quinta-feira, 31 de maio de 2018

Qual é o melhor temperamento?

O pai da Medicina, Hipócrates, classificou os temperamentos em quatro tipos: sanguíneo, colérico, fleumático e melancólico. Qual será o melhor? Há um melhor que o outro?

A pergunta melhor a ser feita neste caso não é qual seria o melhor tipo de temperamento para uma pessoa, mas sim, qual temperamento é melhor para este ou aquele tipo de situação na vida, ou para este ou aquele tipo de relacionamento.

Na verdade, todos nós somos uma mistura de temperamentos. Não há alguém que seja exclusivamente colérico, ou somente melancólico, etc. Podemos ser metade de um temperamento e metade de outro. Muitas pessoas possuem um único temperamento dominante, mas têm um pouco de outro.

Sanguíneos são mais alegres, animam uma festa, não se preocupam com dizer algo com exatidão dos dados. Muitas vezes gastam mais dinheiro do que deveriam. Os coléricos são mandões, mandonas, bons líderes, fazem acontecer, mas não têm sensibilidade para com os sentimentos dos outros, passam por cima dos outros como um trator. Os fleumáticos são controlados, raríssimas vezes explodem, mas são passivos. Melancólicos pensam bastante, controlam as emoções, mas tendem à tristeza, ao desânimo e olhar muito para si.

É meio comum que sanguíneos sejam atraídos pelos melancólicos ou vice-versa. O sanguíneo admira a nitidez e a ordem do melancólico. O sanguíneo que às vezes é superficial, impressiona-se com a análise de um melancólico e sua perfeição. Por outro lado, o melancólico sente uma deficiência no âmbito social, e deseja se aproximar mais desta pessoa sanguínea que é otimista, carismática.

Mesmo existindo uma espécie de força que atrai estas pessoas umas às outras, é quase inevitável que surjam os conflitos entre elas. O sanguíneo gosta de falar, o melancólico prefere o silêncio. O sanguíneo é impulsivo, o melancólico analisa primeiro antes de agir. O sanguíneo é desordenado com suas coisas, enquanto que o melancólico é ordenado. O sanguíneo pode gastar seu dinheiro sem se preocupar muito, e o melancólico quer um relatório concreto.

Veja um exemplo: se um amigo seu de temperamento sanguíneo lhe pediu 50 reais emprestado, prometendo devolver amanhã, muito provavelmente ele não devolverá no dia seguinte. Isto não é normalmente proposital. Simplesmente o sanguíneo muitas vezes não dá importância como o melancólico ao que é dito. Se este amigo que pediu o dinheiro emprestado fosse melancólico provavelmente não só devolveria o dinheiro no dia seguinte, como ainda poderia perguntar se devolveu atrasado!

Por outro lado é comum fleumáticos se unirem aos coléricos. O colérico fala e o fleumático escuta. O colérico manda e o fleumático obedece. Quando o fleumático é indeciso, o colérico assume a liderança. Quando o colérico perde a paciência, o fleumático não o leva em conta. Quando o colérico é arrogante, o fleumático perdoa.

Qual é o temperamento melhor? Não existe temperamento melhor. Todos são essenciais para a execução de tarefas diferentes na vida. Como vimos, um vai ser forte numa coisa e fraco na outra. É assim com todos os tipos de temperamentos, de pessoas. Num relacionamento entre marido e mulher, patrão e empregado, pai e filho, mãe e filho, e em outros relacionamentos, é importante cada um entender e respeitar o temperamento do outro. Sem isso não é possível uma convivência pacífica e construtiva. Com este respeito e aceitação se torna possível a ajuda mútua e entrosamento. Respeite a pessoa de temperamento diferente do seu. Você não é melhor do que ela em tudo.

Cesar Vasconcellos de Souza (via Doutor Cesar)
"Frequentemente, existe na mesma família acentuada diversidade de disposição e de caráter, pois está no plano de Deus que pessoas de temperamento variado se associem umas às outras. Quando assim se dá, todo o membro da família deve considerar sagradamente os sentimentos e respeitar o direito dos outros. Dessa maneira serão cultivadas a consideração mútua e a paciência, os preconceitos serão abrandados e aplainadas as arestas do caráter. Pode-se alcançar harmonia, e a fusão dos vários temperamentos pode ser um benefício para cada um." (Ellen G. White - Orientação da Criança, p. 205)

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Por que as pessoas estão ficando mais impulsivas?

Uma pessoa impulsiva se intromete em conversas ou brincadeiras dos outros, tem a tendência de responder antes de a pergunta ser completada, não espera sua vez, faz coisas precipitadamente sem pensar.

Outro dia, me chamou a atenção uma propaganda na internet: a imagem de um cachorro saltando num precipício querendo abocanhar uma ave que passava por ali, sem considerar que iria morrer devido à altura do abismo. Quem criou aquela figura, colocou junto da imagem três frases como lições para a vida. Após ler aquelas frases, e gastar um tempo refletindo sobre a atitude do cachorro e sobre as três lições mencionadas, me veio à mente uma quarta lição com base na atitude do cão imprudente.

Primeiro, vou compartilhar os três ensinamentos colocados junto à imagem e minhas observações a respeito deles:

1. Às vezes, a melhor resposta diante de uma provocação é não lutar.
Concordo com a frase por várias razões, mas também porque existem pessoas descontroladas que gostam de guerrear contra os outros, gostam de brigar e têm grande necessidade pessoal de discutir. E o que dizer daquele tipo de pessoa que fica tão preocupada em provar que está certa que parece preferir brigar do que evitar discussões a fim de manter a paz e a serenidade? Para elas, a pergunta que fica é: Você quer ser feliz ou ter razão?

No grupo de briguentos estão os que se sentem valorosos por brigar, falar alto, disputar com os outros. Por que não podem se sentir de valor sem criar uma guerra emocional? Teriam sido vítimas de pai ou mãe também agressivos verbalmente, tendo copiado o modelo paterno/materno?

Contudo, copiar comportamentos ruins, apesar de comum, não precisa nos escravizar para sempre. E não deveria ser usado como desculpa para permanecer na mesma atitude. Cada adulto consciente tem a possibilidade de escolher um comportamento melhor ou pior. O primeiro passo é não fugir da verdade sobre si mesmo. O segundo é decidir agir melhor.

2. Nem todas as oportunidades são para ser agarradas.
Algumas supostas oportunidades, na verdade podem ser armadilhas. Você pode ter uma meta valorosa na vida e, então, começa a dar passos para atingi-la, até que, de repente, surge uma chance de fazer outra coisa que parece oferecer mais dinheiro, status, fama, etc., mas que pode ser uma opressão contra você para lhe tirar do caminho certo. Preste atenção e avalie as possibilidades com cautela.

3. Uma pessoa pode se tornar tão determinada a destruir outra pessoa que fica cega e acaba se autodestruindo.
Você já tentou ou viu alguém tentando destruir um namoro, noivado ou casamento de outrem por causa de sua paixão para com a pessoa comprometida? Bem, saiba que é impossível uma pessoa destruir outra, seja por um relacionamento, seja no mundo da competição comercial e empresarial, na luta por poder político usando meios e métodos corruptos, nas disputas maliciosas nas igrejas e outras instituições pela posição hierárquica, e seu corpo e mente não sofrerem junto da parte ofendida. A biologia molecular, a neuroquímica, a imunidade, as funções endócrinas e o centro executivo cerebral humano são governados por leis fixas e adoecem quando qualquer tipo de mentira os atinge.

Com o desdobramento de minhas percepções sobre as frases da propaganda, formulei um quarto pensamento:

4. Uma pessoa impulsiva geralmente deixa sua emoção (sentimento) ficar à frente de sua cognição (pensamento) ao lidar com os outros e consigo mesma.
Por que as pessoas estão ficando mais impulsivas? Você sabia que até o que comemos pode contribuir para nosso descontrole e impulsividade? Além disso, muita gente tem ainda que lidar com o consumo de drogas ilícitas, abuso do álcool, excesso de medicamentos sintéticos, visão superficial da vida (o que vale é o que você sente, por exemplo). Você sabia que o egoísmo promove alteração na neuroquímica? A impulsividade com frequência leva pessoas a atos ruins, e a falar palavras e/ou praticar atitudes impulsivamente que machucam os outros e a si mesmas, podendo ao final se perguntar por que motivo haveria de ter perdido a cabeça daquela forma…

Qual seria a resposta? A resposta é: a cabeça estava dominada pela emoção, pelo sentimento, em vez de administrada e controlada com maturidade pelo pensamento, pelo raciocínio, pela cognição. Uma pessoa impulsiva pode aprender a ter autocontrole emocional? Sim, pode! O primeiro passo é se perceber como impulsiva, admitir tal característica, não negar sua impulsividade nem colocar a culpa em pessoas ou coisas fora de si, decidir mudar e procurar ajuda para isso.

