sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

REI

Tem rei que nasce pelo sangue azul, mas tem rei que surge do campo verde. Se a chuteira foi o seu trono, uma nação brasileira lhe acompanhou 95 vezes saltando alto com um soco no ar. É camisa 10! É gol! Mas, todo o jogo tem um apito final e o placar desta vida entrou para a História.⁣⁣

Pelé.⁣
Nasci ouvindo dele. Cresci sabendo dele. Lembra dele agarrado ao Galvão berrando “é tetra, é tetra”? Longe de ser perfeito, incluindo a montanha-russa de sua vida pessoal, o país chora reunindo as lágrimas mundiais do futebol. Como não homenagear aprendendo com tal legado de bola na rede? Nas lições de seus mais de 1200 golaços? Por aqui a nossa partida continua, ainda que nos minutos de acréscimo.⁣
“Que homem pode viver e não ver a morte,⁣ ou livrar-se do poder da sepultura?” (Sl 89:48). O pecado que desiguala a arquibancada da seleção, nivela a todos quando as luzes do estádio se apagam. Ídolos não são deuses. E morrer é inevitável. A menos que a esperança seja mais forte.⁣
“Sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz” (Is 9:2). Percebe a urgência da promessa neste vale de famosos e anônimos? De uma rainha a um rei, este ano encerrou o jogo de várias celebridades. É lembrete de que até a prorrogação dos grandes também acaba. E depois?⁣
Se o Pelé foi o brasileiro mais conhecido no mundo, que a nossa fé também contagie quem nos rodeia. Como ele, todos já chutamos para fora, ou batemos na trave. Porém, que o êxito dos acertos supere as zebras da nossa caminhada. É hora de prantear a mortalidade, reconhecer a genialidade, e driblar a nossa humanidade. ⁣
Afinal, “o último inimigo a ser destruído é a morte” (1Co 15:26). Exatamente. Cada ser humano já tem uma goleada a seu favor. Ninguém foi feito pelo Supremo Juiz para sair de campo sem Ele. Que isso supere qualquer gol contra - sem desânimo, nem derrota. E levantemos a cabeça antevendo a taça que tem para todos.⁣
Esqueceremos o Pelé? Nunca. Contudo, lembremos o quanto ainda tem jogo pela frente. Se entramos na pequena área mirando a rede balançando? Chutemos confiantes de que os adversários ficaram para trás. Sem goleiro. E o Rei dos reis gritará, aplaudindo: ⁣
É gol!⁣

Odailson Fonseca (via instagram)

"O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu estão prestes a ser entregues aos herdeiros da salvação, e Jesus deve reinar como Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Ellen G. White - Eventos Finais, p. 254).

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

MEGA DA VIRADA... PODEMOS JOGAR?

O prêmio da Mega da Virada deste ano bateu recorde ao chegar a estimativa de R$ 500 milhões. O valor é 32% superior ao pago em 2021, de R$ 378,1 milhões, que era até então o maior da loteria brasileira. O sorteio ocorre no sábado a partir das 20h. O valor da aposta simples, com seis números, é de R$ 4,50, e a probabilidade de acerto neste caso é de 1 em 50.063.860. Com o valor, se o vencedor fizer uma aplicação na poupança, consegue rendimentos mensais de R$ 3,4 milhões.

Mas então... o cristão pode fazer uma “fezinha” na Mega da Virada? Seria mero capricho da igreja ser contra jogos de azar? 

A posição da igreja com respeito aos jogos é a mencionada no Manual da Igreja, baseada na Bíblia Sagrada. Veja que, entre as razões para a disciplina de um membro, está a prática de jogos de azar: “Violação da lei de Deus, como adoração de ídolos, homicídio, roubo, linguagem baixa, jogos de azar, transgressão do sábado, e falsidade habitual e propositada” (p. 66). Leia também, a Declaração Oficial da IASD sobre o jogo.

Na Bíblia não há uma orientação específica sobre o assunto, pois na época em que foi escrita, tal meio de ganho não existia. Entretanto, há princípios bíblicos que nos levam a concluir que tal prática não é compatível com o cristianismo. Em minha avaliação bíblica sobre o assunto, creio que jogar na Mega da Virada, na loteria, no jogo do bicho ou em quaisquer outros jogos de azar é pecado por pelo menos sete motivos que irei delinear a seguir:

1) Os jogos e apostas contrariam o princípio divino sobre a necessidade de trabalhar para comer. Deus nos ensina nas Sagradas Escrituras que a fonte de nosso sustento deve ser o trabalho. Elas são muito claras em dizer que é com o “suor do nosso rosto” que devemos conquistar o sustento diário (Gn 3:19). Esse princípio divino dado ao primeiro casal humano, no Éden, após caírem no pecado, continuou até os dias do Novo Testamento, pois o apóstolo Paulo, pelo Espírito Santo, escreveu: “Quando ainda estávamos com vocês, nós lhes ordenamos isto: se alguém não quiser trabalhar, também não coma” (2Ts 3:10, NVI). Portanto, o princípio do trabalho-comer é para nós ainda hoje. A Mega da Virada não submete-se à essa necessidade.

Esta ilusão de um enriquecimento fácil e rápido que os jogos de azar despertam no coração do ser humano (em especial do brasileiro, devido à toda esta conjuntura econômica e política em que vivemos), acabam seduzindo muitos corações, inclusive de alguns que se consideram seguidores de Jesus. As Escrituras afirmam categoricamente que a prosperidade se dá mediante ao trabalho. “A riqueza de precedência vã diminuirá, mas quem a ajunta com o próprio trabalho a aumentará” (Pv 13:11). Dinheiro nunca deve ser ganho de maneira fácil, senão com o “suor do rosto”. Toda e qualquer atividade que desvie o foco do cristão dos “tesouros do Céu” e o faça focalizar apenas o ganho fácil e rápido, torna-se perigosa e deve ser vista com cautela.

2) O jogo é um sistema baseado na injustiça. Ou seja, temos milhares de apostadores que perdem para um ou apenas alguns ganharem. A Bíblia nos orienta a não participarmos de injustiças, pois colheremos males: “O que semeia a injustiça segará males; e a vara da sua indignação falhará” (Pv 22:8). É fato que o dinheiro que alguém ganha na loteria será aquele mesmo que muitos outros perderam. Ou seja, para uma pessoa ganhar 500 milhões na Mega da Virada será necessário que milhões de outras pessoas tenham perdido suas apostas. Logo, jogar é pecado, pois leva as pessoas a participarem de forma objetiva de um sistema injusto, tentando levar alguma vantagem dele.

O cristão não deve ser tolo. Ele deve ouvir a voz de Deus que diz: "Melhor é o pouco com justiça, do que a abundância de bens com injustiça" (Pv 16:8). Prejudicar o próximo é praticar injustiça. Amigo, se isto não pesa para seu cristianismo há um grande problema em seu discernimento. Há coisas que o dinheiro não pode comprar. Para o cristão ganhar dinheiro com indícios de injustiça significa receber dinheiro sujo.

3) As motivações que levam as pessoas a jogar são erradas. Algumas apresentam muitos e muitos planos cheios de boas intenções caso ganhem o prêmio, mas sabemos que a motivação maior é o enriquecimento rápido e sem trabalho, além, é claro, de colocar sua esperança no jogo. Dentre as motivações erradas que mais vemos em quem coloca a sua esperança nos jogos é a avareza, o egoísmo, o desejo de ganhar sem trabalhar, e outros muitos desejos pecaminosos que não cabem na vida de um servo de Deus. Os totais distribuídos pelos prêmios (somas expressivas) podem despertar a ganância dentro de nós. Decorre disso que o ato de jogar nasce de um desejo ganancioso, o que transforma o ato em algo condenado por Deus, que combate a ganância nos dois últimos mandamentos da Sua santa Lei. Jesus deu uma ordem que cabe muito bem aqui: “Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lucas 12:15). Jogar é pecado porque, quase sempre, é motivada por desejos pecaminosos que não agradam a Deus e não estão de acordo com a vontade Dele.

A Bíblia exorta o cristão à prudência, sobriedade, sabedoria, justiça, ao contentamento com a Providência sobre sua vida, a não amar o dinheiro, não se entregar à ambição, cobiça, ao uso do discernimento para não ignorar os desígnios do inimigo (2Co 2:11). É importante que entendamos que as Escrituras nos advertem claramente de que não devemos amar ao dinheiro. Ele nos exorta: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores". (1Tm 6:10).

4) A Bíblia Sagrada exorta-nos a nos contentar com o que temos. O jogo não incita o crescimento nessa virtude, mas contrariamente inflama os excessos das obras da carne (Gl 5:19-21). Quando Jó perdeu tudo o que tinha, a sua piedade com contentamento era louvável (Jó 1:21). Ele não culpou Deus nem correu para a sua “esperteza” para resolver a sua situação desesperadora. Ele confiou no Senhor. É assim o contentamento com piedade é ganho (1Tm 6:6). Preocupar com o dia de amanhã não é louvável, pois evidencia pouca fé (Mt 6:25-30). Não é fácil ser contente com o que temos, mas é um alvo de crescimento para o cristão sério. Paulo, o apóstolo, pela experiência na vida cristã, aprendeu a ser contente com o que tinha (Fp 4:11-13). Viver com o que temos nos ensinará a termos essa virtude. Jogar nunca nos ensinará contentamento. Muito menos nos levará à piedade.

