII, Pacem in Terris (Paz na Terra). A reunião desses notáveis sublinha o anseio da humanidade pela paz.

Em vista do persistente apego da humanidade às coisas terrestres, quão solenes são as palavras: “Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha” (Ap 16:15). As vestes têm um papel importante no simbolismo do Apocalipse. Somente as vestes brancas da justiça de Cristo qualificam o crente a ficar de pé na presença de um Deus santo. É possível perder essa veste e ser visto exposto aos olhos do Universo. Quão oportuna é, então, a advertência de guardar suas vestes, isto é, guardar-se envolto na justiça de Cristo, a cada momento.

4. “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Ap 19:9).

A reunião de Cristo e Sua igreja no final da história é chamada “bodas do Cordeiro”. Vinte e oito vezes é Cristo chamado “o Cordeiro”, no livro do Apocalipse. É como o Cordeiro de Deus morto desde a fundação do mundo, que Cristo remiu o homem da escravatura do pecado. Segundo Apocalipse 5:9, o direito de Cristo abrir o pergaminho da história da redenção, e presidir sobre o desenrolar do drama como Senhor e Salvador, fundamenta-se no fato de que Ele é o Cordeiro que foi morto, por cujo sangue o homem foi resgatado por Deus.

O livro do Apocalipse poderia ter sido chamado “a história de um casamento há muito esperado”. No Calvário, Cristo pagou o preço de nossa redenção. De lá para cá, a igreja de Cristo é Sua “propriedade peculiar”. Mas a festa de casamento não pode se realizar até que o número pleno dos remidos esteja completo. Em Mateus 22:2 e 3, Jesus comparou o reino do Céu a um “rei que celebrou as bodas de seu filho; então, enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas”. O convite ainda se repete, sempre que o evangelho é pregado. Quão gratos nos deveríamos sentir, uma vez que nós também estamos sendo convidados a esse cerimonial! Verdadeiramente abençoados “são aqueles que são convidados às bodas do Cordeiro”. Participar dessa festa de casamento é ser herdeiro de todas as alegrias da eternidade. E a alegria suprema, que a todas excede, é que os hóspedes “verão o Seu rosto, e na sua testa estará o Seu nome” (Ap 22:4).

5. “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte” (Ap 20:6).

Bem-aventurados aqueles que têm parte “na primeira ressurreição”. Que encorajamento aos crentes fiéis que foram torturados ou queimados durante as cruéis perseguições que mancharam as páginas da história romana e medieval! Tribunais humanos poderiam privar um cristão de sua vida na Terra, mas nunca poderiam privá-lo de participar na primeira ressurreição. O fato de que alguns descem à sepultura em pleno vigor, enquanto outros enfrentam a morte quando a idade e a enfermidade roubaram todo o encanto da vida, não significa que Deus Se esqueceu dos Seus. Deus não esquece jamais. Os nomes dos Seus santos estão gravados nas palmas de Suas mãos, disse Isaías. “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos Seus santos”, confirma o salmista (Sl 116:15).

Para muitos, a primeira morte é a bendita libertação de sofrimento inexprimível. Para o justo, a morte é o raiar de uma nova manhã brilhante, com a promessa de vida eterna. “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida.” Mas Jesus acrescentou: “E os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (João 5:28 e 29).

A primeira ressurreição, portanto, fala de vida e regozijo para todo o sempre. Ter parte nela é um privilégio inestimável. É por isso que o evangelho é de fato “novas de grande alegria”. Com isto em vista é que Cristo morreu a morte do Calvário, para que pudéssemos participar da vida de Deus. O filósofo inglês C. Joad, depois de gastar muitos anos no labirinto do ceticismo, voltou-se para o cristianismo quando reconheceu que a mensagem fundamental do Novo Testamento é “a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23). É a nota triunfal em cada evangelho. Soa com um crescendo persistente em cada epístola e culmina com o glorioso final do Apocalipse.

6. “Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (Ap 22:7).