Cesar Vasconcellos de Souza (via Revista Vida e Saúde)

Corpus Christi - Você sabe o que esse evento significa?

O feriado de Corpus Christi será celebrado nesta quinta-feira (31). Você sabe, realmente, o que esse evento significa?

Trata-se de uma das principais celebrações da Igreja Católica. Corpus Christi é uma expressão latina que significa corpo de Cristo. Acontece sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da “santíssima Trindade” que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes. A celebração acontece sessenta dias após a Páscoa. É uma festa que exige o comparecimento obrigatório dos católicos que participam da missa, conforme estabelece a Conferência Episcopal de cada país. 

A primeira vez que se festejou Corpus Christi foi no século XIII, na Europa, mais precisamente na Bélgica, na diocese de Liège. E foi justamente uma religiosa desta terra, Santa Juliana de Liège, que promoveu e tornou-se a criadora da celebração de Corpus Christi. Na realidade, a comemoração passou a ser celebrada nove anos após a morte da freira Juliana. A festa foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’ de 11 de agosto de 1264. A procissão pelas vias públicas, quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico que determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, "para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo.

A razão de toda essa celebração é a “presença real e substancial de Cristo na Eucaristia”. A Eucaristia é um dos sacramentos que propõe o cristianismo. Consiste na união de um fiel a Jesus, a Deus e a todos os seus irmãos através do ato de beber o sangue e comer da carne de Cristo, desde que na celebração da missa o padre tenha consagrado o vinho e o pão transformando-os no sangue e no corpo de Cristo. Este sacramento é considerado como símbolo de unidade, caridade e gratidão ao cristianismo. Assim, acredita-se que o pão servido na cerimônia seja o próprio corpo real de Jesus, e o vinho, Seu sangue. É conhecida, teologicamente, como “doutrina da transubstanciação”.

A doutrina da transubstanciação baseia-se nas seguintes passagens do NT em que Jesus diz: 
"Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida." (João 6:55)
"Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá." (João 6:57)
Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos." (João 6:53)
A Igreja ensina que há uma transformação da substância, mas não dos acidentes, ou seja, os acidentes como odor, sabor, textura, forma, cor permanecem, mas já não são mais pão e vinho e sim corpo e sangue, por um milagre de Cristo ao proferir as palavras sagradas. 

Este é, sem dúvida, um dos grandes temas divergentes entre católicos e demais cristãos. A razão principal está na aplicação literal que os católicos fazem da forma figurativa que Jesus utilizou na Santa Ceia. Ele declarou ser o corpo dEle, pão. E o vinho, sangue.

É oportuno lembrar que Jesus gostava de utilizar essas ilustrações ou comparações. Facilitava a comunicação dEle com as pessoas simples. Em João 14:6, por exemplo, Ele diz ser “o caminho”. Já no capítulo 10:7, Ele afirmou ser “a porta”. É óbvio que Ele não estava se transformando literalmente numa porta ou em uma estrada. Simplesmente falava de forma figurativa.

A Bíblia mostra claramente que a eucaristia é uma cerimônia simbólica, uma lembrança do sacrifício de Cristo em nosso favor. Ao ser instituída por Jesus, substituiu a festa da Páscoa que simbolizava a libertação dos israelitas da escravidão, a preservação da vida dos primogênitos através do sangue do cordeiro e uma demonstração de fé no sacrifício que Cristo faria no futuro.

Após a vinda de Cristo para morrer na cruz, a páscoa passou a simbolizar a libertação dos homens da escravidão do pecado, a aquisição da vida eterna através do sangue de Cristo e uma demonstração de fé no sacrifício que Ele fez.

Essa comemoração, porém, não seria feita apenas uma vez por ano, mas em todo o ritual da ceia do Senhor. Portanto, a discordância entre católicos e não-católicos está justamente nessa transubstanciação ou não dos elementos (pão e suco de uva) no corpo de Cristo.

O prof. Leandro Quadros também fala sobre esse assunto no vídeo abaixo:

terça-feira, 29 de maio de 2018

Lançamento da Enciclopédia Ellen G. White

Na era da tecnologia, da informação instantânea e da superficialidade, há um clamor por contexto, calma e ­reflexão. Não há como construir um conhecimento verdadeiro se ele for calcado em leituras fragmentadas e apressadas. Sem dúvida, hoje esse é um dos maiores desafios para os leitores de Ellen G. White (1827-1915). Antes de se formar uma opinião precipitada sobre ela e seu pensamento a respeito de qualquer tema, é preciso verificar o que ela escreveu e captar sua intenção, considerando o mundo em que vivia.

O lançamento da Enciclopédia Ellen G. White (CPB, 2018, volume único, 1.568 páginas) se apresenta como resposta a essa necessidade. Organizada por Denis Fortin e Jerry Moon e escrita com a participação de mais de 180 especialistas de todo o mundo, é a maior obra de referência sobre o assunto.

Dividida em quatro seções, oferece seis artigos de peso, mais de 500 verbetes biográficos (sobre as pessoas para as quais Ellen escreveu), mais de 800 verbetes temáticos e quatro apêndices, contendo infográficos sobre a ancestralidade de Ellen White e a relação entre seus escritos.

Nos verbetes temáticos, acham-se análises sobre publicações de Ellen White, os lugares que visitou e temas abordados por ela, tão variados como grandes questões teológicas, movimento da carne santa, reforma do vestuário, seguros, ingestão de queijo, animais de estimação, política e humor.

Ao fim, há também os apêndices dos arquivos de documentos de todas as cartas e manuscritos da autora. Uma série de mapas indica as localidades mais significativas em seus escritos. Uma extensa cronologia detalha eventos de sua vida. Também se encontra na Enciclopédia uma coleção de fotos antigas de Ellen White e sua família, bem como de pessoas, objetos, publicações e instituições apresentadas nos verbetes.

À versão em português foram acrescentados 39 verbetes relacionados ao contexto do adventismo brasileiro, como informações a respeito de obras especiais, livros missionários e de colportagem, separatas e outros materiais publicados no país. Também houve um cuidado especial com a comunicabilidade do conteúdo, ao oferecer a tradução de títulos e nomes de instituições e organizações, sem perder de vista o original.

A Enciclopédia Ellen G. White já nasce como um clássico do adventismo e surge em uma época crucial da história da denominação. Nessa obra, o leitor encontra largura e profundidade sobre centenas de assuntos e, com isso, tem a chance de compreender melhor quem foi Ellen, qual foi seu chamado e o que seus escritos disseram em seu tempo e têm a nos ensinar hoje.

Diogo Cavalvanti (via Revista Adventista)

Viver no campo ou na cidade?

Viver no campo ou na cidade? Deixar os centros urbanos ou realizar um ministério dentro deles? Essas são perguntas que têm despertado discussão na igreja por mais de um século. Qual é a visão correta, a decisão equilibrada, o momento certo? Os últimos acontecimentos do cenário profético têm aumentado o interesse por esse tema tão sensível e, para evitar decisões imprudentes, precisamos ter uma visão abrangente dos escritos de Ellen White.

São enfáticos os conselhos da autora sobre a vida no campo, especialmente para aqueles que buscam mais pureza e sensibilidade espiritual: “O apelo é para que o nosso povo fixe residência a quilômetros de distância das grandes cidades” (Eventos Finais, p. 95). “Sérias aflições se encontram perante nós; e sair das cidades se tornará uma necessidade para muitas famílias” (A Ciência do Bom Viver, p. 364).

O assunto, porém, é mais amplo. Por isso, foi publicada a compilação Vida no Campo, com as principais citações de Ellen White. Em Eventos Finais (cap. 7) também podem ser encontrados conselhos preciosos. E o livro Mensagens Escolhidas (vol. 2, p. 354-364) apresenta uma visão que se aplica ao assunto, com recomendações às famílias que se preparavam para sair de Battle Creek.

Em qualquer dos materiais estudados, a mensagem é clara e os benefícios são seguros. Não faltam, porém, pedidos de equilíbrio: “Cuidem para que não haja movimentos precipitados”, diz a autora (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 361). “Nada se faça de maneira desordenada, para que não haja grande perda nem sacrifício de propriedade, devido a discursos ardentes e impulsivos que despertam um entusiasmo que não é segundo a vontade de Deus” (p. 363).

Ellen White incentiva os que podem sair das cidades, mas também valoriza os que devem permanecer nelas para pregar o evangelho, reconhecendo que ambos estão sendo fiéis às orientações de Deus (Vida no Campo; Ministério Para as Cidades).

Um estudo feito por Monte Sahlin encontrou 107 artigos sobre ministério urbano no índex de Ellen White. Em 24 deles são apresentadas instruções à igreja para sair das cidades e estabelecer instituições fora delas. Por outro lado, 75% dos artigos apresentam instruções específicas para que haja um movimento para dentro das cidades.

