terça-feira, 30 de junho de 2020

Na sua igreja tem "panelinha"?

Imagine algo que não combine com a igreja cristã: "panelinha". Conforme o dicionário Aurélio, "é conluio para fins pouco sérios; grupo de políticos que, no poder, procuram obter vantagens individuais; qualquer grupo muito fechado."

Somos seres sociais, necessitamos do convívio em grupo. A formação de um grupo se dá pelas afinidades, gostos, idade, condições socioeconômicas, enfim, pelo compartilhamento de algo em comum. Na igreja, como um agrupamento de pessoas, nada mais normal que haja grupos, mas o problema está quando grupos demasiadamente coesos, as "panelinhas", criam condições para exclusão de outros irmãos.

Na igreja, embora todos tenham suas particularidades e diferenças, devemos pensar como uma unidade, como Paulo exorta aos Gálatas: "Não pode haver judeu nem grego; escravo nem liberto; nem homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28). 

A relação de Cristo com Sua igreja pode ser ilustrada pelo eixo e os raios de uma roda de bicicleta: quanto mais perto de Jesus estiverem, mais unidos serão os cristãos. Quando as "panelinhas" surgem na igreja, causam problemas porque não condizem com ela. A "panelinha" em si já é uma anomalia, um indicador de que Jesus não está por perto. A cada momento, devemos convidar Jesus para estar perto de nós, de modo que Sua presença desaconselhe expressões seletivas ou sectaristas, e promova no ambiente de nosso convívio uma atmosfera afetuosa e convidativa. 

Dentro da igreja, a presença de panelinhas pode ser espiritualmente devastadora para novos membros e especialmente para crentes mais fracos. Tiago 2:1 diz: “Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.” Esse favoritismo pode ser devido à situação financeira, popularidade, aparência, estilo de vida ou história pessoal. Os crentes devem estar cientes da tendência ao favoritismo e reprimi-lo sempre que o virmos em nós mesmos. Quando reconhecemos nossos preconceitos diante de Deus, demos o primeiro passo para superá-los. Não podemos mudar o que não reconhecemos.

Toda atitude exclusivista destoa da atmosfera que deve reinar no ambiente da igreja. A acepção de pessoas é filha do preconceito, que “tem mais raízes do que os princípios”, de acordo com Maquiavel. Em quase todos os níveis da igreja existem pessoas exclusivistas e preconceituosas. Por essa razão, nossa influência sobre os de fora não é tão forte quanto deveria. Ellen White adverte: "Muitos há que olham para vocês, para ver o que a religião pode fazer por vocês" (Filhos e Filhas de Deus, MM 1956, p. 262). E diz mais: "O apóstolo exorta seus irmãos a manifestar em sua vida o poder da verdade que ele lhes apresentara. Por sua mansidão e bondade, paciência e amor, deviam exemplificar o caráter de Cristo e as bênçãos de Sua salvação. Divisões na igreja desonram a religião de Cristo ante o mundo, e dão ocasião aos inimigos da verdade para justificar seu procedimento" (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 80).

Jesus deixou belíssimos exemplos de inclusão. A mulher pecadora foi acolhida por Ele num momento extremamente delicado. Zaqueu teve a alegria de receber o Mestre em sua casa. A mulher que tinha fluxo de sangue não foi ignorada pelo Médico dos médicos. Jesus comeu com pecadores para atraí-los a Si. Ellen White afirma que Jesus “procurava derribar as barreiras que separavam as diversas classes sociais, a fim de unir os homens como filhos de uma só família” (O Desejado de Todas as Nações, p. 150). “Não menosprezava ser humano algum, mas buscava aplicar o bálsamo de cura a toda e qualquer alma. Em qualquer companhia que estivesse, apresentava uma lição apropriada ao tempo e às circunstâncias. […] Buscava incutir esperança no mais rústico e menos prometedor dos homens, assegurando-lhes de que poderiam tornar-se irrepreensíveis e inofensivos, e adquirir caráter que deles faria filhos de Deus” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 387).

Algumas pessoas são “excluídas” da música, da liderança e das atividades da igreja. O lobby das “panelinhas” é poderoso, mas sabemos que ele é fruto de orgulho e inveja. Ele inibe talentos, sufoca vocações e afugenta os que gostariam de cooperar. E o pior: essa atitude escorraça pessoas que ainda não conhecem o amor de Deus. Não podemos, de forma alguma, deixar este tipo de atitude e pensamento dominar nossa igreja. Veja o que a Palavra de Deus nos diz sobre isso:

“Entretanto, quando vocês seguirem suas próprias inclinações erradas, suas vidas produzirão os seguintes maus resultados: pensamentos impuros; ansiedade pelo prazer carnal; idolatria, feitiçaria; ódio e luta; ciúme e ira; esforço constante para conseguir o melhor para si próprio; queixas e críticas; o sentimento de que todo mundo está errado, menos aqueles que são do seu próprio grupinho; e haverá falsa doutrina, inveja, assassinato, embriaguez, divisões ferozes e toda essa espécie de coisas. Vou dizer-lhes novamente como já o fiz antes, que todo aquele que levar esse tipo de vida não herdará o reino de Deus" (Gálatas 5:19-21 - Bíblia Viva).

Que possamos sempre agregar e nunca segregar. Claro, sempre tendo a Bíblia como regra de fé e conduta para com todos e para todas as ocasiões e situações.

Assista também este delicioso vídeo da jornalista, escritora, palestrante e youtuber Fabiana Bertotti sobre esse assunto:

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Detox de Ellen G. White

Se o detox fosse uma religião, provavelmente contaria com confessionários onde os fiéis relatariam seus excessos alimentares e seriam orientados a expurgar os pecados da gula com dietas, sucos, chás e cápsulas detoxificantes. A ideia de poder compensar a farra de calorias com uma breve mudança na rotina alimentar é o principal atrativo do variado leque de produtos e práticas que prometem limpar o organismo sob o mesmo rótulo: detox. Mas não há comprovação científica da sua eficácia. 

A oferta desses itens e tratamentos tem como base duas premissas. A primeira é a de que o corpo sempre acumula substâncias que são ingeridas com os alimentos e que têm o potencial de fazer mal: as toxinas, substâncias de origem biológica sem função no organismo, também chamadas de xenobióticos, e que oferecem riscos à saúde. A segunda é a de que é possível eliminar essas substâncias por meio do consumo, por exemplo, de sucos detoxificantes. 

A crença de que o nosso corpo tenha estoques genéricos de toxinas originadas pelos alimentos é contestada pelo professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) Henrique Suplicy. “Nós temos mecanismos no organismo que jogam substâncias nocivas fora”, diz. Naturalmente, intestino, fígado e rins conseguem fazer a seleção do que deve ser aproveitado pelo corpo e do que será jogado fora.

De acordo com os médicos do Hospital Milton Keynes, na Inglaterra, esses remédios alternativos usados para limpar o "lixo tóxico" do corpo acumulado após comer em excesso são "perigosos e ineficazes".

“Não há evidência científica que esses suplementos tenham qualquer efeito benéfico ou terapêutico em pacientes”, diz Gilberto de Nucci, professor da Unicamp. Outra avaliação foi feita pela Anvisa, a agência que regulamenta os alimentos e medicamentos no Brasil. Os técnicos verificaram tudo o que estava escrito nas embalagens e nos sites dos fabricantes. O resultado revelou que todos os produtos estão irregulares porque são registrados como alimentos, mas prometem efeito de medicamento sem nenhuma comprovação de eficácia. E o uso da palavra detox nos rótulos já contraria a legislação porque promete efeitos ou propriedades que não podem ser demonstradas.

"É melhor ter uma dieta saudável e variada, com um estilo de vida ativo, ao invés de passar por uma dieta de limpeza'', completam os especialistas.

Detox de Ellen G. White
Ellen G. White nos deixou sábios conselhos para fazermos uma natural desintoxicação e termos uma verdadeira vida detox. Os textos abaixo foram extraídos dos livros Conselhos sobre o Regime Alimentar e A Ciência do Bom Viver.

Agentes terapêuticos da natureza
Há muitos modos de praticar a arte de curar; mas um só existe aprovado pelo Céu. Os remédios de Deus são os simples agentes da Natureza, que não sobrecarregarão nem enfraquecerão o organismo mediante suas fortes propriedades. As drogas, porém, são dispendiosas, tanto no gasto do dinheiro, como no efeito produzido no organismo. 

Ar puro, luz solar, abstinência, repouso, exercício, regime conveniente, uso de água e confiança no poder divino - eis os verdadeiros remédios. Toda pessoa deve possuir conhecimento dos meios terapêuticos naturais, e da maneira de os aplicar (leia mais aqui). É essencial, tanto compreender os princípios envolvidos no tratamento do doente, como ter um preparo prático que habilite a empregar devidamente este conhecimento. O uso dos remédios naturais requer certo cuidado e esforço que muitos não estão dispostos a exercer. O processo da natureza para curar e construir é gradual, e isso parece vagaroso ao impaciente. Demanda sacrifício e abandono das nocivas condescendências. Mas no fim se verificará que a natureza, não sendo estorvada, faz seu trabalho sabiamente e bem. Aqueles que perseveram na obediência a suas leis, ceifarão galardão em saúde de corpo e de alma.