O profeta está chegando ao ponto final de sua mensagem. Sua preocupação principal era a de formular, em palavras inteligíveis, o conteúdo daquelas visões celestes que lhe foram dadas em Patmos, as quais abraçaram, num panorama abrangente, acontecimentos até onde o tempo mergulha na eternidade. Foi difícil para João descrever o desenrolar da grande controvérsia entre a luz e as trevas que começou no Céu e transferiu-se para o palco deste planeta, assumindo aspectos mutantes, mas essencialmente envolvendo os mesmos atores. Muito mais difícil, porém, foi descrever a restauração de todas as coisas depois do milênio, a descida da Nova Jerusalém e as glórias da Santa Cidade com “o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22:1). Mas quer elas se refiram aos portentos no Céu ou na Terra, as palavras do Apocalipse, a despeito de seu simbolismo obscuro, tinham em vista um grande alvo: fortalecer a igreja e cada crente individual para as crises sucessivas no conflito dos séculos.

Bem-aventurado, portanto, é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro. De Júlio César, o historiador Suetônio relata que, quando ele ia subindo para o edifício do Senado, naquela manhã fatal de março, um mensageiro apertou em suas mãos uma nota advertindo-o da conspiração contra sua vida. César estava tão preocupado com os negócios importantes do governo que não quis tomar tempo para lê-la. Mais de um soldado perdeu a vida porque instruções enfiadas em seu bolso foram ignoradas. Todas as advertências, todos os convites da graça contidos no Apocalipse, de nada valerão se não forem lidos. De outro lado, um enriquecimento espiritual compensará todos aqueles que examinam essas profecias como a tesouros escondidos.

7. “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas” (Ap 22:14).

Esta é a leitura nos melhores manuscritos, embora outros bons manuscritos também rezem: “Bem-aventurados são aqueles que guardam seus mandamentos.” É difícil palmilhar as veredas da vida sem manchar nossas vestes com a nódoa do pecado. Porém, desde o Calvário há uma “fonte aberta” para todos que “queiram lavar-se do pecado e da impureza” (Zc 13:1). Antes da última ceia, quando Jesus estava lavando os pés de Seus discípulos, Ele disse a Pedro: “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo” (João 13:8). Pedro imediatamente compreendeu que o lavar dos pés era um símbolo da purificação do pecado, no coração. João também o compreendeu, pois em sua primeira epístola usou a mesma expressão: “E o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1:7).

Ter as vestes lavadas expressa a relação mais sagrada do discípulo para com o seu Senhor. Significa aceitar em sua plenitude o poder purificador de Seu sangue. Se vestes sujas denotam uma vida manchada pelo pecado, vestes lavadas simbolizam uma vida totalmente rendida a Cristo.

Todo aquele cujo coração foi purificado por Cristo, guardará voluntariamente Seus mandamentos. É a resposta espontânea de um coração regenerado pela graça de Cristo.

Aqueles, pois, cujas vestes foram lavadas, “têm direito à árvore da vida”. No simbolismo das Escrituras, partilhar da árvore da vida é desfrutar a vida eterna, da qual Deus é a única fonte. É obter a vitória sobre o último inimigo do homem, a saber, a morte. Desta experiência Paulo escreveu: “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (1Co 15:53).

Com esta última bem-aventurança, João deixa o crente dentro dos portais da cidade celeste, herdeiro de todas as bênçãos que um Deus amorável tem em reserva para os Seus. As glórias inefáveis do Céu são suas, em Cristo.

Siegfried J. Schwantes (via Revista Adventista)

DESAFIO DOS 40 DIAS - CASAMENTO À PROVA DE FOGO

Vocês se lembram do filme chamado À Prova de Fogo (assista aqui) de 2008? Ele retrata um casal que está se separando, e antes de sair o divórcio, o homem recebe do seu pai um livro com 40 desafios para fazer ao longo de 40 dias. Desafios esses que podem salvar o casamento. Ele fez o desafio sozinho, sem a mulher saber, e o fez por 43 dias. Não, você não precisa do seu parceiro para começar o desafio! Aliás, o desafio é fazê-lo só. Se for feito a dois é muito bom também, mas a meu ver, não é mais “desafio”. 