Algumas citações chegam a ser apelativas: “O encargo das necessidades de nossas cidades tem pesado tanto sobre meus ombros que algumas vezes parecia que eu ia morrer” (Manuscrito 13, 1910). Segundo George Knight, “Ellen White estava tão insatisfeita com a falta de progresso do adventismo que chegou a questionar a conversão do presidente da Associação Geral, Arthur G. Daniells, sugerindo que, diante do que ela acreditava ser uma falta de interesse no trabalho nas cidades, ele não seria qualificado para liderar os adventistas”.

A visão equilibrada pode ser entendida pelo conceito “dentro/fora”: dentro das cidades deve ser realizado um ministério especial e fora delas pode ser encontrada a oportunidade para fortalecer a vida espiritual.

No entanto, a partir do decreto dominical, já não mais haverá opção, pois será tempo de sair das cidades maiores (Eventos Finais, p. 121), e, após o decreto de morte, chegará também o momento de abandonar as pequenas cidades. Enquanto esse tempo não chega, “como preparação para a vinda de nosso Senhor, devemos realizar um amplo trabalho nas grandes cidades” (p. 118).

Ao avaliar essa questão, é importante buscar o equilíbrio. Precisamos evitar os extremos, como o efeito do pêndulo de um relógio: nem o extremo do fanatismo, que impõe as próprias interpretações, gera alarmismo e critica os outros, nem o extremo do liberalismo, com sua espiritualidade superficial e comprometimento insuficiente. 

Pr. Erton Köhler (via Revista Adventista)

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Filhos herdam problemas psicológicos dos pais?

Pais ou mães que enfrentam a depressão, transtorno bipolar e outros problemas psiquiátricos frequentemente se perguntam se seus filhos herdaram esse problema geneticamente.

“Sentimentos de falta de esperança, culpa, falta de valor e pânico são alguns sentimentos que eu sinto todos os dias. Pensar que meus filhos, atualmente com sete e doze anos, possam sentir isso um dia me enche de pavor”, relata a escritora britânica Lucy Dimbylow, ao Metro UK.

A chance de um pai ou mãe passarem geneticamente um problema psicológico para o filhos depende do tipo do problema. Pesquisas do Centro para Educação Genética mostra que se um dos pais tiver transtorno bipolar, o filho tem 15% de chance de desenvolver o mesmo problema, comparado com 2 a 3% da população geral. Se os dois pais têm transtorno bipolar, o fator de risco sobe para 50%. Essa proporção é semelhante para a esquizofrenia, com 13% de chance de desenvolver a doença se um dos pais a tem e 45% de chance se os dois têm.

Não é possível estimar qual é a chance de um filho herdar outros problemas psicológicos como depressão e transtorno obsessivo-compulsivo, mas estudos variados mostram que essa herança é possível. [...] Mesmo assim, não são apenas os genes que determinam se alguém desenvolverá um problema, mas também o ambiente em que esta criança cresce e se desenvolve.

“Se você oferecer um lar com amor e estabilidade, então as chances de uma criança crescer de forma saudável são muito maiores. Saúde mental e física estão ligadas firmemente, então encorajamos crianças a comer bem, se exercitar e evitar estresse, dormir bem e conversar com alguém sobre suas preocupações ou problemas”, diz Laura Peters, da entidade filantrópica Rethink Mental Illness.

Outro fator que está a favor da nova geração é que transtornos psicológicos são cada vez menos vistos como tabus, então falar sobre esse assunto e procurar ajuda está cada vez mais fácil. [Maiores informações em Hypescience / Metro.uk]

Nota: Segue abaixo alguns sábios conselhos de Ellen G. White:
"O que são os pais, em grande parte, hão de ser os filhos. As condições físicas dos pais, suas disposições e apetites, suas tendências morais e mentais são, em maior ou menor grau, reproduzidas em seus filhos." (Mente, Caráter e Personalidade vol. 1, p. 139)
"A condição física e mental dos pais é perpetuada nos filhos. Esta é uma questão que não tem sido devidamente considerada. Sempre que os hábitos dos pais contrariam leis físicas, o dano que fazem a si mesmos se repetirá nas gerações futuras." (O Lar Adventista, p. 172)
"As crianças e jovens não devem ser subalimentados no mínimo que seja; devem ter fartura de alimento saudável. [...] Devem ter o melhor exercício e o melhor alimento, pois estes exercem importante influência sobre a condição das faculdades mentais e morais." (Orientação da Criança, p. 390)
"O lar deve ser o centro do amor mais puro e da mais elevada afeição. Paz, harmonia, afeição e felicidade devem ser perseverantemente acariciadas cada dia, até que essas preciosas virtudes habitem no coração dos que compõem a família." (O Lar Adventista, p. 95)

Como lidar com a crise

“Crise”. Com que frequência você tem ouvido essa palavra? Uma simples busca do termo no Google revela que, dos mais de 100 milhões de ocorrências, uma quantidade significativa se refere ao momento atual que o Brasil e o mundo enfrentam.

De fato, vivemos dias difíceis. Nem é preciso acompanhar os noticiários para perceber isso. Basta olhar ao redor. Em casa, na rua, no comércio e nas rodas de amigos, o clima é de apreensão e, nas igrejas, os pedidos desesperados de oração se avolumam. E não é somente a crise política e econômica que têm causado tanto transtorno. Paralelamente, continuamos convivendo com outras antigas conhecidas, como a crise na saúde, na educação e na segurança públicas; a crise moral da sociedade; e ainda outras de caráter mais pessoal, como crises familiares, psicológicas e emocionais. Em resumo, vivemos em crise!

Definição
Crise é sinônimo de dificuldade, adversidade, tensão, complicação, conflito, etc. A palavra praticamente não aparece na Bíblia, mas o conceito está presente do começo ao fim. Desde a rebelião de Lúcifer no Céu e a queda da humanidade no Éden (Ap 12:7-9; Gn 1-3), passando por toda a história do grande conflito e a cruz, até a vitória final de Deus sobre o pecado e o mal (Ap 19-22), as Escrituras apresentam os altos e baixos de um mundo em constante crise. Além do conceito, a Bíblia também contém a etimologia da palavra. “Crise” deriva do vocábulo grego krisis, que ocorre oito vezes no texto original do Novo Testamento, sempre com o sentido de juízo, julgamento ou decisão.

Nos escritos de Ellen White, o termo crisis, em inglês, aparece cerca de 50 vezes e é utilizado para definir diferentes situações, desde problemas circunstanciais na vida pessoal até momentos decisivos da história da redenção. Alguns exemplos do que Ellen White considerava crise:

- A luta e a agonia de Cristo no Getsêmani diante do fato de que estava em jogo o futuro da humanidade (O Desejado de Todas as Nações, p. 693).

- Os desafios enfrentados pela igreja primitiva em seu período formativo (Atos dos Apóstolos, p. 88, 405).

- Os momentos difíceis através dos quais Deus conduziu, conduz e conduzirá sua igreja (Review and Herald, 20 de setembro de 1892).

- O tempo atual, na iminência do fechamento da porta da graça, em que é urgente advertir as pessoas (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 371).

- Os acontecimentos finais da história; o tempo de angústia; a futura perseguição do povo de Deus e a última batalha entre as forças do bem e do mal (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 318-320; v. 3, p. 280; Profetas e Reis, p. 536).

- Lutas pessoais; provações e problemas em geral (Carta 47, 1889; Carta 70, 1894; Ciência do Bom Viver, p. 119).

- Crises financeiras (Conselhos Sobre Mordomia, p. 97).

Tanto na Bíblia quanto nas obras de Ellen White, a crise representa um momento crucial da vida ou da história, em que as decisões tomadas determinam o futuro, de forma positiva ou negativa.

Convivendo com a crise
Tempos críticos não são “privilégios” desta geração. A história da humanidade está pontilhada de momentos conturbados e angustiantes, sobretudo na trajetória da igreja. Jesus, que enfrentou as crises mais difíceis, foi quem previu que, neste mundo, teríamos aflições (Jo 16:33). Os heróis da fé tiveram que aprender a lidar com as intempéries da vida. Paulo, por exemplo, declarou: “Aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:11-13, NVI).

As crises também fizeram parte da rotina dos pioneiros do adventismo. Numa época em que os pastores tinham que dividir o tempo entre a pregação do evangelho e o trabalho duro no campo, Tiago e Ellen White, como outros pioneiros, lutaram contra a pobreza, as terríveis privações, enfermidades e a perda de entes queridos. A situação financeira do casal era tão precária que, certa vez, ao remendar o casaco já remendado do esposo, Ellen afirmou que era difícil identificar o pano original das mangas (Vida e Ensinos, p. 116). Diante das dificuldades, ela chegou a questionar se Deus os havia abandonado, mas acabou concluindo que “os sofrimentos e as provações nos aproximam de Jesus” (Idem, p. 115).

