terça-feira, 31 de janeiro de 2023

O ÚLTIMO DIA

A maioria das pessoas vive como se a vida nunca fosse acabar e se esquece de que o último dia pode chegar a qualquer momento. Há muitos que não gostam de tocar nesse tema com medo de que isso acabe apressando as coisas. Contudo, não podemos alimentar, de maneira nenhuma, esse tipo de superstição. Precisamos, sim, continuar confiando no Deus que tem tudo sob sua direção. Ele conhece o tempo certo e isso não depende do que falamos.

Mas... qual seria sua atitude se soubesse que esse dia chegou? O que mudaria em seus planos, pensamentos, decisões e atitudes? Quando alguém perguntava a John Wesley, fundador do metodismo, o que ele faria se tivesse a certeza de que Jesus voltaria amanhã e esse fosse seu último dia na Terra, ele respondia que faria exatamente o que havia planejado. Qual seria sua resposta?

Jesus alertou sobre o assunto quando contou a parábola do rico néscio, que pensava em acumular riquezas, fazer investimentos e aproveitar a vida, sem considerar o dia seguinte. Ele terminou com um duro apelo: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12:20).

Ellen White tinha a mesma preocupação: “Devemos vigiar e trabalhar e orar como se este fosse o último dia que nos fosse concedido” (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 60). A cada manhã, diz ela, devemos consagrar nossa vida a Deus. “Não façais cálculos para meses ou anos; eles vos não pertencem. Um curto dia é o que vos é dado. Como se fosse esse vosso último dia na Terra, trabalhai para o Mestre durante as suas horas” (Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 93).

Quero desafiá-lo a viver cada dia como se fosse o último, estando sempre preparado para o descanso ou para o encontro com Jesus em sua vinda. Meu desafio não é apenas para que você ponha Deus em primeiro lugar, mas que O coloque no centro de sua vida. Ele deve influenciar cada detalhe de sua existência. Isso é viver cada dia na presença do Senhor. Assim, qualquer dia poder ser o último, pois você estará nas mãos daquele que é o dono do futuro.

Por outro lado, aproveite cada oportunidade para testemunhar de Jesus às pessoas com quem você tiver contato. Lembre-se disto: “Cada dia o tempo de graça de alguém se encerra. Cada hora alguns passam para além do alcance da misericórdia. E onde estão as vozes de aviso e rogo, mandando o pecador fugir desta condenação terrível? Onde estão as mãos estendidas para o fazer retroceder do caminho da morte? Onde estão os que com humildade e fé perseverante intercedem junto a Deus por ele?” (Patriarcas e Profetas, p. 140).

Se a sua vida for um exemplo, nenhuma pessoa que tiver contato com você vai viver seu último dia sem oportunidade de salvação. Afinal, 10% das pessoas leem a Bíblia e 90% leem nossa vida. Através do seu exemplo pessoal, as pessoas vão conhecer o caminho para entregar a vida ao Senhor.

Vejamos este maravilhoso pensamento de Ellen White: "Tudo com que temos que nos haver, é este dia de hoje. Hoje devemos ser fiéis ao nosso legado. Hoje devemos amar a Deus de todo o coração, e ao nosso próximo como a nós mesmos. Hoje é que nos cumpre resistir às tentações do inimigo, e pela graça de Cristo alcançar a vitória. Isto é vigiar e aguardar a vinda de Cristo. Devemos viver cada dia como se soubéssemos ser ele nosso último dia na Terra. Se soubéssemos que Cristo viria amanhã, não haveríamos então de comprimir no dia de hoje todas as palavras bondosas, todos os atos desinteressados que nos fosse possível? Devemos ser pacientes e amáveis, e possuídos de fervor intenso, fazendo tudo que está em nosso poder para ganhar pessoas para Cristo" (Cuidado de Deus, pp. 368-369).

Acredito, quase tenho a certeza, de que você não terá apenas o dia de hoje, mesmo assim peço-lhe que viva-o em toda a sua plenitude e potencialidade, como se amanhã não fosse existir. Planeje sua vida, pratique todo o bem que puder, sorria, abrace e ame da forma mais plena e desinteressada que for capaz, mas, acima de tudo, entregue-se nas mãos do Pai como se fosse sua última oportunidade de fazê-lo. Se você parou em algum degrau da vida cristã agora é o momento de prosseguir. Há algum pedido do Pai que você ainda não atendeu, agora é o momento de fazê-lo. Amanhã não, hoje é o dia, agora é o momento de aceitar Sua salvação e dar testemunho do poder de Cristo em nossa vida.

Quando cuidamos de nossos valores espirituais e os compartilhamos com outras pessoas, estamos sempre preparados e podemos dizer com tranquilidade: “Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14:8).

POR QUE HÁ TANTAS RELIGIÕES?

É praticamente impossível mensurar o número de religiões que existe no mundo. Mas, atualmente, as religiões com mais adeptos na população mundial são o cristianismo (28%); islamismo (22%); hinduísmo (15%); e o budismo (8,5%). O judaísmo alcança aproximadamente 16 milhões de pessoas. O espiritismo, embora não considerado uma religião, possui cerca de 18 milhões de adeptos. A exemplo desses movimentos religiosos, a grande parte das religiões no mundo ainda se subdivide em grupos segmentados, partidos e denominações com diferenças doutrinárias e práticas. Além disso, existem religiões e seitas menores, praticados por etnias específicas, como grupos indígenas, aborígenes e tribos do interior da África que possuem o seu próprio sistema de crenças.

Muitos desse movimentos religiosos são monoteístas, como o cristianismo, islamismo e judaísmo, que compartilham a adoração pelo mesmo Deus, o Deus de Abraão, mas com diferenças doutrinárias marcantes entre elas. Outros grupos monoteístas como o sikhismo acreditam que a verdade não é limitada a uma só crença.

Por outro lado, existem religiões politeístas, que adotam um grupo de divindades em que cada uma é patrona de uma ou mais forças da natureza. Muitas dessas religiões politeístas recorrem ao ocultismo, o animismo e ao culto aos antepassados, entre outras crenças espiritualistas atribuídas aos seus deuses. Outras religiões, como o hinduísmo, creem que existe uma força divina vital que permeia todos os elementos da natureza, com o poder de transformar tudo o que existe em um deus potencial. Outras crenças alegam que os seres vivos, sobretudo os humanos estão presos ao mundo físico, e passam por uma peregrinação espiritual em busca de uma esfera superior de existência, como a iluminação, a eternidade ou o bem final. Essa peregrinação depende da força espiritual intrínseca ao ser humano, que pode durar eras de reencarnação.

Muitas dessas religiões possuem grande influência sobre a sociedade, a política e o governo. Essas influências se expressam na divisão de castas, como na Índia, ou na esfera civil, social e política, a exemplo da Itália, do Vaticano e da Turquia. Já outras nações adotam uma religião nacional oficial que dita a sua legislatura como os Emirados Árabes Unidos. Em muitos países onde a religião é oficial ou exerce influência social e política, existem perseguições e conflitos acirrados com outros grupos religiosos.

Existe também um grande número de pessoas que não confessa nenhuma religião (14,3% da população mundial). Esse grupo pode ser segmentado em pessoas que respeitam a religiosidade, mas não se posicionam em nenhuma crença; pessoas antirreligiosas e grupos hostis a qualquer religião. O ateísmo corresponde a quase 4% da população, e confessa não existir nenhum tipo de divindade.

Por que existem tantas religiões? Essa é uma pergunta vital para definir a identidade humana. Esse artigo não é um estudo antropológico ou filosófico sobre a religiosidade humana, mas uma reflexão que se baseia na Bíblia, adotando as seguintes premissas: 1) o Deus da Bíblia é o único e verdadeiro Deus; 2) a Bíblia, na sua totalidade, é a revelação de Deus para a humanidade; 3) Deus é o Criador do Universo, e fez os céus e a terra em seis dias literais; 4) o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus; mas, 5) vive atualmente fora dos padrões divinos da criação, em virtude do pecado.

A antropologia descritiva assume que todo tipo de religião é criado pela comunidade humana que se prostra diante dela, numa atitude de projeção. “Projeção” é um mecanismo de defesa em que atributos pessoais, pensamentos indesejados, traumas psicológicos, expectativas do futuro e emoções são atribuídos a outro indivíduo, grupo ou realidade (como um trauma do passado). No caso da religião, o ser humano projeta tudo isso em uma ou mais divindades, força sobrenatural, entidade espiritual, culto ou um ritual, para explicar a sua existência, seus complexos e perspectivas. Em outras palavras, o ser humano cria seus próprios deuses, cultos e rituais para justificar o seu modo de viver. Embora essa descrição seja plausível, ela não é absolutamente verdadeira, nem aplicável a todo movimento religioso.

Mas há um fator a se considerar. Essa afirmação comprova que a maioria dos seres humanos possui uma tendência inerente à religiosidade. Todo ser humano tem a necessidade de crer, adorar e servir alguém maior que ele. Até mesmo os ateus cultuam a razão e o conhecimento do Universo como algo maior que eles. Ora, se o Universo fosse o resultado de um processo meramente evolutivo ausente de qualquer poder sobrenatural ou divino que o guiasse, essa tendência natural que molda culturas não seria parte do ser humano.

Então, se nós temos a tendência de adorar, é lógico entender que fomos, de alguma forma projetados por um ser superior. A religião bíblica (e não estamos falando de um grupo ou denominação cristã específica, mas daqueles que creem na Bíblia como revelação de Deus) crê que o ser humano foi criado por Deus no sexto dia da criação. “Criou, Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27). Isso explica a religiosidade humana. O ser humano criado por Deus se volta para Aquele que é o padrão da sua imagem.

