quinta-feira, 31 de outubro de 2024

HALLOWEEN, DOCE ENGANO

Enquanto estava trabalhando com o livro Os Ungidos, a versão de Profetas e Reis, de Ellen White, com linguagem preparada para adolescentes, encontrei um texto que chamou muito a minha atenção. Ao se referir à triste condição do antigo povo de Israel, que havia se afastado tanto de Deus a ponto de seus líderes buscarem conselho e até mesmo cura entre os representantes do príncipe das trevas, a autora diz o seguinte: “Hoje em dia, as pessoas talvez não se ajoelhem diante de deuses pagãos; porém, milhares estão adorando no altar de Satanás assim como o rei de Israel. [...] A fé na segura palavra da profecia está em decadência e, em seu lugar, superstições e magia cativam a mente de muitos. Os mistérios do culto pagão são substituídos pelo ocultismo e fenômenos dos médiuns espíritas. As revelações desses médiuns são recebidas com interesse por milhares que se recusam a aceitar a luz por meio da Palavra de Deus. Há muitos que nem podem se imaginar consultando médiuns espíritas, mas são atraídos por formas mais agradáveis do espiritismo” (Itálico acrescentado, p. 93).

Sempre me surpreende a atualidade das palavras dessa mulher que gostava de ser chamada mensageira do Senhor. Você também não teve a impressão de que o texto se refere exatamente ao que tem acontecido hoje?

Permita-me citar apenas um exemplo, aproveitando que estamos no dia em que uma festa aparentemente inocente tem se tornado cada vez mais popular, sendo comemorada até mesmo no meio cristão. Estou me referindo ao Halloween, ou Dia das Bruxas, como ficou conhecido no Brasil.

Diferente do que alguns pensam, o Halloween não nasceu nos Estados Unidos. Ele teve origem com os celtas, um povo bastante antigo que habitou a Europa na Idade Média, e estava relacionado a um festival pagão chamado Samhain, ou a Festa dos Mortos. Os descendentes dos celtas que moravam na Irlanda no século 19 acabaram levando esse costume para a América do Norte quando a colheita de batatas falhou e eles precisaram se mudar para um lugar em que pudessem se manter.

De acordo com informações da bruxaria moderna (Wicca), os celtas acreditavam que quando uma pessoa morria, ela ia morar com o povo das fadas. Para muitos deles, as fadas eram consideradas hostis e perigosas, porque teriam ficado ressentidas quando os homens tomaram seu lugar sobre a Terra. Depois da chegada dos cristãos, os celtas passaram a acreditar que “as fadas eram os anjos que não haviam se aliado nem com Deus nem com Lúcifer em sua disputa, e assim foram condenados a andar na Terra, até o dia do julgamento” (citado no blog Gato Místico, sobre as origens do Halloween).

Como o Samhaim equivalia ao ano novo para os celtas, esse era o tempo em que, para eles, o véu entre os mundos se tornava mais fino, e os vivos podiam se comunicar com os mortos.

Era comum as famílias deixarem do lado de fora das casas uma oferenda de alimentos, como uma forma de ficar em paz com os mortos. Acreditava-se que, além das fadas, muitos seres humanos saíam às ruas, passando-se por fadas para enganar as pessoas. Aqueles que não deixavam suas oferendas, eram amaldiçoados. Com a mistura dos rituais pagãos e católicos, foi acrescentado o costume de levar nabos esculpidos, com velas dentro para simbolizar uma alma presa no purgatório. Com o tempo, os nabos foram substituídos pelas lanternas de abóbora, que eram mais fáceis de encontrar e de esculpir.

Bem, é daí que se originaram as comemorações atuais envolvendo o Dia das Bruxas. As fantasias de fantasmas, vampiros, lobisomens, bruxas e zumbis são usadas como uma tentativa de confundir os espíritos dos mortos. E a frase típica “doces ou travessuras”, dita pelas crianças ao baterem à porta dos vizinhos, faz referência à oferenda pedida em troca de uma oração pelos mortos.

A palavra Halloween vem da expressão All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos) e está ligada ao dia 31 de outubro porque essa era a data que antecedia o Dia de Todos os Santos, comemorado pela Igreja Católica em 1º de novembro. Até hoje se comemora, na sequência, o Dia de Finados, em 2 de novembro.

Tendo conhecimento da origem dessa festa, podemos considerá-la apenas uma simples brincadeira inocente? Não seria essa comemoração também uma das “formas mais agradáveis do espiritismo”, logo que sua base está na crença na imortalidade da alma?

Não podemos nos deixar iludir se nosso interesse é estar em harmonia com a referência bíblica. “O culto aos mortos é, na verdade, o culto aos demônios” (Ellen White, Patriarcas e Profetas, p. 686). E a Bíblia faz sérias advertências quanto aos enganos que Satanás usaria para desviar os filhos de Deus (1 Coríntios 10:20; Efésios 6:12; 1 Tessolonicenses 2:10; 1 Timóteo 4:1; 2 Pedro 2:1-4).

Fica aqui uma sugestão: aproveite a ocasião para ensinar, especialmente às crianças, por que os cristãos não devem participar de tal comemoração e as incentive para que sejam um raio de luz em meio às trevas (Isaías 60:1).

Neila Oliveira (via Notícias Adventistas)

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

UM TUTORIAL DE ATOS 4:4

O mundo está sofrendo. Ninguém pode negar que o mundo em que vivemos está passando por uma turbulência global. Claro, essas situações difíceis podem ser uma grande oportunidade para apresentar as mensagens dos últimos dias de Deus para aqueles que estão em desespero e incerteza. As pessoas se tornaram mais abertas a ter conversas espirituais, mas isso não significa que proclamar a Palavra se tornou fácil.

Contexto
Atos 4 descreve um tempo muito interessante. Talvez tenha sido muito parecido com o que estamos testemunhando hoje. Muitas pessoas estavam em desespero, decepção e incerteza. As pessoas estavam confusas e assustadas. Embora os crentes tenham testemunhado a ascensão de Jesus Cristo (Atos 1), o poder do Espírito Santo durante o Pentecostes (Atos 2) e a cura de um homem aleijado no templo (Atos 3), ainda havia preocupações, pois enfrentavam intensa oposição e perseguição de líderes religiosos. É aqui que Atos 4:4 entra. “Mas muitos que ouviram a mensagem creram; de modo que o número dos homens que creram cresceu para cerca de cinco mil” (NVI). Este versículo é realmente significativo para nós hoje, pois não apenas revela o poder da Palavra durante esses tempos de turbulência, mas também nos chama a estar unidos na missão como adventistas do sétimo dia.

Poder da Palavra
Embora Pedro e João tenham sido presos (versículo 3) por “ensinar o povo, proclamando em Jesus a ressurreição dos mortos” (versículos 1, 2, NVI), aqueles que ouviram a mensagem creram, e os números cresceram (versículo 4). Atos 4 nos lembra que a Palavra de Deus permanece como um farol inabalável de verdade e luz. Não é apenas algo para usar como referência, mas uma revelação do próprio Deus em tempos de caos e incerteza. A Palavra de Deus é uma comunicação divina para inspirar, capacitar e transformar nossas vidas. Certamente há poder na Palavra de Deus. As Escrituras nos dizem em Hebreus 4:12: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para julgar os pensamentos e intenções do coração” (NVI).

Ellen White nos lembra desse poder infinito. “Em seu poder, homens e mulheres quebraram as correntes do hábito pecaminoso. Eles renunciaram ao egoísmo. Os profanos se tornaram reverentes, os bêbados, sóbrios, os devassos, puros. Almas que carregaram a semelhança de Satanás foram transformadas na imagem de Deus. Essa mudança é em si o milagre dos milagres. Uma mudança operada pela Palavra, é um dos mistérios mais profundos da Palavra. Não podemos entendê-la; só podemos crer.” 1

É triste dizer que vivemos em meio à turbulência global. Na verdade, este mundo está caindo cada vez mais fundo nas consequências do pecado. Há esperança, no entanto! A Palavra de Deus fornece a maior esperança em Cristo. Ela transcende e quebra várias barreiras. Ela nos tranquiliza e nos lembra do amor e da fidelidade de Deus. Em última análise, a Palavra de Deus afirma que somos escolhidos para a missão de Deus.

Escolhido para a Missão
Quando Pedro e João foram avisados ​​para não falarem ou ensinarem em nome de Jesus (versículo 18), eles responderam dizendo: “O que é certo aos olhos de Deus: ouvir a vocês ou a ele? Vocês sejam os juízes!” (versículo 19, NVI). Então vem o famoso testemunho dos apóstolos no versículo 20: “Quanto a nós, não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” (NVI). Obedecer à Palavra de Deus e participar da missão de Deus era seu chamado e propósito de vida.

Dois mil anos após Atos 4, vivemos em um tempo em que o mundo precisa da mensagem de esperança mais do que nunca. A crescente incerteza e turbulência levam as pessoas a buscar respostas e significado na vida. A esperança e a verdade em Cristo e somente Cristo podem proporcionar verdadeira felicidade e conforto. Deus nos confiou uma grande missão a ser cumprida nos últimos dias. Deus nos escolheu para compartilhar o que vimos e ouvimos.