Atitude certa
Sem dúvida, a melhor solução para enfrentar as crises da vida é apegar-se a Deus. Como mostram Lothar C. Hoch e Susana M. Rocca no livro Sofrimento, resiliência e fé: implicações para as relações de cuidado, a psicologia tem comprovado que a fé tem um papel fundamental na superação de dificuldades e experiências traumáticas.

No entanto, em meio ao turbilhão de uma crise, é normal que as pessoas tenham atitudes diferentes em relação à religião ou à espiritualidade. Há aqueles que, nos momentos de dificuldade, simplesmente abandonam a fé. Permitem que o desemprego, as contas atrasadas, a ameaça de despejo, as doenças ou os conflitos familiares os desanimem e os afastem de Deus e da igreja. As preocupações são tantas que a leitura da Bíblia e a oração são deixadas em segundo plano, quando não totalmente esquecidas.

No outro extremo, a segunda atitude é a daqueles que, quanto mais sofrem, mais se aproximam de Deus e das coisas espirituais. A pessoa que assume essa postura entende que sua única esperança está além deste mundo e que orações mais fervorosas, mais estudo da Bíblia e mais frequência à igreja poderão trazer bons resultados, seja na solução dos problemas ou em obter a força necessária para suportá-los.

A terceira atitude frente a momentos de crise é aquela em que a pessoa não abandona completamente a fé nem recorre a ela com maior intensidade, mas acaba adotando um comportamento intermediário, semelhante à mornidão da igreja de Laodiceia (Ap 3:14-18). Quem está nessa condição tem a consciência de que não pode viver sem Deus e sem a comunhão da igreja, por isso segue com suas práticas religiosas, mas de maneira mecânica, com o brilho ofuscado pelo excesso de preocupações.

Qual desses é o seu perfil? Como você tem reagido às provações da vida? Qual é o efeito da crise sobre sua fé?

Tempo de oportunidades
Na Bíblia, a crise e o sofrimento são comparados ao fogo que purifica o metal precioso de nossa fé (1Pe 1:6, 7; 4:12, 13; Rm 5:3-5; Hb 11:35-38; Tg 1:12). Ellen White escreveu que “as provações da vida são obreiras de Deus para remover de nosso caráter impurezas e arestas.” Segundo ela, só as pedras que o Mestre considera preciosas são submetidas ao desgastante processo de lapidação e polimento, para servirem “como colunas de um palácio” (O Maior Discurso de Cristo, p. 23, 24).

Thomas DeWitt Talmage, um dos grandes pregadores do século 19, resumiu de forma poética o resultado da crise na vida dos personagens bíblicos: “Quando Davi andava em fuga pelo deserto, ele estava sendo preparado para se tornar o suave cantor de Israel. A cova e a masmorra foram as melhores escolas em que José foi diplomado. O furacão que desmantelou a tenda de Jó e matou seus filhos preparou o homem de Uz para […] o magnífico poema que tem sido o encanto de todas as épocas. Não existe outro meio de extrair da palha o trigo, senão trilhando-a. Não há outro meio de purificar o ouro senão queimando-o” (One Thousand Best Gems, p.83).

Por mais difíceis e traumáticas que sejam, as crises podem ser encaradas como ocasiões de oportunidade de aprender, crescer e se fortalecer. As crises não duram para sempre, mas os frutos de decisões tomadas em tempos difíceis podem ser eternos. É preciso lembrar que, comparados à eternidade, nossos sofrimentos nesta vida são “leves e momentâneos”. Por isso, devemos fixar os olhos “não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2Co 4:17, 18, NVI). 

Eduardo Rueda (via Revista Adventista)

sexta-feira, 25 de maio de 2018

A greve dos caminhoneiros e a fragilidade das estruturas humanas

Reivindicando seus direitos, os caminhoneiros do Brasil estão parados há cinco dias. Em tão pouco tempo essa greve ajudou a revelar uma faceta pouco percebida pelas pessoas, da qual apenas se dão conta quando ocorrem guerras ou tragédias naturais: nossas estruturas e nossos sistemas são extremamente frágeis. Os combustíveis simplesmente acabaram nos postos. Voos estão sendo cancelados por falta de querosene para os aviões. Nos supermercados já se notam os efeitos do desabastecimento. Algumas cidades poderão ficar sem água tratada, pois os produtos químicos usados no processo não estão chegando às estações de tratamento. Dezenas de navios estão impedidos de descarregar seus contêineres nos portos. Mesmo a polícia está sendo afetada com a falta de combustível para as viaturas, o que aumenta a apreensão com a falta de segurança. Em apenas cinco dias nossa vida virou de pernas para o ar. Em apenas cinco dias nos demos conta uma vez mais de quão frágeis são nossas estruturas e nossos sistemas. Da noite para o dia tudo aquilo em que muita gente coloca a confiança – o dinheiro, a tecnologia, os modernos meios de transporte – pode simplesmente acabar. Percebemos que o mundo carece de uma esperança real, com fundamentos sólidos.

No Salmo 121, versos 1 e 2, o salmista faz uma pergunta e ele mesmo a responde: “Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.” De fato, nosso socorro não vem dos montes, não vem da nossa conta bancária, não vem da nossa saúde que tem prazo de validade, não vem da força das nossas mãos e das obras que elas podem realizar. Nosso socorro não vem das coisas que inventamos. Elas até ajudam, mas são frágeis, transitórias e podem desabar como um castelo de cartas no curto período de cinco dias ou menos.

Pior que a perda das estruturas é a perda da vida. Quando morre uma pessoa querida, aí, sim, é que nos damos conta da fragilidade da existência humana. E isso pode acontecer a qualquer momento, num piscar de olhos. Quando o ser humano altivo, orgulhoso de seus feitos se dará conta de tudo isso? Quando vamos perceber que não somos nada sem Deus, sem aquele que fez os céus e a Terra? Nosso planeta é menos que um grão de areia neste vasto Universo. Nós somos menos que bactérias neste grão de areia. Sem Deus não temos esperança alguma, e uma simples greve de caminhoneiros nos faz perceber isso no curto intervalo de tempo de cinco dias…

Mas a esperança existe, ela é real e tem nome: Jesus Cristo. Ele morreu por nós e isso reajusta nosso pensamento com respeito ao valor da vida humana. Sim, somos bactérias no Universo, mas temos valor infinito – o valor da vida de Deus. Somos minúsculos e nossos problemas, aparentemente insignificantes. Mas o Eterno atenta para esses detalhes da nossa vida. Ele sabe que neste mundo de pecado teremos tribulações, lutas e sofrimentos – e até nos advertiu quanto a isso –, mas garantiu que não nos deixaria órfãos; que voltaria para nos buscar, e logo cumprirá essa promessa.

As pessoas precisam parar de olhar para os “montes” como se de lá lhes viesse o socorro. Precisam parar de confiar tanto nas obras de suas mãos, nas estruturas que construíram e que lhes parecem tão sólidas. Essas coisas são apenas paliativos para um problema maior. Não temos condições de salvar a nós mesmos. Precisamos do poder da esperança; precisamos do Deus da esperança, o Criador do Universo.

Conte isso para as pessoas. Seja um portador de boas-novas. Diga para elas que Deus existe e que Jesus em breve voltará para nos tirar deste mundo que se consome, que se autodestrói. Seja um missionário da esperança!

Michelson Borges (via Outra Leitura)

P.S.: “Quando os justos florescem, o povo se alegra; quando os ímpios governam, o povo geme. […] O rei que exerce a justiça dá estabilidade ao país, mas o que gosta de subornos o leva à ruína.” (Provérbios 29:2, 4).

Dia do Orgulho Nerd - O que os cristãos podem aprender com os nerds?

 Jim Parsons, que faz sucesso como o nerd Sheldon Cooper na série "The Big Bang Theory" e Leonard Nimoy, que imortalizou o personagem Spock em "Jornada das Estrelas"
O Dia do Orgulho Geek, também conhecido por Dia do Orgulho Nerd, é comemorado anualmente em 25 de maio em todo o mundo. A data foi criada em homenagem à estreia do primeiro filme da franquia Star Wars (Star Wars, Episódio IV: Uma Nova Esperança), lançado em 25 de maio de 1977 e considerado um grande marco para a cultura nerd.

No dia 25 de maio ainda é celebrado o Dia da Toalha, uma comemoração que também serve de homenagem para a cultura geek e nerd. O Dia da Toalha é uma homenagem dos fãs da série "O Guia do Mochileiro das Galáxias" e ao seu autor, o escritor Douglas Adams.