Remédios racionais
Quando o abuso da saúde é levado tão longe que traz em resultado a enfermidade, o doente pode muitas vezes fazer por si mesmo o que ninguém mais pode fazer. A primeira coisa é verificar o verdadeiro caráter do mal, e então operar inteligentemente para remover a causa. Se a harmoniosa operação do organismo se desequilibrou por excesso de trabalho, de comida ou de outras irregularidades, não tenteis ajustar a desordem ajuntando uma carga de venenosos medicamentos. 

Regime conveniente
Condescender em comer com demasiada frequência e quantidade exagerada, sobrecarrega os órgãos digestivos e produz um estado febril do organismo. O sangue torna-se impuro, e então ocorrem doenças de várias espécies. Manda-se buscar um médico, que receita alguma droga que dá alívio temporário, mas que não cura a doença. Pode mudar sua forma, porém o mal real aumenta dez vezes. A natureza estava fazendo o melhor que podia para livrar o organismo de um acúmulo de impurezas, e fosse ela deixada a si mesma, auxiliada pelas bênçãos comuns do Céu, tais como ar puro e água pura, ter-se-ia efetuado uma cura rápida e segura.

O que a natureza precisa mais é ser aliviada da indevida carga que lhe foi imposta. Em muitos casos de doença, o melhor remédio é o paciente jejuar por uma ou duas refeições, a fim de que os sobrecarregados órgãos digestivos tenham oportunidade de descansar. Um regime de frutas por alguns dias tem muitas vezes produzido grande benefício aos que trabalham com o cérebro. Muitas vezes um breve período de inteira abstinência de comida, seguido de alimento simples e moderadamente tomado, tem levado à cura por meio dos próprios esforços recuperadores da natureza. Um regime de abstinência por um ou dois meses, haveria de convencer a muitos sofredores que a vereda da abnegação é o caminho para a saúde. 

Aplicação de água
Reduzam o estado febril do organismo, mediante cuidadosa e inteligente aplicação de água. Esses esforços ajudarão a natureza em sua luta por livrar o organismo de impurezas. Na saúde e na doença, a água pura é uma das mais excelentes bênçãos do Céu. Foi a bebida provida por Deus para saciar a sede de homens e animais. Bebida abundantemente, ela ajuda a suprir as necessidades do organismo, e a natureza em resistir à doença. A aplicação externa da água é um dos mais fáceis e mais satisfatórios meios de regular a circulação do sangue. Um banho frio ou fresco é excelente tônico. O banho quente abre os poros, auxiliando assim na eliminação das impurezas. Tanto os banhos quentes como os neutros acalmam os nervos e equilibram a circulação. Os tratamentos hidroterápicos não são apreciados como deviam ser, e aplicá-los bem requer trabalho que muitos não estão dispostos a realizar.

Exercício Físico
Não obstante tudo quanto se diz e escreve sobre sua importância, existem ainda muitos que negligenciam o exercício físico. Muitos se tornam corpulentos porque o organismo está carregado; outros ficam magros e fracos por terem exaustas as forças vitais em dar conta de um excesso de comida. O fígado é sobrecarregado em seu esforço de limpar o sangue das impurezas, dando em resultado a doença. 

Aqueles cujos hábitos são sedentários devem, quando o tempo permitir, fazer exercício ao ar livre todos os dias, de verão e de inverno. As impurezas não são eliminadas, como seriam se a circulação houvesse sido estimulada por vigoroso exercício, a pele conservada em condições saudáveis, e os pulmões alimentados com abundância de ar puro, renovado. Caminhar é preferível a andar de carro, pois movimenta mais músculos. Os pulmões são forçados a uma ação benéfica, uma vez que é impossível andar em passo rápido sem os dilatar. Tal exercício seria, em muitos casos, melhor para a saúde do que drogas.

A natureza é o médico de Deus. O ar puro, a radiosa luz solar, as flores e árvores, os pomares e vinhas e o exercício ao ar livre nessa atmosfera são salutares e vivificantes.

domingo, 28 de junho de 2020

Fogo Estranho

Fogo estranho é a expressão bíblica utilizada para indicar o tipo de fogo trazido por dois sacerdotes e que foi rejeitado pelo Senhor (Levítico 10:1-3). A Bíblia diz que Nadabe e Abiú trouxeram fogo estranho diante de Deus e acabaram sendo consumidos.

Os intérpretes se dividem quanto a melhor interpretação da expressão “fogo estranho”. De fato o texto bíblico não revela explicitamente seu significado. Aqui vale ressaltar que as duas pessoas envolvidas naquele episódio, Nadabe e Abiú, tinham sido instruídas por Deus acerca de como proceder na ministração dos cerimoniais que faziam parte do culto no Tabernáculo.

Levítico 10 fala sobre como os dois sacerdotes se colocaram diante de Deus para lhe oferecer incenso. Porém, Deus não se agradou do que aqueles homens fizeram, e identificou aquilo como “fogo estranho”, algo que o Senhor não lhes tinha ordenado.

O significado do fogo estranho diante de Deus
Com base em todo esse contexto, algumas possibilidades são apresentadas quanto o melhor significado do que seria o “fogo estranho” apresentado pelos filhos de Arão. Vejamos:

Em primeiro lugar, a expressão “fogo estranho” pode se referir ao modo ilícito que os dois sacerdotes apresentaram o incenso a Deus. Talvez eles não tivessem observado a ordenança divina que regulamentava aquele procedimento.

Deus havia prescrito o tipo de incenso correto que deveria ser oferecido, e proibido qualquer tipo de “incenso estranho”. Deus também havia indicado como o incenso deveria ser ascendido e queimado (cf. Êxodo 30:37). O incenso deveria ser queimado continuamente, de manhã e de tarde. As brasas para ascender o incenso deveriam vir do próprio altar (cf. Levítico 16:12,13).

Então Nadabe e Abiú podem ter utilizado incenso errado, ou mesmo usado incensários inadequados; ou ainda ascendido os incensários com brasas de fogo de outra fonte, e não do altar. Nesse último caso, os dois sacerdotes teriam literalmente trazido fogo estranho diante de Deus.

"No pátio da tenda da consagração, havia fornos onde os sacerdotes preparavam sua comida, e pode ser que Nadabe e Abiú tomaram o fogo desse lugar" (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 1, p. 809).

Ellen G. White afirma: "Os filhos de Arão tomaram fogo comum, o qual Deus não aceitava, e insultaram ao infinito Deus, apresentando fogo estranho diante dele" (No Deserto da Tentação, p. 97).

Em segundo lugar, os dois filhos de Arão podem ter adotado uma prática que não havia sido prescrita. Talvez eles tivessem tentado executar certo cerimonial num momento inadequado, ou trazido uma oferta que não havia sido ordenada por Deus. Ainda nesse sentido, também existe a possibilidade de os dois sacerdotes terem se apropriado de funções que não lhes cabiam. Alguns intérpretes sugerem que eles acabaram usurpando uma função que era exclusiva do sumo sacerdote, e talvez tentaram até entrar no Santo dos Santos. 

"Entrar no Santo dos Santos sem a aprovação divina poderia levar à morte. O mesmo fogo divino que consumira o sacrifício inaugural, provendo expiação para o povo, consome agora aqueles que se aproximaram do altar divino de maneira desautorizada. Assim, a mesma ira divina contra o pecado, que caiu sobre Cristo no Seu sacrifício vicário pelo Seu povo, cairá sobre aqueles que rejeitarem esse sacrifício e, mesmo assim, tentarem se aproximar de Deus com seus pecados" (Bíblia de Genebra).

Em terceiro lugar, muitos estudiosos relacionam o fogo estranho trazido por Nadabe e Abiú com a exortação acerca da embriaguez na sequência do mesmo texto (Levítico 10:8-11). Então pode ser que os dois homens tenham entrado diante da presença do Senhor embriagados.

"Vinho e bebida forte podem entorpecer as faculdades de modo que a pessoa perca a clara distinção entre o certo e o errado, entre o santo e profano e entre o puro e o impuro. … naquela condição, eles não viam qualquer diferença. Fogo era fogo, não era? Deus, porém, examinou o coração dos dois e viu o que ninguém podia ver. Havia uma diferença. De modo semelhante, o primeiro dia da semana é tão bom quanto o sétimo dia, pelo raciocínio humano – exceto pela ordem de Deus; e isso faz uma diferença vital, a diferença entre a vida e a morte" (CBASD, vol. 1, p. 810).

Independentemente do que a expressão “fogo estranho” possa significar literalmente naquele contexto, fica evidente que a ideia principal transmitida por ela indica uma profanação do culto ao Senhor.

O fogo do Senhor os consumiu
Deus não tolerou o pecado de Nadabe e Abiú. O texto bíblico diz que “saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram perante o Senhor” (Levítico 10:2). Isso está de acordo com o padrão de santidade e justiça de Deus. Frequentemente o Antigo Testamento exorta que ninguém pode se aproximar de Deus inadequadamente.