Seja firme! E independente da reação do seu cônjuge ao longo desse tempo, não desista de maneira alguma. Se pensar em desistir, tranque-se em um quarto ou até mesmo no banheiro e peça força a Deus. Ele sem dúvidas te ajudará. Provavelmente não vai ser fácil, mas garanto que vai valer muito a pena.

O DESAFIO DO AMOR (compre o livro aqui)

1º DIA: O AMOR É PACIENTE
"Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor" (Efésios 4:2).

A primeira a parte do desafio de hoje é bastante simples. Apesar do amor se comunicar de várias formas, as palavras, na maioria das vezes, refletem o estado do nosso coração. Para o próximo dia, decida demonstrar paciência e de modo algum diga algo negativo para o seu cônjuge. Se a tentação surgir, não diga nada. É melhor segurar a língua do que dizer algo de que possa se arrepender depois.

"Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se" (Tiago 1:19).

2º DIA: O AMOR É BONDOSO
"Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo" (Efésios 4:32).

Além de, mais uma vez, não dizer palavras negativas ao seu cônjuge hoje, demonstre bondade com, no mínimo, um gesto inesperado.

"O que faz um homem desejável é a sua benignidade" (Provérbios 19:22).

3º DIA: O AMOR NÃO É EGOÍSTA
"Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honras aos outros mais do que a si próprios" (Romanos 12:10).

Aquilo em que você colocar seu tempo, energia e dinheiro, será mais importante para você. É difícil se importar com algo em que você não está investindo. Além de evitar comentários negativos, compre para o seu cônjuge alguma coisa que diga: “eu estava pensando em você hoje”.

"Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão" (Tiago 3:16).

4º DIA: O AMOR É ATENCIOSO
"Como são preciosos para mim os teus pensamentos… Como é grande a soma deles! Se eu os contasse, seriam mais do que os grãos de areia" (Salmos 139:17-18).

Faça contato com o seu cônjuge em algum momento durante a agitação do dia. Não faça outra coisa senão perguntar como ele está e se tem algo que você pode fazer por ele.

"Agradeço a meu Deus toda vez que me lembro de vocês" (Filipenses 1:3).

5º DIA: O AMOR NÃO MALTRATA
"A bênção dada aos gritos cedo de manhã, como maldição é recebida" (Provérbios 27:14).

Peça ao seu cônjuge para lhe dizer três coisas sobre você que o deixam desconfortável e irritado. Faça isso sem atacá-lo e sem justificar seu comportamento. Preocupe-se apenas com a perspectiva dele.

"Nas palavras da boca do sábio há favor" (Eclesiastes 10:12).

6º DIA: O AMOR NÃO SE IRRITA FACILMENTE
"Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais vale controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade" (Provérbios 16:32).

Escolha hoje para reagir de maneira amorosa, apesar das circunstâncias do seu casamento. Comece fazendo uma lista das áreas em que você precisa separar um tempo para respirar. Então, faça uma lista das motivações negativas e abra mão delas.

"Por isso procuro sempre conservar minha consciência limpa diante de Deus e dos homens" (Atos 24:16).

7º DIA: O AMOR ACREDITA SEMPRE NO MELHOR
"[O amor] tudo crê, tudo espera" (1 Coríntios 13:7).

Para o desafio de hoje, pegue duas folhas de papel. Na primeira, passe alguns minutos escrevendo coisas positivas a respeito do seu cônjuge. Depois, na segunda folha, faça o mesmo com as coisas negativas. Coloque as duas folhas em um lugar secreto para o próximo dia. Existe um propósito e um plano diferente para cada uma dessas listas. Em algum ponto durante o resto do dia, escolha um atributo positivo e agradeça ao seu cônjuge por ter essa característica.

"Se há algum louvor – nisso pensai" (Filipenses 4:8).

8º DIA: O AMOR NÃO ARDE EM CIÚMES
"Pois o amor é tão forte quanto à morte, e o ciúme é tão inflexível quanto à sepultura. Suas brasas são fogo ardente, são labaredas do Senhor" (Cantares de Salomão 8:6).