Lembremo-nos do que Ellen White escreveu: “As palavras de Jesus Cristo são ditas a nós que vivemos aqui embaixo, no fim da história desta Terra. ‘Quando estas coisas começarem a acontecer, então olhem para cima e levantem as suas cabeças; porque a sua redenção se aproxima.’ As nações estão inquietas. Tempos de perplexidade estão sobre nós. As ondas do mar estão rugindo; os corações dos homens estão falhando de medo e pela expectativa das coisas que estão vindo sobre a Terra; mas aqueles que creem no Filho de Deus ouvirão Sua voz em meio à tempestade, dizendo: ‘Sou eu; não tenham medo.’... Vemos o mundo deitado na iniquidade e apostasia. A rebelião aos mandamentos de Deus parece quase universal. Em meio ao tumulto da excitação com confusão em todos os lugares, há uma obra a ser feita no mundo.” 2

Quando o povo testemunhou a libertação de Pedro e João da prisão e ouviu seus relatos, “eles levantaram suas vozes juntos em oração a Deus” (versículo 24, NVI). Observe sua oração incrível encontrada nos versículos 29 e 30: “Agora, Senhor, considere suas ameaças e capacite seus servos a falarem a sua palavra com grande ousadia. Estenda a mão para curar e realizar sinais e maravilhas por meio do nome do seu santo servo Jesus” (NVI). Aqui estão os resultados de sua oração. “Depois de orarem, o lugar onde estavam reunidos foi abalado. E todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam a palavra de Deus com ousadia” (versículo 31, NVI).

Conclusão
Permanecer nas promessas de Deus e aceitar o chamado para a missão era uma responsabilidade divina imutável há 2.000 anos e ainda mais hoje. Não é uma opção, mas uma parte de nossa identidade como adventistas do sétimo dia. Ao refletirmos sobre as palavras encontradas em Atos 4, lembremo-nos de nossa missão. Fomos escolhidos para sermos ousados ​​e inabaláveis ​​para alcançar os perdidos em tempos de incerteza e caos. Que possamos acreditar, praticar e proclamar a Palavra de Deus em tempos de turbulência global. Que o testemunho de Pedro e João seja nosso testemunho hoje: “Quanto a nós, não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” (NVI).

Han Kim (via Adventist Review)

Referências
1 Ellen G. White, Educação, p. 172.
2 Ellen G. White, Evangelismo, p. 18.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

CORAÇÃO

"Cria em mim um coração puro, ó Deus" (Salmo 51:10).

Hoje não tenho muitas palavras. Só uma oração... Das páginas da Bíblia, guardo com cuidado especial os capítulos protagonizados por Davi. Suas vitórias e quedas, sua coragem e suas fugas, seus amores e guerras, suas orações, suas canções - cada uma dá cor peculiar ao quadro mais amplo da vida daquele a quem o próprio Deus chama "homem segundo meu coração" (Atos 13:22).

Numa das cenas mais escuras, num dos dias mais vazios, sobe ao céu uma oração. Um pedido angustiado, de quem pecou e simplesmente quer uma nova vida - um novo coração. Mas há nestas palavras uma força escondida. Davi pede: "Cria em mim, Deus"... mas o verbo "criar" usado aqui não é um verbo qualquer. é o hebraico barah - que indica um ato exclusivo de Deus, uma criação a partir do nada. O rei Davi toma emprestada a mesma expressão do Gênesis para descrever a criação necessária em sua existência.

Talvez hoje ao olhar para sua vida, tudo que veja seja um emaranhado de escolhas erradas e consequências traumáticas. Talvez relacionamentos errados, decisões impensadas tenham roubado a luz e a forma de alguns sonhos seus. Talvez esses últimos dias estejam passando meio lentos, sob o peso de uma culpa, sem forma e vazios. Lembre que uma única palavra de Deus pode transformar as coisas... A mesma palavra que trouxe todas as formas e cores, todos os sons e sabores à existência, pode criar uma nova experiência, pode dar um novo sentido ao nada que somos.

Oro para que hoje você experimente recriação em Cristo e sinta mais uma vez a alegria da salvação.

[via blog de Cândido Gomes]

"Uma das mais fervorosas orações registradas na Palavra de Deus é a de Davi quando rogou: 'Cria em mim um coração puro, ó Deus' (Sl 51:10). A resposta de Deus a tal oração, é: Dar-vos-ei coração novo. Eis uma obra que nenhum homem finito pode fazer. Homens e mulheres devem começar do início, buscando mais fervorosamente a Deus por uma genuína experiência cristã. Precisam experimentar o poder criador do Espírito Santo. Devem receber o coração novo, que é mantido brando e tenro pela graça do Céu. O espírito egoísta precisa ser expurgado da alma. Eles precisam trabalhar fervorosamente e com humildade de coração, cada um olhando a Jesus em busca de guia e animação. Então o edifício, bem ajustado, crescerá para templo santo no Senhor" (Ellen G. White - Nossa Alta Vocação, p. 154).

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

CARTA DE PAULO AOS CRISTÃOS DO SÉCULO 21

Se eu aprender inglês, espanhol, alemão ou qualquer outro idioma, mas não souber me comunicar com as pessoas, de nada vale tanto conhecimento.

Se tiver a maior nota no Enem, for aprovado no vestibular; se concluir com brilho a Universidade, for diplomado e frequentar cursos e mais cursos de aperfeiçoamento, pós-graduação, mestrado e doutorado, mas viver distante dos problemas do povo, tanto conhecimento acumulado não passará de inútil erudição.

Se moro numa grande cidade, frequento shoppings e outros pontos da moda, mas desconheço ou sou indiferente ao sofrimento dos que moram na periferia ou pelas ruas...

Se, nas férias, a única coisa que me importa são projetos e programas de viagens fantásticas, dentro e fora do país, sem considerar a realidade dos que não podem nem mesmo sonhar, não sou um cristão verdadeiro.

Se passo meus fins de semana em festas, barzinhos e outros programas com minha turma, gastando, às vezes, numa noite, o equivalente ao salário de um trabalhador...

Se aproveito a vida sem ver a fome, o desemprego, o analfabetismo e a falta de recursos dos que estão tão próximos a mim...

Se não escuto o grito abafado que vem do menino de rua, do mendigo, do catador de papel, do aposentado e dos carentes nas filas do SUS, nas enfermarias dos hospitais, nas periferias da vida, eu não posso me considerar irmão de ninguém.

Se moro numa casa ou apartamento espaçoso e confortável, se estudo no melhor colégio, se uso a roupa e o tênis mais transados, mas não percebo que, também por causa da minha omissão, existem os que dormem sob marquises, e viadutos, os que andam de pé no chão, os que se cobrem com trapos sujos, sou apenas um belo manequim, vazio e colorido, nas vitrines da vida...

Desculpem se pareço duro e radical, mas o cristão não pode fugir aos desafios do seu tempo. Não fica de braços cruzados de boca fechada e cabeça vazia, com o coração anestesiado e insensível a tudo que o rodeia.

Não engole a injustiça, não acha “normal” que haja desigualdades tão gritantes e absurdas no nosso mundo. O cristão tem no peito e nas mãos um Amor capaz de se indignar, mas que “não perde a ternura jamais”.

O cristão não prega ódio. Não há lugar para ódio no coração de um cristão. Ele não se desespera nem desanima diante das dificuldades e fracassos, pois sabe que para sustentá-lo existem a Fé, a Esperança e o Amor. E é com o Amor, a única arma verdadeiramente revolucionária, pois muda as coisas em profundidade, que o cristão vai à luta para construir um mundo mais justo e fraterno, tal como Deus sonhou desde sempre.

O Amor não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade...

O Amor tudo desculpa... Sem anotar nada “no caderninho” para cobrar depois...

O Amor tudo crê...

O Amor tudo espera...

O Amor tudo suporta... Porque sabe que o insuportável mesmo é viver sem Amor

O Amor jamais passará... Pois o que É não passa. O tempo do Amor é Sempre!

Um dia, o que não É, vai encontrar seu termo; profecias, conhecimento, a ciência da qual nos orgulhamos tanto, tudo desaparecerá. Mas em nós há, plantada, uma semente de eternidade.

Quem plantou foi o Amor. E só o Amor é capaz de preencher todos os espaços, superar todos os limites, abrir todas as possibilidades. Em nós mora o amor, o desejo de amar, pois nós somos imagem e semelhança do amor que nos criou.

Quando tudo se perder nas brumas do tempo e da História, permanecerão a Fé, a Esperança e o Amor. Mas o que pode mudar tudo, a começar do meu coração, é o amor.

E o amor é a partilha do Ser e do Ter.

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"O amor é poder. A excelência e o valor do amor puro consiste em sua eficiência para fazer o bem, e nada senão o bem. Tudo quanto é feito por puro amor, por mais pequenino ou desprezível que seja aos olhos dos homens, é bastante frutífero. O amor não pode viver sem ação, e cada ato aumenta-o, robustece-o, expande-o. O amor obterá a vitória onde o argumento e a autoridade são impotentes. O amor não trabalha pelo proveito nem pela recompensa. Este é difusivo em sua natureza e sem ruído em sua maneira de agir. Sua influência é de moldar e transformar, e tomará posse da vida dos pecadores e lhes tocará o coração quando todos os outros meios se apresentarem infrutíferos. O amor puro é simples em sua maneira de agir, e se distingue de qualquer outro princípio de ação. O amor deve ser nutrido e cultivado, pois sua influência é divina" (Ellen G. White - Testemunhos para a Igreja 2, p. 135-136).

terça-feira, 22 de outubro de 2024

ROMA NA PROFECIA

Preciso de fé para crer que Jesus está vindo nas nuvens do céu. Preciso de fé para crer que os mortos vão ressuscitar. Preciso de fé para crer que “o Deus do céu levantará um reino que nunca será destruído” (Dn 2:44). Mas não preciso de fé para crer no papel de Roma, a Roma Papal, como a primeira besta em Apocalipse 13.