Nerd é um termo que descreve, de forma estereotipada, uma pessoa que exerce intensas atividades intelectuais, que são consideradas inadequadas para a sua idade, em detrimento de outras atividades mais populares. 

Pode descrever uma pessoa que tenha dificuldades de integração social e seja atrapalhada, mas que nutre grande fascínio por conhecimento ou tecnologia.


O nerd é um raro caso que é o que é em um mundo em que todos querem ser o que não são. Só os nerds admitem que, mesmo adultos, ainda leem quadrinhos, jogam videogame e colecionam bonequinhos de brinquedo.
 Só eles vestem sem vergonha algumas roupas de seus super-heróis favoritos e não têm medo de dizer que as piadas mais engraçadas do seriado The Big Bang Theory são sobre computação ou física quântica.

Série "The Big Bang Theory"
Eles são o exemplo vivo de que a coerência (e a persistência) pode vencer a massa. Em uma sociedade na qual as pessoas insistem em ser o que não são, quem é coerente com a mensagem que prega faz sucesso. E o pior é que os nerds conquistaram a admiração e o respeito da sociedade defendendo valores e representando ícones como o Super-Homem, Luke Skywalker ou Mario Bros., mesmo que, para isso, tenham enfrentado o bullying antes do bullying ter sido inventado! 

Já nós, cristãos, temos ao nosso lado a bandeira da saúde, da educação, da caridade e da família. Ainda assim, mesmo com causas tão nobres e heroicas, muitos continuam acovardados, sem fibra para viver na plenitude a mensagem que representam. Têm medo de pagar o preço. E logo nós, que seguimos Jesus Cristo, o maior ícone de todos os tempos! E logo nós, que acreditamos no amor, o mais sublime dos valores! 

O exemplo dos nerds pode nos “salvar” da incongruência entre o que cremos e o que praticamos, entre o que dizemos e o que somos. Como não precisamos aderir a tudo aquilo que os nerds defendem, deveríamos ao menos seguir seu exemplo de perseverança, autenticidade e coerência.

Vida longa, próspera... ou melhor, vida eterna pra todos nós!

quinta-feira, 24 de maio de 2018

É VERDADE

Tenho um professor que costuma repetir: aquilo que compartilhamos nas redes sociais diz mais a respeito de nós mesmos do que do autor original do conteúdo ou do conteúdo em si. A partir dessa reflexão concluo: se compartilhamos mentiras, estamos dando uma eloquente declaração sobre nossa relação com a verdade.

A Verdade era um assunto capital para Jesus. Ele disse que ela nos libertaria (João 8:32), que ela é a palavra de Deus, que nos santifica (João 17:17). São inúmeras as vezes que O vemos começar alguma declaração com a expressão “em verdade em verdade [assim, duas vezes, sublinhando!] vos digo”, e foi bastante claro ao afirmar que seria rejeitado justamente por falar a verdade (João 8:45). Ele diz que nossa adoração precisa ser em verdade (João 4:24) e que “todo aquele que é da verdade” ouve Sua voz (João 18:37 – ao que Pilatos, numa atitude bem pós-moderna e adequada aos nossos tempos aqui, deu de ombros perguntando “o que é a verdade?” e então virou as costas).

É de se esperar, portanto, que todos aqueles que seguem Alguém que Se descreveu como “o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6), tenham um apego considerável à verdade. O que se vê, contudo, é um festival de fake news compartilhada com alegria. Qualquer notícia absurda ou simplesmente inverídica, mas que confirma de alguma forma a visão de mundo desses cristãos, é abraçada com entusiasmo – e passada adiante. Cristãos, possivelmente mais do que outros grupos, não admitem sentar frente a frente com pessoas que partilham de outra cosmovisão para simplesmente conversar. No fundo, agem como quem tem medo de sua verdade não resistir ao escrutínio da razão ou aos fatos.

E, no entanto, Jesus Cristo é a Verdade. Como disse C. S. Lewis, ou Ele é aquilo que afirmou ser, ou é um louco, e os que temos de fato nos relacionado com Ele sabemos que não se trata da segunda hipótese, em absoluto. Logo, se temos andado e mantido uma relação estreita com Ele, temos interagido com nada menos que a Verdade (assim, com V maiúsculo). O que devia aumentar nossa confiança e nos impelir a comunicar com o outro, como Ele ordenou, porque sabia que isso ajudaria não só a alcançar alguns que não conhecem a Verdade, mas também depuraria aquilo que nós entendemos como verdade, tirando dela as impurezas que deixamos acumular ao seu redor.

Neste exato instante, e especialmente num ano eleitoral como este, há uma infinidade de perfis falsos nas redes sociais e “bots” criados para compartilhar informações falsas. Nós os vimos em ação recentemente no caso Marielle, quando um monte de cristãos passaram adiante a informação falsa de que ela era mulher de um traficante e o fizeram sem nem pensar duas vezes, afinal, estavam diminuindo a morte de uma mulher negra, lésbica e esquerdista. E, contudo: “Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade” (I João 2:21). Nenhuma.

Cheque os fatos e fique do lado da verdade, lembrando que ela é uma pessoa.

Marco Aurélio Brasil (via Nova Semente)

A Bíblia previu com exatidão o tempo difícil em que vivemos

O cartunista argentino Joaquín Tejón, mais conhecido como Quino, criador da famosa personagem de tirinhas Mafalda, produziu uma sequência de cartuns que define muito bem os valores de nossa época (veja abaixo). Preocupado em ensinar ao filho, ainda de chupeta, como a vida é, o pai aponta para o carro e diz: “Isso se chama pernas”. Mostra o computador e afirma: “Isso se chama cérebro”. O celular é chamado de “contato humano”. Um programa de televisão imoral recebe o nome de “cultura”. No espelho, a criança vê o “próximo” a quem deve amar. Na lata do lixo estão os ideais, a moral e a honestidade. Por fim, uma nota de dinheiro é apresentada como “Deus”!
Em sentido filosófico, valor tem que ver com a importância que atribuímos às coisas. E os valores que adotamos motivam nossas escolhas e ações. A sociedade vive uma crise moral. Valores como solidariedade, bondade, verdade e lealdade têm perdido lugar para seus opostos. A justiça, imparcialidade e integridade têm sido dribladas pelo “jeitinho brasileiro”. E a santidade, pureza e reverência têm sido suplantadas por desregramento e profanidade. Somem-se a isso a desconstrução e a perda da noção de pecado. O resultado? Pessoas insensíveis ao sofrimento alheio, aumento galopante da criminalidade, corrupção generalizada, famílias disfuncionais, uma geração sem limites e uma filosofia de vida “vale tudo”.

Onde vamos parar? Talvez seja mais importante perguntar onde já chegamos. Há quase vinte séculos, o apóstolo Paulo previu com precisão cirúrgica o tempo difícil em que vivemos. Os seres humanos seriam “egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder” (2Tm 3:2-5, NVI).

E qual é a raiz do problema? Os princípios; ou melhor, a falta deles! Apesar de haver várias definições que diferenciam valor de princípio, gosto de pensar nos princípios como sendo leis de caráter universal e atemporal, que não dependem de tempo nem de lugar. Além disso, os princípios são objetivos, existem independentemente da minha vontade ou opinião. As leis de Deus e da Física (que também são de origem divina) são bons exemplos de princípios.

Por outro lado, os valores têm um caráter mais subjetivo, interior. Embora geralmente haja uma opinião comum sobre eles, cada pessoa determina o que tem ou não tem importância para si. Por esse motivo, os mesmos valores podem ser interpretados de maneiras diversas por diferentes indivíduos. Há pessoas, por exemplo, que não se consideram menos honestas por sonegar impostos ou deixar de restituir o troco devolvido a mais pelo caixa do supermercado.

É aqui que entra a importância dos princípios bíblicos. Enquanto a ética situacional e relativista, típica do nosso tempo, deixa as pessoas livres para fabricar seu próprio repertório de valores, a ética da Bíblia, com base nos mandamentos imutáveis de Deus, fornece um conjunto de princípios e valores invariáveis que refletem a natureza daquele que é eterno e onipresente – sem limites de tempo e geografia.

No entanto, a motivação mais importante para o cultivo de bons valores é o caráter de Deus. A consciência de um Ser supremo que personifica, ao mesmo tempo, o amor e a justiça serve como constante lembrete de nossa obrigação moral. Ellen White escreveu: 
“Aqueles que têm fé genuína em Cristo serão sóbrios, lembrando-se de que os olhos de Deus estão sobre eles, que o Juiz de todos os homens está pesando os valores morais e que os seres celestiais estão esperando para ver que tipo de caráter está sendo desenvolvido.” (Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, p. 223)
Eduardo Rueda (via Revista Adventista)

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Copa do Mundo: é pecado gostar de futebol?