Aqueles dois sacerdotes brincaram com a santidade de Deus e trouxeram diante dele fogo estranho. Por isso Deus falou através de Moisés: “Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo” (Levítico 10:3).

“A afirmação à qual Moisés se refere é provavelmente a de Êxodo 19:22: 'Os sacerdotes, que se chegam ao Senhor, se hão de consagrar, para que o Senhor não os fira.' Aparentemente os filhos de Arão não haviam se consagrado. A consagração ao sacerdócio não havia operado mudança no coração deles; eles eram apenas pessoas 'comuns'. A disposição flexível e indulgente de Arão estava na raiz do problema. Sua consciência deve tê-lo perturbado ao pensar em sua fraqueza alguns meses antes [no episódio do bezerro de ouro]. Deus o havia perdoado verdadeiramente e aceitara sua oferta pelo pecado; mas os resultados de sua fraqueza não foram evitados pelo arrependimento. Ele se acomodou" (CBASD, vol. 1, p. 809).

Aqui há uma verdade que muita gente tenta ignorar. Deus é glorificado tanto na execução de sua graça quanto de sua justiça. Ele é glorificado através da adoração sincera e genuína de seu povo, mas também é glorificado ao derramar de sua justiça sobre aqueles que entram em sua presença trazendo “fogo estranho”. O final de todas as coisas é a glória de Deus.

O caso dos filhos de Arão serve como um exemplo que não jamais deve ser esquecido. É ainda mais impressionante quando comparamos os capítulos 9 e 10 de Levítico. Levítico 9 registra como o fogo da parte do Senhor consumiu o sacrifício inaugural, e o pecado do povo foi expiado. No capítulo seguinte, esse mesmo fogo divino consumiu aqueles homens que ousaram de aproximar de Deus de uma forma inadequada.

Esse mesmo princípio acerca da santidade de Deus permanece imutável no Novo Testamento (cf. Atos 5:1-10; 1 Coríntios 11:29,30). O escritor de Hebreus faz uma citação do livro de Deuteronômio ao escrever: “Porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hebreus 12:29). Ninguém pode se aproximar de Deus por suas próprias obras ou méritos. A única forma de alguém se aproximar de Deus de modo aceitável é através dos méritos de Cristo; qualquer outra coisa será fogo estranho diante do Senhor.

Ellen G. White declara: "Para o pecado, onde quer que se encontre, 'nosso Deus é um fogo consumidor'. O Espírito de Deus consumirá pecado em todos quantos se submeterem a Seu poder. Se os homens, porém, se apegarem ao pecado, ficarão com ele identificados. Então a glória de Deus, que destrói o pecado, tem que destruí-los" (Eventos Finais, p. 279).

sexta-feira, 26 de junho de 2020

O que é chantagem emocional?

Você sofre com chantagem emocional? Quem sabe você esteja fazendo coisas por medo, culpa ou um senso de obrigação, quando poderia se livrar desses sentimentos ruins se soubesse que está sendo manipulada.

Sim, a chantagem emocional é um tipo de manipulação, e não é realizada somente por parceiros românticos, mas também por amigos e familiares.

Confira exemplos deste comportamento tóxico e aprenda a enfrentá-lo:

O conceito
O conceito de “chantagem emocional” foi popularizado nos anos 1990 pela psicoterapeuta Susan Forward. Geralmente, o chantageador usa medo, culpa ou obrigação para conseguir o que deseja.

De acordo com a psicóloga clínica Karla Ivankovich, chantagem emocional é quando “alguém próximo a nós usa as coisas que eles sabem sobre nós contra nós, como um meio de dano ou manipulação”.

Por exemplo: você e seu namorado (ou namorada) moram e cuidam de um cachorro juntos há cinco anos. Seu parceiro foi quem adotou o animal, seis meses antes de vocês se conhecerem, mas você também o ama. Durante uma discussão particularmente feia, ele(a) diz: “Se você me deixar, nunca mais irá ver o cachorro”.

Enquanto algumas formas de chantagem emocional são claras e até chocantes, como ameaças flagrantes ou implícitas, outras podem ser mais sutis, explica Darlene Lancer, terapeuta familiar e de casais.

“Exemplos fáceis de chantagem emocional são ameaças como ‘Eu direi às crianças que você teve um caso’, ou ameaças ambíguas como ‘Você vai se arrepender se…’ ou ‘Você gostaria que seus pais, amigos, chefe etc., soubessem que você fez…?’. Essas ameaças são destinadas a invocar medo. Já outras mais sutis tropeçam na culpa. Por exemplo: ‘Um amigo me emprestaria dinheiro. Como você pode dizer que é meu amigo se não me ajuda quando estou em uma situação assim?’ ou: ‘E quando você emprestou dinheiro de mim na faculdade?’”, exemplifica Lancer.

Pressionar ou “lembrar” alguém de uma “obrigação” ou “dever” é outra tática de chantagem emocional. Digamos que você mora longe de sua família, sua mãe quer que você a visite e a ajude com alguma coisa, mas você não tem dinheiro. “Mas é sua família! É isso que temos que fazer, temos que ajudar uns aos outros”, você pode ouvir.

Por fim, “gaslighting” é outro exemplo de chantagem emocional. É uma forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas, omitidas ou inventadas para favorecer o manipulador e fazer a vítima duvidar de si mesma, de sua memória, sua percepção e até sua sanidade. “Por exemplo, você nota que seu parceiro romântico flertou com uma colega de trabalho e, em seguida, ele faz você se sentir louca por pensar que ele poderia ser a fim de alguém que trabalha com ele”, ilustra Lancer.

É maldade?
Chantagens emocionais podem existir no contexto de qualquer relacionamento com uma pessoa próxima, e não é sempre um sinal de que você precisa cortar laços com essa pessoa – embora possa ser indicativo de uma dinâmica nada saudável se o comportamento persistir.

Isso porque a chantagem emocional não é sempre maliciosa, ainda que possa ser usada como uma estratégia de controle consciente. Digamos que você gosta de agradar as pessoas, e seu parceiro e seus amigos sabem disso. Logo, eles podem fazer birra ou fingir chateação quando você diz que não pode fazer algo por eles, esperando que você mude de ideia.

Dito isto, a manipulação não é feita somente com segundas intenções. Às vezes, o manipulador pensa que está certo em fazer determinado pedido ou declaração. Talvez ele simplesmente não saiba como dizer o que sente – por exemplo, que está com medo de te perder – e então faz uma ameaça.

“A chantagem emocional pode nascer da insegurança ou da falta de compreensão de como comunicar sentimentos, portanto nem sempre é tóxica”, esclarece Ivankovich.

Segundo Lancer, narcisistas, indivíduos com transtorno de personalidade limítrofe e outros com condições psicológicas relacionadas podem utilizar chantagem emocional com mais frequência sem saber disso.

Mas esse definitivamente não é sempre o caso. “Geralmente, [a chantagem emocional] surge do medo do abandono ou do sentimento de vergonha. De qualquer maneira, o manipulador sente uma séria ameaça ao ego e ao senso de si”, afirma Lancer.

Como enfrentar esse tipo de comportamento?
Primeiro de tudo, fique sabendo que não é sua responsabilidade “consertar” o comportamento ruim de nenhuma pessoa. Todo mundo faz escolhas sobre como se portar e o que dizer, e essas escolhas não podem ser transferidas para você.

No entanto, caso você esteja sendo chantageada emocionalmente por uma pessoa amada e considere que ela não faz por mal, mas gostaria que parasse, tente dizer exatamente isso a ela: “simplesmente pare”.

De acordo com Lancer, isso geralmente funciona. “Ameaças frequentemente não se materializam, porque são na verdade um apelo por mais atenção. Assegure o manipulador de que você o ama e de que quer estar naquele relacionamento, mas sem ameaças e sem fazer tudo o que ele quer”, explana.

A chave é comunicação. Converse com o manipulador sobre o porquê isso está acontecendo. “Se houver insegurança, pergunte o que você pode fazer para ajudá-lo a se sentir mais seguro. Talvez sua mãe precise de mais ligações todos os meses. Talvez seu parceiro precise de gestos românticos mais regulares. Talvez seu amigo não perceba a culpa e o desconforto que está causando ao pedir repetidamente algo quando você já disse não”, argumenta Ivankovich.

Caso se trate de uma pessoa que fez isso mais de uma vez, você precisa deixar claro o que irá aceitar e o que não irá aceitar. Expresse com todas as palavras que você não será manipulado.

“Se essa pessoa não parar apesar de seus pedidos, é hora de pensar em se afastar. A chantagem emocional é uma dinâmica abusiva, especialmente se continuar após os limites serem claramente definidos. Você merece se sentir amado e apoiado, não ameaçado”, alega Lancer. 