Você está brincando? A mesma profecia que prevê a vinda futura do “reino de Deus que nunca será destruído” é uma das profecias que já nos mostrou o papel de Roma nos últimos dias.

Daniel 2, 7 e 8
Em Daniel 2, um poder surge após a Grécia antiga e, embora mudando de forma, existe até ser destruído sobrenaturalmente no fim dos tempos. Em Daniel 7, um poder surge após a Grécia antiga, um poder perseguidor e blasfemo, um poder que pensará em mudar os tempos e as leis (Dn 7:25) — e embora mudando de forma, esse mesmo poder existe até ser destruído sobrenaturalmente no fim dos tempos. Em Daniel 8, um poder surge após a Grécia antiga, um poder perseguidor e blasfemo que existe até ser destruído sobrenaturalmente no fim dos tempos (Dn 8:17, 19)

Que poder surge depois da Grécia antiga, um poder perseguidor e blasfemo que permanece até o fim dos tempos? É somente, somente e totalmente Roma, um poder que já havia feito uma grande entrada no início do Novo Testamento. “E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado” (Lc 2:1).

Em seguida, esse mesmo poder — que Daniel mostra três vezes que existirá até o fim do mundo — esse mesmo poder reaparece, mas agora em Apocalipse 13:1-10, onde é retratado por imagens diretamente de Daniel 2, 7, 8, os capítulos que inequivocamente o revelam na história em primeiro lugar. E toda a sua aparição em Apocalipse é o contexto de perseguição em relação à adoração do Criador ou “a imagem da besta” (Ap 13:15).

O que mais poderia ser esta besta, que tem uma ferida mortal que foi curada (Ap 13:3), senão Roma — agora na fase papal?

No lugar de Cristo
Enquanto isso, imagine se a Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia alegasse que ela, e somente ela, possuía todos os méritos de Cristo, e que se você quisesse ser salvo, precisaria passar pela instituição da própria igreja. Ou seja, porque somente a igreja possui esses méritos, somente ela pode dá-los a você. Você pode encontrar a salvação, mas somente por meio dela, a própria igreja. Em outras palavras, o que sabemos que obtemos, um a um, embora a fé em Jesus, Roma alega que vem por meio dela, a Igreja Católica Romana, em vez disso.

Se a Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia reivindicasse essa prerrogativa para si mesma, que encontramos salvação somente por meio dela, ficaríamos chocados, e com razão. No entanto, é exatamente isso que Roma faz, a Roma que alguns apologistas entre nós estão tão ansiosos para defender, até mesmo reivindicando “semelhanças” entre nós.

Anticristo não significa apenas “contra Cristo”, mas também “no lugar de Cristo”, e a própria Roma Papal, por suas próprias reivindicações para si mesma, se coloca no lugar de Cristo. Não é de se admirar que por séculos a Reforma Protestante tenha sido alimentada pela rejeição dessa blasfêmia e apostasia. E somente porque grande parte do protestantismo perdeu seu caminho profético (focando em guerras no Oriente Médio) que essa verdade fundamental, uma verdade que custou a vida de um número incontável de pessoas, foi quase esquecida hoje.

Até mesmo entre alguns de nós. Um apologista adventista de Roma, tão distante de entender o que ensinamos, ou o que Roma ensina, ou ambos — falou recentemente sobre como adventistas e católicos compartilham a mesma missão de “pregar o evangelho”. Pregar o evangelho? O que o anticristo prega não é o evangelho.

Ellen White
Em seguida, os críticos entre nós alegam que nossa posição sobre Roma é baseada em Ellen White, especificamente em O Grande Conflito. Eles agem como se ela mesma fosse a pessoa que criou essa posição, e que aderimos a ela somente por causa dela.

Vamos lá! Quase todos os protestantes, por séculos, tiveram essa visão de Roma, incluindo os primeiros adventistas, que acreditavam nisso muito antes de ela escrever O Grande Conflito. Qualquer luz profética que o Senhor lhe deu sobre a história da igreja e Roma, que ela colocou no livro, simplesmente deu corpo ao que a Igreja Adventista já acreditava sobre Roma e os eventos dos últimos dias.

Nossa mensagem profética sobre Roma e a marca da besta não foram criações de Ellen White, assim como nossa teologia sobre o sábado ou o estado dos mortos também não o foram.

Esta é uma verdade importante que devemos sempre ter em mente.

Hostil aos católicos romanos
Ao longo dos anos, mas ainda mais recentemente, a alegação é que nós, adventistas, somos “hostis” aos católicos romanos, ou que até mesmo os “odiamos”. Isso me lembra da pergunta inicial: “Você já parou de bater na sua esposa?”

É o mesmo princípio aqui. Em meus 45 anos na Igreja Adventista do Sétimo Dia, nunca me deparei com nada remotamente hostil a católicos romanos individuais. Mesmo quando pastores pregam (o que é raro hoje em dia) sobre Roma, nunca os ouvi promover qualquer hostilidade àqueles que estão na Igreja Católica Romana. Tenho sido amigo de muitos católicos romanos, e minhas crenças teológicas sobre a igreja deles nunca influenciaram meus sentimentos sobre eles mais do que minhas crenças sobre outras igrejas influenciaram sobre as pessoas nessas igrejas. As profecias sobre Roma foram, e ainda são, irrelevantes para como me relaciono em um nível pessoal com os católicos romanos, e suspeito que seja assim com a grande maioria dos adventistas do sétimo dia também.

Em 1980, eu estava ouvindo uma série de sermões de um evangelista adventista chamado Jere Webb, os sermões que me levaram a me filiar à igreja. Ao falar sobre Roma na profecia, o pastor Webb disse algo como: "Não quero ofender ninguém, nem machucar ninguém". Então, lembro-me dele dizendo: "Especialmente, não quero machucar ninguém". Sua sensibilidade me impressionou muito, e reflete como nossos evangelistas frequentemente lidam com esse tópico em reuniões públicas.

A alegação, então, de que somos hostis aos católicos romanos é tão falsa quanto todo o resto das polêmicas daqueles na igreja que querem nos afastar das mensagens dos três anjos.

Mensagens dos Três Anjos
E aqui está, realmente, o problema. Fomos chamados para proclamar as três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12, que alerta contra a marca da besta. E porque a besta é Roma, não podemos ser fiéis ao que fomos chamados para proclamar sem alertar sobre a besta, Roma.

Mas não acredite em mim. Ou na Igreja Adventista. Ou na Ellen White. Aceite as Escrituras. Leia Daniel 2, onde um poder surge após a Grécia antiga e existe até o fim do mundo, quando é destruído sobrenaturalmente. O mesmo em Daniel 7: um poder surge após a Grécia antiga e existe até ser destruído sobrenaturalmente no fim do mundo. Em Daniel 8, mesmo depois que a própria Grécia é nomeada para nós (Dn 8:21), um poder surge depois dela, um poder perseguidor e blasfemo destruído sobrenaturalmente no final. Quanta fé você precisa para ver tudo isso? A maior parte disso já é história passada.

E esse mesmo poder reaparece, agora em Apocalipse 13, como a primeira besta. Goste ou não, essa primeira besta é Roma. E, goste ou não, não podemos proclamar as mensagens dos três anjos sem avisar sobre isso.

Clifford Goldstein (via Adventist Review)

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

JESUS É O GRANDE EU SOU

Ao analisarmos a fundo a expressão "EU SOU" no contexto do Evangelho de João, percebemos que o discípulo estava especialmente atento à representação divina de Deus revelada a Moisés na sarça ardente: "Deus disse a Moisés: - EU SOU o que sou" (Êxodo 3:14). Por três vezes, Jesus declarou ser o “EU SOU” (João 8:24, 28, 58).
"Eu disse que vocês morrerão nos seus pecados, porque, se não crerem que EU SOU, de fato morrerão nos seus pecados" (João 8:24).
O grego ego eimi na Septuaginta vem do hebraico ani hu, usado em Deuteronômio 32:39: "Vede, agora, que EU SOU, Eu somente, e mais nenhum deus além de mim". Se cremos que a Bíblia é um todo inspirado, creremos também que Jesus é o EU SOU, o Alfa e o Ômega, o Deus eterno apresentado em todas as Escrituras. Não crer nisso significa (1) negar as palavras de Jesus em João 8:24, (2) negar a inspiração do autor do Evangelho (João), (3) negar que Antigo e Novo Testamento estão em harmonia, e/ou pior: (4) negar que Jesus é o Deus eterno, o grande EU SOU, o Pai da eternidade (Isaías 9:6). Se João 8:24 e Deuteronômio 32:39 estão em harmonia e são inspirados pela pessoa do Espírito Santo (e eu creio nisso), a verdade é que Jesus é o EU SOU e não existe outro Deus além do Pai, do Filho e do Espírito Santo, os três chamados Yahweh na Bíblia.
"Jesus, então, lhes disse: Quando levantardes ao Filho do homem, então entendereis que EU SOU, e que nada faço de mim mesmo; mas isto digo, como meu Pai me ensinou" (João 8:28).
Vemos aqui Jesus referindo-se a si mesmo, que devia ser levantado na cruz, como a serpente de bronze no deserto; e que significava a maneira que Ele deveria morrer, a morte na cruz. Jesus procurava de muitas maneiras iluminar os corações e conduzi-los para Si. Eram, contudo, incapazes de ouvir as Suas palavras pelo simples fato de não O conhecerem, nem tampouco Aquele que O enviou.
"Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU" (João 8:58).
Ellen G. White diz: "EU SOU quer dizer uma presença eterna; o passado, o presente e o futuro são a mesma coisa para Deus. Ele vê os mais remotos acontecimentos da História passada, e o longínquo futuro com tão clara visão como vemos nós as coisas que ocorrem diariamente. Não sabemos o que se acha adiante de nós, e se o soubéssemos, isso não contribuiria para nosso bem eterno. Deus nos dá uma oportunidade de exercer fé e confiança no grande EU SOU" (Para Conhecê-Lo, p. 7).