Ellen G. White escreve: “O princípio dos mundanos é tirar o máximo que lhes for possível das perecíveis coisas desta vida. O amor do lucro egoísta, eis o princípio dirigente de sua vida. A mais pura alegria, porém, não se encontra em riquezas, nem na cobiça que sempre deseja ansiosamente mais, mas onde reina contentamento, e onde o abnegado amor é o princípio dominante. Há milhares de criaturas que passam a vida na satisfação de suas inclinações, mas cujo coração vive cheio de pesar. São vítimas do egoísmo e do descontentamento, no vão esforço de satisfazer o espírito pela condescendência com o próprio eu. Em sua fisionomia, no entanto, acha-se estampada a infelicidade, e na sua influência encontra-se um deserto, pela ausência de boas obras que há em sua vida” (Testemunhos Seletos, v. 1, p. 360).

5) Na Bíblia não encontramos nenhum exemplo de servo de Deus ocupando-se nessa prática de sorte. A Bíblia ensina que o homem abençoado, aquele que é feliz, é aquele que tem a sua esperança em Deus, andando nos caminhos Dele, e tem o seu sustento como fruto de seu trabalho e esforço: “Como é feliz quem teme ao Senhor, quem anda em seus caminhos! Você comerá do fruto do seu trabalho, e será feliz e próspero” (Sl 128:1,2, NVI). Dinheiro fácil, jogos e outros atalhos para o enriquecimento são caminhos perigosos para o servo de Deus e, geralmente, são caminhos que não correspondem ao que Deus preparou para nós. Jogar é pecado, pois não traz ao ganhador um dinheiro que seja fruto de seu trabalho e esforço, mas de uma esperança pautada na facilidade e, como vimos, muitas vezes, também em motivações muito erradas e em um sistema que usa de injustiças para gerar o prêmio.

O cristão é chamado para ser uma testemunha: uma luz nas trevas, um elemento que preserva e conserva boas qualidades na sociedade (Mt 5:13-16). A ocupação do cristão é de anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas paras a sua maravilhosa luz (1Pe 2:9). Nas Escrituras Sagradas achamos louvor para os justos (2Pe 2:7) e os fieis (1Co 4:2; Cl 12:2; Ef 6:21; Hb 3:5), mas nunca são louvados por Deus os que confiam na sorte.

6) Jogar é contrário ao princípio da mordomia cristã. A Bíblia revela que Deus é dono de tudo o que há no mundo. Nada nos pertence. “Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem” (Sl 24:1, NVI). Ellen G. White afirma: “Quer sejam grandes quer pequenos os seus talentos, lembre-se de que o que possui apenas lhe pertence em depósito. Assim Deus o está provando, dando-lhe oportunidade de se demonstrar fiel. A Ele deve você toda a sua habilidade. A Ele pertencem suas faculdades do corpo, do espírito e da mente e para Ele devem ser empregadas. Seu tempo, influência, inteligência e habilidades — de tudo deve dar contas Àquele que dá todas as coisas. Usa melhor seus talentos quem, mediante fervoroso esforço, procura executar o grande plano do Senhor para o reerguimento da humanidade” (Mensagens aos Jovens, p. 48).

Portanto, empregar nossos recursos que Deus nos confiou naquilo que é desnecessário contraria a vontade de Deus, e somos tidos como mordomos infiéis e, consequentemente, seremos condenados à morte eterna. A respeito desse assunto Ellen G. White escreve: “Todo homem é um mordomo de Deus. A cada um confiou o Mestre Seus meios; mas os homens pretendem que esses meios são propriedade sua. Diz Cristo: 'Negociai até que Eu venha' (Lc 19:13). Vem o tempo em que Cristo exigirá o Seu com os juros. Dirá a cada um de Seus mordomos: 'Dá contas da tua mordomia' (Lc 16:2). Os que esconderam o dinheiro de seu Senhor em um lenço na terra, em vez de dá-lo aos banqueiros, e os que esbanjaram o dinheiro de seu Senhor gastando-o em coisas desnecessárias, em vez de pô-lo a render empregando-o em Sua causa, não receberão a aprovação do Mestre, mas decisiva condenação. O servo inútil da parábola levou de volta o único talento a Deus, e disse: 'Senhor, eu conhecia-Te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o Teu talento; aqui tens o que é Teu'. O Senhor pega-lhe nas palavras: 'Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei; devias então ter dado o Meu dinheiro aos banqueiros, e, quando Eu viesse, receberia o Meu com os juros' (Mt 25:24-27)” (Testemunhos Seletos, v. 1, p. 364, 365).

Levemos em consideração o seguinte: Aplicar dinheiro em jogos, onde as possibilidades de ganho são remotíssimas, enquadra-se dentro de uma administração responsável dos nossos bens? Nossos compromissos com a família, estado, igreja e o próximo poderão ser atendidos a contento se empregarmos parte do nosso dinheiro em jogos? Há em alguns desses jogos o risco de perda de vultuosa soma de dinheiro. Já ouvimos relatos de pessoas que perderam quantia elevada de dinheiro. Caminho que parecia tão fácil para sua esperteza mais tarde tornou-se frustração e prejuízo.

7) Muitas pessoas, devido a exagerada frequência nos jogos e apostas, acabam viciando-se nessas práticas. E também deixam de fazer as coisas realmente necessárias em sua vida, como cuidar da própria saúde, cumprir com responsabilidades familiares e sociais. Essas pessoas tornam-se escravas desses jogos, em que ganhar se torna uma obsessão, dominando completamente seus pensamentos. Nesse ponto, elas já perderam a sua liberdade de filhos de Deus e dos princípios básicos do Evangelho, tornando-se “escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor” (2Pe 2:19). A Bíblia não recomenda a procura de grandes riquezas e fortunas (Mt 6.19). O acúmulo delas pode ter efeitos negativos sobre quem as detém (por exemplo, tornar-se um “deus” que destrona a Deus do coração da pessoa ). Essa possibilidade leva-nos a algo que poderá trazer resultados negativos para o nosso relacionamento com Deus.

Esses sete motivos são suficientes para que eu me afaste desse tipo de jogo e paute o meu crescimento financeiro e profissional no trabalho, na disciplina, no empenho, no mérito e em outras virtudes que a palavra de Deus nos ensina. Por isso, creio que jogar é pecado, e todo cristão deva se afastar desse tipo de jogo.

É oportuno acrescentar que isto não inclui sorteios dos quais participamos involuntariamente. Se compro algo em uma loja e depois de alguns dias ganho um prêmio graças àquela compra, isso não tem o mesmo caráter de uma aposta. Trata-se apenas de um presente que a loja decidiu dar a um cliente. Ainda que a empresa possa utilizar o sorteio da loteria para decidir para quem vai o prêmio, este decorre de uma compra de um produto necessário, e não do gasto em uma aposta.

Querido amigo leitor, desejo que Deus abençoe a sua vida. Se estás passando por dificuldades e estás sendo tentado, o conselho bíblico não é de lançar sortes mas de lançar tudo sobre o Senhor porque Ele tem cuidado de vós (1Pe 5:7). A promessa de Deus é que Ele nunca nos deixará nem nos desamparará (Hb 13:5). Este Senhor bondoso e poderoso sabe o que necessita o Seu filho comprado pelo sangue de Cristo (Mt 6:32), e, com amor, suprirá “muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos; segundo o poder que em nós opera” (Ef 3:20). Sem dúvida, Deus pode suprir as nossas necessidades de maneiras extraordinárias, mas deve ser observado que é Ele quem faz tais prodígios. Espere no Senhor e achará alivio em Seu tempo para a glória de Deus (Is 40:31). Ele exorta-nos a buscarmos em primeiro lugar o Seu reino e Sua justiça: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (Mt 6:33). 

Somente quando buscarmos e compreendermos a afeição, a solicitude e a justiça de Deus, é que as preocupações se desfarão. Quando virmos a Deus como Ele realmente é, não conseguiremos mais preocupar-nos. Esse é o xis da questão. De fato, Jesus está dizendo que, se devemos nos preocupar com alguma coisa, que seja como a nossa relação com Deus. Talvez você esteja procurando as coisas erradas da vida. Se puser as coisas mais importantes em primeiro lugar, as coisas secundárias virão como o subproduto natural. Jesus estava convicto de que, quando realmente confiamos em Deus e O amamos e O entendemos, a preocupação ansiosa não encontra lugar em nossa vida.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

FAÇA MAIS... EM 2023

Faça mais que existir. Viva

Faça mais que ouvir. Escute.

Faça mais que concordar. Coopere.

Faça mais que falar. Comunique-se.

Faça mais que brilhar. Desabroche.

Faça mais que gastar. Invista.

Faça mais que pensar. Crie.

Faça mais que trabalhar. Seja excelente.

Faça mais que compartilhar. Dê.

Faça mais que decidir. Discirna.

Faça mais que considerar. Comprometa-se.

Faça mais que perdoar. Sirva

Faça mais que coexistir. Reconcilie-se.

Faça mais que cantar. Louve.

Faça mais que pensar. Planeje.

Faça mais que sonhar. Realize.

Faça mais que ver. Perceba.

Faça mais que ler. Aplique.

Faça mais que receber. Haja com reciprocidade.

Faça mais que escolher. Concentre-se.

Faça mais que desejar. Acredite.

Faça mais que aconselhar. Ajude.

Faça mais que falar. Transmita.

Faça mais que incentivar. Inspire.

Faça mais que somar. Multiplique.

Faça mais que mudar. Melhore.