Natasha Romanzoti [via Hypescience | HuffPost]

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Combatendo o alarmismo e o sensacionalismo

Nos últimos tempos, tem surgido no meio religioso algo que chamo de “escatologia do medo”. Trata-se de uma corrente de pensamento que associa profecias bíblicas e textos inspirados a notícias da atualidade, numa abordagem alarmista e sensacionalista. O fato é que as mensagens proféticas não podem ser fundamentadas no medo. Segundo o apóstolo João, “aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor” (1Jo 4:17,18). Percebe-se que, ao longo da história, o medo gerou um efeito destrutivo na espiritualidade das pessoas.

Os cumprimentos proféticos são independentes de acontecimentos sociais específicos. Para a profecia, não é relevante o último discurso de um líder religioso ou de um presidente de uma grande nação. Eles são apenas personagens dentro de um quadro mais amplo, o qual está sob o controle de Deus e não, como alguns afirmam, de alguma suposta sociedade secreta.

Essa abordagem sensacionalista dos acontecimentos representa um mero esforço humano para dar credibilidade à profecia, algo que não lhe compete. Como já foi demonstrado inúmeras vezes, profecias fundamentadas em factoides não se sustentam.

Confira alguns textos de Ellen G. White nos advertindo sobre o cuidado que devemos ter com as mensagens alarmistas e o sensacionalistas:

"O Senhor vos chama a fazer decidida melhora em vossa maneira de apresentar a verdade. Não precisai ser sensacionalistas" (Evangelismo, p. 184).

"Há uma classe de pessoas sempre dispostas a escapar por alguma tangente, que desejam apreender qualquer coisa estranha, maravilhosa e nova; mas Deus quer que todos procedam calma e ponderadamente … Devemos guardar-nos de criar extremos, de animar os que tendem a estar ou no fogo, ou na água" (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pp. 227, 228).

"Enquanto trabalham com fervor a fim de interessar seus ouvintes e manter o interesse, ao mesmo tempo devem ser cuidados contra tudo que se aproxime do sensacionalismo. Nessa época de extravagância e exibicionismo, quando se pensa que é necessário fazer cena para ganhar sucesso, os mensageiros escolhidos de Deus devem desmascarar a falácia de gastar meios pelo mero fim de causar impacto" (The Review and Herald, 21/02/1907).

"O que queremos criar não é a excitação, mas uma reflexão profunda e fervorosa, a fim de que as pessoas que escutam, façam uma obra sólida, verdadeira, correta, genuína, que seja tão duradoura quanto a eternidade. Não temos ânsia de excitação, de sensacionalismo; quanto menos disso tivermos, tanto melhor. O raciocínio tranquilo e fervoroso com base nas Escrituras, é precioso e frutífero" (Evangelismo, p. 170).

"Deus convida Seu povo, que tem a luz diante de si na Palavra e nos Testemunhos, a ler e considerar, e dar ouvidos. Instruções claras e definidas têm sido dadas a fim de todos entenderem. Mas a comichão do desejo de dar origem a algo de novo dá em resultado doutrinas estranhas, e destrói largamente a influência dos que seriam uma força para o bem, caso mantivessem firme o princípio de sua confiança na verdade que o Senhor lhes dera" (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 38).

"Tenho sido instruída de que não é de doutrinas novas e fantasiosas que o povo precisa. Não necessitam de conjeturas humanas. Precisam do testemunho de homens que conhecem e praticam a verdade" (Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 272).

"É necessário que os terrores do dia de Deus sejam mantidos diante de nós, a fim de sermos compelidos à ação correta pelo medo? Não devia ser assim. Jesus é atraente. […] Deseja ser nosso Amigo, andar conosco por todos os acidentados caminhos da vida. […] Jesus, a Majestade do Céu, deseja elevar ao companheirismo com Sua pessoa os que se dirigem a Ele com seus fardos, fraquezas e preocupações" (The Review and Herald, 02/08/1881).

Isso me leva a questionar se é saudável essa abordagem escatológica que especula sobre os detalhes dos acontecimentos finais? Tem ela preparado o povo de Deus para estar desperto no retorno de Cristo? O que deve estar ocupando nossa mente, conforme orientou Ellen G. White, é a capacidade de nos submetermos a Jesus Cristo diariamente.

“Todo o que pretende ser um servo de Deus é convidado a realizar Seu serviço como se cada dia fosse o último” (Maranata: O Senhor Vem!, p. 106).

Portanto, precisamos acompanhar com atenção o que vem acontecendo em nosso planeta – com um olho na Bíblia e outro nos sinais –, mas é preciso, também, evitar alarmismos que apenas criam sensacionalismo e que, no fim das contas, quando tudo passa, deixam um rastro de frustração. Lembremo-nos sempre de que, mais importante do que os sinais em si é a pessoa para a qual os sinais apontam: Jesus Cristo. Devemos amar a vinda dEle, mas sem descuidar da nossa comunhão com Ele agora e da missão de falar do amor e da salvação que Ele ainda oferece. Ele voltará em breve? Sim, eu creio nisso. Mas minha vida pode ser ainda mais breve do que esse grande evento, posto que tão frágil e incerta. Isso é um lembrete de que nosso preparo tem que ser diário; nossa ligação com Deus tem que ser constante, e não dependente de acontecimentos e circunstâncias.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Glória a mim nas alturas!

É muito desagradável estar diante de um grande talento quando este vem acompanhado de um grande ego. Mas pior do que o talentoso vaidoso é o que não tem talento e acha que tem muito:

“Se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana” (Gl 6:3).

O músico cristão não precisa se depreciar, rastejar num deserto de autocomiseração. No entanto, ele precisa se conhecer, saber seus limites e ser grato a Deus por isso:

“Pela graça de Deus, sou o que sou” (1Co 15:10).

Tenha uma visão realista e humilde de quem é você. Você não será diminuído ao admitir: “Eu ainda não consigo fazer solos tão rápidos na guitarra, me deixe fazer a harmonia nesse trecho.” 

Chega a ser engraçado ver um músico que se acha o ‘bonzão’ diante de uma música além de suas capacidades técnicas: ele sempre tem justificativas. Ele põe a culpa no andamento, no arranjo, no instrumento, no ar-condicionado, na água que tomou, no horário do ensaio, inventa uma doença repentina, mas nunca reconhece que é limitado. Se ele tiver algum talento, improvisa uma alternativa mais fácil e convence todo o grupo que “fica melhor assim”.

Não seja esse tipo de arrogante convencido.

“... digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida de fé que Deus repartiu a cada um” (Rm 12:3).

Dizer “eu ainda não sei” não é falta de fé, nem fracasso e nem pessimismo. É um reconhecimento que economiza o tempo de todo mundo e abre portas para o aprendizado. Assuma o seu limite. Esse pode ser o primeiro passo para superá-lo.

A vaidade é traiçoeira, e nem sempre se traduz em discurso. O ‘metidão’ nem sempre fala bem de si mesmo. Algumas vezes ele tem palavras humildes, mas atitudes e posturas de estrela. Todos nós conhecemos músicos com a tal postura “eu sou o fera e cheguei para abalar”. Se você não se lembra agora de nenhum, procure no espelho...

“... para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus” (1Co 1:29).

Em vez de ficar tentando impressionar a igreja maquiando suas deficiências, reconheça suas limitações e sirva a Deus com gratidão e excelência: 

“Concedeu-nos Deus a preciosa graça da vida, não para ser empregada em satisfação egoísta. Nossa obra é demasiado solene, demasiado curto o tempo de servir a Deus e a nossos semelhantes, para ser gasto em busca de fama. Oh! se os homens se detivessem, em suas aspirações, justamente onde Deus estabeleceu os limites, quão diverso seria o serviço prestado ao Senhor!” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 476).

Certamente, como diz o antigo gospel, “não existe montanha alta demais”. No entanto, na vida cristã, nem todas as montanhas existem para serem escaladas por todos. Tentar escalar a montanha da fama quando a ordem divina é “fique embaixo”, fatalmente resultará numa queda pública e vergonhosa. Não busque fama. Busque reconhecer diariamente quão frágil você é.

“Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade” (Sl 39:4).

A Síndrome de Lúcifer
Alguém pode perguntar: “Mas e se tiver uma visão real de mim mesmo, e essa visão for: ‘cara, você canta/toca muito!’? E se eu realmente for muito bom? Devo ser hipócrita e fingir que não sou isso tudo?”

É um perigo sutil. Foi o que aconteceu com Lúcifer. A questão não é que ele se achava perfeito. Ele ERA perfeito e tinha consciência disso. O que o corrompeu foi o sentimento de independência de Deus, o Autor da sua perfeição.

Talento e fama podem corromper facilmente:

"E correu a tua fama entre as nações, por causa da tua formosura, pois era perfeita, por causa da Minha glória que Eu tinha posto sobre ti. ... Mas confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama" (Ez 16:14 e 15).

Quando um músico talentoso alimenta o desejo de reconhecimento, ele pode tentar cobrir a vaidade com um manto de santidade, gerando o que chamamos de “orgulho espiritual”. Um dos sintomas é perder a simplicidade e começar a agir como estrela:

“O desejo de promoção e de louvor dos homens desvia o povo da simplicidade da verdadeira piedade. Não há orgulho tão perigoso como o orgulho espiritual” (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 109).