Ao dizer EU SOU, Jesus também está expressando o seu poder infinito. Jesus também afirmou seu poder quando disse:

-EU SOU o Pão da Vida (João 6:35);
-EU SOU a Luz do Mundo (João 8:12);
-EU SOU a Porta da Vida (João 10:9);
-EU SOU o Bom Pastor (João 10:11, 14);
-EU SOU a Ressurreição e a Vida (João 11:25);
-EU SOU o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14:6);
-EU SOU a Videira Verdadeira (João 15:5).

Jesus também mostra que Ele é o EU SOU e pode ser tudo o que precisamos. À frente da expressão "EU SOU" podemos pela fé colocar qualquer necessidade que tivermos, que Jesus será suficiente, porque Jesus “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o Seu poder que opera em nós” (Efésios 3:20).

Os holofotes são roubados do passado, ou mesmo do futuro. Jesus apresenta a força do seu poder agora. "EU SOU" é presente, é aqui e agora. Jesus tem milagres para agora. Jesus tem poder para mudar gostos e hábitos agora. Tem força para consertar relacionamentos quebrados agora. Tem poder para suprir e consolar agora. Tem respostas sábias agora. Tem perdão agora. Tem novos planos agora. Tem poder para dar sentido à vida agora, pois Ele mesmo é a vida.

Jesus precisa ser crido e servido como o grande “EU SOU”, e nós precisamos confiar nEle implicitamente. Jesus é tudo!

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

O MELHOR PROFESSOR DE TODOS OS TEMPOS

Muitos estudiosos da didática e da metodologia do ensino consideram Jesus Cristo o professor mais marcante de todos os tempos. Há dezenas de livros a esse respeito. O fato é que Seu ensino criativo e transformador alcançou e alcança milhões de pessoas.

O mestre Jesus Cristo, um carpinteiro, sem jamais ter deixado registrada uma palavra sequer, sem jamais ter produzido um artigo, pesquisa, monografia ou livro, impactou a humanidade de um jeito impressionante. Como nos lembra o Dr. James Kenedy, com 12 discípulos Jesus Cristo exerceu influência civilizatória que dura até hoje![1]

É irrefutável que a vida do jovem galileu causou grande impacto em Sua época e em nossa época. E o mais espetacular: fez tudo isso até os 33 anos de idade apenas. Isso é extraordinário! Como diz o respeitado J. M. Price, em seu clássico A Pedagogia de Jesus, “ninguém esteve melhor preparado, e ninguém se mostrou mais idôneo para ensinar do que Jesus. No que toca às qualificações, bem como noutros mais respeitos, Jesus foi o mestre ideal. Isto é verdade tanto visto do ângulo divino como do humano. No sentido mais profundo, Jesus foi um mestre vindo da parte de Deus”.[2]

Características de Jesus como professor
O mestre Jesus é surpreendente. E, se olharmos para algumas de Suas características de personalidade, temos que admitir que Ele é um padrão de absoluto equilíbrio, bom senso e profissionalismo. Seguindo as percepções de Roy Zuck,[3] pensemos um pouco em algumas de Suas características enquanto mestre.

Jesus Cristo é referencial de maturidade. Lucas 2:40 nos diz que “o menino [Jesus] crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele”. Da perspectiva humana, Jesus era uma pessoa madura; como Filho de Deus e como membro da Trindade, obviamente era espiritualmente maduro. Devemos seguir Seu exemplo, procurando crescer mentalmente, espiritualmente, fisicamente e socialmente.

Jesus veio à Terra para revelar o Pai (João 17:26). Desta maneira, podemos entender que Ele possuía todo conhecimento e era capaz de discorrer sobre qualquer tema com maestria. Certamente isso fazia com que o povo ficasse fascinado “pelas Suas palavras” (Lucas 19:48). Os professores são responsáveis pelo que afirmam e, portanto, ao abordarem algum tópico, precisam fazê-lo com autoridade, a qual é resultado de tempo gasto em oração, pesquisa e reflexão.

Sendo autoridade em qualquer assunto, Jesus sempre falava com convicção, jamais deixando alguma dúvida do que Ele ensinava. Era com plena certeza que Ele fazia afirmações como “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6); ou: “Vocês ouviram o que foi dito… Mas Eu lhes digo que…” (Mateus 5:21, 22). O educador cristão precisa se expressar com convicção, transmitindo segurança aos seus ouvintes; isto é resultado, claro, de estudo profundo numa área específica do conhecimento, mas também resultado de uma vida conduzida pelo Espírito Santo.

O apóstolo Paulo afirma que Jesus “humilhou-se a si mesmo” (Filipenses 2:8). Uma clara demonstração da humildade do Mestre pode ser vista em Sua atitude de servir e não ser servido (Mateus 20:28). Os professores cristãos não obtém respeito dos colegas e dos alunos pela auto-exaltação, senão pela humilde postura de servo. Afinal, o orgulho causa repulsa, enquanto que a humildade atrai.

Diferentemente de nossa educação conteudista, orientada pelo assunto a ser transmitido, o mestre Jesus não tinha um conteúdo curricular fechado, e nem mesmo parecia preocupar-se com o que deveria ensinar a cada dia. Obviamente Ele queria ensinar algumas coisas, mas o fazia com espontaneidade, esperando o momento certo, quando o coração e a mente de Seus ouvintes estavam dispostos. Foi assim, por exemplo, na ocasião em que acalmou a tempestade (Mateus 8:23-27); esse foi o momento oportuno para ensinar sobre a fé e o medo do ser humano, bem como sobre o ilimitado poder de Deus. Nas ocasiões informais as pessoas podem ter maior disposição para ouvir e captar ensinos que modificarão para sempre sua vida.

De vez em quando escutamos alguns alunos reclamando que ficam confusos na hora da aula, pois, às vezes, alguns professores falam de muitas coisas ao mesmo tempo. Outros dizem que não entendem o que é dito, pois alguns docentes usam palavras e expressões desconhecidas. Em relação ao mestre Jesus, podemos dizer que havia tal clareza em Seus ensinos e discursos, “que as crianças, os idosos e o povo comum o ouviam com prazer e ficavam encantados com as suas palavras”.[4] Se quiserem ensinar com clareza, os professores precisam escolher adequadamente as palavras e expressões que usam; e sempre que houver necessidade de usar uma palavra técnica, incomum aos alunos, precisam explicá-la de modo claro, exemplificando-a se possível.

Em Seu ministério, Jesus ensinava com senso de urgência, pois sabia que não tinha todo o tempo do mundo. Em pouco mais de três anos deveria transmitir à humanidade os ensinos que se demonstrariam capazes de transformar a rotina da vida humana. Portanto, não havia tempo a perder. Em João 7:33 Ele afirma: “Estou com vocês apenas por pouco tempo”. O Mestre tinha senso de urgência. Todavia, Ele não se deixou dominar pela agenda: Ele nunca estava apressado e nunca cancelou um encontro. Sempre tinha tempo para ministrar as necessidades das pessoas. Os professores cristãos precisam aprender a administrar melhor o tempo, “aproveitando ao máximo cada oportunidade” (Efésios 5:16), não desperdiçando o precioso tempo da sala de aula. O tempo é ouro, e deve ser administrado de tal modo que o professor nunca venha a se arrepender por ter usado o tempo de modo irresponsável.

No ministério de Cristo são evidentes sua simpatia e empatia, manifestas em seu amor e cuidado pelas pessoas. O evangelho de Lucas diz que “todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios (4:22). O educador Antônio Tadeu Ayres nos lembra que “nenhum professor é considerado bom simplesmente por acaso. Os alunos sabem perceber muito bem o mestre que conhece o que ensina, tem prazer de instruir e sabe como fazer isso. Percebem também a personalidade, o temperamento, os valores éticos e a capacidade de compreensão. Nesta questão particular, será bem-sucedido o professor que de fato pratica a empatia”.[5] De uma perspectiva cristã, os alunos não são meramente clientes, e sim, acima de tudo, candidatos ao reino de Deus. Portanto, os professores precisam exercer paciência, simpatia e empatia. Afinal, o ensino cristão é muito mais do que conteúdo. É também a demonstração de um genuíno interesse pelas pessoas.