Faça mais que alcançar. Estenda.

Faça mais que ponderar. Ore.

Faça mais que apenas viver. Viva como Jesus ensinou.

(John L. Mason - O Bom é Inimigo do Ótimo, p. 29)

"Os que procuram dar o menos possível de suas forças físicas, espirituais e morais não são os trabalhadores sobre quem Deus derramará abundantes bênçãos. Precisam-se obreiros que manifestem energia, integridade, diligência, e que estejam prontos a colaborar no que seja necessário que façam" (Ellen G. White - Liderança Cristã, p. 55).

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

ANO NOVO POR ELLEN WHITE

Acha-se agora no passado outro ano de vida. Abre-se um novo ano diante de nós. Que registro será o seu? Que escreverá cada um de nós em Suas páginas imaculadas? A maneira por que passamos cada dia que vem, decidirá.

Entremos no novo ano com o coração purificado da contaminação do egoísmo e do orgulho. Afastemos de nós toda condescendência pecaminosa, e busquemos tornar-nos fiéis, diligentes discípulos na escola de Cristo. Um novo ano descerra suas alvas páginas aos nossos olhos. Que escreveremos nós aí?

O ano velho com sua carga de recordações passou para a eternidade. Que todo pensamento, todo sentimento, agora sejam de lembrança do amor de Deus. Reunamos uma lembrança após outra. Procurai começar este ano com justos desígnios e motivos puros, como seres responsáveis perante Deus. Conservai sempre em mente que os vossos atos estão passando diariamente à história pela pena do anjo relator. Encontrá-los-eis novamente quando o Juízo se assentar e forem abertos os livros.

Os anjos de Deus estão à espera para mostrar-vos o caminho da vida. Decidi agora, no começo do ano novo, que escolhereis o caminho da justiça, que sereis diligentes e sinceros, e que a vossa vida não se demonstre um erro. Avançai, guiados pelos anjos celestiais; sede corajosos; empreendedores; deixai a vossa luz brilhar.

Deus não permita que nesta hora importante fiquemos tão absorvidos em outras questões que não dediquemos tempo a uma séria, sincera e criteriosa introspecção! Sejam as coisas menos importantes relegadas a segundo plano, e demos agora prioridade àquilo que diz respeito aos nossos interesses eternos.

Nenhum de nós pode, em sua própria força, representar o caráter de Cristo; mas, se Jesus vive no coração, o espírito que Nele habita se revelará em nós; será suprida toda a nossa deficiência. Quem procurará, no começo deste novo ano, obter nova e genuína experiência nas coisas de Deus? Corrijam os seus desacertos na medida das possibilidades. Confessem seus erros e pecados uns aos outros. Seja removida toda amargura, ira e malícia; que a paciência, a longanimidade, a bondade e o amor tornem-se uma parte de seu ser; então, tudo o que é puro, amável e de boa fama se desenvolverá em sua experiência.

Devemos, individualmente, cultivar a graça de Cristo, ser mansos e humildes de coração, e firmes, resolutos e constantes na verdade, pois só assim poderemos crescer em santidade e ser habilitados para a herança dos santos na luz. Comecemos o ano com a total renúncia do próprio eu; oremos por claro discernimento, para que, em todas as ocasiões e em todos os lugares, sejamos testemunhas de Cristo.

Nosso tempo e talentos pertencem a Deus e devem ser usados para a Sua honra e glória. Deve ser nosso determinado e anelante esforço permitir que a luz brilhe através de nossa vida e caráter a fim de iluminar o caminho para o Céu, para que outras pessoas sejam atraídas do caminho largo para o caminho estreito da santidade.

Necessita-se de homens competentes na igreja, trabalhadores bem–sucedidos na vinha do Senhor, homens e mulheres que trabalhem para que a igreja seja transformada à imagem de Cristo, em vez de se conformar aos costumes e práticas do mundo. Temos tudo a ganhar ou perder. Que estejamos ao lado de Cristo; o lado vitorioso; trabalhando fielmente para o Céu

Se nos ligarmos a Deus, a fonte da paz, da luz e da verdade, Seu Espírito fluirá por nosso intermédio como por um conduto, de modo a refrigerar e beneficiar a todos ao redor de nós. Este pode ser o último ano de vida para nós. Não o iniciaremos com refletida consideração? Não hão de a sinceridade, o respeito, a benevolência assinalar nossa conduta para com todos?

Não retenhamos coisa alguma dAquele que deu Sua preciosa vida por nós. Consagremos todos a Deus a propriedade que Ele nos confiou. Acima de tudo, demo-nos nós mesmos a Ele como oferta voluntária. Deixemos de lado, para sempre, tudo o que se assemelha a desconfiança e falta de fé em Jesus. Iniciemos uma vida de singela confiança como a de uma criança, não confiando nos sentimentos, mas na fé.

Não desonreis a Jesus duvidando de Suas preciosas promessas. Ele quer que creiamos em Sua pessoa com inabalável fé. Há uma classe que diz: “Creio, creio”, e reivindicam todas as promessas que são feitas sob a condição de obediência. Conquanto reivindiquem tudo das promessas de Deus, não efetuam as obras de Cristo. Deus não é honrado por semelhante fé, a qual é uma fé espúria. Então vemos um povo procurando guardar todos os mandamentos de Deus, mas há muitos deles que não estão à altura de seus elevados privilégios e não reivindicam coisa alguma. As promessas de Deus são para os que guardam os Seus mandamentos e fazem diante dEle o que Lhe é agradável.

Tenho de combater cada dia o bom combate da fé. Tenho de empenhar ao máximo os poderes da fé e não confiar nos sentimentos, agindo como se soubesse que o Senhor me ouviu e me atenderá e abençoará. A fé não é um ditoso entusiasmo emocional, e, sim, aceitar simplesmente o que Deus afirma, e crer, porque Ele disse que faria isso.

Espero que de maneira alguma fiqueis desalentados. Deus quer que sejais livres, quer que sejais crentes e confiantes, e apenas deixeis de duvidar, passando a crer. Que Deus vos ajude. Um novo ano descerrou-se diante de nós. Seja ele um novo ano feliz. Abrigai-vos nos acolhedores braços de Jesus, e não procureis desvencilhar-vos de Seus braços. Crede somente e louvai a Deus, e avançai. Quase estamos no lar.

O Senhor vem. Olhai para cima e regozijai-vos, porque a vossa redenção se aproxima. Vejo em Jesus um Redentor compassivo e amoroso, Alguém que pode salvar totalmente todos os que se chegam a Ele. Firmai-vos inteiramente nas promessas de Deus. Crede que é vosso privilégio crer.

Que o início deste ano seja uma ocasião inesquecível - ocasião em que Cristo entre em nosso meio, e diga: "Paz seja convosco" (João 20:19).

Desejo a todos um Feliz Ano Novo.

Vivemos por atos, não por anos; por pensamentos, não respiração; por sentimentos, não algarismos de um relógio. Devemos contar o tempo pelo pulsar do coração que bate pelo homem, pelo dever. Vive mais aquele que mais pensa, sente mais nobremente e procede melhor.

Ellen G. White (via Meditações Nossa Alta Vocação | Este Dia com Deus | Minha Consagração Hoje | Olhando para o Alto | Sign of the Times)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

SEJA UM CRISTÃO PALMEIRA EM 2023

"O justo florescerá como a palmeira" (Salmos 92:12).

Foi pela contemplação da natureza, enquanto pastoreava os rebanhos de seu pai, que Davi foi levado a fazer essa bela comparação entre o justo e a palmeira. Pela força vital, pela longevidade, pelos abundantes frutos, pela variada utilidade, pelo porte nobre e atraente, a palmeira é um símbolo dos que amam a Deus e andam em Seus caminhos. Eis algumas das qualidades dessa árvore majestosa que ilustram a vida do verdadeiro cristão.

1. A palmeira cresce no deserto
Onde não há chuva ela floresce. Ao seu redor há só areia escaldante, mas sua copa é sempre verde, porque suas raízes se aprofundam em busca da água e do alimento revitalizantes. Assim é o cristão. Vive neste mundo árido. Ao seu redor prolifera toda espécie de males, mas ele floresce e viceja porque busca a seiva de sua vida nas profundezas, nas fontes refrescantes da comunhão com Deus, ocultas aos olhos humanos, mas poderosas e inesgotáveis. A oração e o estudo da Palavra de Deus nos colocam em contato com o manancial da água viva: Deus.

2. A palmeira é de grande utilidade para o homem
Dizem os hindus que ela pode ser utilizada em 360 maneiras diferentes. Sua sombra protege os viajantes cansados. Seu fruto alimenta. Sua presença é sempre motivo de alegria e esperança para as caravanas errantes do deserto. As palmeiras foram os oásis, nos quais há sempre uma fonte a jorrar. Assim é o cristão. Sua presença é uma bênção constante aos que vivem ao seu redor. Ele espalha alegria e esperança aos que estão cansados e desanimados. Ele se transforma em uma fonte de água viva, como afirmou Jesus à mulher samaritana. Mas tudo isso não é originário dele. Ele recebe de sua comunhão com Deus.

3. A palmeira produz frutos
E seus frutos mais saborosos são produzidos dos 30 aos 100 anos de idade. Um só cacho de tamareiras pode pesar até 200 quilos. E a palmeira produz frutos a vida inteira. E em média ela vive mais de 100 anos. Assim, quem está em Cristo também "produz muitos frutos". A Bíblia fala desses frutos como os frutos do Espírito, entre os quais estão o amor, a bondade, a longanimidade, o domínio próprio, a paz e a alegria. Se permanecemos em Cristo, nossa vida inteira pode ser de inspiração e ajuda aos que conosco convivem. "Na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes" (Sl 92:14).