Eu mereço “ser alguém”
Na obra do Senhor, desejar reconhecimento não é necessariamente pecado. É natural. O pecado está em ter o reconhecimento como única ou maior ambição. Revoltar-se com a falta de reconhecimento também. Desistir de servir por falta de reconhecimento é o atestado final: você só queria aparecer.

“Mas eu estou aqui há tanto tempo, e a igreja nunca me deu nem um ‘obrigado’. Então chega esse cantorzinho aí e eles já dão o departamento de música pra ele... Agora eu não ajudo mais!”

Acostume-se amigo: você verá gente subindo no seu talento e esforço, você verá pessoas sendo reconhecidas e elogiadas no seu lugar quando na verdade foi você quem se matou no serviço.

E o pior: você verá gente com menos talento que você conseguindo muito mais visibilidade. Por vezes, gente má intencionada estará diante dos holofotes, enquanto você desaparece nos bastidores. Na vida, às vezes as coisas funcionam como feijão na água: o podre é que sobe.

Se isso acontecer, “não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios” (Sl 37:1).

No Reino de Deus a coisa é invertida: “... quem quiser ser o maior, seja aquele que sirva...” (Mc 10:43-44). O músico cristão deve ser como o Lombardi, famoso narrador do programa Silvio Santos. Ele fazia o que o patrão pedia, mas não aparecia. Quem ficava em evidência era sempre o patrão.

O músico talentoso precisa repetir e viver diariamente a afirmação de João Batista:

“Convém que ele cresça, e eu diminua” (Jo 3:30).

Não é fácil sair da frente dos holofotes, recusar-se a dividir a glória com o Senhor, especialmente se quem nos bajula é um grupo de queridos irmãos piedosos. Mas não brinque com isso:

- A finalidade do serviço cristão não é a glória de Deus e a minha (de carona).

- A finalidade de todo serviço cristão é SOMENTE a glória de Deus.

“Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas. Se alguém fala, faça-o como quem transmite a palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado mediante Jesus Cristo, a quem sejam a glória e o poder para todo o sempre. Amém” (1Pe 4:10-11).

A Deus seja a glória!

Isaac Malheiros (via Adoração Adventista)

terça-feira, 23 de junho de 2020

Religião sem máscara

Os escribas e fariseus eram adeptos da religião do faz de conta. Achavam que a prática de rituais fosse indício de religião autêntica. Mas, certo dia, eles foram desmascarados por Alguém que, usando um infalível aparelho de ressonância espiritual, viu cada centímetro quadrado da matéria putrefata em que consistia a vida deles: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!” (Mt 23:27).

Não há muita diferença entre os “sepulcros caiados” do tempo de Jesus e os de hoje. Existe muita caiação religiosa entre nós. Essa postura merece um nome nada agradável: hipocrisia.

Hipócrita é aquele que usa a máscara religiosa para ocultar sua identidade real e para autopromoção. No original grego, “hipócrita” significa “ator”. Hipócrita é aquele que busca “visibilidade”, que troca o alvo de agradar a Deus pelo objetivo idólatra de ganhar aplauso humano. Como os fariseus, cuja religião era praticada visando ao louvor dos observadores, e não à glória do Senhor.

Como sabemos, uma falsa motivação pode prostituir bons atos. Isto é, podemos fazer as coisas corretas pela motivação errada, apenas para “sair bem na foto”. Ellen G. White observa: "Muitos atos que passam por boas obras, mesmo atos de generosidade, quando intimamente examinados, verificar-se-á haverem sido suscitados por motivos errôneos. Muitos recebem aplausos por virtudes que não possuem. O Perscrutador dos corações pesa os motivos, e muitas vezes ações altamente louvadas por homens são por Ele registradas como partindo de egoísmo e baixa hipocrisia. Cada ato de nossa vida, seja excelente e digno de louvor ou merecedor de censura, é julgado pelo Perscrutador dos corações segundo os motivos que o determinaram" (Obreiros Evangélicos, p. 275).

Os hipócritas gostam de se vangloriar. Além disso, não se apercebem de que constituem um entrave ao crescimento espiritual da igreja e à obra de evangelização. Algumas pessoas saem da igreja porque se escandalizam com a religião do faz de conta. O prejuízo causado por uma religião de epiderme é tão grande que Jesus deu nome ao cemitério dos escandalizadores: “profundeza do mar”(Mt 18:6). Contudo, não nos cumpre decidir quem deve ir para esse lugar, porque presunção espiritual também causa escândalo.

Vamos dar alguns exemplos de sepulcros caiados, a fim de nos prevenirmos contra a síndrome da religião de aparência.

É tempo de sermos formosos por fora e por dentro
1. Faça o que digo, mas… Todos nós conhecemos o ditado: “Faça o que digo, mas não faça o que faço.” No lar, na escola e na igreja, o abismo entre as coisas que ensinamos e as que deixamos de fazer é um desserviço à obra do Senhor. A igreja perde muito quando alguns exigem isso e aquilo dos membros, mas não praticam o que ensinam.

"Muitos se têm na conta de cristãos simplesmente porque concordam com certos dogmas teológicos. No entanto, não introduziram a verdade na vida prática. Não creram nela nem a amaram; não receberam, portanto, o poder e a graça que advêm mediante a satisfação da verdade. As pessoas podem professar fé na verdade; mas, se ela não os tornar sinceros, bondosos, pacientes, dominados, tomando prazer nas coisas de cima, isso é uma maldição a seu possuidor e, por meio de sua influência, uma maldição ao mundo" (A Fé Pela Qual Eu Vivo, p. 105).

2. Sou mais santo do que você. Essa atitude é também comprometedora, pois caracteriza aqueles que se ufanam de sua religiosidade. Alguns optam pela aparência exterior, como se isso fosse sinal de vida espiritual exemplar. Exaltam regras e normas, tentando segui-las à risca, mas negligenciam o desenvolvimento das virtudes cristãs. 

"Há muitos hoje em dia que, embora tenham uma aparência de grande santidade, não são praticantes da Palavra de Deus. Que se pode fazer para abrir os olhos dessas pessoas que se iludiram a si mesmas, se não apresentar-lhes um exemplo de verdadeira piedade, não sendo nós mesmos somente ouvintes, mas também praticantes dos mandamentos do Senhor, refletindo assim a luz da pureza de caráter sobre o seu caminho?" (Fé e Obras, p. 116).

3. O que me interessa é aparecer. Característica marcante dos portadores da síndrome de “sepulcros caiados” é o desejo de serem vistos. Ora, a igreja é lugar para serviço desinteressado, não para culto ao ego. Há pessoas que, se não estiverem na posição de comando, não servem para nada. Isolam-se e veem defeito em tudo. O que, na verdade, desejam é mostrar suas habilidades e ser elogiadas por sua capacidade empreendedora. Essa atitude também esconde um homem interior putrefato, carente do poder regenerador do Espírito. A grande motivação de uma pessoa transformada interiormente é o desejo de proclamar, pelo exemplo e por palavras, a superioridade e excelência do Filho de Deus: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” (Ap 5:12).

"A verdadeira piedade nunca promove um esforço para ostentação. Os que desejam palavras de elogio e lisonja, delas se nutrindo como de um bocado delicioso, são cristãos apenas de nome. Por meio de suas boas obras devem os seguidores de Cristo trazer glória, não para si mesmos, mas para Aquele mediante cuja graça e poder eles operaram. É por meio do Espírito Santo que toda boa obra é efetuada, e o Espírito é dado para glorificar, não o recebedor, mas o Doador" (O Maior Discurso de Cristo, p. 80).

Conclusão
Quando nos despojarmos das máscaras mencionadas acima, reconheceremos nossa indignidade e passaremos a depender do poder do Alto. Então, seremos formosos por fora e por dentro.

"A justiça ensinada por Cristo é conformidade de coração e de vida com a revelada vontade de Deus. Os pecadores só se podem tornar justos à medida que têm fé em Deus e mantêm vital ligação com Ele. Dessa forma, a verdadeira piedade elevará seus pensamentos e enobrecerá a vida. Então, as formas externas da religião se harmonizarão com a interior pureza cristã" (O Desejado de Todas as Nações, p. 309).

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Culto, programa, show ou palestra motivacional?

O culto cristão hoje tem sofrido sérias transformações. Arrisco em dizer que são mudanças perigosas e, em alguns casos, até antibíblicas. Igrejas que tem procurado elaborar um tipo de culto-show para agradar e satisfazer o ego do auditório. Parece que a mentalidade hoje é dar o que as pessoas querem! Insistem em dizer que o povo precisa de um culto diferenciado e atrativo.

Com isso, as pessoas estão desesperadas em busca de satisfação pessoal nos cultos, do que qualquer outra coisa. A pregação da verdade, a reverência e o santo temor já foram, em algumas comunidades, abandonadas. E isso tudo me faz pensar como reagiria, por exemplo, o profeta Isaías [cf. Is 6] em nossos cultos contemporâneos prestados a Deus. Será que Isaías encontraria nessas adorações extravagantes um senso de temor, assombro, reverência e admiração pela glória de Deus?