“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim” (Eclesiastes 3:11). Na Terra, toda a Criação era esteticamente perfeita e agradável aos sentidos. Deus presenteou o homem com o senso da eternidade, de que nós pertencemos a algo maior na dimensão do tempo e do espaço. Essa “consciência do infinito” gerava um sentimento de conexão entre o Criador e a criatura. No Éden, o senso da eternidade era perfeitamente preenchido por Deus, satisfeito na adoração do seu caráter de amor e no reconhecimento de que ele é o dom da vida.

Quando Adão e Eva, enganados por Satanás, buscaram o impossível de ser semelhantes ao Criador (Gênesis 3:1-6; veja Isaías 14:12-14), crendo que poderiam ser seus próprios deuses, abandonaram o verdadeiro e único Deus. Essa desconexão do infinito nos faz sentir pequenos, preocupados com o futuro que não conhecemos e insatisfeitos com as coisas transitórias e limitadas da nossa vida de pecado. Essa desconexão gerou uma busca incessante por aquilo que perdemos. O vazio precisava ser preenchido novamente; e Satanás se aproveitou disso para distorcer o conceito de adoração. À medida que as gerações passavam, antes e depois do dilúvio, o ser humano buscou satisfazer essa necessidade na procura de poder, prosperidade e no culto a deuses imaginários, imagens de escultura, ou a si mesmo (Êxodo 20:3-6). Por isso, a humanidade mergulhou nos piores estágios de violência, perversão, corrupção e degradação.

Hoje, mesmo que haja pessoas inconscientes ou céticas a respeito de Deus, todos nós sentimos a necessidade de segurança em relação ao infinito na dimensão espaço-tempo. Somos uma raça de 8 bilhões de pessoas vivendo em um minúsculo grão de poeira cósmica, totalmente expostos ao poder das forças do Universo. Como podemos saber se o Sol não vai nos fritar no calor de uma supernova, se a Lua vai se chocar com Terra, ou se algum asteroide vai causar uma extinção em massa? Como sabemos se vamos sofrer um acidente a caminho de casa, ou contrair uma doença fatal? Somos tão pequenos diante da imensidão!

Carl Sagan, cosmólogo ateu disse que “a imensidão só é tolerável por meio do amor”. Mas, João disse que “Deus é amor” (1 João 4:8). Por isso, o ser humano só pode encontrar verdadeira segurança e sentido para a vida voltando para suas antigas origens.

O termo grego que define “pecado” é “hamartia”, que significa “errar o alvo”, como quando um arqueiro errava o alvo ao atirar sua flecha. A “hamartia” ou “pecado” ocorre quando o ser humano se prostra diante da satisfação dos seus desejos pecaminosos, quando os coloca acima da vontade amorosa de Deus. Toda vez que pecamos, erramos o alvo, pois estamos adorando a nós mesmos.

Isso explica porque há tantas religiões. Nesse contexto, os antropólogos da religião estão certos ao afirmarem que fenômenos religiosos são criados pela comunidade humana que se prostra diante deles, como um mecanismo de projeção. O ser humano, na necessidade de satisfazer suas aspirações pecaminosas, se prostra diante de deuses fabricados, e lhes oferecem culto.

Um ponto importante que esse artigo quer ressaltar é que a maioria dos membros desses grupos religiosos promove a prática de boas obras, do bem estar social e da assistência aos necessitados. Isso ocorre no mundo inteiro. Devemos admitir que muitos princípios e valores de grandes religiões do mundo se parecem muito aos da Bíblia, e isso é louvável! Isso mostra que, mesmo pecadores, sentimos uma necessidade inerente pelo bem, mesmo que não consigamos praticá-lo. Realmente, há muita gente que não crê em Deus, que deve servir de exemplo para muitos que professam ser cristãos.

Esse artigo não tem o propósito de criticar a fé sincera de ninguém. Mas é um erro acreditar no provérbio de que “todos os caminhos conduzem a Deus”. Provérbios 16:25 diz que “há caminho que parece direito ao homem, mas afinal, conduz à morte”.

Um diferencial da religião da Bíblia, e não estamos falando do judaísmo ou de nenhuma denominação cristã, é o modo como Deus e o ser humano são retratados. Na maioria das religiões ao redor do mundo, o ser humano está num caminho e deve buscar e praticar o bem, ou guerrear por sua causa, a fim de evoluir para uma esfera superior. Os seus deuses muitas vezes são retratados como seres que evoluíram para o mundo espiritual, energias impessoais ou divindades preexistentes caprichosas e, muitas vezes cruéis, que precisam ter seu apetite satisfeito por meio de oferendas ou grandes sacrifícios. Essa, inclusive é a razão de muitos conflitos e atos terroristas no mundo.

Mas, a Bíblia retrata um Deus totalmente diferente. Ele é único, todo poderoso, criador de todas as coisas, e doador de vida, detentor de toda a autoridade do Universo e digno de adoração. Mas, Deus também é amor, e ama o ser humano a ponto de morrer para salvá-lo da sua condição irreversível de pecado. Ele também nos manda amar aqueles que pensam diferente de nós. Por isso, João 3:16 resume o trabalho de Deus em prol da humanidade caída: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna”. Enquanto muitas religiões no mundo, inclusive cristãs, advogam que o ser humano precisa de boas obras a fim de alcançar a salvação, a religião da Bíblia advoga que o único que pode salvar o homem e elevá-lo a um nível superior de existência é Deus.

Jesus, a revelação pessoal de Deus ao homem, deixou claro em Mateus 7:13 e 14 que só há dois tipos de caminhos. “Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta, e espaçoso é o caminho que conduz para a perdição, e muitos os que entram por ela; porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz a vida, e são poucos os que acertam com ela”. Por isso, só um caminho conduz a Deus, e esse caminho é Jesus Cristo (João 14:6).

Sendo assim, devemos recorrer ao seu estudo para conhecer a Deus e adorá-lo. “Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:19-21).

A Bíblia diz que haverá muitas pessoas na eternidade que nunca tiveram ideia de quem é Deus, ou até mesmo receberam um conceito totalmente distorcido a respeito dele. Essas pessoas vão ter o privilégio de conhecê-lo cara a cara, e aprender do seu amor na eternidade.

Mas Jesus nos diz: “Vão e façam discípulos de todas as nações, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês” (Mateus 28:19, 20). O Senhor requer que o verdadeiro cristão fale, com firmeza e amor, a toda pessoa sobre o plano de Deus para nos salvar e nos restaurar ao propósito da existência que Ele idealizou para nós. Se amamos a Deus, devemos pregar a palavra a tempo e fora de tempo (2 Timóteo 4:2), aproveitando cada oportunidade para apresentar o Salvador ao mundo.

Denis Versiani (via biblia.com.br)

"Não há muitos caminhos para o Céu. Não pode cada um escolher o seu. Cristo diz: 'Eu sou o caminho. [...] Ninguém vem a Meu Pai, senão por Mim' (João 14:6). Desde que foi pregado o primeiro sermão evangélico, quando no Éden se declarou que a semente da mulher havia de esmagar a cabeça da serpente, Cristo fora exaltado como o caminho, a verdade e a vida. Ele era o caminho ao tempo em que Adão vivia, quando Abel apresentava a Deus o sangue do cordeiro morto, representando o sangue do Redentor. Cristo foi o caminho pelo qual se salvaram patriarcas e profetas. Ele é o único caminho pelo qual podemos ter acesso a Deus" (Ellen G. White - O Desejado de Todas as Nações, p. 470).

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

PARA O CÉU

"Vi novo Céu e Nova terra" (Apocalipse 21:1).

Pelo menos por sete razões o Céu será um lugar perfeito:

1. Teremos um novo corpo (1Co 15:50-54; 2Co 5:4)
Nosso corpo atual se cansa, sente dores e se torna enfermo. Com o tempo, envelhece e torna-se lento. Nossos olhos se escurecem, e a audição diminui. Surgem as rugas, e a gravidade nos vence. A maioria das pessoas não está feliz com o corpo. Milhões são gastos em cirurgias e tratamentos para corrigir ou cobrir as imperfeições. No Céu, não precisaremos mais desses recursos.

2. Viveremos na melhor casa que se pode imaginar (Jo 14:1-4)
Aqui não há nenhuma casa perfeita. Nossa família mudou-se muitas vezes. Nunca estivemos plenamente realizados com as casas. Sempre havia algum problema, como quartos apertados, falta de espaço, linhas telefônicas ou abastecimento de água precários, neve para ser removida ou escadas que me faziam sentir como se estivesse me preparando para escalar o Everest. No Céu, viveremos na casa perfeita. Se em seis dias Deus fez este mundo extraordinário, o que Ele não estará preparando em milênios?

3. Teremos alimento incomparável (Ap 19:9; Mt 8:11)
Qual o melhor restaurante em que você já comeu? Ou talvez você nunca se deu a esse luxo. Em uma enorme mesa, participaremos do melhor cardápio possível, sendo que o chef é o próprio Jesus.

4. Encontraremos pessoas interessantes (Hb 11:39, 40)
Por anos, ouvimos falar delas. Chegará, então, o momento de encontrá-las. Com quem você mais gostaria de conversar? Adão? Eva? Moisés? Rute? Daniel? Pedro? Paulo? Nicodemos? Zaqueu? Eles serão seus amigos na eternidade.

5. Reencontraremos nossos queridos (1Ts 4:13-17)
Penso em meu pai, minha mãe, irmãos e amigos. Desejo vê-los outra vez e ouvir sua voz. Quero ver fisionomias que nunca esqueci e segurar-lhes as mãos.

6. O Céu será a terra do “não mais” (Ap 7:16, 17; 21:4)
Não mais fome, sede, desencantos, lágrimas, morte, separações. Não mais insegurança nem portas fechadas. Nada de injustiça, violência, coisas impuras nem pessoas más. Pense nas coisas que aqui desgostam você. Elas não estarão lá. Não haverá mais pecados e quedas (Ap 21:27).