4. A palmeira da tâmara
Quando ferida, ela deixa correr do corte um líquido doce e aromático. Assim é o cristão. Ele paga o mal com o bem. Como Cristo, ele também pode dizer: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem". Que símbolo mais apropriado poderia haver dos verdadeiros filhos de Deus? No oriente, a palmeira é chamada "árvore abençoada". E realmente assim é. O sertanejo, mais do que outras pessoas, em nossos longínquos sertões, usufruem das virtudes da palmeira. Com seu tronco constroem sua casa. Com suas folhas, a cobrem. Dela tiram a lenha para o fogo, e dos seus cachos, os frutos para o alimento da família e o óleo para iluminar a casa à noite.

Que nós possamos ser assim como as palmeiras em 2023. Que cresçamos em beleza, em vigor, em utilidade, em experiência, em frutos, e, como suas copas verdes que contrastam com o azul do céu, possamos nós também subir sempre, em toda nossa vida, em direção a Deus.

"Como a palmeira no deserto é guia e consolação ao viajante desfalecido, assim deve ser o cristão para o mundo. Deve ele guiar às águas vivas os cansados, tomados de inquietação e prestes a perecer no deserto do pecado. Deve indicar aos semelhantes Aquele que faz a todos o convite: 'Se alguém tem sede, que venha a Mim e beba' (João 7:37). Pode o céu ser de bronze, a areia ardente castigar as raízes das palmeiras, amontoando-se-lhe em volta do tronco. Entretanto, a palmeira continua viva, luxuriante e vigorosa. Removei a areia, e descobrireis o segredo de sua vitalidade; as raízes aprofundam-se até a ocultos veios de água no interior da terra. Assim é que se dá com o cristão. Sua vida está escondida com Cristo em Deus. Jesus é para ele uma fonte de água, que salta para a vida eterna. Sua fé, como as pequenas raízes da palmeira, penetra até além das coisas visíveis, tirando vida da Fonte da vida. E em meio a toda a corrupção do mundo, é ele verdadeiro e leal a Deus. Circunda-o a doce influência da justiça de Cristo. Sua influência enobrece e abençoa" (Ellen G. White - Nos Lugares Celestiais, p. 240).

domingo, 25 de dezembro de 2022

MISTÉRIO DE NATAL: O QUE ERA A ESTRELA DE BELÉM?

Há inúmeras especulações quanto ao que seria a “estrela de Belém” descrita na Bíblia em ligação com o nascimento de Cristo. 

Pouco depois de seu nascimento, Jesus foi visitado por magos do Oriente, que lhe deram as boas-vindas, trouxeram presentes e o adoraram como o futuro rei dos judeus. E essa história, em especial, atrai até hoje a atenção de astrônomos, porque segundo os magos, eles foram alertados por uma brilhante estrela, a chamada “Estrela de Belém”, que surgiu no leste indicando o nascimento do Rei celestial. Então, qual seria a explicação astronômica para a Estrela de Belém? Seria realmente uma nova estrela, algum outro fenômeno celeste ou outra explicação que guiou os reis magos?

Algumas teorias sugerem que eles possam ter se orientado por alguns dos objetos mais diferentões e possivelmente brilhantes do nosso céu: um cometa ou uma supernova (a morte explosiva de uma estrela).

Um cometa é uma das mais comuns explicações, e está no imaginário popular — em ilustrações natalinas, a Estrela de Belém costuma ter uma cauda. Sabemos que o Halley estava visível no céu mais ou menos naquela época, em 11 a.C, e há registros chineses de outro em 5 a.C. Mas é improvável que pessoas consigam seguir um cometa — eles são pouco visíveis a olho nu e mudam de posição no céu com o passar do tempo (de acordo com a rotação da Terra e a sua movimentação pelo universo). Além disso, no mundo antigo, cometas tinham o significado oposto, eram considerados maus presságios. 

Também podemos descartar as supernovas. Para ser vista a olho nu, teria de estar bem próxima, e deixaria um remanescente que conseguiríamos detectar — mas astrônomos não encontraram nada que remonte àquela época. Também não há outros relatos sobre ela, o que é estranho, pois muitas outras pessoas ficariam impressionadas com algo tão grande e brilhante no céu.

Outras hipóteses consideram como referência os astros mais chamativos de nosso céu noturno, como os planetas Vênus, Júpiter e Marte, ou a estrela Sirius (a mais brilhante de todas, na constelação do Cão Maior). Alguns pesquisadores calcularam onde os reis magos teriam ido parar se os tivessem seguido — e nenhum cenário chegou a Israel. Sirius, por exemplo, levaria ao Polo Sul. Na verdade, se eles tivessem seguido qualquer estrela, viva ou morta, provavelmente acabariam andando em círculos. Estrelas nascem e se põem todos os dias no nosso céu, não ficam paradas.

A possibilidade mais astronomicamente factível seria que a Estrela de Belém tenha sido o efeito de uma conjunção — quando dois ou mais corpos celestes, como a Lua e planetas, aparecem bem próximos em nosso céu, chegando até a "encostar" (do nosso ponto de vista, pois continuam separados por milhares de quilômetros no espaço). Eventos deste tipo ficam visíveis por dias ou semanas, com pequenas variações de posição.

Mas a verdadeira explicação para o fenômeno temos no magnífico comentário, inspirado, do Novo Testamento. Ellen G. White, nos livros O Desejado de Todas as Nações, no capítulo 6, "Vimos a Sua Estrela", pp. 33 a 38 e A Verdade Sobre os Anjos, p. 161, faz o relato do que aconteceu naqueles dias. Vejamos alguns trechos:

"Tendo nascido Jesus em Belém de Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está Aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a Sua estrela no Oriente, e viemos a adorá-Lo” (Mateus 2:1, 2).

Os magos do Oriente eram filósofos. Faziam parte de uma grande e influente classe que incluía homens de nobre nascimento, bem como muitos dos ricos e sábios de sua nação. Entre estes se achavam muitos que abusavam da credulidade do povo. Outros eram homens justos, que estudavam as indicações da Providência na natureza, sendo honrados por sua integridade e sabedoria. Desses eram os magos que foram em busca de Jesus.

Pelas Escrituras hebraicas, os magos tinham aprendido acerca da Estrela que deveria surgir de Jacó, e com ardente desejo esperavam a vinda dAquele que seria não somente a "Consolação de Israel" (Lucas 2:25), mas uma "luz para alumiar as nações" (Lucas 2:32), e "salvação até aos confins da Terra" (Atos 13:47).

Os sábios haviam estudado as profecias e sabiam que se achava às portas o tempo em que Cristo deveria vir. Achavam-se ansiosamente aguardando por algum notável sinal deste grande evento, para que pudessem encontrar-se entre os primeiros a dar as boas-vindas ao Rei celestial e adorá-Lo.

Estes sábios haviam contemplado os céus iluminados com a luz que irradiara dos mensageiros celestiais que anunciaram o nascimento de Cristo aos pastores de Israel. Depois que a multidão angélica retornara ao Céu, uma brilhante estrela aparecera. A aparência incomum da grande e luminosa estrela, que nunca antes haviam observado, pendente no Céu como que significando um sinal, atraiu a atenção dos magos, e o Espírito de Deus moveu-os a saírem à procura dAquele que viera do Céu para visitar o mundo caído.

"Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino" (Mateus 2:9).

Não era uma estrela fixa, nem um planeta, e o fenômeno despertou o mais vivo interesse. Aquela estrela era um longínquo grupo de anjos resplandecentes, mas isso os sábios ignoravam. Tiveram, todavia, a impressão de que aquela estrela tinha para eles significado especial. Consultaram sacerdotes e filósofos, e examinaram os rolos dos antigos registros. A profecia de Balaão declarara:

“Uma Estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel" (Números 24:17).

Teria acaso sido enviada essa singular estrela como precursora do Prometido? Os magos acolheram com agrado a luz da verdade enviada pelo Céu; agora era sobre eles derramada em mais luminosos raios. Foram instruídos em sonhos a ir em busca do recém-nascido Príncipe.

[Contém informações de UOL]

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

TIRE FÉRIAS, MAS NÃO DE DEUS!

Ao chegar o verão, a rotina da vida muda. Alguns trabalham mais, passando a ter dois ou três empregos, para aproveitar o mercado aquecido e fazer sua provisão anual (ou conseguir um “extra” para quitar dívidas). Outros param de trabalhar por alguns dias ou semanas. E ainda outros fazem os dois. E, infelizmente, a mudança temporária de afazeres cotidianos também acontece no costume das disciplinas espirituais. 

A comunhão com Deus não acontece num passe de mágica. Leitura bíblica, tempo de oração profunda, prática de louvor e testemunho pessoal são o pão de cada dia. No dia em que você não come, ou come mal, o organismo passa mal. Muitos dias sem comer, ou sem comer bem, trazem a fraqueza, a enfermidade, a falta de poder, a infidelidade, a apostasia. E isso não pode acontecer só porque você apertou a tecla “pause” para alguns outros usos diários.