Decida ser o maior fã do seu cônjuge, e decida rejeitar qualquer pensamento invejoso. Para ajudá-lo a manter o coração em seu cônjuge e a focar nas conquistas dele, pegue a lista de atributos negativos que você fez ontem e, discretamente, queime-a. Depois, compartilhe com seu cônjuge o quanto você está feliz com o sucesso que ele conquistou recentemente.

"Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram" (Romanos 12:15).

9º DIA: O AMOR DEIXA BOAS IMPRESSÕES 
"Saúdem uns aos outros com beijo de santo amor" (1 Pedro 5:14).

Pense em uma maneira especial de cumprimentar o seu cônjuge hoje. Faça isso com um sorriso e com entusiasmo. Então, decida mudar a maneira como o cumprimenta de modo que reflita o seu amor por ele.

"Seu amor me tem dado grande alegria e consolação" (Filemon 7).

10º DIA: O AMOR É INCONDICIONAL
"Mas Deus demonstra o Seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores" (Romanos 5:8).

Faça algo fora do normal para o seu cônjuge – algo que prove (para você e para ele) que o seu amor é baseado em suas escolhas e em nada mais. Lave o carro dela. Limpe a cozinha. Compre a sobremesa favorita dele. Dobre as roupas lavadas. Demonstre amor pela simples alegria de serem parceiros no casamento.

"Aquele que confia no Senhor, a misericórdia o cerca" (Salmos 32:10).

11º DIA: O AMOR CUIDA
"Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos" (Efésios 5:28).

Quais as necessidades da sua esposa ou do seu marido podem ser supridas por você hoje? Você pode adiar uma viagem de negócios? Fazer uma massagem nas costas ou no pé dele(a)? Tem algum trabalho doméstico onde possa ajudar? Escolha um gesto Hoje e diga, “eu cuido de você” e faça isso com um sorriso.

“O que você quer que eu lhe faça?; perguntou-lhe Jesus" (Marcos 10:51).

12º DIA: O AMOR DEIXA O OUTRO VENCER
"Não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros" (Filipenses 2:4).

Demonstre amor através da disposição, escolhendo ceder em uma área de desacordo entre você e seu cônjuge. Diga a ele que você está colocando a preferência dele em primeiro lugar.

Se for possível, quanto depender de vós tende paz com todos os homens"(Romanos 12:18).

13º DIA : O AMOR É JUSTO
"Se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não poderá subsistir" (Marcos 3:25).

Converse com o seu cônjuge e estabeleça regras saudáveis de conflito. Se o seu cônjuge não estiver pronto para isso, então escreva os seus limites pessoais para a “briga”. Decida colocá-los em prática quando o próximo desentendimento ocorrer.

"Sedes unânimes entre vós" (Romanos 12:16).

14º DIA: O AMOR SENTE PRAZER
"Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã" (Eclesiastes 9:9).

Propositadamente, negligencie uma atividade que normalmente faria, para gastar um tempo de qualidade com o seu cônjuge. Faça algo que ele amaria fazer, ou um projeto que ele gostaria muito de realizar. Apenas estejam juntos.

"Dá-me o teu coração… e deleitem-se os teus olhos nos meus caminhos" (Provérbios 23:26).

15º DIA: O AMOR É NOBRE
"Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida" (1 Pedro 3:7).

Escolha uma maneira de demonstrar honra e respeito ao seu cônjuge que vá além da sua rotina. Pode ser abrir a porta para ela. Pode ser separar as roupas que ele irá vestir. Pode ser a forma como você ouve e fala com ele. Mostre ao seu cônjuge que ele é altamente honrado aos seus olhos.

"Sairá deles ação de graças e a voz dos que se alegram; e multiplicá-las-ei, e não serão diminuídos; glorificá-los-ei, e não serão apoucados" (Jeremias 30:19).

16º DIA: O AMOR INTERCEDE
"Amado, desejo que lhe vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai à tua alma" (3 João 2).

Comece hoje orando pelo coração do seu cônjuge. Ore por três áreas específicas da vida dele onde você deseja que Deus trabalhe. Ore por seu casamento.

"Se alguém for temente a Deus, e fizer a sua vontade, a esse ele ouve" (Joâo 9:31).

17º DIA: O AMOR TRAZ INTIMIDADE
"Aquele que cobre uma ofensa promove amor, mas quem a lança em rosto separa bons amigos" (Provérbios 17:9).