Robert L. Dickie escreveu certa vez:

"Vemos cultos de adoração sem qualquer reverência, temor, respeito ou admiração. Em muitas das nossas igrejas, já não existe uma exortação ao arrependimento, à santidade de vida, a levarmos nossa cruz, à abnegação ou a reconhecermos Cristo como nosso Senhor. Parece que muitos pastores têm medo de ofender as suas congregações e, por isso, pregam para agradar os ouvintes, em vez de pregarem para agradar a Deus. É aconselhável todos os pastores lembrarem as palavras do apóstolo Paulo, em Gálatas 1:10: ‘Procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo’."

E diz mais:

"Que aspecto da adoração produz esse senso de temor reverente e admiração? Não devemos esquecer que adorar a Deus significa aproximar-nos dEle e sentir a sua presença. É interessante notar que, ao conhecermos exemplos de pessoas que se aproximaram de Deus ou se acharam em sua presença, percebemos que a atitude delas era de temor, assombro e reverência. Nas Escrituras, as pessoas sobre quais lemos que estavam na presença de Deus nunca eram levianas, irreverentes ou apáticas. Quando a verdadeira adoração na sala do trono estiver acontecendo, haverá esse espírito de reverência e de santo temor da grandeza de Deus."

No entanto, o que se percebe em algumas reuniões evangélicas, são inovações superficiais e tolas substituindo a adoração a Cristo, e pessoas buscando para si mesmas a glória que somente ao Senhor é devida. A. W. Tozer em The Pursuit of God é incisivo sobre isso:

"Grande parte da igreja perdeu completamente a arte da adoração e no seu lugar surgiu aquela coisa estranha e alheia chamada o ‘programa’. Esta palavra foi emprestada do teatro e aplicada com uma sabedoria lastimável ao tipo de culto público que agora é aceito como adoração entre nós."

Tozer tem razão. Os cultos repletos de inovações e atrações espetaculares têm desviado a nossa atenção do culto genuinamente cristão. Lamentavelmente, as pessoas hoje já não estão mais interessadas em contemplar a glória e a beleza de Cristo, e ouvir a pregação e a verdade do evangelho das Escrituras. O que querem são emoções vazias e superficiais, anestésicos para os seus problemas cotidianos.

Deus não está precisando de espectadores. A Bíblia diz (em João 4:23) que Deus procura verdadeiros adoradores, que O adorem em espírito e em verdade. Ele não procura espectadores que assistem um culto. Ele quer adoradores que participem ativamente de um culto.

Em um artigo intitulado Um Templo ou um teatro?, Charles H. Spurgeon escreveu:

"Por meio de apresentações dramatizadas, os pastores fazem com que as casas de oração se assemelhem a teatros; transformam o culto em shows musicais e os sermões, em arengas políticas ou ensaios filosóficos. Na verdade, eles transformam o templo em teatro e os servos de Deus em atores cujo objetivo é entreter os homens. Não é verdade que o Dia do Senhor está se tornando, cada vez mais, um dia de recreação e de ociosidade; e a Casa do Senhor, um templo pagão cheio de ídolos ou um clube social onde existe mais entusiasmo por divertimento do que o zelo de Deus?"

Confira o que Joêzer Mendonça, escritor, doutor em Musicologia (Unesp) com ênfase na relação entre teologia e música na história do adventismo, e professor na PUC-PR, fala sobre a música contemporânea de louvor e seu reflexo nos púlpitos:

"Há quase uma relação direta entre uma sociedade que supervaloriza o sucesso pessoal e igrejas que trocaram o sermão bíblico pela palestra motivacional. Queremos tanto resolver nossos problemas profissionais e familiares que, ao chegarmos na igreja, esperamos uma mensagem terapêutica que nos faça rir, chorar e tomar boas decisões que duram até alcançarmos a porta de saída do templo.

De modo idêntico, a música acaba sendo utilizada para levantar o espírito dormente das pessoas antes do sermão. Ou seja, a música deixa de ser usada como mensagem de adoração e edificação congregacional e passa a servir a um exercício terapêutico de subir e descer as emoções nas asas do louvor. 

Qual é o sermão que estamos pregando através das letras de nossas músicas? Se considerarmos a música um espelho do púlpito, um reflexo da proclamação do evangelho, então veremos canções de teologia sólida e poesia criativa refletindo positivamente sermões consistentes e nutritivos, mas, infelizmente, veremos também músicas espelhando sermões superficiais."

Creio que precisamos de forma genuinamente bíblica, nos voltar para o culto que arranca o orgulho do nosso coração e nos constrange a dizer: ai de mim, pecador! Assombrar-nos pela presença poderosa de Deus com um santo temor reverente e profunda admiração pela Sua glória e livre graça soberana!

Com relação ao comportamento na casa de Deus, Ellen G. White nos advertiu:

"Houve uma grande mudança, não para melhor mas para pior, nos hábitos e costumes do povo com relação ao culto religioso. As coisas sagradas e preciosas, destinadas a prender-nos a Deus, estão quase perdendo sua influência sobre nosso espírito e coração, sendo rebaixadas ao nível das coisas comuns. A reverência que o povo antigamente revelava para com o santuário onde se encontrava com Deus, em serviço santo, quase deixou de existir completamente. Entretanto, Deus mesmo deu as instruções para Seu culto, elevando-o acima de tudo quanto é terreno" (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 193).

"Todo o culto deve ser efetuado com solenidade e reverência, como se fora feito na visível presença do próprio Deus. Deus deve ser a razão exclusiva de nossos pensamentos e de nossa adoração; qualquer coisa tendente a desviar a mente de Seu culto solene e sagrado constitui uma ofensa a Ele" (Conselhos para a Igreja, p. 258).

"Muito facilmente o povo de Deus se satisfaz com meras verdades superficiais. Diligentemente devemos procurar as verdades profundas, eternas e de grande alcance da Palavra de Deus" (Conselhos sobre Mordomia, p. 149).

Portanto, que a igreja de Cristo em nossos dias, se volte de fato para o genuíno culto cristão encontrado nas Escrituras, certificando-nos se o nosso culto a Deus na terra tem refletido o exemplo e a direção da adoração celestial. Precisamos acordar. O declínio é um lugar perigoso para ficarmos. Não podemos ser indiferentes. Não podemos continuar em nossa busca insensata por prazer e auto-satisfação. Somos chamados a lutar uma batalha espiritual e não poderemos ganhá-la apaziguando o inimigo.

Uma igreja fraca precisa se tornar forte, e um mundo necessitado precisa ser confrontado com a mensagem de salvação; e talvez haja pouco tempo para isso. Como Paulo escreveu à igreja em Roma: "Já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos. Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz" (Rm 13:11,12).

Entendendo o Evangelismo Digital

O termo evangelismo digital e seus derivados estão na moda em nossos dias, principalmente no momento em que estamos vivendo épocas de distanciamento social, quarentena e igrejas fechadas. O termo também tem relação com a busca por conhecimento para colocá-lo em prática e ser parte desse movimento, que por sinal é muito eficiente e tem um poder maior do que muitos imaginam ou acreditam. Mas em outra oportunidade falaremos sobre isso!

Nessa busca pelo como realizar evangelismo digital, as seguintes perguntas são comuns: como faço para dar estudos bíblicos online? Como faço para pregar na internet? Posso ser um evangelista digital sem ter muitos seguidores? Para pregar na internet, preciso ter boa oratória?

Sempre que ouço perguntas dessa natureza me vem à mente algo interessante. Talvez quem as faz, na verdade, não precisa entender como fazer, mas sim, o que significa, na essência, o tão falado evangelismo digital. É exatamente por isso que quero lhe convidar a tirar um pouco o foco da palavra digital. Para isso, quero apresentar aqui 10 dicas para você refletir:

Ideias
1. Não existem tipos de evangelismo, mas apenas evangelismo. E na prática, “somos convidados a amar as almas como Cristo as amava” [1] e a apresentar “o incomparável amor de Cristo” [2], portanto, esse deve ser nosso objetivo final, seja física ou virtualmente. Partindo desse princípio, o evangelismo digital nada mais é do que uma abordagem do evangelismo, que tem como fim a conversão de pessoas. Isso significa que, para entender como pregar na internet, é necessário primeiro entender como pregar no mundo real. Creio que essa visão torna mais fácil a criação de estratégias de evangelização no meio digital.

2. Não é necessário ser famoso para atuar como um evangelista digital, porém é necessário ser cristão! Foi pesado, não é? Eu sei! Mas é a pura verdade. Ellen White fala algo parecido ao escrever que “todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário.” [3] Assim como o evangelismo não deve ser feito apenas por evangelistas renomados, o evangelismo digital não deve ser feito apenas por aqueles que têm muitos seguidores ou uma “vida ativa” nas redes sociais.