A narrativa bíblica está repleta de heróis da fé que caíram ao baixar a guarda (Abraão, Moisés, Sansão, Saul, etc.), inclusive e muitas vezes, após grandes experiências espirituais (Davi, Elias, Pedro, Judas, etc.). Alguns se reergueram, mas outros deixaram, para sempre, de ser heróis. E essa tentação ao fracasso continua a bater à porta dos crentes que, geralmente, colocam Jesus na gaveta justamente no sábado ou domingo à noite, após terem tido “um dia de adoração”.

Espero que você também tenha a oportunidade de ter um repouso neste verão. Quanto ao seu trabalho, faça isso! Mas não quanto à sua fé. O mandamento de Jesus dado em Mateus 6:33 significa que a devoção pessoal é prioridade acima do recreio, do lazer, do prazer e do descanso. Ellen G. White diz: "Este é o primeiro grande objetivo — o reino do Céu, a justiça de Cristo. Outros objetivos a serem alcançados devem ser secundários a estes. Considerai, porém, que os prazeres da Terra terão fim, e que aquilo que semeardes, isso também ceifareis. Os jovens alegam que precisam de alguma coisa que lhes desperte e distraia o espírito. Alguns ainda alegam que precisam ter algo a que a mente possa volver-se em busca de alívio e refrigério em meio dos cuidados e exaustivo trabalho. A esperança do cristão é justamente o que necessitam. A religião demonstrar-se-á ao crente um conforto, um guia seguro à Fonte da verdadeira felicidade. Devem os jovens estudar a Palavra de Deus e entregar-se à meditação e à oração, e acharão que seus momentos vagos não poderão ser melhor empregados" (Maranata - O Senhor Vem!, p. 67).

Ao fazer longa viagem, vá ouvindo áudios que lhe falem de Deus. Leve material evangelístico e vá distribuindo. Ao levantar-se (talvez não tão cedo 😅), faça seu culto pessoal. Se for trabalhar dobrado, faça como Lutero, que então orava em dobro. Na sua pesquisa para montar o roteiro, inclua as igrejas. Continue cuidando da sua saúde, pois afinal, dar recreação ao restante do corpo e não ao sistema digestivo seria uma aberração. No seu relaxamento, inclua músicas cristãs. Continue lendo a Bíblia diariamente e não perca os cultos. “Portanto, fiquem vigiando e orem sempre” (Lucas 21:36). O amor e o cuidado do Senhor por você não têm descanso (João 5:17; 1 Coríntios 13:8). Tire férias, mas não de Deus!

Finalizo com este pensamento de Ellen G. White: "Todos nós somos tão ansiosos pela posse da felicidade, mas muitos raramente a encontram, por causa de seus métodos errados de buscá-la. Temos de lutar fervorosamente e misturar todos os nossos desejos com fé. Então a felicidade sobrevirá como de improviso, sem quase a buscarmos" (Como Lidar com as Emoções, p. 35).

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

ORAÇÃO ABOMINÁVEL

"O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração é abominável" (Pv 28:9).

Uma das grandes diferenças entre os seres humanos e os animais é a capacidade de dialogar. Os animais até se comunicam entre si através de sons, mas dialogar é uma característica essencialmente humana. O diálogo é uma via de mão dupla, acontece entre pelo menos duas pessoas que escutam e são escutadas. Em um relacionamento saudável deve haver mutualidade. Os sentimentos, o respeito, a atenção, devem ser reciprocamente trocados.

No entanto, existem pessoas que querem ser respeitadas, mas não respeitam, querem ser ouvidas, mas não ouvem, querem ser amadas, mas não amam. Muitas vezes agimos assim com Deus. Exigimos que Deus nos ouça, mas nos recusamos a ouvir a Deus. Provérbios 28:9 apresenta um grupo de pessoas que buscam serem ouvidas por Deus, mas se recusam a ouvi-Lo.

Que mensagem dura! É isso mesmo?

Quando me deparei com este verso pela primeira vez, fiquei pensativo por algum tempo me perguntando: será que é isso mesmo que Deus queria dizer? É uma mensagem muito dura. Deus realmente pensa assim? Será que o tradutor não se equivocou ao traduzir este verso do original?

Para sanar minhas inquietações, resolvi pesquisar um pouco mais a fundo este verso. Descobri, por exemplo, que o verbo ouvir também poderia ser traduzido como obedecer ou guardar (2Sm 18:12 é um caso desses). A palavra lei (Torah) é uma referência à toda a Bíblia que eles tinham na época, ou seja, o Pentateuco. Portanto, ela também inclui Êxodo 20, ou seja, a lei moral de Deus, os dez mandamentos. Outra tradução possível para a palavra “abominável” seria “detestável”, o que torna a expressão ainda mais séria. Finalmente fui buscar outras traduções para comparar a versão que eu havia lido (ARA) com outras possibilidades. Todas as versões que eu consultei (NVI, Almeida século XXI, BV, NTLH, ARC, NKJV, BJ) concordam entre si em relação à tradução deste verso.

A única coisa que podemos concluir, portanto, é que Deus realmente quis dizer o que está escrito em nossa Bíblia. Contudo, vamos analisar um pouco mais este verso.

De quem o verso fala?

O verso deixa transparecer algumas características que nos ajudam a identificar a quem ele se refere. Duas características se destacam. A primeira é que as pessoas descritas nesse verso recusam ouvir (obedecer, guardar) a lei. Isso significa que essas pessoas conhecem a lei de Deus, conhecem a palavra de Deus, mas voluntariamente se recusam a obedecer.

Uma segunda característica que podemos observar é que estas pessoas de Provérbios 28:9 oram a Deus. São pessoas religiosas, que frequentam uma igreja, que professam um credo. Essas pessoas dizem que servem a Deus, mas querem servir do seu jeito, sem compromisso real com as ordens do Senhor. É importante também destacarmos que o verso não está se referindo a quem é ignorante em relação às leis da Bíblia. Deus não cobrará de quem não conhece (At 17:13).

O que tudo isso significa?

A aplicação deste texto deve nos fazer refletir profundamente a respeito da nossa vida cristã. A rebelião impede o contato com Deus. Rebelião é colocar-se conscientemente contra uma clara ordem Divina. A palavra de Deus nos revela várias leis para as quais devemos dar toda atenção. A Lei moral é, sem dúvida, a mais importante delas. Todos os dez mandamentos, inclusive o sábado, devem ser alvo de nossa atenção e obediência. Encontramos outras leis de Deus em Sua palavra: a lei dos dízimos e ofertas, as leis de saúde dentre outras.

Quando estudamos os textos sagrados, precisamos estar alerta aos pequenos detalhes. No texto que estamos analisando, há um detalhe importante. A palavra “até” tem muito a nos dizer. Ela é uma palavra inclusiva. Não são somente as orações dos que são rebeldes que são abomináveis. Qualquer manifestação em direção a Deus é abominável. Músicas, culto, pregação, todas são abomináveis, ou seja, detestáveis a Deus. O profeta Amós deu uma mensagem de Deus a pessoas que estavam em uma situação de rebeldia em relação ao Pai eterno:

“Aborreço, desprezo as vossas festas, e não me deleito nas vossas assembleias solenes. Ainda que me ofereçais holocaustos, juntamente com as vossas ofertas de cereais, não me agradarei deles; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras" (Amós 5:21-23).

O povo ao qual Amós dirigiu estas palavras ia para a igreja, fazia sacrifícios, cantavam bonitas músicas, mas, eram voluntariamente desobedientes aos mandamentos divinos. Para Deus sua adoração era desprezível. Através do profeta Isaías, Deus confirmou este pensamento:

“Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir; mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça" (Isaías 59:1, 2).

Se Deus aceitasse adoração dos desobedientes, estaria aprovando a rebeldia.

Ellen G. White confirma estes conceitos em diversos momentos:

“Deus não aceitará uma obediência voluntariosa e imperfeita. Os que presumem estar santificados, mas desviam os ouvidos de ouvir a lei, demonstram ser filhos da desobediência, cujo coração carnal não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Mensagens Escolhidas, vol. 3. p. 199).

Comentando a primeira mensagem angélica, ela escreveu:

“Pelo primeiro anjo os homens são chamados a temer a Deus e dar-Lhe glória, e adorá-Lo como o Criador do céu e da Terra. A fim de fazer isto devem obedecer à Sua lei. Diz Salomão: 'Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem' (Ec 12:13). Sem a obediência a Seus mandamentos nenhum culto pode ser agradável a Deus. 'Este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos.' 'O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável' (1Jo 5:3; Pv 28:9)" (O Grande Conflito, pp. 435 e 436).

Completando este pensamento, ainda lemos:

“Não bastava que a arca e o santuário estivessem no meio de Israel. Não bastava que os sacerdotes oferecessem sacrifícios, e que o povo fosse chamado filhos de Deus. O Senhor não toma em consideração o pedido daqueles que acariciam a iniquidade no coração; está escrito que 'o que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável' (Pv 28:9)" (Patriarcas e Profetas, p. 584).

Conclusão

A mensagem contida em Provérbios 28:9 é muito importante e profunda. Deus não considera as orações daqueles que voluntariamente O desobedecem. O culto, as músicas, por mais bem executadas que sejam, e outras formas de adoração também são rejeitados por Deus.

Há um desafio para o povo remanescente: dar uma mensagem de advertência àqueles que necessitam mudar de vida. Não podemos ter orgulho espiritual, mas é preciso ter consciência que aqueles que conhecem e guardam a lei de Deus precisam pregar àqueles que se rebelaram contra Deus. Eles devem aprender sobre a verdadeira adoração com quem obedece e não o contrário.