Decida guardar os segredos do seu cônjuge (a menos que seja perigoso para ele ou para você) e orar por ele. Fale com seu cônjuge e demonstre amor apesar desses segredos. Ouça-o quando ele compartilha com você seus pensamentos mais secretos e suas lutas. Faça com que ele se sinta seguro.

"Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu" (Cantares de Salomão 6:3).

18º DIA: O AMOR BUSCA ENTENDER
Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento" (Provérbios 3:13).

Prepare um jantar especial em casa só para vocês dois. O jantar pode ser tão agradável quanto você preferir. Separe este momento para conhecer seu cônjuge melhor, talvez em áreas que vocês raramente conversam. Decida fazer desta uma noite agradável para você e para o seu amor.

"Adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis adquire o entendimento" (Provérbios 4:7).

19º DIA: É IMPOSSÍVEL AMAR?
"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus" (1 João 4:7).

Olhe os desafios dos dias anteriores. Existe algum que parecia impossível para você? Você percebeu que precisa de Deus para mudar seu coração e lhe dar capacidade para amar? Peça a Ele para mostrar onde você precisa da intervenção Dele, e peça força e graça para cumprir o seu destino eterno.

"Para o homem é impossível, mas, para Deus todas as coisas são possíveis" (Mateus 19:26).

20º DIA: JESUS CRISTO É AMOR
"Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios" (Romanos 5:6).

Desafio você a conhecer a Deus pela Palavra. Desafio você a crer em Jesus como seu salvador. Desafio você a orar: Senhor Jesus, sou pecador, mas o Senhor mostrou o Teu amor por mim morrendo para perdoar os meus pecados, e o Senhor provou o Teu poder de me salvar da morte através da ressurreição. Senhor, mude o meu coração, e salve-me pela Tua graça.”

"No seu amor, e na sua compaixão ele os remiu" (Isaias 63:9).

21º DIA: O AMOR É SACIADO EM DEUS
"O Senhor lhe guiará constantemente; satisfará os seus desejos" (Isaías 58:11).

Separe hoje um tempo para orar e ler a Bíblia. Tente ler um capítulo de Provérbios a cada dia (são trinta e um – um suprimento para o mês todo), ou leia um capítulo dos evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João). Enquanto você faz isso, mergulhe no amor e nas promessas que Deus tem para você. Isso lhe proporcionará crescimento na sua caminhada com Ele.

"Abres a mão, e satisfazes o desejo de todos os viventes" (Salmos 145:16).

22º DIA: O AMOR É FIEL
"E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás ao Senhor" (Oséias 2:20).

Amar é uma escolha. Não um sentimento. É uma ação inicial não uma ação automática. Hoje, escolha estar comprometido a amar mesmo que seu cônjuge tenha perdido o interesse em receber o seu amor. Diga a ele hoje em palavras semelhantes a essas, “eu amo você e ponto final. Eu escolho amar você mesmo se você não me amar em troca”.

"Escolhi o caminho da fidelidade" (Salmos 119:30).

23º DIA: O AMOR SEMPRE PROTEJE
"[O amor] tudo sofre" (1 Coríntios 13:7).

Remova qualquer coisa que esteja atrapalhando seu relacionamento, qualquer vício ou influência que esteja se infiltrando em seu amor e afastando seu coração do seu cônjuge.

"Sereis edificado; se lançares a iniquidade longe da tua tenda" (Jó 22:23).

24º DIA: AMOR VS. COBIÇA
"O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que foz a vontade de Deus permanece para sempre" (1 João 2:17).

Acabe com a cobiça agora. Identifique todo objeto dela em sua vida e remova-o. Rejeite todas as mentiras em que você acreditava ter prazer. A cobiça não pode ter a permissão de ficar por perto. Ela deve ser destruída e exterminada – hoje – e substituída pelas promessas de Deus e por um coração cheio do seu perfeito amor.

"Vivam como pessoas livres, mas não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal" (1 Pedro 2:16).