Finalmente, o Mestre Jesus jamais ensinou algo que não fosse pertinente ou necessário aos Seus ouvintes. Tudo o que Ele falou tinha relevância e aplicabilidade à vida das pessoas. É também o desafio de cada professor não meramente falar bonito, mas tornar a aula relevante à vida dos alunos, fazendo com que os ensinamentos sejam pertinentes para cada estudante que ouve e participa das aulas. Agindo dessa forma, o professor e a professora terão como resultado um ensino que transforma.

* "Os professores devem estudar as lições de Cristo e o caráter de Seu ensino. Devem ver sua libertação do formalismo e da tradição, e apreciar a originalidade, a autoridade, a espiritualidade, a bondade, a benevolência e a praticabilidade do Seu ensino. Em lugar de introduzir em nossas escolas livros que contêm teorias dos grandes autores do mundo, eles dirão: Não se me induza a desconsiderar o maior Autor e o maior Mestre, por cujo intermédio obtenho a vida eterna. Ele jamais erra. É a grande Fonte de onde flui toda sabedoria. Semeie portanto todo professor a semente da verdade no espírito dos estudantes. Cristo é o Professor-Modelo" (Conselhos sobre Educação, p. 146).

Adolfo Suárez (via Ouvindo a Voz de Deus
 
[1] James KENEDY e Jerry Newcombe. E Se Jesus não Tivesse Nascido? São Paulo: Vida, 2003, p. 21.
[2] J. M. Price. A Pedagogia de Jesus. 3ª edição. São Paulo: JUERP, 1983, p. 5.
[3] Roy B. Zuck. Teaching as Jesus Taught. Grand Rapids: Baker, 1995, p. 63 a 89.
[4] Ellen G. White. Fundamentos da Educação Cristã. 2ª edição. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1996, p. 242.
[5] AYRES, Antônio Tadeu. Prática Pedagógica Competente: Ampliando os Saberes do Professor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004, p. 55.

* Comentário de Ellen G. White inserido pelo blog.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

OVELHAS

"O senhor é meu pastor" (Salmo 23:1).

É mais confortável pensar que com Deus podemos ser como águias (Is 40:31) que renovam suas forças e voam muito alto, ou como pombas (Mt 10:16), que são simples e discretas. Mas... ovelhas?

Em seu poema mais conhecido, Davi se compara a esse animal. Mas a figura romântica criada pela tradição cristã - que pinta bonitos quadros de pastores guiando seus rebanhos - esconde razões mais práticas para a escolha do poeta.

Ovelhas são sujas. Não tem nenhuma noção de higiene. Não se lavam, não se labem, como fazem outros animais. Seu pelo espesso só piora as coisas. Acumula sujeira e preserva um cheiro forte. Ovelhas fedem.

Ovelhas são tolas. Não tem inteligência aguçada. Não aprendem fácil. Alguém já viu ovelhas num circo? Ou algum curso de adestramento de ovelhas? Ovelhas tem visão limitada. São tolas.

Ovelhas são indefesas. Não possuem meios de defesa, tampouco de ataque. Não tem dentes afiados. Não tem garras fortes. Não voam, não correm muito rápido. Não assustam. Não caçam. Precisam de ajuda até para conseguir o próprio alimento. Ovelhas sozinhas se perdem, se ferem. São totalmente indefesas.

O salmo do pastor ganha outro significado para mim quando entendo que sou mais parecido com uma ovelha do que poderia imaginar sozinho.

Somos sujos também. Foi o mesmo Davi quem escreveu que já nascemos manchados pelo pecado (Salmo 51:5), e é assim mesmo. Somos maus, somos sujos. Mas pior que estar sujo, é não poder se limpar. É assim com homens e ovelhas... somos tolos. Nossa visão é curta. Nossos desejos, tortos. Escolhemos mal, mesmo quando o destino é claro. Somos teimosos, questionadores. Somos tolos... e somos indefesos. Nossa vida é frágil. Nosso inimigo, feroz. Nossos caminhos são perigosos. Não temos força. Não temos fé. Sozinhos caímos e sofremos. Somos totalmente indefesos.

Ovelhas e homens precisam de guia, de cura e de guarda - precisam de um pastor.

"Ainda que eu ande por um vale escuro como a morte, não terei medo de nada" (Salmo 23:4). 

O salmo 23 é o diário das ações do pastor. Ele é o protagonista de cada cena descrita pelo salmista. É ele quem "faz repousar", quem "conduz a águas tranquilas", quem "restaura o vigor", quem "guia", quem "protege e consola", quem "prepara o banquete", quem "unge a cabeça com óleo", quem "acompanha em bondade e misericórdia". Só há uma ação da ovelha. Como que avaliando sua rota, Davi relembra os passos dados em caminhos escuros - de incerteza, tragédia, perseguição e morte. Mas o que deveria inspirar medo na ovelha, revela a atitude do pastor. "Tu estás comigo" e não terei medo de nada.

Enquanto vivermos nesse mundo mau, ainda haverá vales sem luz. Se alguma crise roubou as cores de seus sonhos. Se a solidão o acompanha e afasta o brilho dos dias bons. Não tenha medo. O pastor está ao lado. Ele tem meios infalíveis para proteger e consolar. Ovelhas e homens precisam de companhia.
"De todos os animais, é a ovelha o mais tímido e destituído de elementos de defesa. Como o pastor terrestre conhece as ovelhas, assim o divino Pastor conhece o Seu rebanho, espalhado por todo o mundo. Jesus nos conhece individualmente, e comove-Se ante nossas fraquezas. Conhece-nos a todos por nome. Sabe até a casa em que moramos, o nome de cada um dos moradores. Como o pastor vai adiante das ovelhas, enfrentando primeiro o perigo do caminho, assim faz Jesus com Seu povo. 'E, quando tira para fora as Suas ovelhas, vai adiante delas' (João 10:4)" (O Desejado de Todas as Nações, p. 339).

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

APOIO DA NOVO TEMPO A ROMEIROS

Quando o feriado de 12 de outubro se aproxima, pessoas de várias regiões do Brasil vão em direção à cidade de Aparecida do Norte, no interior de São Paulo, para visitar o Santuário Nacional de Aparecida. As estradas que dão acesso à cidade ficam cheias de romeiros, que vêm caminhando por dias e dias.

De acordo com a Polícia Militar do estado de São Paulo, 11 milhões de romeiros passaram por Aparecida durante a operação em 2023. E a corporação espera um aumento de 20% no movimento neste ano. A Rodovia Presidente Dutra é o principal eixo que interliga os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e é a rota para chegar à Aparecida. E as rodovias que ficam ao redor, que ligam as cidades, também têm bastante movimentação, como por exemplo a SP 6,6 que conecta São Paulo/Itaquaquecetuba a São José dos Campos.

Para dar suporte aos romeiros, a Rede Novo Tempo de Comunicação, localizada em Jacareí, no interior de São Paulo, está oferecendo atendimento em uma tenda em frente à instituição, que fica na rodovia SP 66, rota de acesso por onde passam muitas pessoas que caminham em direção à Aparecida. A tenda começou a operar no dia 7 e irá até 11 de outubro, das 6h às 17h. Lá são distribuídas frutas, barrinha de cereal e água. Também há esteira para descanso e entrega de livros e revistas com estudos bíblicos aos viajantes.

Oportunidades de proclamar conteúdos bíblicos
O organizador da ação, Willian Silvestre, sublinha que "todos os anos centenas de romeiros passam bem em frente à Novo Tempo. Neste ano, queremos oferecer apoio para as suas necessidades básicas de viagem e testemunhar sobre o nosso trabalho e nossa mensagem, para os nossos irmãos em Cristo".

Aos que param na tenda são entregues edições da Revista Esperança e livros missionários que apresentam a Bíblia Sagrada. Também estão sendo usados formulários para cadastrar alunos na Escola Bíblica e doadores dos Anjos da Esperança, além de um formulário de solicitação de oração.

Na tenda, há uma TV com a programação da Novo Tempo, em que são exibidos programas variados, como de saúde, educação, estudo da Bíblia e desenhos infantis cristãos. Tudo foi pensado para promover apoio com a entrega da mensagem de esperança proclamada pela Rede Novo Tempo de Comunicação.


"Ninguém precisa pensar que os católicos se acham fora de seu alcance. Pelo que Deus me tem mostrado, grande número será salvo dentre os católicos" (Ellen G. White - Evangelismo, p. 574-577).

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

BABILÔNIA E O FURACÃO MILTON

O furacão Milton, uma das tempestades mais intensas já registradas no Golfo do México, era classificado como de categoria 5, o mais alto da escala, com ventos de quase 300 km/h. Ele deve perder força, mas ainda assim chegar ao continente como um furacão de categoria 4, o que é raro, e deve causar grandes estragos. A tempestade está prevista para atingir a área de Sarasota após as 2h da madrugada desta quinta-feira (10).