3. Nem só de live vive o evangelismo digital. Isso precisa ficar claro para você. Por pensar o contrário, muitos consideram que não têm a capacidade de ser um “evangelista digital”. Aqueles que têm um alcance maior nas redes sociais e possuem oratória para tal, parabéns! Façam suas lives! Mas se você não faz parte desse grupo, não se preocupe, nesse barco tem lugar para todos. Atos 1:8 diz que, ao recebermos o poder do Espírito Santo, seremos testemunhas em Jerusalém, Judeia, Samaria e até aos confins da terra. Mas parece que muitos leem apenas a parte dos confins da terra. Se esquecem de que o texto também fala de Jerusalém, Judeia e Samaria, lugares mais próximos e menos abrangentes.

4. Para evangelizar no digital, siga as premissas do mundo real. Para exemplificar este segundo aspecto, podemos citar os crimes cometidos na internet. Em alguns casos em que crimes são cometidos no meio virtual e não há leis específicas para julgá-los, a justiça se vale das leis “normais”, uma vez que crime é crime, seja qual for o meio em que ele é cometido. Dessa forma, assim como o julgamento de crimes virtuais seguem as mesmas premissas dos crimes da vida real, para o evangelismo digital devemos nos valer das mesmas premissas do “evangelismo tradicional”.

5. Use o digital para conectar pessoas fisicamente. Afinal de contas, uma vida não é transformada digital, mas integralmente (2 Coríntios 5:17). O evangelho e a vida cristã vão muito além de um relacionamento digital. O físico jamais será substituído. Dessa forma, o relacionamento presencial e a necessidade de trazer as pessoas fisicamente aos pés da cruz e à comunidade dos salvos jamais mudará, e se isso é evangelismo, o digital deve servir a esse propósito, conectar fisicamente (Hebreus 10:25).

6. O digital é um meio, não um fim em si mesmo. Como um entusiasta do evangelismo digital, também preciso ser equilibrado e consciente. O evangelismo digital não é um fim em si mesmo. Ele é apenas uma ferramenta/meio para algo muito maior e mais importante. Isso também deve ficar claro para você.

7. Como qualquer ferramenta, o digital não é a melhor estratégia sempre. Pense no digital como um martelo. Para fixar um prego na madeira, uma das partes desta ferramenta acaba cumprindo com a função de forma ideal. Já para tirar o prego da madeira, existem as orelhas do utensílio que ajudam mais. Agora pense em utilizar o martelo para serrar uma madeira. Será que ele vai ser útil? Claro que não! Agora mudemos um pouco o exemplo. Para dar estudos bíblicos a amigos que moram longe, o digital é uma boa ferramenta? Sim! Por outro lado, para dar estudos bíblicos a um amigo de faculdade, fazê-lo digitalmente é a melhor opção? Bom, nesse caso precisa-se analisar todo o contexto, porém em um olhar menos clínico e mais pontual, a resposta é não. Se você tem uma proximidade física com a pessoa, o estudo presencial deve ser a sua primeira opção, afinal de contas, em linhas gerais, um estudo presencial é didático e uma reunião presencial pode ter um significado maior para quem participa. Lembre-se de que conhecer a Cristo é um equilíbrio entre a razão e a emoção.

8. Mesmo em estratégias físicas, conecte recursos digitais para o reforço. Se você faz estudos bíblicos de forma presencial com uma pessoa, utilize o WhatsApp para dizer que está orando por ela, envie uma música ou um vídeo e diga que se lembrou dela. Isso também é evangelismo digital!

9. Não condicione o evangelismo. Pretendo escrever algo específico sobre esse aspecto, mas por hora quero apenas que você reflita sobre isso. De alguma forma, os pontos anteriores já lhe ajudaram a fazer essa reflexão, porém acho importante pontuar de forma clara e direta. Como o digital não é um fim em si mesmo e sim uma ferramenta, ao fazer o planejamento de evangelização a principal pergunta não é “como posso usar o digital para evangelizar?”, mas sim “como posso evangelizar?”. Em segunda instância, pode entrar a pergunta: “ferramentas digitais se encaixam no cenário?”. Percebe a diferença? Em uma abordagem você condiciona o evangelismo ao meio digital, na outra você avalia se e como o digital pode ser empregado no evangelismo.

10. Coloque a missão em primeiro lugar. Meu convite final é para que você coloque em primeiro lugar a missão, peça a Deus que Ele lhe ajude a cumpri-la, sem se preocupar com tecnologia ou conhecimentos técnicos, quanto a essa segunda parte, tenha certeza de que Ele lhe mostrará o como!

Acredito que o entendimento desses pontos, por mais simples que possam parecer, será de grande valia para que você saiba como cumprir a missão usando os recursos tecnológicos.

Natanael Castro (via Missão Digital)

Referências:

[1] White, Ellen G. Manuscrito 42.
[2] Idem.
[3] White, Ellen G. Serviço Cristão, p. 9.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

É possível amar os nossos inimigos?

O pastor protestante e ativista político Martin Luther King, Jr., prêmio Nobel da Paz em 1964, assassinado no dia 4 de abril de 1968 com apenas 39 anos de idade, disse certa vez em um de seus sermões:

"Talvez nenhum ensinamento de Jesus seja, hoje, tão difícil de ser seguido como este mandamento do 'amai os vossos inimigos'. Há mesmo quem sinceramente julgue impossível colocá-lo em prática. Consideramos fácil amar quem nos ama, mas nunca aqueles que abertamente e insidiosamente procuram prejudicar-nos. Outros ainda, como o filósofo Nietzsche, sustentam que a exortação de Jesus para amarmos os nossos inimigos prova que a ética cristã se destina somente aos fracos e aos covardes, e nunca se pode aplicar aos corajosos e aos fortes. Jesus – dizem eles – era um idealista sem sentido prático. Apesar dessas dúvidas prementes e persistentes objeções, o mandamento de Jesus desafia-nos hoje com nova urgência. Insurreições sobre insurreições demonstram que o homem moderno caminha ao longo de uma estrada semeada de ódios, que fatalmente o conduzirão à destruição e à condenação. O mandamento para amarmos os nossos inimigos, longe de ser uma piedosa imposição de um sonhador utópico, é uma necessidade absoluta para podermos sobreviver. O amor pelos inimigos é a chave para a solução dos problemas do nosso mundo. Jesus não é um idealista sem sentido prático; é um realista prático. Estou certo de que Jesus compreendeu a dificuldade inerente ao ato de amar os nossos inimigos. Nunca pertenceu ao número dos que falam fluentemente sobre a simplicidade da vida moral. Sabia que toda a verdadeira expressão de amor nasce de uma firme e total entrega a Deus. Quando Jesus diz: 'Amai os vossos inimigos', não ignora a dificuldade dessa imposição e conhece bem o significado de cada uma das suas palavras. A responsabilidade que nos cabe como cristãos é a de descobrir o significado desse mandamento e procurar apaixonadamente vivê-lo toda a nossa vida."

A prova suprema do cristianismo genuíno é amar os inimigos. Jesus estabeleceu esse elevado padrão em contraste com a ideia predominante em Seu tempo. A partir do mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19:18), muitos haviam concluído algo que o Senhor jamais disse nem planejou: Você deve odiar seu inimigo. Certamente, isso não estava implícito no texto.

"Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam" (Lucas 6:27, 28).

Um adversário pode demonstrar inimizade de três formas diferentes: Por uma atitude hostil (vos odeiam), por meio de palavras ofensivas (vos maldizem) e através de ações abusivas (vos maltratam e vos perseguem [Mt 5:44]). A essa tríplice expressão de inimizade, Cristo nos ensina a responder com três manifestações de amor: fazer boas ações para com eles (fazei o bem), falar bem deles (bendizei), e interceder diante de Deus por eles (orai). Vejamos o que Ellen G. White diz:

"Devemos amar os nossos inimigos com o mesmo amor que Cristo mostrou para com os Seus inimigos, ao dar Sua vida para salvá-los. Muitos podem dizer: 'Este é um mandamento difícil, pois eu quero ficar o mais longe possível de meus inimigos.' Mas agir de acordo com vossa natural inclinação não seria praticar os princípios que nosso Salvador nos deu" (Medicina e Salvação, p. 253).

O Senhor sabe que não se pode ser um crente genuíno tendo um coração cheio de ódio, mesmo quando existam razões que o justifiquem. A resposta do cristão à hostilidade e antagonismo é vencer “o mal com o bem” (Rm 12:21). Observe: Jesus primeiro pede que amemos nossos inimigos e, como resultado, solicita que demonstremos esse amor por meio de boas ações, palavras amáveis e oração de intercessão. Sem o amor inspirado pelo Céu, essas ações, palavras e orações seriam uma ofensiva e hipócrita falsificação do verdadeiro cristianismo.

Por que então devemos amar nossos inimigos? Quais razões foram apresentadas por Jesus?

"Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus" (Lucas 6:32-35).

A fim de nos ajudar a compreender esse elevado mandamento, o Senhor usou três argumentos. Em primeiro lugar, precisamos viver acima dos baixos padrões do mundo. Até mesmo os pecadores amam uns aos outros, e os criminosos se ajudam mutuamente. Qual seria o valor de seguir a Cristo, se isso não nos levasse a viver e amar de maneira superior à virtude dos filhos deste mundo? Em segundo lugar, Deus nos recompensará por amar nossos inimigos. Ainda que não amemos pela recompensa, Ele a concederá graciosamente para nós. Em terceiro lugar, esse tipo de amor é uma evidência de nossa estreita comunhão com nosso Pai celestial, que “é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc 6:35).