7. A mais radiante e doce razão (1Jo 3:2; Ap 22:4)
Veremos Deus Pai, Filho e Espírito Santo face a face.

Amin A. Rodor (via Meditações Diárias: Encontros com Deus)

O pastor e escritor Dr. Steven J. Lawson escreveu sobre o céu: "Não se enganem, o céu é um lugar real. Não é um estado de consciência. Nem uma invenção da imaginação humana. Nem um conceito filosófico. Nem abstração religiosa. Nem um sonho emocionante. Nem as fábulas medievais de um cientista do passado. Nem a superstição desgastada de um teólogo liberal. É um lugar real. Um local muito mais real do que onde você está agora... É um lugar real onde Deus vive. É o lugar real de onde Deus veio para este mundo. E é um lugar real para onde Cristo voltou na Sua ascensão – com toda a certeza!" (Heaven Help Us! Truths About Eternity That Will Help You Live Today, p. 16).

O Céu existe, sim, e está ao nosso alcance. O Céu é a morada de Deus, e será a morada daqueles que creem nEle. Jesus nos prometeu um lugar no Céu: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vós também” (João 14:1-3).

O Céu pode ser nosso se escolhermos crer em Deus e estivermos dispostos a nos tornar discípulos de Seu Filho, Jesus Cristo. Portanto, sigamos o conselho de Ellen G. White: "Precisamos acostumar-nos a falar do Céu, do belo Céu. Falar daquela existência que perdurará enquanto Deus existir, e então esquecereis vossas pequenas provas e dificuldades. Seja a mente atraída para Deus" (Historical Sketches of the Foreign Missions of the Seventh Day Adventist, p. 146). E mais: "Olhai para cima, olhai para cima, e vossa fé aumente continuamente. Que esta fé vos guie pelo caminho estreito, às portas da cidade de Deus, ao grande além, ao vasto e ilimitado futuro de glória destinado aos remidos. Supliquemos ao Senhor, no lar e na igreja, que tenhamos bom ânimo, e que possamos avançar passo a passo, para a frente e para cima, rumo ao Céu” (Vida e Ensinos, p. 236).

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

PECADOS INVOLUNTÁRIOS E PECADOS INTENCIONAIS

É possível o cristão viver sem pecar? Para responder a essa pergunta, é necessário saber que existem dois tipos de pecados: intencional e involuntário. O pecado intencional é deliberado, resultado da escolha consciente de contrariar a vontade de Deus e seguir os ditames da própria inclinação pecaminosa. Trata-se do pecado da rebelião, muito bem descrito no hebraico como o pecado “da mão levantada” (Nm 15:30). A ideia talvez seja a do braço levantado e pulso cerrado em atitude de total desafio e afronta a Deus. Em português, a tradução ficou assim: “A pessoa que fizer alguma coisa atrevidamente”.

Já o pecado involuntário, ou acidental, é aquele que resulta da fraqueza da nossa natureza pecaminosa, e não de uma vontade deliberada de se opor a Deus. Aqui entra a questão mais fundamental quanto ao pecado: todos nós temos uma natureza pecaminosa, descrita por Paulo como a habitação interior do pecado (Rm 7:14, 17, 18, 20, 21), ou como a “lei do pecado” que existe em nós (Rm 7:23, 25; 8:2). Essa natureza é inteiramente oposta a Deus (Rm 8:7; Gl 5:17). Hereditária (Rm 5:12, 19; Ef 2:3), é como se, no momento em que Adão pecou, sua corrente sanguínea se tornasse envenenada, e nós sofremos desse envenenamento de sangue desde o momento em que nascemos.

Outra característica da natureza pecaminosa é sua universalidade. Nenhum dos descendentes de Adão, excetuando-se Cristo (Rm 8:3; 1Co 15:45-49), está isento dela, o que explica o fato de que todos, novamente à exceção de Cristo (Jo 8:46; Hb 4:15; 1Pe 2:22), “pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23; cf. v. 10-12).

Essa natureza tem um caráter definitivo nesta vida. Paulo é claro ao afirmar que é somente por ocasião da segunda vinda de Cristo que os justos serão transformados, que a natureza pecaminosa será erradicada e o corpo finalmente redimido do cativeiro da corrupção (Rm 8:19-23; 1Co 15:20-23, 50-58).

Por ser tão contrária à vontade de Deus, a natureza pecaminosa impede perfeita obediência à lei divina. Talvez a passagem bíblica mais clara a esse respeito seja Romanos 7:14-25. Lendo-a com atenção, percebemos por que Paulo – ou o cristão convertido – é incapaz de satisfazer plenamente a justiça da lei. O tipo de pecado ali descrito não é o pecado intencional, mas o pecado que não queremos cometer e que acabamos cometendo por causa do pecado que habita em nós.

Outros textos bíblicos que falam do pecado involuntário são 1 João 5:17, 18 e 3:9. Sobre pecados intencionais, veja também Hebreus 10:26, 27 e 1 João 5:16, 17. Em 1 João 1:6-9, o apóstolo fala dos dois tipos de pecados, intencionais e involuntários.

Voltando à pergunta inicial, é possível viver sem pecado? A resposta é sim e não. Depende de qual pecado estamos falando. Se for do pecado intencional, a resposta é sim. Se for do pecado involuntário, a resposta é não. Pelo poder de Cristo, a pessoa pode ter sua vontade santificada ao ponto de que o pecado não mais será uma escolha, uma atitude deliberada de se opor à vontade de Deus, de se rebelar contra Ele.

Naturalmente, isso é um processo. Ninguém da noite para o dia será forte o bastante para nunca mais escolher pecar. É por isso que precisamos de arrependimento e confissão (1 Jo 1:9), bem como da intercessão de Cristo no santuário celestial (1 Jo 2:1). Porém, pela operação santificadora do Espírito Santo, podemos escolher não pecar mais, ou não permitir que nossa vontade nos leve a contrariar deliberadamente a vontade de Deus. Quando se encerrar o tempo de graça, os justos terão feito sua escolha definitiva ao lado de Deus e não vão mais mudá-la. O mesmo acontecerá com os ímpios: sua rejeição da oferta salvífica de Deus será definitiva e irrevogável (Ap 22:11).

Quanto aos pecados involuntários, que não são resultado da escolha, mas sim da natureza pecaminosa, a vitória completa só será obtida por ocasião da glorificação. Há poder em Jesus para sermos transformados, e santificação não é outra coisa senão o processo de regeneração do caráter operado pelo Espírito Santo, a transformação da natureza interior para que ela volte a refletir a imagem perfeita de Deus com a qual fomos criados (Rm 8:11). Tal transformação não se completa nesta vida, nem é inevitável. Mesmo que tenhamos nascidos de novo, ela pode ser comprometida por nossa negligência em manter comunhão com Deus e permitir que Ele continue operando em nós (Rm 6:12, 13; 8:13; 1Co 9:27; Gl 5:16).

Um dia, felizmente, o pecado será eliminado em todas as suas dimensões.

Wilson Parorschi (via Revista Adventista - Título original: Vida impecável)

Vejamos também esta análise de Ángel Manuel Rodriguez da Revista Adventist World:

Os principais termos bíblicos para “pecado não intencional” no Antigo Testamento são o substantivo shagagah (engano, erro) e o verbo shagag/shagah (errar, enganar ou induzir ao erro). O significado desses termos é, de certo modo, uma questão de debate. Examinaremos o uso tanto do substantivo como do verbo e comentaremos a frase “pecado arrogante”. Isso pode ajudar a esclarecer o significado de pecado involuntário.

1. Shagagah: Esse substantivo tem sido traduzido de diferentes formas: “ignorância” (ARA), “inadvertência” (BJ e AA), “sem querer” (NTLH), “sem intenção” (NVI). A tendência é compreendê-lo como expressando a ideia de ignorância ou falta de intenção. Essa interpretação encontra apoio em algumas expressões paralelas usadas juntamente com a palavra. Em alguns casos, dizem que a pessoa não sabia (Levítico 5:17), não tinha conhecimento (Josué 20:3), não tinha consciência do pecado cometido (Levítico 5:2) ou que ele ou ela souberam mais tarde (Levítico 5:3).

Mas o substantivo shagagah é usado no contexto do pecado consciente, quando a pessoa tem consciência de que pecou (Levítico 4:22-23). O elemento da intencionalidade pode estar presente nesse caso em particular, mas não em outros (Números 35:11; Deuteronômio 19:4-5). Isso sugere que esse substantivo designa pecado involuntário ou cometido por ignorar a lei, pecado involuntário ou mesmo inadvertido. Necessariamente, isso não exclui consciência e intenção.

2. O verbo Shagag/Shagah: Esse verbo se refere ao pecado inconsciente (Jó 6:24; 19:4; Ezequiel 45:20). Porém, designa mais frequentemente o pecado como um erro que, embora evitável, não foi evitado. Isaías usa esse paralelo com o verbo “cambalear”, descrevendo o cambaleio da pessoa bêbada (Isaías 28:7 NVI). Essa é uma conduta involuntária porque, como resultado do efeito do álcool, a pessoa é incapaz de andar ereta. Em outro caso, pela falta de pastores ou líderes, o rebanho de ovelhas se desvia do caminho e se dispersa (Ezequiel 34:5). Elas não têm autocontrole e orientação. O livro de Provérbios declara que a falta de disciplina faz com que a pessoa cambaleie (Provérbios 5:23; conforme 19:27). Isso também acontece quando uma pessoa é indiferente para com Deus (Salmos 119:67; conforme verso 21).

Esses textos parecem descrever a condição comum do ser humano que só pode ser melhorada mediante autodisciplina. Em certo sentido esse tipo de comportamento é involuntário; por nós mesmo só nos perdemos e fazemos o que é errado. Esse tipo de pecado não é apenas um pecado de ignorância. Saul, após saber que Davi havia poupado sua vida, tentou se reconciliar com ele e confessou: “Pequei […] não tornarei a fazer-te mal; […] tenho procedido como louco e errado [shagah] excessivamente” (1Samuel 26:21 ARA). Ele chamou sua tentativa de matar Davi de erro, embora tenha intencionalmente procurado tirar sua vida. A falta de autocontrole levou Saul a atacar Davi.