Milhares de moradores das áreas de maior risco já começaram a evacuar suas casas. Longos congestionamentos foram registrados nas estradas que levam ao norte da Flórida e para o estado da Geórgia, enquanto muitos tentam escapar dos impactos esperados da tempestade.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, reiterou a urgência em seguir as ordens de evacuação. “Estamos lidando com uma tempestade catastrófica. Se você está em uma área de evacuação, por favor, saia agora. Não arrisque sua vida ficando para trás”, afirmou DeSantis em uma coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira. O presidente dos EUA, Joe Biden, também fez um apelo para que pessoas que receberam ordens das autoridades saiam agora antes da chegada do furacão Milton na Flórida. O democrata disse que é uma questão de vida ou morte. (UOL)

Sai dela, povo meu
Eles andam a 300 km/h, levantam ondas de 15 metros de altura e provocam chuvas de 500 milímetros em um só dia. Por onde passam, os furacões despejam 20 bilhões de toneladas de água sobre a terra, ou seja, 500 litros por metro quadrado. Os furacões se formam sobre as águas quentes (acima de 27 graus) dos oceanos. Além disso, é preciso que a umidade do ar seja alta e que haja ventos no mesmo sentido, tanto na baixa troposfera (10 quilômetros de altura, a partir da superfície da Terra) como na alta troposfera.

As tormentas provocadas pelos furacões mais fortes têm um poder de destruição comparado ao de milhares de bombas como as que foram jogadas pelos americanos sobre Hiroshima e Nagazaki durante a Segunda Guerra Mundial. A diferença é que a área de devastação dos furacões é bem maior. Entre os flagelos naturais, o furacão é o mais temido. O Andrew, que passeou em Miami em 1992, deixou um prejuízo calculado em 30 bilhões de dólares. O pior furacão de todos os tempos, o de Bangladesh, em 1970, matou mais de 400 mil pessoas.

Diferentes de outros eventos destruidores da natureza, os furacões são catástrofes anunciadas. Às pessoas que vivem na rota desses monstros de vento, resta apenas fugir, deixando tudo o que têm para trás, ou esperar que eles se desviem.

As calamidades de Babilônia são descritas na Bíblia como um furacão destruidor: “Em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo” (Apocalipse 18:8). No Apocalipse, Babilônia é um sistema religioso que congrega um grande número de seitas e religiões. Ele admite coisas como adoração aos ídolos e à natureza, a crença na alma imortal e a guarda do domingo em lugar do sétimo dia que é o sábado. Isso faz parte do vinho que Babilônia distribuiu ao mundo, e por isso ela será destruída.
"Deus ainda tem um povo em Babilônia; e, antes de sobrevirem Seus juízos, esses fiéis devem ser chamados a sair, para que não sejam participantes dos seus pecados e não incorram nas suas pragas” (Ellen G. White - O Grande Conflito, p. 610).
Deus faz um convite a Seu povo que ainda se encontra em Babilônia. Jesus voltará em breve e o convite é para todos nós: “Saiam dela, vocês, povo Meu” (Apocalipse 18:4).

terça-feira, 8 de outubro de 2024

PROMESSAS

Uma promessa é uma afirmação por meio da qual alguém se compromete a oferecer ou realizar algo em benefício de outra pessoa ou em honra a Deus. Pode ser um ato informal ou solene e, em alguns casos, adquire o valor de um juramento. Apesar das boas intenções do coração humano, muitas promessas “morrem” ao longo do caminho, não encontrando concordância entre os desejos, as decisões e as ações.

Herbert Lockyer, em seu livro All the Promises of the Bible (“Todas as promessas da Bíblia”), afirma que as Escrituras contêm mais de 8 mil promessas. Pedro referiu-se a elas como “preciosas e mui grandes promessas” (2Pe 1:4), que foram presenteadas a cada fiel. Vamos nos concentrar apenas em algumas delas.

1. Promessa de libertação. “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela. Este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3:15). “Essa sentença, proferida aos ouvidos de nossos primeiros pais, foi para eles uma promessa. […] Escutaram palavras que não poderiam deixar de lhes dar esperança. Embora devessem sofrer pelo poder de seu forte adversário, poderiam olhar no futuro para a vitória final” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 41, 42).

2. Promessa de perdão. Isaías descreveu a situação pecaminosa como uma doença terrível, em que nada se encontra saudável. No entanto, o amor do Senhor diz: “Venham, pois, e vamos discutir a questão. Ainda que os pecados de vocês sejam como o escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, eles se tornarão como a lã” (Is 1:18). Deus promete perdão e restauração. Ele não apenas conserta os pedaços de nosso coração, mas o torna novo. “Ao ler as promessas, lembre-se de que elas são uma expressão de amor e misericórdia indescritíveis. O grande coração do Amor Infinito volta-se para o pecador com ilimitada compaixão. […] À medida que você aproximar-se de Deus com arrependimento e confissão, Ele Se aproximará de você com misericórdia e perdão” (Ellen G. White, Caminho a Cristo [CPB, 2024], p. 35, 36).

3. Promessa de poder. “Mas vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão Minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra” (At 1:4, 8). “Em obediência à ordem de Cristo, [os discípulos] esperaram em Jerusalém o cumprimento da promessa do Pai – o derramamento do Espírito. Não ficaram ociosos. Foi registrado que ‘estavam sempre no templo, louvando a Deus’” (Lc 24:53; Ellen G. White, Eventos Finais [CPB, 2021], p. 114).

4. Promessa de eternidade. “Seja fiel até a morte, e Eu lhe darei a coroa da vida. […] O vencedor de modo nenhum sofrerá o dano da segunda morte” (Ap 2:10, 11). “Aqui está uma promessa para cada um de nós. Se você viver de acordo com um plano acumulativo, acrescentando graça sobre graça, estará crescendo no cuidado e no conselho do Senhor e encontrará nessa promessa uma garantia de vida eterna. Essa é uma promessa infalível. Ela é mais valiosa do que qualquer seguro de vida que possa ser adquirido. Trata-se de uma apólice fornecida pelo próprio Deus, que ofereceu Seu Filho unigênito e amado para que todos vocês, ao acreditarem Nele e aceitarem Seu grande sacrifício, possam obter a vida eterna. Ao alcançar a vitória, vocês poderão entrar pelos portões da cidade de Deus e receber a coroa imortal” (Ellen G. White, Manuscritos Inéditos [IADPA, 2016), v. 2, p. 276).

Certamente, a maior promessa é a de refletirmos o caráter amoroso de Cristo na Terra e, em breve, desfrutarmos de Sua companhia e Seu reino para sempre na glória. Vivamos fielmente sob o abrigo de Suas promessas!

Stanley Arco (via Revista Adventista)

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

O QUE É PECADO?

Para nosso propósito neste artigo, pecado pode ser definido como a decomposição ética, moral, mental e espiritual do ser humano originalmente criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26). Decomposição tem que ver com um processo de putrefação e desintegração da perfeita criação de Deus. Essa definição, que pressupõe dissolução da nossa integridade, nos ajuda a perceber que pecado é algo que já está ativo em nós, indo além da acepção de um mero pensamento ou ato. Para que isso fique mais claro, consideremos três pontos:

1. Pecado é rebelião, escravidão e alienação. Ele é, de fato, um poder escravizador (Rm 6:17) que, como humanidade, voluntariamente abraçamos num ato incompreensível de rebelião contra Deus (Gn 3:1-7). Inicialmente, o pecado foi um ato de rebelião contra o Criador, mas, imediatamente, tornou-se uma atitude interior permanente, perturbadora e destrutiva, expressando-se em todo tipo de pensamentos, palavras e ações malignas. O pecado deve ser definido como um estado de conflito interior contra Deus, os outros e si mesmo (Rm 7:23; 8:7; Tg 4:4). E por ser um estado de rebelião, também é um estado de alienação Daquele que é a própria fonte da vida (Gn 3:8). Por causa disso, os pecadores estão caminhando inexoravelmente para a autodestruição e a extinção. A rebelião cria separação, distanciamento e independência (Ef 2:12).
“A corrente poluída representa aquele que está separado de Deus. O pecado não somente separa de Deus, mas destrói no ser humano tanto o desejo como a capacidade de conhecê-Lo” (Patriarcas e Profetas, p. 118).
2. Pecado é comportamento maligno. Na maioria das vezes, e de maneira acertada, vemos o pecado como um problema comportamental. Na verdade, a Bíblia afirma que pecado é a transgressão da lei (1Jo 3:4), o que significa dizer que o comportamento maligno revela a condição do coração humano corrompido (Mc 7:20-23). Portanto, há algo profundamente errado nos seres humanos, uma podridão no âmago de nossa existência, algo mais profundo que um comportamento errático ou pervertido. É importante entender a gravidade da doença para confiarmos na eficácia do remédio.
"O pecado é um intruso, por cuja presença nenhuma razão se pode dar. É misterioso, inexplicável; desculpá-lo corresponde a defendê-lo. Nossa única definição de pecado é a que é dada na Palavra de Deus; é: 'quebrantamento da lei'; é o efeito de um princípio em conflito com a grande lei do amor, que é o fundamento do governo divino" (Para Conhecê-Lo, p. 10).
3. A solução para o pecado. A solução definitiva não é mudança de comportamento, mesmo que isso ocorra por meio do poder do Espírito. A solução é a morte, o sacrifício vicário de Cristo, que entregou Seu espírito, sentindo-Se separado do Pai (Mt 27:46). A natureza humana corrompida não é para ser remendada, mas para ser destruída. Ela foi executada na cruz de Cristo. Portanto, o que Deus exige e oferece é nada mais nada menos que um novo nascimento (Jo 3:5), uma nova criação (2Co 5:17), trazida à existência pelo poder de Sua ressurreição (1Co 15:44, 45), da qual seremos completamente revestidos por ocasião da volta de Jesus à Terra (1Co 15:52, 53).
"Cristo é a grande solução para o pecado. Nosso compassivo Redentor nos proveu da ajuda necessária. Ele está esperando para imputar Sua justiça ao penitente sincero, e despertar em seu coração um amor divino que unicamente o nosso gracioso Redentor pode inspirar" (Cuidado de Deus, p. 349).
Ángel Manuel Rodríguez (via Revista Adventista