Aqueles que professam estar entre o povo remanescente, também devem analisar-se diariamente para saber se estão “ouvindo” a lei de Deus. O Senhor não levará em consideração a placa de sua igreja na hora do julgamento, naquele dia é só o ser humano e Deus.

É importante terminarmos esta reflexão destacando que há solução para todos aqueles que estão em rebelião contra Deus. João escreveu:

“Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9).

A oração de arrependimento sempre será ouvida por Deus.

Que possamos estar sempre atentos à voz do Senhor!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

NATAL MAIS ESPIRITUAL

Natal não tem como foco dar presentes, muito menos falar sobre Papai Noel ou decorar sua casa com luzes e enfeites – tudo isso é o padrão do mundo. A Bíblia nos conclama: “Não se amoldem ao padrão deste mundo” (Rm 12:2). Natal é momento de celebrarmos apenas um único fato: “Cristo Jesus […] embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp 2:5-8). E isso ocorreu “porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dEle” (Jo 3:16-17). É isso que celebramos.

Por que é importante anualmente trazer à memória o nascimento de Cristo? Porque importa “trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lm 3:21). E, mediante essa esperança, Paulo nos exorta: “Alegrem-se na esperança” (Rm 12:12), logo, Natal é período de alegria e celebração! E celebração por algo extraordinário, o fato de que “um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre” (Is 9:6-7). Assim, celebrar o nascimento do “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29) é também se lembrar do que isso significa para o nosso futuro: que, naquele grande dia, “o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou” (Ap 21:3-5).

A ocasião do Natal deve direcionar nossos pensamentos para a Palavra que “estava com Deus, e era Deus [e] estava com Deus no princípio” (Jo 1:1-2). Não para o feriado, a Ceia, os presentes, as férias ou o que for, pois isso não é nem de longe o foco. Minha sugestão? Celebre o Natal pensando em Cristo e nas consequências da vinda dEle à terra. Eu recomendaria comemorar a data com algumas atitudes que tomam como ponto de partida muito do que foi dito no episódio do nascimento de Cristo: 

1. Renove sua fé – lembrando, como disse Gabriel, que “nada é impossível para Deus” (Lc 1:37). Você tem vivido de fato como quem crê que o seu Deus pode tudo?

2. Renove sua entrega a Deus – lembrando, como disse Maria, que importa que “aconteça comigo conforme a tua palavra” (Lc 1:38). Você tem de fato priorizado a vontade de Deus em tudo, amando “o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento [e amando] o seu próximo como a si mesmo” (Lc 10:27)? Tem buscado de fato “em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça” Mt 6:33)?

3. Adore ao Senhor – assim como disse Maria, que seus lábios digam “Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc 1:47). Você tem de fato adorado a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4:24)?

4. Confie que a graça de Deus está presente em sua vida – por saber, como disse Maria, que “A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração” (Lc 1:50). Você tem vivido como quem sabe que a compaixão de Deus é absoluta para aqueles que O buscam em arrependimento? 

5. Lembre-se de que a presença de Jesus traz alegria - como disse o anjo aos pastores, “estou lhes trazendo boas novas de grande alegria” (Lc 2:10). Será que você tem vivido a alegria que é “fruto do Espírito” (Gl 5:22-23)? Aquela que vem “porque seus nomes estão escritos nos céus” (Lc 10:20)? Você deixa seu ânimo se guiar mais pela tristeza causada pelas dificuldades da vida ou pela alegria causada pelo fato de que Jesus te deu a vida eterna?

6. Reflita sobre quem é Jesus – como o anjo disse aos pastores, “Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:11). Você consegue compreender o profundo significado prático e objetivo de ter sido escolhido e chamado por Aquele que salva e que é Senhor de todo o universo?

7. Glorifique a Deus – como os anjos cantaram, “Glória a Deus nas alturas” (Lc 2: 14). Você tem glorificado o Senhor não só com os lábios, mas com cada atitude sua?

8. Pense em como você tem contribuído para a paz entre as pessoas – como os anjos cantaram, “paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor” (Lc 2:14). Você tem sido um bem-aventurado pacificador (Mt 5:9), alguém que transborda a paz que é “fruto do Espírito” (Gl 5:22-23), ou tem sido agressivo, promovido discórdias, usado a língua para o mal, feito intrigas, inflamado corações, estimulado conflitos, alimentado polêmicas, se deleitado em controvérsias?

9. Analise o quanto vale sua vida hoje – como disse o velho Simeão, “Ó Soberano, como prometeste, agora podes despedir em paz o teu servo” (Lc 2:29). Você seria capaz de dizer hoje mesmo a Deus que pode partir em paz desta vida, porque o tempo que passou sobre a terra já valeu a pena? Tem vivido cada dia como se fosse o último? Tem abençoado o próximo? Tem perdoado? Tem edificado vidas? Tem deixado um legado? Viveu seus anos amando, ajudando, abençoando, entregando-se, devotando-se? Em resumo, sua vida já deu frutos dignos de serem apresentados diante do Criador? Se não… o que está esperando?

A encarnação de Cristo nos conduz a muitas reflexões. Mas refletir não basta, se apenas pensarmos e não tomarmos nenhuma atitude a partir das conclusões a que chegamos. Algo ainda não está bom? Precisa melhorar? Necessita galgar novos patamares? A hora é esta.

E que, acima de tudo, o Natal sirva para lembrar da verdade máxima da vida: “Pois dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre. Amém!” (Rm 11:36).

Maurício Zágari (via Apenas)
“Em vez de gastar meios meramente na satisfação do apetite, ou com ornamentos desnecessários ou artigos de vestuário, podemos tornar as festividades uma ocasião para honrar e glorificar a Deus. Cristo deve ser o objetivo supremo; mas da maneira em que o Natal tem sido observado, a glória é desviada dEle para o homem mortal, cujo caráter pecaminoso e defeituoso tornou necessário que Ele viesse ao nosso mundo. Jesus a Majestade do Céu, o nobre Rei do Céu, pôs de lado Sua realeza, deixou Seu trono de glória, Sua alta posição, e veio ao nosso mundo para trazer ao homem caído, debilitado nas faculdades morais e corrompido pelo pecado, auxílio divino" (Ellen G. White - O Lar Adventista, p. 480).

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

O QUE É O ALTO CLAMOR?

“Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Ap 18:4).

Hoje vamos descobrir o que é o alto clamor, a mensagem e o tempo, quando será proclamada e o segredo para nos tornarmos vitoriosos.

O que é o alto clamor
Dentre as mais belas provas do atletismo está a corrida de revezamento 4 por 100 metros. Essa é uma prova que requer extrema habilidade, esforço e prática. Cada um dos quatro atletas, de acordo com suas melhores características, percorre 100 metros, recebendo o bastão de seu antecessor e passando-o ao próximo. O atleta que possui maior velocidade e capacidade muscular fica sempre no último posto, pois é ele quem dá a arrancada final, buscando levar a equipe à vitória.

No livro do Apocalipse encontramos a figura de quatro anjos que se sucedem na proclamação da última mensagem de advertência ao mundo. O primeiro anjo de Apocalipse 14 proclama a hora do julgamento divino. O segundo anuncia a queda espiritual de Babilônia. O terceiro adverte contra o evangelho forjado de Babilônia. Finalmente, o quarto anjo, de Apocalipse 18, ao unir-se à obra da mensagem do terceiro anjo, levará a pregação do evangelho à sua conclusão. Isto ocorrerá quando essa mensagem tomar o volume de um alto clamor.

Essa experiência do alto clamor tornará possível ao povo de Deus cruzar a linha de chegada em sua jornada espiritual. Será a última mensagem antes das cenas da retribuição divina, a qual marcará a linha de transição deste mundo para o Reino de Cristo. Da resposta a essa mensagem dependerá a vitória final ou perdição eterna. Portanto, este assunto deve absorver toda a nossa atenção.

O conteúdo da mensagem e o tempo da proclamação
O centro da mensagem do anjo de Apocalipse 18 é o último chamado para o povo de Deus que ainda se acha em Babilônia, antes do fechamento da porta da graça. Mas o que Babilônia representa? Babilônia significa confusão. No relato de Gênesis 11, temos sua origem com a construção da torre de Babel. Nessa ocasião, os homens, em profunda corrupção e apostasia, se levantaram em oposição aberta contra Deus. E assim, por toda a Bíblia, Babilônia é sinônimo de um poder político-religioso que se contrapõe a Deus e a Seu povo.

Esse mesmo espírito de rebelião foi demonstrado primeiramente no Céu, por Satanás, quando este se opôs abertamente à lei de Deus – um reflexo de Seu caráter justo e bom. Na Idade Média, Babilônia mística voltou seu ataque contra o sábado, o sinal de lealdade a Deus.

"[A observância do domingo é uma] prática que se originou com Roma, e que ela alega como sinal de sua autoridade. É o espírito do papado – espírito de conformidade com os costumes mundanos, com a veneração das tradições humanas acima dos mandamentos de Deus – que está embebendo as igrejas protestantes e levando-as a fazer a mesma obra de exaltação do domingo, a qual antes delas fez o papado" (O Grande Conflito, p. 573).

"Pouco sabem os protestantes do que estão fazendo ao se proporem aceitar o auxílio de Roma na obra da exaltação do domingo. Enquanto se aplicam à realização de seu propósito, Roma está visando a restabelecer o seu poder, para recuperar a supremacia perdida. [...] O mundo protestante saberá quais são realmente os propósitos de Roma, apenas quando for demasiado tarde para escapar da cilada" (Ibid., p. 581).