3. Pecado Arrogante: O pecado “involuntário” é contrastado com o pecado arrogante (Números 15:30-31), representado pela atitude rebelde e desafiadora contra Deus, manifestada pelo total desrespeito por Ele e por Sua vontade. Para esse tipo de pecado não há expiação e a pessoa é desconectada permanentemente do povo de Deus. Ele pode ser intencional ou não, mas o principal significado do verbo é o fato de que a pessoa errou e necessita de expiação.

O pecado “involuntário” parece designar pecados cometidos como resultado de uma natureza humana que é fraca e incapaz de controlar-se. A pessoa não estava rompendo com o Senhor, pois o pecado foi resultado da fragilidade humana. Nessa condição, eles pecaram sem saber, sem querer, sem saber o que estavam fazendo. Talvez possamos nos referir a eles como pecadores involuntários. A falta de autocontrole ou intencionalidade, e até mesmo ignorância, não é desculpa para esse pecado, mas o perdão está sempre disponível para ele (conforme 1João 2:1-2). O Senhor pode nos dar vitória sobre nossa natureza caída: “Eu Te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie [shagah] dos Teus mandamentos” (Salmos 119:10 NIV).

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

DIA DA GULA

26 de janeiro é o Dia da Gula – o ato de comer mais do que o necessário. Sabemos que este hábito pode causar problemas à saúde e levar até a morte. Além do aspecto físico, sabia que a gula afeta outras áreas da vida? Sim! A gula interfere em seus relacionamentos sociais, interfere na sua capacidade intelectual e também no seu aspecto espiritual. Ou seja: Se você se identificar como um guloso, mude imediatamente.

Existem alterações no organismo que levam à compulsão alimentar: Hipotireoidismo, mau funcionamento do intestino, falta de nutrientes e o uso de alguns medicamentos. Mas, o estresse e a depressão estão entre os grandes personagens causadores da gula.

Comer está associado ao prazer, oriundo do paladar, e aí que mora um grande perigo. É preciso controlar o aspecto emocional, um vilão que pode ser combatido com ajuda profissional. Se você sabe que precisa reduzir o consumo de alimentos, analise os fatores que podem estar fazendo com que você sinta fome, mesmo quando acabou de se alimentar.

Gula X Alimentação Saudável
Comer bem é um dos oito remédios de Deus, mas é preciso entender que o adjetivo “bem”, nesse caso, se refere à qualidade e não à quantidade. Outro fator importante para salientar no Dia da Gula é que é possível sim ser um glutão sem escorregar na escolha dos alimentos: basta consumir mais do que deveria. Nem espinafre faz bem, se comido em excesso! A palavra-chave é moderação, e não é que este é outro remédio de Deus? Conheça aqui, 8 REMÉDIOS NATURAIS.

Escreve Ellen G. White: "É possível comer sem moderação, mesmo os alimentos saudáveis. Não se deve pensar que, pelo fato de haver alguém deixado o uso de artigos prejudiciais do regime alimentar, deva comer tanto quanto lhe aprouver. O alimentar-se em excesso, não importa qual a qualidade do alimento, atrapalha a máquina viva e a estorva assim em seu trabalho" (Christian Temperance and Bible Hygiene, p. 51).

Gula X Espiritualidade
Em Provérbios 23:20-21 temos um conselho para evitar a comilança, e Provérbios 23:2 diz: “mete uma faca à tua garganta, se és homem glutão”. Parece exagerado? Talvez não, se pensarmos que o controle do apetite está diretamente ligado ao domínio de nossos desejos carnais, tão importante para uma vida pura. Se somos incapazes de nos controlarmos em relação à comida, podemos ser vencidos por outros pecados. A habilidade de dizer “não” a qualquer coisa em excesso – “autocontrole” — é um dos frutos do Espírito que pertence a todos os cristãos (Gálatas 5:22). 

Ellen G. White diz: "Sobrecarregar o estômago é um pecado comum, e quando se usa demasiado alimento, todo o organismo é sobrecarregado. A vida e vitalidade, em vez de aumentar, diminuem. É assim como Satanás planeja. O homem utiliza suas forças vitais no desnecessário trabalho de cuidar de excesso de alimentos. Por tomar demasiado alimento, não apenas gastamos descuidadamente as bênçãos de Deus, providas para as necessidades da natureza, mas causamos grande dano a todo o organismo. Contaminamos o templo de Deus, que é enfraquecido e mutilado; e a natureza não pode fazer o seu trabalho bem e sabiamente, como Deus designara que fosse" (Conselhos sobre o Regime Alimentar, p. 131).

Dicas para ter mais saciedade
Você sabia que o consumo de grãos integrais te ajuda a sentir menos fome? Isso acontece porque eles têm mais fibras e auxiliam na sensação de saciedade. Mastigar bem também é uma excelente dica: Se você mastigar entre 25 e 30 vezes a cada garfada, você dará tempo para o seu cérebro informar ao corpo os sinais de saciedade.

Aposte em um bom prato de salada antes das grandes refeições, porque elas também têm bastante fibras e minerais, além de precisarem de um maior tempo de mastigação; assim você tem ajuda em dose dupla.

A escolha do que comer também é importante. Alimentos refinados e a base de açúcar dão um pico na glicemia e caem rapidamente, quando são absorvidos. Desta forma que a fome volta rapidamente.

Conclusão
Veja esta importante advertência de Ellen White: "A Palavra de Deus coloca o pecado de glutonaria na mesma categoria que a embriaguez. Tão ofensivo era este pecado à vista de Deus que Ele deu indicações a Moisés de que um filho que não pudesse ser restringido quanto ao apetite, mas que se empanturrasse com tudo que desejasse o seu paladar, devia ser levado pelos pais aos juízes de Israel, para que fosse apedrejado e morto. A condição de um glutão era considerada sem esperança. De nenhuma utilidade seria ele para outros, sendo uma maldição para si mesmo. Em coisa alguma se poderia depender dele. Sua influência estaria sempre contaminando a outros, e o mundo seria melhor sem essa espécie de caráter; pois seus terríveis defeitos poderiam perpetuar-se" (Testemonies 4, pp. 454-455).

E conclui: "Se os homens e as mulheres tão-somente se lembrassem de quanto afligem sua mente quando afligem o estômago, e quão profundamente é Cristo desonrado quando o estômago é sobrecarregado, seriam corajosos e abnegados, dando ao estômago oportunidade de recobrar sua salutar ação. Enquanto assentados à mesa podemos fazer trabalho médico-missionário ao comer e beber para glória de Deus" (Manuscrito 93, 1901).

Leia também o capítulo Comer em Demasia, do livro Conselhos sobre o Regime Alimentar de Ellen G. White (AQUI).

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

CULTURA DO ESTUPRO

Preso desde a semana passada, o jogador Daniel Alves está no centro de um escândalo de repercussão mundial. Aos 39 anos, e até então atleta do Pumas do México (que rescindiu o contrato após o caso vir à tona), ele está sendo acusado de estupro e agressão sexual na Espanha.

A denunciante é uma jovem espanhola de 23 anos, que não teve a identidade divulgada. Ela, que fez a denúncia em 2 de janeiro, quando as investigações começaram. Ela afirma que foi estuprada por ele no banheiro de uma boate em Barcelona. Segundo a imprensa espanhola, a jovem chamou o segurança da boate, foi ao hospital e os exames confirmaram o estupro.

Segundo a denúncia, tudo aconteceu em uma boate de luxo de Barcelona no dia 30 de dezembro. A mulher disse que Daniel a agrediu e estuprou no banheiro da área VIP do local. Ela afirma que foi seguida por Daniel Alves ao ir ao banheiro, que é unissex, por volta das 4h da manhã.

Ela disse que foi forçada por Daniel Alves a sentar no seu colo. Afirma também que, ao resistir, foi jogada no chão, esbofeteada e forçada a fazer sexo oral nele. Imagens da boate mostram que a mulher ficou cerca de 14 minutos no banheiro, enquanto Daniel Alves ficou 16.

A Justiça espanhola determinou prisão preventiva e sem fiança para Daniel Alves no dia 20 de janeiro. De início, ele foi levado para uma penitenciária a 25 km de Barcelona. De acordo com a lei espanhola, o jogador pode ficar preso dois anos até o julgamento. Se esse tempo todo passar sem que o caso seja concluído, ele poderá aguardar em liberdade.

O caso Daniel Alves nos convida a refletir sobre a "cultura do estupro". Vamos entender a origem do termo.

Este termo foi cunhado na década de 70, quando feministas americanas se empenhavam numa campanha de conscientização da sociedade acerca da realidade do estupro. Segundo Alexandra Rutherford, doutora em ciência e psicologia, e especialista em feminismo e gênero, antes que o movimento feminista trouxesse à baila este assunto, pouco se falava sobre isso. E pior: acreditava-se que tanto o estupro, quanto a violência sexual doméstica e o incesto raramente aconteciam.

O número crescente de casos de estupros numa sociedade, bem como a típica reação de parte da população, evidencia a existência de uma cultura de estupro. Não significa que o estupro seja visto como algo normal, que deva ser praticado e incentivado, mas que a cultura produz um solo fértil para que ele ocorra com preocupante frequência. 

Bem da verdade, a sociedade enxerga com certa condescendência o estupro, mesmo dizendo-se horrorizada. Esta condescendência se revela cada vez que se tenta culpabilizar a vítima e isentar o perpetrador como se isso fosse inerente à sua própria masculinidade. 

Pais criam seus filhos meninos para serem predadores, verdadeiros garanhões. Mesmo que não admitam, mas sentem-se orgulhosos de saber que o filho está “passando o rodo geral". A mulher é vista como um objeto a ser conquistado, uma égua selvagem a ser dominada e amansada. Obviamente que isso não é dito abertamente, mas nas entrelinhas, na piadinhas, nas frases de efeito do tipo “prendam suas cabras que meu bode está solto.”