O dia 14 de junho marca o início de um dos maiores eventos do planeta, a Copa do Mundo de Futebol. Em 2018, a Rússia é o palco dessa gigantesca programação que movimenta bilhões de dólares em investimentos e lucro para uma série de empresas e organizações e capta os olhares de muita gente em todos os continentes.

Mas e os cristãos? Qual seria a reação mais correta levando em conta a Bíblia e o Espírito de Profecia como referências? É lícito ao cristão praticar esportes como o futebol? Por que algumas pessoas são contra o futebol? O que ele tem de mau? Existe alguma maneira de praticá-lo sem receber sua influência negativa? E torcer para algum time é pecado?

Em Filipenses 4:8, há uma lista do que realmente deveria ser considerado bom na vida. O texto diz: “Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo excelente ou digo de louvor, pensem nessas coisas”.

Com base nessas orientações, frequentar estádios de futebol provavelmente não seja algo que se encaixe nesse aconselhamento bíblico. Fora poucas e cada vez mais raras exceções, nos estádios há risco real de violência descontrolada, uso de bebida alcoólica sem muita restrição e ambiente propício para devoção a um espetáculo com totais interesses financeiros apenas (para quem o organiza). Não é o melhor lugar para uma família cristã estar.

Ao mesmo tempo, é necessário não confundir isso com a prática do exercício e de uma eventual partida de futebol entre amigos para recreação e promoção da saúde.

Cada um é livre para fazer o que deseja, mas precisa saber quais as implicações espirituais de suas decisões. O princípio envolvido aqui é fazer ou não a vontade divina, seguir aquilo que Ele deseja e não nós. No Salmos 143:10, o salmista aconselha dizendo: “Ensina-me Senhor a fazer Tua vontade, pois Tu és meu Deus”.

Vejamos os motivos mais comuns para a preocupação com o futebol, e como podemos evitá-los, tornando este esporte apenas uma brincadeira:

1. Paixão - É um esporte que envolve as pessoas de maneira apaixonada, quase como um vício, levando às torcidas organizadas, frequência aos estádios, discussões sobre o melhor time, exageros na comemoração pelas vitórias ou excessos na revolta pelas derrotas. É uma paixão que facilmente leva ao descontrole. Não combina com o comportamento cristão. Outras bases para não frequentar estádios podem ser encontradas no Salmo 1:1-6, nos perigos de violência que rodeiam o local, e nas práticas que ali são realizadas.

Mas esta paixão pode ser evitada se não houver envolvimento com times e torcidas profissionais, nem frequência aos estádios. Se um jogo de bola não for colocado acima de qualquer outra coisa, mas for praticado nas horas livres, como uma oportunidade de integração, recreação e cuidado com o corpo, ele passa a ser aceitável.

2. Confronto direto - É um esporte que leva as pessoas ao enfrentamento direto. É claro que ele não é o único. O basquete e outros também enfrentam a mesma realidade. Havendo esse confronto, acaba havendo também mais agressão, discussão e competição. Isso não combina com nosso espírito cristão. Mas este confronto pode ser diminuído de acordo com a maneira como a pessoa joga. Se ela joga para brincar, há um contato físico, mas não um confronto direto. 

3. Desentendimento - Parece que entre os esportes, o futebol tem sido o campeão de desentendimentos entre os participantes. É frequente você observar entre os jogadores apaixonados, gente discutindo por regras que não aceita, por não concordar com a maneira como o outro joga, pela atitude de um juiz, e tudo isso acaba em desentendimento e inimizades. Aliás, dizem que um dos melhores lugares para conhecer o caráter de alguém é dentro de um campo de futebol. Isso fere nossa postura cristã. 

Os impulsivos, temperamentais ou gananciosos não conseguem se controlar. Ou porque tem dificuldade consigo mesmos, ou porque não sabem perder. É esse o ponto que tem despertado o maior número de pessoas contra o futebol. "Se é isso que acontece em uma partida", dizem eles, "então é melhor acabar com isso". Mais uma vez a questão é a maneira como se encara o esporte. A atitude do jogador. É possível, até mesmo para temperamentais, brincar sem brigar, desde que encarem o futebol como uma brincadeira. Aqueles que não conseguem se controlar devem orar mais sobre isso, e ficar longe das quadras por um tempo, para não prejudicar o esporte de todos.

4. Competição - Ou seja, a rivalidade entre dois grupos que buscam ser um melhor do que o outro. Muito da condenação do futebol vem em função do forte clima de competição que ele gera. Pior ainda, quando, além da competição normal do esporte, são organizados campeonatos em que a guerra pela vitória vai aos extremos. 

O futebol é um esporte de pontos, ou gols. Alguém vai perder e outro vai ganhar. A maneira como se encara essa competição pode definir se o futebol pode ser praticado ou não. O papel do cristão não é derrotar o outro para ser o melhor do que ele, mas sempre buscar o bem do próximo. Quando futebol recebe um tempero extra, ele vai diretamente contra a essência de nossa mensagem.

Conselhos de Ellen G. White
Já quando o assunto são as orientações de Ellen White, é preciso ter muito cuidado. Quando ela escreveu, o esporte conhecido era o football, o que conhecemos como futebol americano, jogado mais com as mãos do que com os pés, e que é extremamente violento. O futebol como conhecemos aqui é chamado em inglês de soccer, e não é o esporte a que ela se refere. Ambos têm algumas semelhanças, e alguns dos seus conselhos também servem para o nosso futebol. Não podemos aplicar, porém, literalmente tudo o que ela fala de um esporte para o outro, mas podemos aprender lições.
“Alguns dos mais populares divertimentos, tais como o futebol e o boxe, se têm tornado escolas de brutalidade. Estão desenvolvendo as mesmas características que desenvolviam os jogos da antiga Roma. O amor ao domínio, o orgulho da mera força bruta, o descaso da vida, estão exercendo sobre a juventude um poder desmoralizador que nos aterra.” (Conselhos sobre Saúde, p. 189)
“Não tenho conseguido encontrar nenhum caso em que Jesus tenha ensinado os Seus discípulos a empenharem-se na diversão do futebol ou em jogos de competição; e, no entanto, Cristo era nosso modelo em todas as coisas. Cristo, o Redentor do mundo, deu a cada um a sua obra, e ordena: 'Negociai [ocupai-vos, na versão inglesa] até que Eu venha' (Lucas 19:13).” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 229)
Ellen White evitou esportes competitivos em praticamente todas suas formas. De fato, seus escritos deixam claro que ela matinha pouco ânimo quanto a atividades esportivas de qualquer espécie. A origem de sua oposição se explica tanto pelo espírito combativo inerente à maioria dos esportes, como porque, de maneira geral, eles desviam a mente das atividades mais sérias da vida.
"Não condeno o simples exercício de brincar com uma bola; mas isto, mesmo em sua simplicidade, pode ser levado ao excesso. Preocupam-me muito os resultados quase sempre inevitáveis que vêm na esteira de esportes competitivos. Eles levam a um gasto de dinheiro que devia ser aplicado em levar a luz da verdade às almas que não conhecem a Cristo. Divertimentos e gasto de meios para satisfação própria, que levam passo a passo à glorificação do eu, bem como o treinamento nesses jogos para obtenção de prazer produzem amor e paixão pelas coisas que não favorecem o aperfeiçoamento do caráter cristão." (O Lar Adventista, p. 499)
“Quanto tempo é gasto por seres humanos inteligentes em jogos de bola! Mas acaso a satisfação nesses esportes dá aos homens o desejo de conhecer a verdade e a justiça? Mantêm a Deus em seus pensamentos? Levá-los-á a indagar: Como vai com a minha alma?” (Conselhos Professores, Pais e Estudantes, p. 456)
"É a glória de Deus que se tem em vista nesses jogos? Eu sei que não é. O caminho de Deus e Seus propósitos são perdidos de vista. A maneira como seres inteligentes se aplicam, ainda em período de experiência, está se sobrepondo à revelada vontade de Deus e pondo em seu lugar as especulações e invenções do instrumento humano, com Satanás a seu lado a imbuir-lhes o espírito. ... O Senhor Deus do Céu protesta contra a ardente paixão cultivada pela supremacia nos jogos assim tão empolgantes." (O Lar Adventista, p. 500)
"O lugar que devia haver sido ocupado por Jesus foi usurpado por vossa paixão por jogos. Preferistes vossos divertimentos aos confortos do Espírito Santo. Não seguistes o exemplo de Jesus, que disse: 'Eu desci do Céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontade dAquele que Me enviou.' (João 6:38)." (Mensagens Escolhidas 1, p. 136)
"Na presente época a vida se tornou artificial e os homens degeneraram. Conquanto não possamos voltar completamente aos hábitos simples daqueles tempos primitivos, deles podemos aprender lições que tornarão nossos momentos de recreio o que este nome implica: momentos de verdadeira construção de corpo, espírito e alma." (Educação, p. 211)
Ellen White nunca condenou um jogo de bola de fundo de quintal ou uma partida de basquete, mas ela advertiu sobre os perigos potenciais dos esportes. Ela alertou que os jogadores podem às vezes se tornar tão obcecados em demonstrar sua superioridade ou em vencer, que isso pode os levar à disputa e orgulho. Além do mais, os esportes às vezes trazem os piores prejuízos aos estudantes, pais, comunidade e fans. Ela observou que era a competição, a rivalidade e o desejo de ser melhor do que os outros que causou a queda de Satanás do Céu. O que ela quer que lembremos, é que os verdadeiros vencedores são aqueles que ajudam os outros a vencer.