Os ensinamentos de Jesus estabelecem um ideal tão elevado, de uma vida altruísta e amorosa, que a maioria de nós provavelmente se sinta oprimida e desanimada. Como podemos nós, egoístas por natureza, amar o próximo de maneira altruísta? Além disso, é possível amar os inimigos? Do ponto de vista humano, é absolutamente impossível. Mas o Senhor jamais nos pediria que amássemos e servíssemos os detestáveis e desprezíveis sem nos prover os meios com que alcançar isso. Sobre isso, Ellen G. White diz:

“Essa norma não é impossível de ser alcançada. Em toda ordem ou mandamento dado por Deus, há uma promessa, a mais positiva, a fundamentá-la. Deus tomou as providências para que nos tornemos semelhantes a Ele, e realizará isso para todos quantos não interpuserem uma vontade perversa, frustrando assim Sua graça” (O Maior Discurso de Cristo, p. 76).

Qual promessa está na base do mandamento de amar os inimigos? É a certeza de que Deus é bondoso e misericordioso para com os ingratos e maus (Lc 6:35, 36), o que nos inclui. Podemos amar nossos inimigos, porque Deus nos amou primeiro, embora fôssemos Seus inimigos (Rm 5:10). Quando diariamente reafirmamos nossa aceitação do Seu amoroso sacrifício por nós na cruz, Seu amor abnegado permeia nossa vida. Quanto mais compreendemos e experimentamos o amor do Senhor por nós, mais Seu amor fluirá de nós para os outros, até mesmo aos nossos inimigos. Ellen G. White afirma:

"Representemos diariamente o grande amor de Cristo, amando os nossos inimigos como Cristo os ama. Se assim representássemos a graça de Cristo, fortes sentimentos de ódio seriam subjugados e o amor genuíno de Cristo seria levado a muitos corações. Ver-se-iam muito mais conversões do que se vêem agora" (Medicina e Salvação, p. 254).

Nossa necessidade diária não é apenas a de aceitar novamente a morte de Cristo por nós, mas render nossa vontade a Ele e nEle permanecer. Assim como Jesus não buscou Sua própria vontade, mas a vontade do Pai (Jo 5:30), precisamos confiar nEle e em Sua vontade. Pois, sem Ele, nada podemos fazer (Jo 15:5). Quando a cada dia decidimos nos submeter a Jesus, Ele vive em nós e por meio de nós. Então “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20), e transforma minhas atitudes egocêntricas em uma vida amorosa e altruísta.

E se você estiver cercado de inimigos, busque a Deus em oração, recorra às preciosas instruções divinas de Sua Palavra, pois através desses meios o Espírito Santo impressionará o seu coração concedendo-lhe sabedoria divina, paz e confiança de que Deus estará sempre ao seu lado. Desse modo você poderá dizer como Davi: “O SENHOR é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte” (Salmos 18:2).

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Notícias ruins e a nossa mente

Somos atingidos o tempo todo por notícias adversas, vindas de todos os lugares: televisão, internet, redes sociais, mensagens no celular e, o pior, nos chegam sem interrupção, 24 horas por dia, sete dias por semana. Ellen G. White alerta:

“As condições do mundo mostram que estão iminentes tempos angustiosos. Os jornais diários estão repletos de indícios de um terrível conflito em futuro próximo” (Serviço Cristão, p. 57).

Importante que você saiba é que, quando nosso cérebro percebe uma situação como ameaçadora, o sistema nervoso simpático aumenta a produção de cortisol e adrenalina, fazendo com que os batimentos cardíacos e a respiração acelerem. O perigo faz também com que nossa pressão suba e os músculos se contraiam. Até aqui, obviamente, nada de anormal, pois fomos preparados ao longo de toda nossa vida para lidarmos com as adversidades da vida.

Entretanto, quando esse processo deixa de ser ocasional e se torna crônico e repetitivo, as reações sentidas pelo corpo são potencializadas e podem, dessa forma, dar início a uma série de efeitos prejudiciais como, por exemplo, reduzir o calibre dos vasos que, com o passar do tempo, aumentam o risco de hipertensão, de arritmias cardíacas, dos problemas de pele, distúrbios digestivos e, finalmente, tem o poder de reduzir nossa capacidade mental. Ellen G. White aconselha:

"Os que não querem cair presa dos enganos de Satanás, devem guardar bem as vias de acesso à mente; devem-se esquivar de ler, ver ou ouvir tudo quanto sugira pensamentos impuros. Não devem permitir que a mente se demore ao acaso em cada assunto que o inimigo possa sugerir. O coração deve ser fielmente guardado, pois de outra maneira os males externos despertarão os internos, e a mente vagará em trevas" (Fundamentos do Lar Cristão, p. 133).

Além disso, sabe-se que, à medida que o contato com as notícias desfavoráveis volta a acontecer, nosso cérebro começa a criar uma espécie de "barreira de proteção" emocional – um tipo de anestesia psicológica -, fazendo com que nos acostumemos de maneira progressiva aos fatos ruins, ou seja, nos fazendo ficar mais tolerantes e insensíveis aos fatos. Ellen G. White adverte:

"Satanás está empregando todos os meios para tornar populares o crime e o vício aviltante. A mente é educada de maneira a familiarizar-se com o pecado. A conduta seguida pelos que são baixos e vis é posta perante o povo nos jornais do dia, e tudo que pode provocar a paixão é trazido perante eles em histórias excitantes. Ouvem e leem tanto acerca de crimes aviltantes que a consciência, que já fora delicada, e que teria recuado com horror de tais cenas, se torna endurecida, e ocupam-se com tais coisas com ávido interesse" (Patriarcas e Profetas, p. 336).

De acordo com alguns pesquisadores, a exposição ao conteúdo negativo e violento, advindos dos meios de comunicação, muitas vezes, pode ter efeitos emocionais danosos e mais duradouros. Portanto, a exposição às temáticas mais carregadas das mídias, pode exacerbar e contribuir para o desenvolvimento do estresse, ansiedade, depressão ou ainda o conhecido transtorno de estresse pós-traumático – aquele descrito pelos soldados que retornam de uma guerra.

Eu também, assim como você, tenho, muitas vezes, a clara impressão de que o mundo está, literalmente, desmoronando à nossa volta, que as coisas só pioram, que a insegurança aumenta, estamos mais infelizes etc. Como você, também sinto que tudo já se tornou meio que "normal", não é verdade? Como se não houvesse outra possibilidade a não ser a de resignação. 

Sempre há uma saída, entretanto. Minha sugestão é a de que possamos, de alguma forma, começar a tentar regular a quantidade de tempo de exposição aos fatos negativos. Como cuidamos de nosso sono ou de nossa alimentação, evitando frituras, por exemplo, penso que seria interessante começar a adotar uma atitude de um pouco mais de resguardo em relação a esse entorno mais negativo. Como? Destine menos tempo e menor atenção a esses fatos, simples assim. Ellen G. White dá uma preciosa dica:

"Sabes que nosso corpo é composto do alimento que assimila. Ora dá-se o mesmo com a nossa mente. Se fazemos a mente demorar-se nas coisas desagradáveis da vida, não teremos nenhuma esperança. Precisamos demorar-nos nas cenas prazenteiras do Céu" (Manuscrito 7, 1888).

E se você tem filhos, recomendo conversar com eles sobre como estão se sentindo em relação às notícias ruins. Afinal de contas eles também prestam atenção nos meios de comunicação e nas conversas dos adultos com quem convivem. Ellen G. White deixa este sábio conselho aos pais:

"Devemos fazer todo o possível para nos colocarmos, e a nossos filhos, em posição onde não vejamos a iniquidade que é praticada no mundo. Devemos guardar cuidadosamente nossa habilidade de ver e ouvir, para que essas coisas más não entrem em nossa mente. Quando os jornais chegam em casa, quase desejo escondê-los, para que as coisas ridículas e sensacionalistas não sejam vistas. Parece que o inimigo é responsável por muitas coisas que aparecem nos jornais. Todo mal que pode ser encontrado é descoberto e desnudado perante o mundo" (Fundamentos do Lar Cristão, p. 133).

A Palavra de Deus nos dá esta maravilhosa promessa: "O que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue, e fecha os seus olhos para não ver o mal. Este habitará nas alturas" (Isaías 33:15, 16). Concluo com este pensamento de Ellen G. White:

"Os que desejam ter a sabedoria que vem de Deus devem tornar-se néscios no pecaminoso conhecimento deste século, para serem sábios. Devem fechar os olhos, para não verem nem aprenderem o mal. Devem fechar os ouvidos, para que não ouçam o que é mau e não obtenham o conhecimento que lhes mancharia a pureza de pensamentos e de ação. E devem guardar a língua, para que não profira palavras corruptas e o engano se encontre em sua boca" (O Lar Adventista, p. 76).