A mesma cultura que forja a figura do “macho alfa”, produz a ambiência propícia ao estupro. Meninos crescem ouvindo que quando a mulher diz não, na verdade está querendo dizer sim. O “não” é apenas um charminho. Ela quer se pega à força. Ser jogada contra a parede. Forçada. Mulher não gosta de homem molenga. Mostra pra ela quem é que manda! Toda mulher tem a fantasia de ser estuprada. Mulher gosta mesmo é de apanhar... E por aí vai... Alguém ainda ousa dizer que não há uma cultura de estupro?

Tentar embebedar a menina para depois se aproveitar dela não é estupro? É o quê, então? Mas tudo isso é visto como algo perfeitamente natural. Nada demais. Coisa de adolescente aloprado. 

Muitas mulheres já até se convenceram de que nasceram para ser presas fáceis nas mãos destes cafajestes. Há uma glamourização da cafajestice. Não que todo cafajeste seja um estuprador, mas certamente é um forte candidato, visto ser desprovido de qualquer escrúpulo ou freio moral. 

Se por um lado, busca-se naturalizar a postura do homem predador, por outro, busca-se culpabilizar a vítima. Alguma coisa ela fez para merecer isso!

Como combater a cultura do estupro? Não basta garantir a punição severa dos criminosos (castração química, por exemplo). Precisamos recorrer a medidas preventivas. E isso passa pela família e pela escola. E não será reprimindo ainda mais a mulher, tornando-a duplamente vítima. Aumentar o comprimento da saia, diminuir o tamanho do decote, ou coisa parecida, são medidas paliativas que só reforçam a cultura do estupro. É como dizer que o estuprador tem razão. Que qualquer mulher vestida de maneira mais atraente está pedindo para ser estuprada. Nada mais ridículo que isso, não?

Então, o que fazer? Ensinar os meninos a respeitar a mulher desde cedo. Prepará-los para ser homens de verdade, e não sex machines. Realçar neles o sentimento de empatia. Ensinar-lhes, por exemplo, que homem também chora. Que isso não é coisa de mulherzinha. Que a mulher não é um pedaço de carne pronto para ser devorado. Ela tem sentimentos.

Se o menino não tem contato com seus próprios sentimentos, ele não respeitará o sentimento de outros, nem mesmo de uma mulher.

Há que se tratar o problema em suas raízes e para isso, a educação é imprescindível. Tanto no lar, quanto na escola, as crianças precisam aprender a respeitar tanto o semelhante, quanto o diferente. Daí a importância da chamada “educação para a diversidade”, tão combatida por setores religiosos fundamentalistas, por acharem que se trate de apologia velada à homossexualidade.

Algo precisa ficar bem claro: estupro não tem nada a ver com sexo ou desejo sexual. Esta vergonhosa prática tem a ver com uma relação de poder, na qual os homens, através de um processo de intimidação, mantêm as mulheres em um estado de medo permanente.

Dizem que o maior receio de um homem ao ser preso é ser estuprado por seus colegas de cela. Quem dera soubessem que este é o maior receio da mulher o tempo inteiro. Até mesmo dentro de sua própria casa.

Estou acompanhando esse caso Daniel Alves com atenção na esperança de ser uma mudança de paradigma não só de punição, mas de como nós homens e sociedade enxergamos o estupro, porque estupro muito tempo atrás era o Maníaco do Parque, era em um parque à noite, escondido. Na boate, 'a mulher está fazendo o que na boate? Que roupa ela está?'. Tinha várias tentativas absurdas de justificar algo injustificável, e eu acho que este caso é mais um para a gente mudar o olhar e entender a cultura e o que é estupro. 

É muito simples, o tal do 'não é não' resume tudo, se a pessoa não quer, não tem justificativa pregressa, roupa, ambiente que justifique. Tenho a esperança de que esse caso seja um marco para uma mudança cultural no comportamento dos homens.

Para denunciar casos de violência contra a mulher, ligue para o número 180. Este serviço público e gratuito é uma Central de Atendimento à mulher em situação vulnerável e o seu registro é realizada de forma anônima/confidencial. Caso você esteja em outro país, consulte o número de telefone para denúncias clicando aqui: https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/politicas-para-mulheres/ligue-180. E é possível realizar a denúncia também pelo 190 – Polícia Militar, serviço público e gratuito.

E para você que ainda não conhece sobre o assunto, deixamos como dica fundamental o site do Instituto Maria da Penha, organização sem fins lucrativos (ONG) lançada em 2009, que tem como um dos propósitos elevar a qualidade de vida física, emocional e intelectual das mulheres. Para conhecer, é só clicar aqui: https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-somos.html.

Conheça também o projeto Quebrando o Silêncio, promovido desde 2002 pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em oito países da América do Sul com o objetivo de prevenir a violência doméstica.

[Com informações de G1 | UOL | Hermes Fernandes]

RELÓGIO DO JUÍZO FINAL

O Relógio do Juízo Final, que mede simbolicamente o fim dos tempos, marcou, nesta terça-feira (24), que a humanidade jamais esteve tão perto do cataclismo planetário devido à guerra na Ucrânia, às tensões nucleares e à crise climática.

O Boletim dos Cientistas Atômicos, que descreve o relógio como uma "metáfora do quão próxima está a humanidade da auto aniquilação", moveu os ponteiros de 100 segundos para 90 segundos para a meia-noite.

A cada ano, a junta de ciência e segurança do Boletim e seus patrocinadores, entre os quais figuram 11 prêmios Nobel, tomam a decisão de reposicionar os ponteiros deste relógio simbólico. Até agora, o mais próximo que esteve da meia-noite, a hora fatídica que esperam que nunca chegue, tinha sido 100 segundos. O relógio permaneceu nessa posição por dois anos, desde janeiro de 2020.

Mas as coisas pioraram. Em um comunicado, o Boletim afirma que, neste ano, adianta os ponteiros "devido, em grande parte, mas não exclusivamente, à invasão da Ucrânia por parte da Rússia e ao maior risco de uma escalada nuclear". Também pesam "as ameaças contínuas representadas pela crise climática e o colapso das normas e instituições globais necessárias para mitigar os riscos associados com o avanço das tecnologias e as ameaças biológicas como a covid-19", acrescentou.

Quando o Relógio do Juízo Final foi criado, em 1947, depois da Segunda Guerra Mundial, faltavam sete minutos para a meia-noite. O relógio chegou a ficar a 17 minutos para o horário do apocalipse depois do fim da Guerra Fria, em 1991.

O Boletim dos Cientistas Atômicos foi fundado em 1945 por Albert Einstein, J. Robert Oppenheimer e outros cientistas que trabalharam no Projeto Manhattan, que produziu as primeiras armas nucleares. (G1)


O pastor Odailson Fonseca analisou com muita sabedoria o comunicado dos cientistas:

"É só uma ilustração. No entanto, os cientistas estão realmente alarmados com o futuro. ⁣Nada novo para quem já sabe que será feito tudo novo (Ap 21:5), concorda? Mesmo assim, refletir profundamente sobre a nossa vida na balança virou uma emergência. “Visto que tudo será desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda” (2Pe 3:11,12). Que estes ponteiros também mexam com as nossas decisões. Já foi o tempo da soneca à beira do abismo. Despertemos agora enquanto o Altíssimo ainda segura os ventos.⁣.. Chegou a hora.⁣ Se estamos a somente 90 segundos do Filho do Homem rasgar céus e terra, não é momento para distração, desunião, inveja, competição e incoerência. Guardemos as canetadas e afrouxemos as gravatas da retórica. Cristo está voltando! Foquemos no que importa. (via instagram)

⁣Para nós, a vinda do fim tem a ver com a consumação do Reino de Deus (1Co 15:24), e não com guerras, epidemias e agitações políticas (“mas ainda não é o fim”; Mt 24:6; Lc 21:11) ou com riscos relacionados ao meio ambiente e às mudanças climáticas. Para isso, o evangelho do Reino será pregado por todo o mundo, “então, virá o fim” (Mt 24:14). A Bíblia enfatiza Cristo, Seu Reino, Sua Igreja e Sua missão. Para nós, Cristo é o ‘evento’ que mais importa nestes “últimos segundos para a meia-noite”.

"É necessário que os terrores do dia de Deus sejam mantidos diante de nós, a fim de sermos compelidos à ação correta pelo medo? Não devia ser assim. Jesus é atraente” (Ellen G. White, Review and Herald, 02/08/1881).

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

RELACIONAMENTO ABUSIVO

Durante o paredão do "BBB 23" deste domingo (22), Tadeu Schmidt falou sobre a relação dos participantes Bruna Griphao e Gabriel – a atriz e o modelo estão juntos desde que trocaram beijos na primeira festa do reality show.

"Eu tô aqui pra fazer um alerta antes que seja tarde. Quem tá envolvido num relacionamento, talvez nem perceba, talvez ache que é normal. Mas quem tá de fora, consegue enxergar quando os limites estão prestes a ser gravemente ultrapassados", disse o apresentador.

Ele relembrou uma conversa entre o casal: "olha esse diálogo que aconteceu ontem. Bruna falando: 'Eu sou o homem da relação'. Gabriel falando: 'Mas já, já você vai tomar umas cotoveladas na boca'". "Gabriel, numa relação afetiva, certas coisas não podem ser ditas nem de brincadeira. Esse era o recado que eu queria deixar pra vocês", completou Tadeu.

O abuso pode ocorrer de diversas formas: verbal, físico, emocional, um abuso que não fica muito claro, que vem por mensagens subliminares. A psicóloga clínica Liliana Seger explica que os sinais de um relacionamento abusivo ou tóxico podem aparecer no começo da relação, em tom de "brincadeira", como também sinalizou Tadeu.