Quais são as suas válvulas de escape?

Durante algum tempo frequentei umas inspiradas reuniões de estudo da Bíblia e de oração que aconteciam na casa de um jovem casal de amigos aos sábados à tarde. Acabada a reunião, feita a oração final, todo mundo ficava por ali, a gente chamava umas pizzas, organizava uns jogos, assistia a filmes ou simplesmente ficava conversando. Era muito bom, mas uma coisa me incomodava: o que mais parecia divertir alguns dos participantes dessas reuniões quando caía a noite era trocar insultos e desfilar uma enxurrada de palavrões que fariam Dercy Gonçalves corar de vergonha.

Como aquele linguajar era um corpo estranho no lugar e fazia um destacado contraste com a reunião que havia acabado de acontecer, a coisa realmente parecia muito engraçada. Eles afetavam seriedade, falando com a compostura que um ancião de igreja falaria, mas no lugar de comedidas palavras, uma porção de impropérios. Nós, da ala dos incomodados, a princípio ríamos, depois paramos de rir e afinal questionamos a conduta. A justificativa de um desses amigos foi que a semana era tão opressiva, tão cheia de problemas e eles tinham que ser tão sérios e controlados que precisavam daqueles momentos de extravasamento no final de semana. O grupo dissolveu-se em seguida.

A rotina dessa vida pós-moderna é mesmo cheia de pressões. Nos sentimos oprimidos pela sobrecarga de trabalho, de informação, de problemas, de pontos de nossas vidas que poderíamos melhorar e por isso condescendemos com a idéia da necessidade de uma válvula de escape. Isso poderia ajudar a explicar a razão pela qual a obesidade já está se tornando um problema mais sério que a desnutrição no Brasil, por exemplo. Muita gente não apenas come mal, mas se sente liberado para comer descontroladamente, se não sempre, ao menos em algumas ocasiões – o final de semana ou em festas, por exemplo. Por todo lado se vê também a condescendência com o excesso de álcool. Beber até cair em algumas ocasiões parece ser uma necessidade imposta pela vida pós-moderna e portanto é enaltecido como muitos outros tipos de excesso. Conheci um pastor que tinha grande popularidade justamente entre os jovens, porque era engraçado e um ótimo orador, mas ele gostava de dizer lá do púlpito que tinha duas intemperanças: comer demais e dirigir muito rápido. Falava com um certo orgulho e todos riam.

Fico pensando no tipo de evangelho que ele transmite falando assim. Em Atos 24:25 há um texto muito interessante. Paulo está pregando o evangelho para Felix e a pregação é resumida assim: “e discorrendo sobre a justiça, o domínio próprio e o juízo vindouro…” O domínio próprio, portanto, está no centro da pregação do evangelho, junto com a justiça e o juízo vindouro, e algumas pessoas podem pensar que foi assim nesse caso porque o interlocutor de Paulo fosse especialmente intemperante, mas o texto não dá margem para esse tipo de ilação. Melhor conclusão é a de que a pregação cristã é uma mensagem de equilíbrio. Pessoas salvas por Cristo e ligadas ao poder que Ele comunica para viverem nova vida não precisam de outra válvula de escape das pressões dessa vida senão Ele mesmo. Não é uma questão de tolher nossa liberdade, podar-nos ou reprimir-nos, mas de trocar esses prazeres fugazes pela vida em abundância, genuína e duradoura, que há em Jesus.

Marco Aurélio Brasil (via Nova Semente)

terça-feira, 22 de maio de 2018

Dia Internacional do Abraço - Bíblia, Pensamentos & Reflexões

O Dia do Abraço, comemorado internacionalmente em 22 de maio, começou pela iniciativa de um homem australiano em 2004, o qual criou a campanha “Free Hugs Campaign”, onde distribuía gratuitamente abraços pelas ruas de Sydney.

Você alguma vez já meditou sobre a importância do abraço? Se você pegar sua Bíblia e lê-la de capa a capa, descobrirá a importância que Deus dá aos relacionamentos, fraternos e amorosos. Deus é um Deus de relacionamentos, e através deles temos a oportunidade de expressarmos amor. E Deus é amor. Ellen G. White nos fala sobre a fraternidade humana no abraço de Deus:
"O santificado amor de uns pelos outros é sagrado. Nesta grande obra o amor cristão mútuo — mais elevado, mais constante, mais cortês, mais abnegado do que se tem visto — preserva a ternura cristã, a benevolência e polidez cristãs e envolve a fraternidade humana no abraço de Deus, reconhecendo a dignidade de que Deus revestiu os direitos do homem. Esta dignidade os cristãos têm de sempre cultivar, para honra e glória de Deus." (Mente, Caráter e Personalidade 1, p. 244)
O abraço, segundo alguns especialistas, faz bem para a saúde psíquica e física. Ele tem o poder de aumentar os níveis de uma substância chamada oxitocina, que tem a particularidade de reduzir os estados de stress e ansiedade, aumentando a felicidade e bem estar das pessoas. O abraço também pode diminuir os riscos de infecções, ajudar quem tem problemas para compartilhar emoções, reduzir a pressão arterial, e até aliviar a dor.

O abraço pode expressar: amor, amizade, companheirismo, proteção, afeto, segurança, apoio, conforto e outros sentimentos. O abraço estabelece uma ligação íntima e saudável entre as pessoas. É um gesto simples, porém carregado de sentimentos. 

Baseado na Bíblia, tentarei passar a importância de abraçarmos uns aos outros. 

Labão e Jacó - Um abraço de boas vindas: 
"E aconteceu que, ouvindo Labão as novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e beijou-o, e levou-o à sua casa; e ele contou a Labão todas estas coisas." Gênesis 24:13 
Esaú e Jacó - Um abraço de perdão: 
"Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram." Gênesis 33:4 
Davi e Jônatas - Um abraço de amizade: 
"E, indo-se o moço, levantou-se Davi do lado do sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se três vezes; e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos, mas Davi chorou muito mais. E disse Jônatas a Davi: Vai-te em paz; o que nós temos jurado ambos em nome do Senhor, dizendo: O Senhor seja entre mim e ti, e entre a minha descendência e a tua descendência, seja perpetuamente." 1 Samuel 20:41, 42
Pai e filho pródigo - Um abraço de compaixão:
"A seguir, levantou-se e foi para seu pai. Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou." Lucas 15:20
Maria Madalena, outras mulheres e Jesus - Um abraço de alegria:
"As mulheres saíram depressa do sepulcro, amedrontadas e cheias de alegria, e foram correndo anunciá-lo aos discípulos de Jesus. De repente, Jesus as encontrou e disse: "Salve!" Elas se aproximaram dEle, abraçaram-lhe os pés e O adoraram." Mateus 28:8, 9
Jesus e as crianças - Um abraço de amor: 
"Alguns traziam crianças a Jesus para que Ele tocasse nelas, mas os discípulos os repreendiam. Quando Jesus viu isso, ficou indignado e lhes disse: 'Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas. Digo-lhes a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele'. Em seguida, tomou as crianças nos braços, impôs-lhes as mãos e as abençoou." Marcos 10:13-16 
Paulo e os anciãos de Éfeso – Um abraço de despedida: 
"Quando Paulo acabou de falar, ajoelhou-se com os irmãos e orou. Então todos choraram muito e abraçaram e beijaram Paulo." Atos 20:34 
Outra passagem bíblica que fala sobre a importância deste ato: 
"Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar." Eclesiastes 3:5 
Para concluir, fiquemos com estes três lindos pensamentos sobre o abraço: 
"Abraço tem que ter pegada, jeito, curva. Aperto suave, que pode virar colo. Alento tenso, que pode virar despedida. Abraço é confissão. Abraço não pode ser rápido senão é empurrão. Requer cruzamento dos braços e uma demora do rosto no linho. Abraço é para atravessar o nosso corpo." (Fabrício Carpinejar)

“O melhor do abraço é o charme de fazer com que a eternidade caiba em segundos. A mágica de possibilitar que duas pessoas visitem o céu no mesmo instante.” (Ana Jácomo)

"O abraço existe para podermos dizer a pessoa que amamos o quanto a amamos sem dizer nada." (Jorge Clésio)

segunda-feira, 21 de maio de 2018

A relação entre o posicionamento político no presente e a fé no reino futuro desafia os jovens cristãos

No dia 7 de outubro, cerca de 147 milhões de brasileiros a partir dos 16 anos vão apertar os botões da urna eletrônica para escolher seus governantes. Será eleito o presidente da República juntamente com governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Mas, sejamos honestos, você acha mesmo que isso trará alguma mudança?