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

JANELAS DA ALMA: SAÚDE DOS OLHOS ESPIRITUAIS

Nossos “olhos espirituais” desempenham um papel crucial na forma como percebemos e compreendemos o mundo ao nosso redor. Cerca de 80% das informações que recebemos vêm dos olhos. Eles são nossa janela para o mundo, conectando-nos com tudo ao nosso redor e permitindo que vejamos tanto a beleza quanto os problemas da vida. Ao alimentar nossos olhos físicos, também estamos alimentando nossos olhos espirituais, que influenciam nossa percepção e compreensão do mundo.
"Sabes que nosso corpo é composto do alimento que assimila. Ora dá-se o mesmo com a nossa mente. Se fazemos a mente demorar-se nas coisas desagradáveis da vida, não teremos nenhuma esperança. Precisamos demorar-nos nas cenas prazenteiras do Céu" (Manuscrito 7, 1888).
Como ser vigilante em tempos de excesso de informação?
Com o surgimento das mídias sociais, enfrentamos um bombardeio constante de imagens e realidades diferentes. Nossos olhos ficam mais ativos do que nunca! Enquanto rolamos a tela, as cenas e informações estimulam nossos olhos de maneira muito mais rápida e intensa. Essas cenas moldam nossa visão do mundo de uma forma totalmente nova. Uma vez que vivemos na era da informação, precisamos ser vigilantes ao escolher o que nossos olhos contemplam. 
"Os que não querem cair presa dos enganos de Satanás, devem guardar bem as vias de acesso à mente; devem-se esquivar de ler, ver ou ouvir tudo quanto sugira pensamentos impuros. Não devem permitir que a mente se demore ao acaso em cada assunto que o inimigo possa sugerir. O coração deve ser fielmente guardado, pois de outra maneira os males externos despertarão os internos, e a mente vagará em trevas" (Fundamentos do Lar Cristão, p. 133).
Conforme a Bíblia, a saúde dos olhos espirituais é fundamental. Do mesmo modo, no sermão da montanha, Jesus compartilha diversos ensinamentos importantes, incluindo um que diz respeito aos olhos: “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz” (Mateus 6:22).
"Estas palavras têm um primeiro e um segundo sentidos — um sentido literal e outro figurado. São repletas de verdade com referência aos olhos físicos, com os quais vemos objetos externos. E são verdadeiras também em relação aos olhos espirituais, a consciência, com os quais nós avaliamos o bem e o mal. Se os olhos da alma, isto é, a consciência, é perfeitamente sadia, a alma será ensinada corretamente" (Mente, Caráter e Personalidade 1, p. 323).
Por certo, Jesus usa a metáfora da candeia (ou lâmpada) para falar sobre a importância dos olhos como janelas para a nossa alma e vida interior. Além disso, Ele nos mostra que a maneira como vemos o mundo, tanto literal quanto figurativamente, com nossos olhos espirituais, impacta profundamente nossa vida espiritual e moral.

Olhos espirituais bons e vida iluminada
Assim, se nossos olhos forem bons, temos uma perspectiva pura, íntegra e moralmente saudável. Essa visão ilumina toda a nossa vida com clareza e bondade. Em outras palavras, enxergar o mundo de forma positiva e ética nos ajuda a viver de maneira mais iluminada e plena.
"As janelas da alma devem ser fechadas em direção da Terra e escancaradas para o Céu, a fim de que os brilhantes raios do Sol da justiça tenham livre acesso. A memória deve ser refrigerada por princípios bíblicos. A mente deve ser mantida clara e pura, para que possa distinguir entre o bem e o mal" (Manuscrito 24, 1901).
O perigo dos olhos maus
Por outro lado, no versículo seguinte (Mateus 6:23), Jesus fala sobre olhos maus, que representam uma visão distorcida, egoísta ou corrupta. Essa perspectiva traz trevas para dentro de nós, afetando negativamente nosso bem-estar espiritual. Portanto, cultivar uma visão de mundo positiva e moralmente correta é essencial para nosso bem-estar espiritual e nossa conduta diária.
"Quando, porém, a consciência é guiada por percepções humanas, que não são submissas e abrandadas pela graça de Cristo, a mente está em condição enfermiça. Então as coisas não são vistas em suas consequências certas. A imaginação é trabalhada, e os olhos da mente vêem as coisas a uma luz falsa, distorcida. Precisas de uma visão clara, compassiva. Tua consciência sofreu abusos e tornou-se insensível, mas se seguires a conduta certa, nova sensibilidade te virá" (Carta 45, 1904).
A transformadora graça de Deus
Em resumo, o que vemos e absorvemos afeta profundamente nossa mente e espírito. Sendo assim, podemos escolher o que vemos e contemplamos, selecionando aquilo que é bom e agradável a Deus.
"É preciso que a transformadora graça de Deus tome completa posse de nossas faculdades mentais" (Mente, Caráter e Personalidade 2, p. 670).
Nesse sentido, contemplando a Jesus, somos transformados à Sua semelhança. A saúde dos olhos espirituais é crucial e, ao fecharmos nossos olhos e ouvidos para o mal, seremos transformados.

Você pode transformar o olhar de alguém
Ter olhos bons não significa, portanto, esconder-se das dores e tristezas diárias. Pelo contrário, usamos nossos olhos como instrumentos de Deus. Ao ver a necessidade ao nosso redor, consequentemente, agimos e transformamos o olhar do próximo. Quando atendemos às necessidades dos outros, nossos olhos espirituais entram em ação. Enxergamos o mundo com compaixão e amor.
"Lembrai-vos de que há um mundo para ser salvo. Devemos desempenhar nossa parte, permanecendo ao lado de Cristo como Seus colaboradores. Não fechemos os olhos à miséria ao nosso redor nem os ouvidos aos clamores de angústia que ascendem continuamente" (Beneficência Social, p. 118).
Vigilância e escolha
Viver em um mundo cheio de pecado exige vigilância e escolhas cuidadosas. Precisamos optar por ver o bem e focar no que é bom e agradável a Deus. Assim, nossos olhos espirituais, como janelas da alma, refletirão a luz de Cristo. Então deixe que Deus santifique seu olhar e transforme sua visão. Olhe para o mundo com os olhos de Cristo e veja como isso pode mudar sua vida e a dos outros ao seu redor.
"Agora é o tempo em que não podemos nem por um instante desviar de Cristo Jesus os olhos espirituais. Eis Sua advertência a nós: 'O que, porém, vos digo, digo a todos: Vigiai!' Haverá algum professo cristão que não careça da advertência, e cujo coração não precise vigiar? O coração tem de ser guardado com toda a diligência, mantido sob vigilância constante" (Para Conhecê-Lo, p. 348).
Se seus olhos espirituais estão escurecendo, saiba que Jesus tem poder de lhe devolver a luz da salvação. Ore hoje para que Ele toque seu coração, e o milagre de ver a vida com os olhos da fé será uma realidade para você.

[Com informações de Vida e Saúde e inserção de textos de Ellen G. White]

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

COMO SUPORTAR PESSOAS INSUPORTÁVEIS NA IGREJA

Todos nós conhecemos e convivemos com pessoas insuportáveis dentro da igreja. Gente chata, pedante, mentirosa, enganadora, hipócrita, arrogante, sem noção, inconveniente, deselegante, ofensiva, sem limites, abusada, sem amor, irritante, insubmissa, incompatível… Nossa, são tantos os adjetivos que tornam uma pessoa insuportável que fica até difícil listar todos. Mas elas estão aí, fazem parte da nossa vida, a convivência geralmente é compulsória e não tem jeito: somos obrigados a compartilhar ambientes, conversas, tarefas ou simplesmente a presença delas. A pergunta é: como suportar as pessoas insuportáveis que convivem conosco na igreja?

Nessa hora, como em tudo na vida, temos que voltar nossos olhos para as Sagradas Escrituras em busca de respostas. Porque, se formos agir segundo a nossa carne, simplesmente vamos começar a brigar, ofender, cortar relações e a ter outras reações nada espirituais com relação a essas pessoas insuportáveis. Quando, na verdade, Jesus deseja que nós consigamos conviver com o diferente. Porque, se você parar pra pensar, a pessoa nada mais é do que uma “pessoa diferente” de você. Numa família, por exemplo, onde todos falam baixo, o insuportável é aquele primo que fala alto como um italiano. Já num família de italianos, o insuportável pode ser aquele que não participa da bagunça, como aquele primo que se comporta como um inglês.
"Todas as relações sociais exigem o exercício do domínio próprio, paciência e simpatia. Diferimos tanto uns dos outros em disposições, hábitos e educação, que variam entre si nossas maneiras de ver as coisas. Julgamos diferentemente" (A Ciência do Bom Viver, p. 483).
Então, ser ou não ser insuportável depende de quão diferente alguém é de você. Esse é o parâmetro. Eu já ouvi de certas pessoas “nossa, o fulano é tão caladinho”. Outras vezes, ao final de uma viagem soube que esse mesmo fulano incomodou as pessoas no carro “de tanto que ele falou”. Certamente tal fulano não é calado e tagarela ao mesmo tempo, mas dependendo do contexto em que está se torna mais ou menos insuportável.