Como podemos perceber, Babilônia tem oferecido seu cálice de abominações e imundícias, e muitos têm aceitado e se embriagado com suas doutrinas apóstatas. Babilônia é também representada por uma prostituta vestida de escarlate, simbolizando a depravação moral e religiosa apresentada pelo mundo hoje. É-nos dito que, ao se afunilar a história da Terra, “o professar religião se tornará um manto para ocultar a mais vil iniquidade. A crença nas manifestações espiritualistas abre a porta aos espíritos enganadores e doutrinas de demônios, e assim a influência dos anjos maus será sentida nas igrejas. [...] Babilônia [...] encheu a medida de sua culpa, e a destruição está a ponto de cair sobre ela” (O Grande Conflito, p. 604).

Neste tempo que se chama hoje, temos que acordar de nossa letargia espiritual. Nós que conhecemos e amamos a verdade precisamos ser a voz profética de Deus. É o momento para aqueles a quem Ele concedeu a luz da verdade vivenciarem a experiência do alto clamor. O Espírito Santo está pronto a nos outorgar o poder, de modo que seja dada a última mensagem de advertência e esperança àqueles que perecem no erro.

"Deus ainda tem um povo em Babilônia; e, antes de sobrevirem Seus juízos, esses fiéis devem ser chamados a sair, para que não sejam participantes dos seus pecados e não incorram nas suas pragas. Esta é a razão de ser o movimento simbolizado pelo anjo descendo do Céu, iluminando a Terra com sua glória, e clamando fortemente com grande voz, anunciando os pecados de Babilônia. [...] Ouve-se a chamada: “Sai dela, povo Meu.” Estes anúncios, [...] constituem a advertência final a ser dada aos habitantes da Terra" (Ibid., p. 604).

Da mesma forma que Deus ainda tem os Seus em Babilônia, infelizmente, Babilônia tem os seus na igreja. É preciso entender que, acima de tudo, Babilônia reflete uma condição espiritual. Sair de Babilônia não significa simplesmente sair de um determinado grupo religioso que se opõe à verdade bíblica. Qualquer um que conhece a verdade, mas de forma obstinada vive em contradição com ela, se encontra espiritualmente em Babilônia. Da mesma forma, muitos nas igrejas apóstatas que compõem a Babilônia mística virão para se unir ao remanescente de Deus. E muitos de entre nossas fileiras irão se apostatar, tornando-se até mesmo os piores inimigos da verdade.

Como ser vitorioso no alto clamor
Um dos principais problemas que podem acometer um filho de Deus é a cegueira espiritual. Precisamos do colírio do Espírito Santo a fim de vermos nossa real condição. Sentar num banco de igreja não faz de ninguém um cristão. É preciso nos sujeitarmos inteiramente a Deus para que sejamos transformados por Seu Espírito.

"A mensagem do terceiro anjo está se avolumando num alto clamor, e não deveis sentir-vos na liberdade de negligenciar o dever presente, e ainda entreter a idéia de que em algum tempo futuro sereis recipientes de grande bênção, quando, sem nenhum esforço de vossa parte tiver lugar maravilhoso reavivamento. Hoje deveis entregar-vos a Deus, para que Ele vos torne vasos para honra, e aptos para Seu serviço. Hoje deveis entregar-vos a Deus para que sejais esvaziados do próprio eu, esvaziados de inveja, ciúmes, ruins suspeitas, pelejas, tudo quanto seja desonroso para Ele. Hoje deveis ter purificado vosso vaso a fim de estar prontos para o orvalho celeste, prontos para os aguaceiros da chuva Serôdia; pois a chuva Serôdia virá, e a bênção de Deus encherá toda alma que estiver purificada de toda contaminação. É nossa obra hoje entregar nossa alma a Cristo, para estarmos preparados para o tempo de refrigério pela presença do Senhor – preparados para o batismo do Espírito Santo" (Mensagens Escolhidas, v. 1, pp. 190, 191).

O preparo hoje é fundamental para recebimento do poder de Deus, para vencermos a hoste da maldade em todas as suas manifestações. “Sujeitai-vos, portanto, a Deus”. Este é nosso primeiro dever. Então resistiremos ao diabo e ele fugirá de nós (Tg 4:7). Aqueles que assim procederem receberão o poder do Espírito Santo. E, como consequência, estes “servos de Deus, com o rosto iluminado e a resplandecer de santa consagração, apressar-se-ão de um lugar para o outro para proclamar a mensagem do Céu. Por milhares de vozes em toda a extensão da terra, será dada a advertência. Operar-se-ão prodígios, os doentes serão curados, e sinais e maravilhas seguirão aos crentes” (O Grande Conflito, p. 612). “O derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi a chuva Temporã; porém a chuva Serôdia será mais copiosa” (Parábolas de Jesus, p. 121). É a chuva Serôdia que qualificará a igreja a levar o testemunho no alto clamor e permanecer firme durante o último tempo de angústia.

"O Senhor operará por meio de humildes instrumentos, dirigindo a mente dos que se consagram ao Seu serviço. Os obreiros serão antes qualificados pela unção de Seu Espírito do que pelo preparo das instituições de ensino. Homens de fé e oração serão constrangidos a sair com zelo santo, declarando as palavras que Deus lhes dá. Os pecados de Babilônia serão revelados. [...] O povo será comovido" (O Grande Conflito, p. 606).

O alto clamor será o clímax da manifestação do Espírito Santo para a igreja, o auge da proclamação do Evangelho pouco antes do fechamento da porta da graça. É um enfrentamento direto para resgatar os últimos fiéis em Babilônia.

Coletiva e individualmente temos que buscar o poder do alto. “Satanás procura constantemente lançar sua sombra infernal sobre estas mensagens, para que o povo remanescente de Deus não discirna claramente sua importância – seu tempo e lugar” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 405). O derramamento do Espírito Santo é a nossa mais urgente necessidade. Esta experiência levará ao alto clamor e, conseqüentemente, a pregação do evangelho será concluída.

Conta-se que durante a Guerra Civil Americana uma moça se misturou entre as tropas do norte. A única arma que levava na mão, se é que se pode chamar isso de arma, era um pequeno atiçador, usado para revolver as brasas do fogareiro. Quando terminou a decisiva batalha de Gettysburg, os militares lhe perguntaram: “O que você tencionava fazer com um atiçador contra os soldados do sul?” E sua resposta foi: “Nada! Só queria mostrar de que lado estava.” Nos últimos eventos da história deste mundo só haverá dois grupos de pessoas. De que lado você estará?

Em oração e meditação, leia mais esta declaração da palavra profética: "Sobre nós repousa a pesada responsabilidade de advertir o mundo de sua condenação iminente. De todas as direções, de perto e de longe, vêm pedidos de ajuda. Deus convida Sua igreja a despertar, e revestir-se de poder. Há imortais coroas a ser ganhas; há o reino do Céu a ser alcançado; há o mundo, perecendo na ignorância, a ser iluminado" (Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 16).

Guarde em seu coração
Esta mensagem se encerrará com um poder muito maior do que aquele visto nos dias apostólicos. “Servos de Deus, dotados de poder do alto, com rosto iluminado e resplandecendo com santa consagração, saíram para proclamar a mensagem provinda do Céu” (Primeiros Escritos, pp. 278, 279).

"Muitos estavam louvando a Deus. Os enfermos eram curados, e outros milagres eram realizados. Viu-se um espírito de intercessão tal como se manifestou antes do grande dia de Pentecostes. Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão. Portas se abriam por toda parte para a proclamação da verdade. O mundo parecia iluminado pela influência celestial" (Conselhos Sobre Saúde, p. 580).

Lembre-se: Hoje você é livre para escolher seguir a programação de Cristo em Sua Palavra ou seguir o programa do inimigo, fora da Palavra. Porém, pense e considere: Você não é livre para escolher as consequências de sua decisão.

ELE ME(RE)SSI

Paixão nacional. Carinho mundial. Se dentro do campo o hexa ficou para 2026, fora dele o planeta se uniu numa admiração em comum. Justificável e inquestionável. Um atleta que fez do gol um holofote para a sua personalidade. E mesmo que eu não seja fã, nem rival, há poucas horas bilhões de telespectadores reconheceram:⁣⁣

Ele Me(re)ssi.⁣
A bola rolando mexe com bilhões de dólares, tem jogadores feitos semi-deuses, torcidas, emoções e entretenimento. Ela não vai curar o câncer, nem matar a fome. Por isso, não vou falar do esporte ou fanatizar a copa. Mas, confesso que entrei no grupo dos que aplaudiram o camisa 10 argentino levantando a taça.⁣
Ouvi do amigo vizinho um conselho inesquecível: “o sucesso é feito de três erres - regulamento, relacionamento e resultado - inclusive, nesta ordem de importância”. O Messi é da categoria dos gênios, no entanto, para cativar o mundo, foi além. Ele aprendeu seguir regras, da família aos fãs foi pessoal e educado, além de resultar numa competência inquestionável.⁣
Vale a lição? Sem idolatrar o futebol, inteligente é quem aprende no campo da vida. E no sorriso travesso de um olhar amigável, o Craque da Copa deixou mais do que golaços em um tricampeonato - ele entregou o legado de um profissional focado, maduro e estável. Enfim, deu cartão vermelho para a molecagem. ⁣
Na Bíblia também tem os três erres. Regulamento? “Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no Reino dos céus, mas só o que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7:21). Relacionamento? “Sejam bondosos e compassivos uns aos outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo” (Ef 4:32). E o resultado? “Você comerá do fruto do seu trabalho e será feliz” (Sl 128:2).⁣
Que o Messi se aposente das copas com a deliciosa sensação do trabalho bem feito. E que nós jamais nos aposentemos da vontade de superar, melhorar e alcançar. Mesmo que só Cristo seja o verdadeiro exemplo perfeito a ser imitado e adorado, é bom crescer com o melhor do próximo até que se torne o melhor da gente também. ⁣
Um dia, o estádio do universo também nos aplaudirá. Basta jogar a arrogância para escanteio.⁣

Odailson Fonseca (via instagram) (Título original: 3R)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

O FANÁTICO E O LIBERAL

Você conhece bem esses dois tipos. O primeiro é marcado por zelo sem entendimento; o segundo, por opiniões avançadas e liberais. Eles nunca se dão, mas conseguem o mesmo resultado: a destruição da vida espiritual da igreja. São descritos por Ellen G. White da seguinte maneira: "Muitos são fanáticos. São consumidos por um ardente zelo, o qual é tomado por religião.... Outros vão a outro extremo em sua conformidade com o mundo" (Testemunhos Seletos, vol. 1, pp. 169 e 170).