"Como você é lerda, como você é burrinha. Quando falado em tom de brincadeira, esse sinal passa desapercebido pela outra pessoa. É importante entender que esse já é um alerta, já existe um desrespeito se a pessoa fala dessa forma", diz a doutora em psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP.

"Podem achar que é bobagem, que é mimimi, mas não é. O relacionamento abusivo existe e começa com um tapinha, um segurar o braço numa discussão, um empurrãozinho, um jogar em cima da cama até o total (a morte). É muito importante que isso seja falado, visto e orientado [como aconteceu no programa]. Não é normal, não é natural", completa Seger.

O ciclo do relacionamento abusivo
Os abusadores seguem um padrão de comportamento universal. O relacionamento começa como todos os outros, mas depois se alterna entre momentos de tensão, violência e reconciliação.

A primeira pesquisadora a identificar o ciclo foi a psicóloga Lenore E. Walker. Ele foi descrito da seguinte forma:

- Construção das tensões: ocorrem o controle do comportamento, o isolamento da vítima, ofensas verbais e humilhações;

- Explosão da violência: há agressão física, violência patrimonial, violência moral, violência sexual ou violência psicológica;

- Lua de mel: a pessoa pede perdão, enche a parceira/parceiro de promessas de mudança, há reconciliação e reconstrução do vínculo.

Segundo Seger, normalmente as pessoas que estão em uma relação tóxica ficam sem graça de chamar a atenção do parceiro(a). Muitas vezes, quando sinalizam, acabam ouvindo que tudo não passou de brincadeira e o famoso "eu te amo". Logo depois, o ciclo recomeça...

Não é brincadeira
Seger diz que os primeiros sinais podem parecer "bobinhos", mas não são. Diminuir uma pessoa com brincadeirinhas, com pequenos gestos que parecem "engraçadinhos" já é considerado um alerta vermelho.

A "brincadeira" pode vir acompanhada do controle da comida e de ações, por exemplo, como cercear o direito da vítima de ir e vir. Para a pessoa que está nesse tipo de relação, ciúmes e controle são vistos como sinal de amor. Também é preciso observar se o parceiro é sempre agressivo ou se fica mais agressivo quando é contrariado. "É importante perceber os pequenos sinais e buscar ajuda", alerta a psicóloga.

Em muitos casos, é só no momento da violência aguda que a vítima vai procurar ajuda, e já pode ser tarde demais.

Pessoas próximas também podem tentar intervir, mas nem sempre a vítima consegue enxergar que está num relacionamento tóxico. Por vezes, a pessoa acaba minimizando os atos do abusador, dizendo que não foi por mal, ou justificando o injustificável: "ele está nervoso, teve um dia de trabalho difícil".

Muito dessa submissão, do não enxergar os abusos, vem de uma dependência emocional que a vítima cria com o parceiro abusador. "A pessoa tem uma dependência emocional, não consegue falar o que sente, tem medo de ser jogada fora. Ela se submete às migalhas dadas", exemplifica Seger.

O abusador xinga, trata mal, bate e depois vem o eu te amo, as flores, o lado sedutor e protetor. "É um 'eu te amo' para dez 'cala a boca'. A pessoa se prende nos presentes, nas palavras de afeto, na manipulação", completa a psicóloga.

57 comportamentos que identificam relações abusivas
Quando lidamos com parceiros perversos, abusivos, tóxicos- sejam homens ou mulheres- é comum nos depararmos com diversas características que essas pessoas parecem ter em comum, bem como comportamentos repetitivos, previsíveis, como se tratasse sempre da mesma pessoa. Esses comportamentos, quando impostos dentro da relação, podem levar à total destruição da identidade, autoestima, capacidade de funcionar e vontade de viver da pessoa que se submete.

A seguir, vejamos como identificar ALGUNS desses comportamentos e características:

1. PIROTECNIA AMOROSA – Também chamada de bombardeamento amoroso, consiste em encantar o alvo com inúmeras demonstrações de amor, muitas delas exageradas ou públicas. Os pedidos de namoro, noivado são um show para outras pessoas verem, não um momento do casal. As surpresas são constantes, quase exageradas, deixando o alvo sem saber como retribuir ou agir diante do bombardeamento constante. O mais interessante é que o alvo percebe que as ações exageradas não parecem vir acompanhadas de real profundidade e sentimento. É quase uma intuição que, por não saber explicar, ignora.

2. DISTRAÇÃO/ILUSIONISMO – Junto com o item acima, nos primeiros dias, talvez meses, a pessoa perversa tende a ser muito atenciosa, presente, interessada, de um modo tão intenso que fará com que seu alvo pense que está “sendo cuidado”; que aquela presença imposta constantemente é um verdadeiro sinal de amor, mas o que na verdade faz é manter seu alvo ocupado o tempo todo, quase sempre com coisas ligadas à relação ou à pessoa perversa, de modo que não tenha mais tempo para si mesmo, para outras pessoas ou para prestar atenção em como a pessoa perversa realmente é.

3. TUDO PARA ONTEM – Pessoas perversas fazem planos para o futuro desde os primeiros contatos. Falam em casamento, filhos, morar juntos, adquirir patrimônio, tudo em tempo record. É tudo tão rápido que causa estranhamento em todos, exceto na pessoa apaixonada.

4. DESLIZES – Pessoas perversas fazem discursos moralistas, como se fossem as pessoas mais corretas do mundo, mas em meio ao discurso, sempre deixam escapar alguma coisa que vai na contramão do que pregam.

5. CICLO ABUSIVO – É um ciclo ininterrupto que alterna comportamento destrutivo e construtivo, típico de muitos relacionamentos e famílias disfuncionais. A pessoa perversa faz algo bom e logo em seguida algo ruim, desestabilizando o alvo e criando um ciclo vicioso de expectativa e insegurança.

6. ALIENAÇÃO – O ato de interferir ou cortar de vez as relações do indivíduo com os outros (amigos, família, colegas de classe, trabalho, etc). A ideia aqui é distanciar o alvo de qualquer pessoa que possa lhe servir de apoio.

7. “SEMPRE” e “NUNCA” – São declarações contendo as palavras sempre ou nunca. Elas são comumente usadas, mas raramente refletem a verdadeira intenção do perverso. “NUNCA mais fale comigo”, para logo estar perseguindo o alvo e encontrando desculpas para continuar o contato.

8. DESIGUALDADE LEGAL – A pessoa perversa sujeita o parceiro a uma séria de regras que ela não se sente na obrigação de seguir. Por exemplo, o alvo não tem a permissão de manter contato com pessoas do passado, mas a parte perversa pode, o alvo deve respeitar sua família, mas a parte perversa pode desprezar a sua, etc.

9. RAIVA – Pessoas que sofrem de certos transtornos de personalidade com frequência carregam um sentimento de raiva não resolvida e uma percepção mais aguçada ou exagerada que foram injustiçados, anulados, negligenciados ou submetidos a abuso, refletindo esta raiva sobre aqueles que os rodeiam.

10. ISCA – Um ato provocativo usado para provocar uma resposta irritada, agressiva ou emocional de um outro indivíduo. Diz algo que sabe que vai causar ira, mas o faz exatamente para ver seu interlocutor desequilibrado. Quando o alvo se desequilibra, a pessoa perversa parece a parte equilibrada.

11. CULPABILIZAR – O hábito de identificar uma pessoa ou pessoas como responsáveis por um problema, ao invés de identificar formas de lidar com ele. Fazem isso com tanta maestria que seus alvos vivem se sentindo culpados.

12. PROJETAR – É a prática de atribuir ao outro seus defeitos e maus comportamentos. A pessoa perversa dirá que o outro é mentiroso, promíscuo, agressivo, manipulador e tudo que achar de si mesmo. Às vezes, são coisas bem específicas. Um exemplo, um narcisista conhecido dizia que eu fazia sexo virtual com meu professor. Não entendia de onde aquilo tinha saído até descobrir que era viciado em sexo virtual. Outro narcisista tinha hábito de dizer que as mulheres se vitimizam para que homens paguem suas contas, mas quando em minha companhia, choramingava ganhar pouco para ter cada pãozinho seu pago, ou seja, era um explorador de mulheres.

13. BULLYING – Qualquer ação sistemática para ferir uma pessoa, aproveitando-se de uma posição de força seja física, hierárquica, social, econômica ou emocional. Pessoas perversas são experts em bullying contra seus parceiros, colegas de trabalho, amigos e familiares. Basta saberem de algo que lhe causa vergonha, que passam a utilizar da forma mais cruel possível.

14. RACIONAMENTO – O racionamento é um dos comportamentos mais cruéis do parceiro narcisista. Consiste em descobrir o que você mais gosta e simplesmente deixar de fazer ou racionar. Podem ser ações, frases ou palavras. Desta forma você passa a mendigar por aquilo que antes lhe dava em abundância e agora dá quando quer ou não dá. Pode ser de um simples ” bom dia” a comportamentos mais complexos. Se sabe que você gosta ou deseja, vai negar ou racionar.

15. TRAIÇÃO – envolve-se em relacionamentos românticos ou íntimos com outras pessoas quando já está empenhado em um relacionamento monogâmico com você. Para perversos, isso é bem comum, pois são extremamente promíscuos.

16. APROPRIAÇÃO – Consumir ou assumir o controle de um recurso ou bem pertencente ou compartilhado com um membro da família, parceiro ou cônjuge, sem antes obter a sua aprovação. Toma posse sem se importar com o que o outro pensa.

17. EXPLORAÇÃO – É a prática de explorar o parceiro, amigos ou familiares a fim de ter suas contas pagas. Vitimizam-se dizendo que não estão em condições, que precisam de ajuda, para poderem encostar-se. A exploração também se dá quando tomam empréstimos em família acreditando que não têm o dever de pagar, bem como está presente no modo que prestam seus serviços ou contratam serviços para si, tentando sempre tirar vantagem, cobrando a mais ou tentando pagar menos do que o que vale o serviço recebido.