Corrupção, escândalos e instabilidade financeira no país têm contribuído para o desinteresse com a política. Com jovens na idade do primeiro voto (16 e 17 anos) e que não possuem a obrigatoriedade de irem às urnas não tem sido diferente.

Diante desse cenário, surge a pergunta: o jovem cristão tem alguma contribuição a oferecer no cenário político? Para o jovem adventista, que aguarda a breve vinda de Cristo, a política merece ser alvo de suas preocupações? 

O teólogo George Knight, no livro A visão apocalíptica e a neutralização do adventismo, afirma: “A única resposta suficiente e permanente para as dificuldades que envolvem um mundo perdido, conforme Cristo ensinou [...] seria o Seu retorno nas nuvens do céu. Na Sua vinda há verdadeira esperança. O resto não passa de simples curativo.”

Seria, então, a esperança inigualável da volta de Cristo razão para os adventistas deixarem de lado a “cidade dos homens” e seus problemas, crendo que assim poderiam cuidar apenas do reino de Deus? Em um mundo ferido, deveríamos jogar fora a caixa de Band-Aid?

Visão bíblica
A busca por uma resposta bíblica pode começar pelo profeta Jeremias. Ele apresentou uma mensagem divina aos hebreus que se tornaram cativos do Império Babilônico: “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz” (Jr 29:7). 

O plano divino não era que os hebreus permanecessem indefinidamente cativos, conforme Sua Palavra: “Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a Minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar” (Jr 29:10). A queda de Babilônia já estava profetizada no início do cativeiro. Mas, enquanto o povo de Deus estivesse sob o domínio da nação pagã, deveria trabalhar e orar em favor da paz e do bem comum. 

Os cristãos da atualidade se consideram igualmente peregrinos e forasteiros neste mundo que se coloca em oposição a Deus (1Pe 2:11). Os poderes terrenos que se unem contra os mandamentos divinos são identificados na Bíblia como a moderna Babilônia, cuja queda também foi profetizada (Ap 14:8). O conselho de Deus é que Seus filhos se afastem da corrupção moral e espiritual (Ap 18:4) desse moderno império pagão. Ao mesmo tempo, devem ser o sal da Terra (Mt 5:13) e anunciar o evangelho da paz (Ef 6:15). 

Por isso, a mesma atitude esperada dos hebreus cativos é necessária aos cristãos da atualidade. Buscar a paz perfeita que virá com a vinda de Cristo não é fechar-se para o mundo e se proteger da maldade alheia. Ao contrário, é se envolver com as pessoas e seus problemas concretos, buscando soluções para conflitos humanos e propondo um evangelho cuja suprema esperança não esqueça a fome do estômago nem a dor física de pessoas reais. 

O duplo desafio de se afastar da corrupção mundana e se aproximar das pessoas do mundo é colocado pelo apóstolo Tiago (1:27): “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” 

A atuação cristã, seja ela evangelística, assistencial ou educacional, não é pacificar o mundo fazendo de conta que os conflitos não existem, ou remetendo todas as soluções exclusivamente para o futuro. O agir cristão acontece, no presente, neste mundo dividido em muitas causas e os mais variados interesses. Portanto, a política, o campo de batalha entre os diversos grupos de interesses de uma sociedade, é um terreno que a igreja necessariamente tem que atravessar. E a forma de os cristãos se relacionarem com a política ampliará ou limitará o potencial de seu testemunho. 

Ellen White e a política
Ellen White, profetisa integrante do núcleo fundador do movimento adventista do sétimo dia, deixou registrada em seus escritos a orientação de que a igreja jamais deveria se envolver em assuntos políticos. “Não devemos, como um povo, envolver-nos em questões políticas” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 336). Ela afirma que a neutralidade política deve ser mantida por todos os que são assalariados pela igreja: “O dízimo não deve ser empregado para pagar ninguém para discursar sobre questões políticas” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 477). Diversas citações como essas são encontradas nas obras da escritora adventista. 

Por outro lado, Ellen G. White valoriza o testemunho cristão em meio aos espaços do poder. “Muitos jovens de hoje, que crescem como Daniel no seu lar judaico, estudando a Palavra e as obras de Deus, e aprendendo as lições do serviço fiel, ainda se levantarão nas assembleias legislativas, nas cortes de justiça, ou nos palácios reais, como testemunhas do Rei dos reis” (Educação, 262).

A ação de característica política também foi incentivada no fim do século 19, nos Estados Unidos, quando adventistas foram presos por trabalhar no domingo e movimentos religiosos lutavam pelo estabelecimento de uma lei dominical nacional. Ellen White incentivou a igreja a batalhar em várias frentes, inclusive junto aos legisladores, para deter a ameaça à liberdade religiosa. No contexto dessa crise, ela escreveu: “Não estamos cumprindo a vontade de Deus se nos deixarmos ficar em quietude, nada fazendo para preservar a liberdade de consciência. [...] Haja as mais fervorosas orações, e então trabalhemos em harmonia com as nossas orações” (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 320 e 321).

É possível perceber que, para Ellen White, a igreja não deve se misturar em disputas partidárias e polêmicas que venham a prejudicar sua missão evangelizadora. Por outro lado, há necessidade de pessoas fiéis que estejam presentes nos espaços do poder para contribuir com a perspectiva cristã nos debates públicos e sustentar a liberdade religiosa. 

Responsabilidade cristã
Embora a igreja não possa confundir sua missão com disputas partidárias, os cristãos devem contribuir com a criação de leis justas e fortalecer a liberdade de crença. Então, a pergunta que resta é: seria possível ao crente manter sua fé e ao mesmo tempo travar os embates políticos? 

No livro Ciência e política: duas vocações, na página 121, o pensador alemão Max Weber responde de forma negativa. Para ele, a política é regida por uma ética de resultados, enquanto a religião é regida pela ética da convicção embasada na Bíblia. “Aquele que deseja a salvação da própria alma ou de almas alheias deve, portanto, evitar os caminhos da política”, sentencia.

O sociólogo Paul Freston, por outro lado, acredita que “o envolvimento político sadio é imprescindível para a saúde da própria igreja, assim como para o bem da sociedade”. Sua opinião sobre o que é sadio ou doentio ele apresenta no livro Religião e política, sim; Igreja e Estado, não, na página 7.

Para Freston, “a Igreja, como instituição, não deve se envolver na política [...] quando o faz, ela e os seus líderes se tornam vulneráveis a todas as contingências do mundo político” (p. 11). Também alerta quanto aos perigos de dar corda aos crentes que se julgam salvadores da pátria: “Em torno dos candidatos e políticos evangélicos há líderes e membros de igrejas com uma expectativa ‘messiânica’ que aquele candidato evangélico canalizará automaticamente as bênçãos de Deus sobre o Brasil, resolvendo todos os problemas que nos afligem. Esse messianismo é muito perigoso, para o país e para a Igreja. [...] A última parte do homem a se converter [...] é o fascínio pelo poder” (p. 11).

O sociólogo também comenta a presença de muitos candidatos que se dizem fiéis a alguma religião durante a campanha e depois de eleitos jamais voltam para dar satisfação de seus atos como homens públicos. Nessa realidade, a religião é apenas uma isca. 

Freston acredita que a ponte entre os cristãos e a política pode ser feita por meio de uma atuação que siga um modelo comunitário. Nesse modelo, os evangélicos não representariam igrejas nem instituições, mas grupos de crentes que compartilham ideais políticos semelhantes. “Assim, os que exercem mandatos políticos não ficam soltos, mas interagem e respondem a outras pessoas que podem, se necessário, até mesmo repreendê-los e aconselhar sua saída da política.”

O modelo comunitário pode parecer utopia, mas toda utopia tem o desejo de realizar-se. Segundo Freston, “a solução para os problemas políticos é sempre política. A solução para a má política é a boa política”. Isso não significa a negação da fé no mundo vindouro, mas responsabilidade cristã com o mundo que Deus nos permite viver no presente. A esperança na volta de Cristo deve moldar nossas ações em todas as esferas da vida. Inclusive na política. 

Adaptação de texto de Guilherme Silva (via Conexão 2.0)

Assista também os vídeos abaixo do prof. Leandro Quadros: