O pai da Medicina, Hipócrates, classificou os temperamentos em quatro tipos: sanguíneo, colérico, fleumático e melancólico. Qual será o melhor? Há um melhor que o outro?
A pergunta melhor a ser feita neste caso não é qual seria o melhor tipo de temperamento para uma pessoa, mas sim, qual temperamento é melhor para este ou aquele tipo de situação na vida, ou para este ou aquele tipo de relacionamento.
Na verdade, todos nós somos uma mistura de temperamentos. Não há alguém que seja exclusivamente colérico, ou somente melancólico, etc. Podemos ser metade de um temperamento e metade de outro. Muitas pessoas possuem um único temperamento dominante, mas têm um pouco de outro.
Sanguíneos são mais alegres, animam uma festa, não se preocupam com dizer algo com exatidão dos dados. Muitas vezes gastam mais dinheiro do que deveriam. Os coléricos são mandões, mandonas, bons líderes, fazem acontecer, mas não têm sensibilidade para com os sentimentos dos outros, passam por cima dos outros como um trator. Os fleumáticos são controlados, raríssimas vezes explodem, mas são passivos. Melancólicos pensam bastante, controlam as emoções, mas tendem à tristeza, ao desânimo e olhar muito para si.
É meio comum que sanguíneos sejam atraídos pelos melancólicos ou vice-versa. O sanguíneo admira a nitidez e a ordem do melancólico. O sanguíneo que às vezes é superficial, impressiona-se com a análise de um melancólico e sua perfeição. Por outro lado, o melancólico sente uma deficiência no âmbito social, e deseja se aproximar mais desta pessoa sanguínea que é otimista, carismática.
Mesmo existindo uma espécie de força que atrai estas pessoas umas às outras, é quase inevitável que surjam os conflitos entre elas. O sanguíneo gosta de falar, o melancólico prefere o silêncio. O sanguíneo é impulsivo, o melancólico analisa primeiro antes de agir. O sanguíneo é desordenado com suas coisas, enquanto que o melancólico é ordenado. O sanguíneo pode gastar seu dinheiro sem se preocupar muito, e o melancólico quer um relatório concreto.
Veja um exemplo: se um amigo seu de temperamento sanguíneo lhe pediu 50 reais emprestado, prometendo devolver amanhã, muito provavelmente ele não devolverá no dia seguinte. Isto não é normalmente proposital. Simplesmente o sanguíneo muitas vezes não dá importância como o melancólico ao que é dito. Se este amigo que pediu o dinheiro emprestado fosse melancólico provavelmente não só devolveria o dinheiro no dia seguinte, como ainda poderia perguntar se devolveu atrasado!
Por outro lado é comum fleumáticos se unirem aos coléricos. O colérico fala e o fleumático escuta. O colérico manda e o fleumático obedece. Quando o fleumático é indeciso, o colérico assume a liderança. Quando o colérico perde a paciência, o fleumático não o leva em conta. Quando o colérico é arrogante, o fleumático perdoa.
Qual é o temperamento melhor? Não existe temperamento melhor. Todos são essenciais para a execução de tarefas diferentes na vida. Como vimos, um vai ser forte numa coisa e fraco na outra. É assim com todos os tipos de temperamentos, de pessoas. Num relacionamento entre marido e mulher, patrão e empregado, pai e filho, mãe e filho, e em outros relacionamentos, é importante cada um entender e respeitar o temperamento do outro. Sem isso não é possível uma convivência pacífica e construtiva. Com este respeito e aceitação se torna possível a ajuda mútua e entrosamento. Respeite a pessoa de temperamento diferente do seu. Você não é melhor do que ela em tudo.
Cesar Vasconcellos de Souza (via Doutor Cesar)
"Frequentemente, existe na mesma família acentuada diversidade de disposição e de caráter, pois está no plano de Deus que pessoas de temperamento variado se associem umas às outras. Quando assim se dá, todo o membro da família deve considerar sagradamente os sentimentos e respeitar o direito dos outros. Dessa maneira serão cultivadas a consideração mútua e a paciência, os preconceitos serão abrandados e aplainadas as arestas do caráter. Pode-se alcançar harmonia, e a fusão dos vários temperamentos pode ser um benefício para cada um." (Ellen G. White - Orientação da Criança, p. 205)