18. CHANTAGEM EMOCIONAL – Um sistema de ameaças e punições por trás de uma aparência fragilizada de vítima, utilizado na tentativa de controlar os comportamentos de alguém. Algumas vezes, essa característica também passa a ser do alvo de pessoas perversas, pois crê que, assim, poderá acessar a empatia da pessoa perversa, o que jamais acontece.

19. SENSO DE DIREITO – Uma expectativa irrealista, não merecida ou inadequada de condições de vida e tratamento favorável vindo dos outros. Se acham mais merecedores do que as outras pessoas. Tratamentos especiais lhes são devidos, mas para os outros, jamais.

20. FALSAS ACUSAÇÕES – Padrões de crítica injustificada ou exagerada direcionada ao alvo. Você diz: “tal pessoa me paquerava quando eu era adolescente” e a partir daí passa a ouvir por anos que a pessoa foi ou é seu/sua amante. Acusa o alvo de ter feito coisas ou ter tido comportamentos que nunca teve simplesmente porque “suspeita”.

21. FAVORITISMO – Favoritismo é a prática de dar sistematicamente tratamento positivo e preferencial para um dos filhos, um dos subordinados ou um dos membros dentro de uma família ou grupo de iguais (trabalho) em modo que os outros se sintam inferiores ou menos queridos. Faz isso usando outras pessoas também em detrimento do parceiro amoroso.

22. FALSO LITÍGIO – O uso de processos judiciais sem mérito para machucar, assediar (especialmente em divórcios) ou ganhar uma vantagem econômica sobre um indivíduo ou organização.

23. AUTOPROMOÇÃO GENEROSA – É a prática de dar ao alvo uma lista de pessoas que gostariam de estar com a pessoa perversa, bem como uma lista dos defeitos do alvo para, então, dizer que, mesmo assim, deseja estar com ele. “Sou bom por aceitar estar com você, não obstante seus defeitos.”

24. GASLIGHTING – É a prática de lavagem cerebral e manipulação a fim de convencer um indivíduo mentalmente saudável que ele está ficando louco ou que a sua compreensão da realidade é equivocada ou falsa. Nega-se fatos ou falas como se nunca tivessem ocorrido.

25. PODA – Podar é o ato predatório de manobrar um outro indivíduo para uma posição que o torna mais isolado, dependente, propenso a confiar e contar somente com a pessoa perversa, tornando-o mais vulnerável a um comportamento abusivo. Fazem isso dizendo que o alvo não é capaz sem sua ajuda ou presença.

26. ASSÉDIO – Qualquer padrão persistente ou crônico de comportamento indesejável de um indivíduo para com o outro. O comportamento rotineiro de pessoas perversas é um assédio constante.

27. HOOVERING – Hoovering é uma metáfora tirada de uma marca muito popular de aspiradores de pó nos EUA e Grã-Bretanha (Hoover) para descrever como uma vítima de abuso, ao tentar fazer valer os seus próprios direitos, deixando ou limitando o contato num relacionamento disfuncional, é sugada de volta quando a pessoa perversa temporariamente apresenta um comportamento melhor ou desejável, passando por uma revitimização.

28. IMPULSIVIDADE – A tendência de agir ou falar com base em sentimentos do momento ao invés de raciocínio lógico. Pouco importa se o que é dito não faz o mínimo sentido. Se precisar se justificar, dirá que disse porque VOCÊ a forçou a agir daquela forma.

29. ISOLAMENTO IMPOSTO – É uma das primeiras providências tomadas pela pessoa perversa quando se envolve com um novo alvo. A ideia é distanciar; isolar o alvo de sua rede de apoio, o que inclui amigos e familiares. É muito comum que a pessoa perversa não tenha amigos íntimos e se relacione de forma superficial também com sua própria família e, por isso, não aceita que o alvo tenha relacionamentos mais profundos. Com o isolamento imposto e a alienação, a um certo ponto ficará somente ela e o alvo, o que aumenta seu poder de controle sobre o outro.

30. MANIPULAÇÃO FLOREADA – É um modo imperceptível de fazer exigências enquanto elogia. Por exemplo, um perverso conhecido dizia à moça com quem estava começando a se relacionar que queria fazer dela sua princesa, sua mulher para toda vida, porque ela era linda especial, mas que “não tinha certeza” que ela o colocaria entre suas prioridades “já que ela tinha muitos amigos e dava muita atenção aos seus familiares”, levando-a a distanciar-se dessas pessoas para ocupar o espaço de “princesa”.

31. INTIMIDAÇÃO – Qualquer forma velada de ameaça oculta, indireta ou não-verbal.

32. INVALIDAÇÃO – A criação ou promoção de um ambiente que incentiva o indivíduo a acreditar que seus pensamentos, crenças, valores ou presença física é inferior, imperfeita, problemática ou inútil.

33. FALTA DE CONSCIÊNCIA – Indivíduos que sofrem de alguns transtornos de personalidade são demasiadamente preocupados com suas próprias necessidades e interesses, às vezes, com a exclusão total das necessidades e preocupações dos outros. Algo que pode ser interpretado pelos outros como uma falta de consciência moral ou egoísmo e nada mais que isso, é na verdade o modo de vida da pessoa perversa.

34. FALTA DE CONSTÂNCIA DO OBJETO – Sintoma de alguns transtornos de personalidade, a falta de constância do objeto é uma incapacidade de lembrar que as pessoas ou objetos são consistentes, confiáveis e com os quais se pode contar, especialmente quando eles estão fora de seu campo imediato de visão. Constância do objeto é uma habilidade de desenvolvimento que a maioria das crianças não desenvolvem até dois ou três anos de idade. Daí a indiferença com seus sentimentos na ruptura, a falta de confiança quando não está controlando e etc.

35. NARCISISMO – Este termo descreve um conjunto de comportamentos caracterizados por um padrão de grandiosidade, o foco egocêntrico, necessidade de admiração, a atitude de auto-serviço (eu me sirvo sempre), falta de consideração e falta de empatia, sendo esta última a característica mais forte e maligna do narcisismo e portanto, essencial para a identificação desse padrão de comportamento. Não existem narcisistas capazes de se colocar no lugar do outro.

36. DESQUALIFICAÇÃO FLOREADA – A prática de elogiar, inserindo desqualificadores dentro de uma frase, de modo que a parte desqualificadora não seja percebida, mas surta efeito. Exemplo: “Eu amo suas gordurinhas” “Adoro seu corpo, tanto que conheço cada uma de suas 387 estrias” “Minha gorducha linda” “Você é um homem tão bom para mim que passei a amar até o seu péssimo português”. Serve para minar a autoestima do alvo de modo que se esmere para “melhorar” até ter o elogio “completo”.

37. NEGLIGÊNCIA – Uma forma passiva de abuso em que as necessidades físicas e emocionais de um dependente são desconsiderados ou ignorados pela pessoa responsável por eles. Nas relações tóxicas com pessoas perversas, a negligência vem à tona com frequência quando o alvo tem problemas de saúde, financeiros ou precisa de cuidados.

38. NORMALIZAÇÃO – Numa relação com perversos, é uma tática usada para dessensibilizar o indivíduo para comportamentos abusivos, coercitivos ou inapropriados. Em essência, a “normalização” nada mais é do que a banalização de coisas que, em sã consciência, não aceitamos como normais; é a manipulação de outro ser humano para levá-los a aceitar algo que está em conflito com a lei, as normas sociais ou seu próprio código básico de comportamento. Ex.: Aceitar traição, agressão física, verbal, promiscuidade, poligamia, etc.

39. JOGOS SEM VITÓRIA – São situações comumente criadas por pessoas que sofrem de transtornos de personalidade, onde eles apresentam duas opções ruins para alguém próximo a eles e as pressiona a escolher entre os duas, assim sempre sairá perdendo. Isso geralmente deixa a pessoa que não tem transtorno de personalidade com um sentimento de “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.

40. COISIFICAÇÃO – A prática de tratar uma pessoa ou um grupo de pessoas como objetos, mantendo-as à sua disposição ou descartando-as de acordo com suas necessidades. No sexo, o alvo também é coisificado no sentido que, após a relação sexual, comportamentos frios e abusivos são restabelecidos do nada, quando minutos antes tudo era maravilhoso, fazendo com que o alvo se sinta usado.

41. SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL – Um termo usado para descrever o processo pelo qual um dos pais, geralmente divorciado ou separado do outro progenitor biológico, usa sua influência para fazer uma criança acreditar que o outro progenitor é mau ou inútil.

42. MENTIRA PATOLÓGICA – Decepção persistente por parte de um indivíduo para servir os seus próprios interesses e necessidades com pouca ou nenhuma relação com as necessidades e preocupações dos outros. Um mentiroso patológico é uma pessoa que existe apenas para servir suas próprias necessidades ainda que para isso deve lançar mão de mentiras.

43. VITIMIZAÇÃO – É a prática de assumir uma postura de vítima diante de amigos e familiares, relatando histórias onde aparece como vítima e o alvo como o vilão, de tal forma que as pessoas se compadeçam de si e odeiem o alvo. Para isso, lançam mão de histórias que jamais ocorreram, inacreditáveis quando ouvidas pelos alvo e que normalmente causam muita angústia, sentimento de injustiça e desejo de vingança.

44. RECRUTAMENTO – A maneira que a pessoa perversa tem de controlar ou abusar do alvo através da manipulação de outras pessoas para que estas inconscientemente passem a defendê-la, falar por ela, “comprar sua briga” ou “fazer o trabalho sujo” que ela deseja contra seu alvo. Essas pessoas são chamadas em inglês de “flying monkeys” que se traduz em “macacos voadores”, que nada mais são do que possibilitadores, facilitadores e colaboradores recrutados pela pessoa perversa.