No dia-a-dia da igreja nos deparamos com esses personagens. Eles promovem muito barulho, mas o resultado é como o metal que soa ou como o sino que tine" (1Co 13:1).

Faz alguns anos, participávamos de uma solene reunião administrativa nos Estados Unidos. Os membros daquela comissão estavam analisando o ministério de determinado obreiro, que havia sido indicado para dirigir um importante departamento da Igreja. "Não concordo com a indicação dessa pessoa, porque sua pregação é liberal", bradou alguém. O fato é que, alguns anos depois, se viu o resultado: o pregador não tinha nada de liberal; ao contrário, seu ministério tem levado milhares de pessoas a entender a maravilhosa mensagem da justificação pela fé. Já o zeloso defensor da "essência da verdade", não foi muito longe: ao lidar com as várias situações da vida da Igreja, optou por uma linha dura que só produziu aleijões, contrapondo-se ao espírito que deve caracterizar os seguidores de Cristo.

Antes de tentarmos esboçar o perfil do fanático e do liberal, seria interessante registrar o que o Espírito de Profecia fala sobre Jesus, nosso modelo: "O Salvador nunca foi a extremos, nunca perdeu o domínio de Si mesmo, nunca violou as leis do bom gosto. Sabia quando convinha falar, e quando guardar silêncio. Estava sempre na posse de Si mesmo. Nunca errou no ajuizar os homens ou a verdade" (Obreiros Evangélicos, p. 317).

O fanático — O perfil desse personagem é complexo. Às vezes, dá a impressão de idoneidade e circunspecção. Quando se refere à mensagem, passa aos incautos a imagem de inusitado desvelo pelas normas da igreja. Tem inclinação natural para exacerbar problemas. Exagera os valores, e sempre pensa sozinho. Não pensa em parceria com o Espírito Santo. Suas idéias constituem sua medida. Ele, em síntese, é a medida de tudo e de todos. Além disso, é implacável na avaliação dos faltosos. Mas sua principal característica é a estreiteza de visão. Jamais dá atenção ao conjunto. Estriba-se num pontinho qualquer e faz disso sua causa, pela qual luta com unhas e dentes. Se você quiser conhecer o lado real de um fanático, vá à casa dele com certa frequência. Em pouco tempo ele será desmascarado. Sua piedade é apenas uma capa.

Ellen White assim o descreve: "Há muitos, muitos, que confiam em sua própria justiça. Estabelecem uma norma para si mesmos, e não se submetem à vontade de Cristo, nem permitem que Ele os envolva nas vestes de Sua justiça. Formam um caráter de acordo com o seu bel-prazer. Satanás se agrada de sua religião. Representam falsamente o caráter perfeito — a justiça — de Cristo. Enganados eles mesmos, por sua vez enganam outros. Não são aceitos por Deus. São capazes de levar outras almas para veredas falsas. Receberão afinal sua recompensa, juntamente com o grande enganador — Satanás" (Manuscrito 138, 1902).

Ellen White escreveu muito sobre o fanatismo. O fanático se deixa levar por momentos de arroubo. Aceita ou desenvolve ideias sensacionalistas. Gosta de maicar datas e prever acontecimentos sombrios. Chega a anunciar pragas para os que não aceitam suas ideias.

Hoje em dia, o fanático se confunde com o legalista. Exigente e estrito, cobra tudo de todos e impõe a si mesmo um rosário de formalidades inúteis.

O perfil desse personagem é um guarda-chuva que inclui fanatismo pela reforma de saúde, fanatismo pelos tratamentos naturais, fanatismo pela observância exterior das normas da igreja, fanatismo pela pontualidade, fanatismo pela "boa música", etc. Evidentemente, precisamos promover a reforma de saúde, usar os remédios da Natureza, observar as normas da igreja, pautar nossa vida pela ordem e pontualidade e ouvir ou cantar músicas que promovam nosso desenvolvimento espiritual. O fanático, no entanto, não vai ao cerne das coisas. Fica apenas na superfície, no aspecto mecânico. O importante para ele não é mudança de caráter, mas conformação com a letra do sistema que ele defende.

O fanático é um desastre para a igreja. Ai dos que caem em suas mãos! Ao pregar, faz de sua "mensagem" um chicote. Ao defender uma norma, não demonstra interesse pela pessoa faltosa. Numa comissão, só mostra interesse pela reputação e imagem da igreja. Gente não importa. Sua causa é salvar as aparências. Jesus chamou de "sepulcros caiados" esse tipo de pessoas.

O fanático ou legalista não visita ninguém com o propósito de ajudar. Se vai à casa de uma ovelha errante, seu único objetivo é buscar informações para depois incriminar. Nas reuniões da comissão da igreja, não muda de opinião. Por sinal, já chega ali com seu voto no bolso. Sente-se feliz por ajudar a igreja a se livrar de um incômodo.

Enfim, o fanático não vê Cristo na mensagem, não enxerga o amor, não estende o braço de misericórdia, não sabe conjugar os verbos salvar e recuperar. Seu verbo favorito é expurgar. Na verdade, o fanático não frui a religião; sofre-a.

O liberal — Para o liberal, o campo é o mundo. Nada de restrições, normas e regras. Toda vez que ouve um sermão sobre santificação, parece dizer: "Já vem com religião comportamental." Tem alergia a princípios e normas. A marca de sua religião é "tolerância sem compromisso". O que importa, diz, é o que está no coração. 

O liberal, à semelhança do fanático, pensa sozinho. Só que está mais interessado em liberdade. Mas confunde liberdade com liberdades. Não entende que liberdade é fazer o que convém, e liberdades são caprichos fora da ordem. O liberal é, ao mesmo tempo, promotor e símbolo do mundanismo na igreja.

Gosta da doutrina da justificação pela fé sem nenhuma relação com a santificação do caráter. Gosta de falar sobre o que Cristo faz por nós e odeia ouvir sobre o que Ele deseja fazer em nós. Gosta de saber que Cristo nos livra da culpa do pecado, mas abomina ouvir que Ele deseja nos livrar do domínio do pecado.

Através dos séculos, a Igreja tem sido fustigada por esses dois personagens: o fanático e o liberal. O primeiro, torna o caminho mais estreito do que na verdade é; o segundo, alarga-o generosamente. Eles estão em pólos opostos, mas têm um ponto em comum: pensam sozinhos, pois não admitem parceria com o Espírito Santo.

O cristão — O que nos interessa, acima de tudo, é o perfil do cristão genuíno. "Os que seguem o exemplo de Cristo não serão extremistas" (Obreiros Evangélicos, p. 317).

O evangelho produz pessoas sensatas, cujo perfil é um caráter segundo o modelo: Jesus. O que é, pois, um cristão?

1. Uma pessoa justificada, livre da condenação (Rom 5:1; 8:1). Pela fé aceita o que Jesus fez em seu favor na cruz do Calvário.

2. Uma pessoa santificada pela presença de Cristo em sua vida. "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2Co 5:17). Pelo poder divino, sua vida é posta em harmonia com a verdade. Os princípios e as normas da igreja fazem parte da vida interior, refletindo-se no vestir, no falar, no comer, no agir. A conduta cristã é fruto de uma transformação espiritual. Nada de atitudes permissivas, liberalizantes.

3. Uma pessoa cheia de amor, bondade, alegria e domínio próprio (Gl 5:22). Nada de atitudes impositivas, ditatoriais.

4. Uma pessoa cuja vida se desenvolve, em todos os aspectos, para a "glória de Deus" (1Co 10:31). Não se concentra em si mesma. 

5. Uma pessoa de visão equilibrada. Usa de sensatez ao ajuizar os homens e a verdade. Sua medida é Cristo, parâmetro supremo.

Peçamos a Deus que nos ajude a desenvolver uma vida equilibrada, uma visão cristocêntrica da santificação do caráter. Submetamo-nos à influência modeladora do Espírito Santo, para que nossa conduta reflita os encantos da ética cristã. Agindo assim, expurgaremos de nosso coração todo extremismo, e a atmosfera de nossas igrejas se tornará doce e aprazível. Um ninho de amor e justiça.

Rubens S. Lessa (via Revista Adventista)