25º DIA: O AMOR PERDOA
"O que eu também perdoei, se é que alguma coisa tenho perdoado, por causa de vós o fiz na presença de Cristo" (2 Coríntios 2:10).

Seja o que for que você ainda não perdoou em seu cônjuge, perdoe hoje. Esqueça. Assim como pedimos a Deus para “perdoarás nossas dívidas” a cada dia, devemos pedir a Deus para ajudar-nos a “perdoar os nossos devedores” a cada dia também. A falta de perdão tem mantido você e seu cônjuge na prisão por muito tempo. Diga de coração, “eu escolhi perdoar”.

"Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34).

26º DIA: O AMOR É RESPONSÁVEL
"Quando julgas, (. .. ) te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu que julgas, praticas o mesmo" (Romanos 2:1).

Separe um tempo para orar pelas áreas onde você tem errado. Peça o perdão de Deus, então, humilhe-se a ponto de admiti-los ao seu cônjuge. Faça isso sinceramente e verdadeiramente. Peça perdão a seu cônjuge também. Não importa como ele irá responder, certifique-se de ter assumido sua responsabilidade em amor. Mesmo se ele responder com uma crítica, aceite-a como um conselho.

"Mas prove cada um a sua própria obra, e então terá motivo de glória somente em si mesmo" (Gálatas 6:4).

27º DIA: O AMOR ENCORAJA
"Guarda a minha alma, e livra-me; não seja eu envergonhado, porque em Ti me refúgio" (Salmos 25:20).

Elimine do seu lar o veneno das expectativas erradas. Pense em uma área onde seu cônjuge tenha dito que você está esperando muito, e diga a ele que você está arrependido por ter exigido muito dele. Prometa que você procurará entendê-lo, e o assegure de seu amor incondicional.

"Consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras" (Hebreus 10:24).

28º DIA: O AMOR SACRIFICA
"Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos" (1 João 3:16).

Qual é a maior necessidade do seu cônjuge nesse momento? Existe alguma necessidade que você pode suprir hoje através de um ato corajoso de sacrifício da sua parte? Independente da necessidade, ser grande ou pequena. Proponha-se a fazer o que você puder para suprir a necessidade.

"Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo" (Gálatas 6:2).

29º DIA: A MOTIVAÇÃO DO AMOR
"Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens" (Efésios 6:7).

Antes de ver seu cônjuge hoje, ore por ele e por suas necessidades. Diga “eu te amo” sendo fácil para você ou não. Então expresse amor de maneira sensível. Volte a Deus em oração mais uma vez. Agradecendo a Ele por ter lhe dado o privilégio de amar essa pessoa tão especial - incondicionalmente. Assim como Ele ama vocês dois.

"Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Josué 24:15).

30º DIA: O AMOR TRAZ UNIDADE
"Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim como nós" (João 17:11).

Separe uma área que cause divisão em seu casamento e olhe para ela hoje como uma oportunidade única de orar. Peça a Deus para revelar o que há no seu coração que está ameaçando sua unidade com seu cônjuge. Ore para que Deus faça o mesmo com ele. E se for apropriado, discuta abertamente esse problema, buscando de Deus a unidade.

"O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor" (Deuteronômio 6:4).

31º DIA: O AMOR E O CASAMENTO
"Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-a à sua mulher, e serão uma só carne" (Gênesis 2:24).

Existe algum “rompimento” que você ainda não teve coragem de realizar? Confesse-o ao seu cônjuge hoje, e decida agir corretamente. A unidade do seu casamento depende disso. Siga a unidade com o compromisso com seu cônjuge e com Deus de fazer do seu casamento o relacionamento humano mais importante da sua vida.

"Para que todos sejam um; assim como tu, Ó Pai, és em mim, e eu em Ti" (João 17:21).

32º DIA: O AMOR SATISFAZ AS NECESSIDADES SEXUAIS
"O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher, e da mesma forma a mulher para com o seu marido" (1 Coríntios 7:3).

Se possível, relacione-se sexualmente com o seu marido ou com sua esposa hoje. Faça isso de maneira que honre o que seu cônjuge lhe disse (ou deixou implícito) a respeito das necessidades dele em relação à sexualidade. Peça a Deus para que esse momento seja agradável para os dois e para que também seja um caminho para uma intimidade cada vez maior.

"Quão formosa, e quão aprazível és, ó amor em delicias!" (Cantares de Salomão 7:6).

33º DIA: O AMOR COMPLETA UM AO OUTRO
"Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará?" (Eclesiastes 4:11).

Reconheça que o seu cônjuge é essencial para um futuro de sucesso. Faça-o saber hoje que você deseja incluí-lo em suas próximas decisões, e que você precisa do seu conselho e ponto de vista. Se você ignorou as idéias dele no passado, admita seu descuido e peça-o para perdoá-lo.

"Revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição" (Colossenses 3:14).

34º DIA: O AMOR CELEBRA A DEUS
"[O amor] Não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade" (1 Coríntios 13:6).

Encontre um exemplo específico e recente de quando seu cônjuge demonstrou o caráter cristão de forma notável. Elogie-o verbalmente por isto em algum momento do dia.

"Andarei em minha casa com integridade de coração" (Salmos 101:2).

35º DIA: O AMOR PRESTA CONTAS
"Os planos fracassam por falta de conselho, mas são bem-sucedidos quando há muitos conselheiros" (Provérbios 15:22).

Busque um conselheiro para casais – alguém que seja um cristão firme e que será honesto e amoroso. Se você sente que o aconselhamento é necessário, então dê o primeiro passo para marcar o primeiro encontro. Durante esse processo, peça a Deus para direcionar suas decisões e discernimento.

"Na multidão de conselheiros há segurança" (Provérbios 11:14).

36º DIA: O AMOR É A PALAVRA DE DEUS
"Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho" (Salmos 119:105).

Tenha o compromisso de ler a Bíblia todos os dias. Encontre um livro devocional ou outra fonte que lhe servirá como guia. Se seu cônjuge está aberto a isto, veja se ele se comprometerá a ler a Bíblia diariamente com você. Inicie submetendo cada área da sua vida à direção da palavra de Deus e comece a construir a sua vida e seu casamento na rocha.

"Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar" (Romanos 15:4).

37º DIA: O AMOR CONCORDA EM ORAÇÃO
“Se dois de vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus” (Mateus 18:19).

Pergunte ao seu cônjuge se vocês podem começar a orar juntos. Conversem sobre a melhor hora para fazer isso, seja pela manhã na hora do almoço ou antes de dormir. Utilize este tempo para colocar suas preocupações, discórdias e necessidades diante do Senhor. Não esqueça de agradecê-lo pela provisão e pelas bênçãos. Mesmo se o seu cônjuge se recusar a fazer isso, decida ter esse tempo de oração diariamente ainda que sozinho.

"Já de manhã a minha oração chega a Tua presença" (Salmos 88:13).

38º DIA: O AMOR REALIZA SONHOS
"Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração" (Salmos 37:4).

Pergunte a si mesmo o que o seu cônjuge iria querer se fosse possível de obter. Leve isso em oração e comece a mapear um plano para atender a alguns (se não todos) desses desejos, em todos os níveis possíveis. 

"Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda graça" (2 Coríntios 9:8).

39º DIA: O AMOR PERMANECE
"O amor nunca perece" (1 Coríntios 13:8).

Passe um tempo orando individualmente, então escreva uma carta de comprometimento ao seu cônjuge. Inclua a razão pela qual está se comprometendo com este casamento até a morte e que decidiu amá-lo não importam as razões. Deixe-a em um lugar onde o seu cônjuge possa encontrá-la. 

"Tu … tens prazer em demonstrar amor" (Miquéias 7:18).

40º DIA: O AMOR É UMA ALIANÇA
"Porque aonde quer que tu fores, irei eu; e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus" (Rute 1:16).

Escreva novas promessas assim como você fez no dia do seu casamento. Guarde-as em algum lugar da sua casa. Talvez, se for apropriado, você pode renovar essas promessas formalmente diante de um ministro e com a família presente. Faça dessas promessas um testamento vivo do valor do casamento aos olhos de Deus e da grande honra de ser um com seu cônjuge.

"Ele se lembra para sempre da sua aliança" (Salmos 105:8).