45. EXPLOSÃO, RAIVA E AGRESSIVIDADE IMPULSIVA – Elevações explosivas verbais, físicas ou emocionais em uma briga, desproporcional à situação real. Mas atenção, esse comportamento sozinho não indica perversidade, já que acompanhado de culpa e remorso verdadeiros pode indicar Transtorno Explosivo Intermitente, que nada tem a ver com perversidade e pode ser tratado.

46. SABOTAGEM – A ruptura espontânea da calma ou status quo, a fim de servir a um interesse pessoal, provocar um conflito ou chamar a atenção.

47. BODE EXPIATÓRIO – a escolha de um indivíduo ou grupo para receber culpa ou tratamento negativo não merecido. A pessoa perversa faz e põe a culpa nos outros.

48. MEMÓRIA SELETIVA E AMNÉSIA SELETIVA – O uso de memória, ou a falta de memória seletiva com o intuito de reforçar um preconceito, crença ou obter um resultado desejado, utilizando somente aquilo que lhe convêm.

49. AUTOENGRANDECIMENTO – É um padrão de comportamento pomposo; o hábito de vangloriar-se. Presença de narcisismo ou competitividade projetados para criar uma aparência de superioridade.

50. VERGONHA – A diferença entre culpa e vergonha é que ao culpar alguém você diz a uma pessoa que ela FEZ algo ruim e ao envergonhar alguém você lhe diz que a pessoa É algo ruim. Por exemplo, um perverso conhecido quando queria envergonhar, dizia que eu era mentirosa diante de todos (vergonha). Na intimidade, dizia que não podíamos ser felizes porque eu mentia muito (culpa). Nenhuma das duas coisas acompanha fundamento ou explicação lógica, sempre, quase sempre, fruto de suposições.

51. STALKING (PERSEGUIÇÃO) – Qualquer padrão invasivo e indesejável de buscar o contato com outro indivíduo. A pessoa narcisista pratica stalking somente quando é dispensada pelo alvo antes que ela o descarte. Como não aceitam ser deixadas, perseguem. O alvo, normalmente, também pratica stalking ao ser descartado.

52. TESTE – Forçar repetidamente outra pessoa a demonstrar ou provar seu amor ou compromisso com o relacionamento a fim de demonstrar para a pessoa narcisista o seu valor.

53. POLICIAMENTO DO PENSAMENTO – Um processo de interrogatório ou tentativa de controlar os pensamentos ou sentimentos de outra pessoa. É uma prática percebida especialmente quando o alvo deseja estar em silêncio ou reflexão.

54. TRIANGULAÇÃO – Ganhar uma vantagem sobre os “presumidos rivais” ao manipulá-los para que entrem em conflito uns com os outros. Falam mal de uma pessoa para a outra a fim de ver a relação entre elas se deteriorar ou ver pessoas disputando um posto importante na vida da pessoa perversa

55. SILÊNCIO AGRESSIVO – Método insidioso de violência psicológica que consiste em passar horas ou dias tratando o alvo com silêncio injustificado e punitivo, quase sempre acompanhado de cara fechada e pequenas frases de acusação sem sentindo ou embasamento na realidade. “Você sabe porque estou assim.”

56. VISÃO DE TÚNEL – Uma tendência a se concentrar em um único interesse (seu) ou ideia e negligenciar ou ignorar outras prioridades importantes ou todas as circunstancias.

57. DESCARTE OU SUMIÇO – Como toda relação com uma pessoa com essas características é superficial, independente do tempo que passou, quando ela sentir que o alvo não serve mais aos seus propósitos, ou seja, deixou de ser uma fonte de suprimento narcísico, ela o descartará e desaparecerá sem explicação ou com um arroubo de raiva injustificada que deixará o alvo se perguntando o que fez de errado. Um relacionamento com uma pessoa perversa narcisista jamais termina com uma conversa clara e civilizada; um comum acordo. Ou some ou demonstra ódio para justificar o fim.

P.S. É óbvio que a presença de um desses comportamentos isoladamente não indica perversidade ou transtornos de personalidade. É um conjunto deles que dará sinais claros de que se trata de pessoa perversa/tóxica/abusiva da qual preservar-se é preciso!

Como você se recupera do abuso emocional?
1. Entenda que a mudança é inevitável e que você tem forças para fazer as mudanças que quer e precisa fazer. Com certeza, você não vai conseguir todas de uma só vez, porque até pode nem saber exatamente o que quer e precisa. Você pode começar a fazer uma ou outra pequena mudança para ver como se sente. Comece, talvez, a cuidar um pouco de você, sentar à mesa para tomar o café da manhã, fazer um exercício, tomar um banho gostoso e demorado.

2. Comece a reprogramar sua mente. Você pode esperar até que as coisas melhorem para começar a acreditar que elas vão melhorar; ou pode acelerar a marcha da sua recuperação começando a acreditar nas melhoras, independentemente das mudanças. Mesmo que o quadro continue o mesmo, ou tenha mudado muito pouco, a grande diferença será como você se sente a respeito dele. Sua atitude mental fará essa diferença.

3. Procure ajuda e apoio. Existem grupos de apoio, terapeutas, conselheiros, amigas e outros profissionais de saúde que entendem o quanto você está sofrendo e poderão ajudá-la. Não confunda: abuso emocional é violência doméstica, sim.

4. Procure informações. Você não é a unica a estar nas mãos de um parceiro abusador. Alguns batem, outros não, mas todos se comportam de modo muito parecido. Todos dizem mais ou menos as mesmas coisas cruéis. Você logo vai perceber que, como todos trabalham com o mesmo script, o que eles dizem não é sobre você, mas sobre eles.

5. Comece a contar suas bênçãos. Sim, você passou por situações inimagináveis, dor e sofrimento que você não merecia. Sem duvida alguma, você ainda está ferida, mas tem uma escolha. Você pode ficar olhando a dor, ou pode começar a olhar para as coisas pelas quais podem agradecer e celebrar. Até aqui o Senhor a protegeu - você está saindo dessa situação. Reserve um tempo no seu dia, pode ser a ultima coisa do seu dia. Seja agradecida a Deus pela saúde, pela saúde dos seus filhos, pelo sorriso de uma criança, por qualquer coisa boa que tenha acontecido no seu dia. Agradeça a Deus por um agrado recebido, pelo sol brilhante, a beleza de uma flor. Se você se comprometer a ser grata a Deus por dez bênçãos recebidas, você vai precisar procurar por elas. Ao criar esse hábito, verá quantas mais você vai encontrar.

Essas ideias são só o começo. Todas essas sugestões são para afastar você da sua dor, da sua mente de vítima para a conscientização de que é uma pessoa de valor e de que há muitas coisas para você conseguir e conquistar na vida. A jornada de recuperação do abuso emocional é uma jornada para longe do medo, da vergonha, da humilhação e da incapacidade para a crença em você e numa vida melhor para você e seus filhos. Você não sabe o que a aguarda no futuro, mas tenha certeza de que será muito, muito mais feliz do que pode imaginar agora.

Espírito de Profecia
Veja também alguns recados de Ellen G. White para maridos abusadores e ditatoriais no livro O Lar Adventista:

"Tua vida seria muito mais feliz se não sentisses que estás investido de absoluta autoridade porque és marido e pai. Tua conduta mostra que interpretas mal tua posição de marido, isto é, laço de união do lar. És nervoso e ditatorial e muitas vezes manifestas grande falta de senso, de maneira que em qualquer tempo que considerares tua conduta nessas ocasiões, ela não pode parecer razoável para com tua esposa e teus filhos. Uma vez havendo tomado uma posição, raramente te mostras disposto a dela afastar-te. Estás determinado a executar teus planos, quando muitas vezes não estás seguindo reto curso e devias notá-lo. O que necessitas é mais, muito mais, de amor, de longanimidade, e menos de determinação de seguir tua maneira de sentir tanto em palavras como em obras. No curso que estás agora perseguindo, em vez de seres um laço de união da família, serás como um torno para comprimir e martirizar a outros" (p. 225).

"Tens pontos de vista peculiares com respeito à condução da família. Exerces um poder independente, arbitrário, que não permite liberdade de opiniões em torno de ti. Pensas que és suficiente para ser a cabeça em tua família e entendes que tua cabeça é suficiente para mover cada membro, como uma máquina funciona nas mãos do operador. Ditas e assumes autoridade. Isto desagrada o Céu e fere os santos anjos. Tens-te conduzido em tua família como se unicamente fosses capaz de autogoverno. Ofendes-te se tua esposa se aventura a opor-se a tuas opiniões ou questione tuas decisões. Necessitas cultivar esses traços de caráter se queres ser um vencedor e se desejas as bênçãos de Deus em tua família" (p. 227).

"Se o marido é tirânico, exigente, criticando os atos da esposa, não pode ele manter seu respeito e afeição, e a relação matrimonial lhe tornar-se-á odiosa. Não amará o marido, pois ele não procura tornar-se amável. Devem os maridos ser cuidadosos, atentos, constantes, fiéis e compassivos. Devem manifestar amor e simpatia" (p. 228).

"Não há em muitas famílias aquela polidez cristã, aquela verdadeira cortesia, deferência e respeito mútuo que deveriam preparar os membros para se casarem e constituírem por sua vez famílias felizes. Em lugar da paciência, bondade, terna cortesia, e da simpatia e amor cristãos, há palavras ásperas, idéias em conflito e um espírito crítico e ditatorial. Por meio de dissensões sobre assuntos triviais, cultiva-se um espírito de amargura. Francos desacordos e brigas trazem inexprimível miséria para o lar, e separam os que deveriam achar-se unidos nos laços de amor" (p. 83).

"Deve-se procurar seja o lar tudo quanto está implícito nessa palavra. Deve ser um pequeno Céu na Terra, um lugar onde se cultivem as afeições em vez de serem estudadamente reprimidas. Nossa felicidade depende do cultivo do amor, da simpatia e da verdadeira cortesia de uns para com outros" (p. 15).

[Com informações de G1 | Quebrando o Silêncio | Conti Outra]