E, vou te contar um segredo: a esmagadora maioria das pessoas é diferente de você. Logo, insuportável. Dentro da igreja, então, onde todos deveriam ser um amor e agir segundo o exemplo de Cristo, o coeficiente de insuportabilidade é enorme. Que fazer? Deixar de ir à igreja? Fugir da comunhão? Paulo toca no assunto em Efésios 4. Ele diz: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor“.
"O apóstolo exorta seus irmãos a manifestarem em sua vida o poder da verdade que ele lhes apresentara. Por sua mansidão e bondade, paciência e amor, deviam exemplificar o caráter de Cristo e as bênçãos de Sua salvação" (Testemunhos para a Igreja 5, p. 239).
Repare: de todas as atitudes que o apóstolo poderia nos recomendar ter, ele nos manda logo “suportar uns aos outros“. E se você for pensar bem, ele certamente não está mandando suportar quem é gente fina, os carismáticos, os que nos fazem rir e sorrir. Está se referindo aos insuportáveis. Mas, e aí, qual é o segredo para conseguir isso? Como suportar os insuportáveis como a Bíblia manda? O segredo é o que Paulo diz logo depois: “suportando-vos uns aos outros em amor“. Amor: essa é a formula mágica. Isso se confirma quando lemos 1 Coríntios 13:7: “O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta“.
"O amor jamais perde seu valor; é um atributo celestial. Como precioso tesouro, será levado por seu possuidor através das portas da cidade de Deus" (Ato dos Apóstolos, p. 167).
Sim, o amor tudo suporta, inclusive o que é insuportável. Senão não seria “tudo”. “Mas falar de amor é fácil”, alguém poderia argumentar”, “na hora de lidar com a pessoa insuportável quero ver amar de verdade”. Só que esse amor não se restringe a um sentimento fácil. Exige esforço. Exige a consciência de que dele depende a união do Corpo de Cristo. Repare o que o apóstolo Paulo diz em Efésios logo em seguida a “suportando-vos uns aos outros em amor”: “Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação“.

Amar aqui é uma atitude apresentada como algo que exige esforço. E não um esforço qualquer, mas um esforço “diligente”, ou seja, com zelo, com cuidado, com dedicação. E com qual finalidade? “Preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz“.
"As instruções de Paulo não foram escritas apenas para a igreja de seus dias. Era desígnio de Deus que viessem até nós. Que estamos fazendo para preservar a unidade nos laços da paz?" (Testemunhos para a Igreja 5, p. 239).
Deus deseja paz para sua Igreja. Deseja paz para cada membro de seu Corpo. Para os gente fina, mas também para os insuportáveis. Jesus nunca prometeu que na congregação dos santos todos seriam pessoas fantásticas, nossos melhores amigos. Temos que amar todos os que ali estão, o que significa um grande esforço para aturá-los em suas chatices. Você certamente sabe quem são os insuportáveis da sua igreja. Ame-os. Suporte-os. Despenda esforços nesse sentido. E faça isso com zelo. Pois essa é a única forma possível de haver unidade na Igreja.

Ah, só mais uma coisa: nunca se esqueça de que o insuportável da sua igreja pode ser… você.
"O inimigo que mais carecemos temer é o próprio eu. Nenhuma vitória que possamos ganhar será tão preciosa como a vitória sobre nós mesmos" (A Ciência do Bom Viver, p. 485).
Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Maurício Zágari (via Apenas) - Com inserção de textos de Ellen G. White feita pelo blog.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

AUTOSSABOTAGEM NO TANQUE DE BETESDA

“Já enfrentei muitas dificuldades na minha vida. A maioria delas nunca existiu" (Mark Twain).

Em 1916, Freud escreveu um artigo de grande repercussão no mundo científico intitulado: “Os que Fracassam ao Triunfar”. Ele tratava de pessoas que possuíam medo de ter satisfação e, por isso, sentiam-se aliviadas quando o que estavam fazendo, ou intentavam fazer, não dava certo.

Com o avanço da psicologia, a patologia pôde ser cada vez mais estudada e, em 1978, surgiu à designação “autossabotagem”, estabelecida pelos psicólogos Steven Berglas e Edward Jones, os quais haviam feito pesquisas neste campo com comprovado resultado científico.

De forma simplista, quem sabota a si mesmo não consegue usufruir das dinâmicas da vida que geram alegria e prazer porque, cada vez que elas surgem na existência, vêm associadas a um profundo conflito com as crenças primordiais do sujeito. Em síntese, é como se alguém tivesse tudo para ser feliz e, de alguma forma, conseguisse arrumar um jeito para fugir da felicidade. É o famoso “medo de ser feliz”. Mas, como já citava Dostoievski, “a maior felicidade é saber por que se é infeliz”.

Do ponto de vista clínico, a psicopatologia é tão grave que pode provocar obesidade, depressão, cardiopatias, transtornos de ansiedade, pensamentos suicidas, diabetes e, em casos mais graves, até a automutilação, que é quando a pessoa cria flagelos físicos em si mesma para se punir.

Apesar de parecer algo bizarro – não esqueçamos que se trata de uma doença – quem se auto-boicota sente prazer pelo desprazer, ou seja, quanto mais a vida se torna difícil, através de situações adversas e portadoras de sofrimento, tanto mais a pessoa se satisfaz, chega a ter prazer em ser maltratada ou sentir dor. É uma reação provocada pelo inconsciente que faz com que o sujeito sinta atração por tudo o que produz destrutividade, um comportamento ativado por uma forte negatividade e um complexo de inferioridade crônico.

Como bem citou Kelly Young “O problema não é o problema – o problema é a atitude com relação ao problema”. A grande maioria dos “dramas” da alma humana, como a autossabotagem, tem cura, mas exige determinação e, particularmente neste caso, uma mudança significativa em hábitos e atitudes.

Nas Escrituras nós encontramos um caso que, ao meu ver, aplica-se ao que estamos falando. Trata-se do paralítico do tanque de Betesda, descrito no capítulo 5 do Evangelho de João. Sua atitude de autossabotagem fica muito clara quando Jesus lhe pergunta: “queres ser curado?”, e ele responde: “Senhor, não tenho quem me coloque no tanque”. Era o paradoxo de quem desejava a cura e, ao mesmo tempo, tinha medo dela. A pergunta de Jesus era objetiva, a resposta do paralítico subjetiva. A questão é que já havia se instalado em sua alma, pelas dores e pelo tempo, os mecanismos inconscientes de autossabotagem.

Ellen White comenta: "Nasceu-lhe no coração a esperança. Sentiu que, de alguma maneira, lhe viria auxílio. Mas logo se dissipou o clarão dessa esperança. Lembrou-se de quantas vezes tentara chegar ao poço, e tinha agora pouca probabilidade de viver até que ele fosse novamente agitado" (A Ciência do Bom Viver, p. 83).

Quando Jesus encontrou-se com aquele homem, que se arrastava por aquela casa de agonia havia 38 anos, Ele “scaneou” sua alma, discerniu todas as suas desconformidades e doenças. Sua paralisia já se projetara do físico para o emocional, por isso, duas coisas eram necessárias ser feitas: 1- Jesus precisou quebrar o “padrão de pensamento” daquele moribundo – “levanta-te, toma a tua cama e anda”; 2- com a mudança instantânea das crenças subjacentes que haviam se acumulado em sua alma, ele finalmente liberou a fé necessária para ser curado.

Ellen White escreve: "Jesus ordena-lhe: 'Levanta-te, toma a tua cama e anda' (João 5:8). Renovada a esperança, o enfermo olha para Jesus. A expressão de Seu semblante e o tom da voz são diferentes de tudo o mais que vira antes. Sua própria presença parece irradiar amor e poder. A fé do paralítico apega-se à palavra de Cristo. Sem replicar, dirige sua vontade no sentido da obediência e, assim fazendo, todo o seu corpo corresponde. Cada nervo, cada músculo, vibra com uma nova vida, e sadia ação vem aos membros paralisados. Num salto, ei-lo de pé e põe-se a caminho com passo firme e desenvolto, louvando a Deus, e regozijando-se no vigor que acabava de receber" (A Ciência do Bom Viver, p. 84).

Continua Ellen White: "Jesus não dera nenhuma certeza de auxílio divino a ele. O homem poderia ter parado para duvidar, perdendo sua única chance de ser curado. No entanto, ele acreditou na palavra de Cristo e, agindo de acordo com ela, recebeu força. Por meio da mesma fé, podemos receber a cura espiritual. Cristo pode libertar você, não importa o mal que esteja aprisionando sua alma e seu corpo" (O Libertador, p. 113).

Os psicoterapeutas são unânimes em afirmar que o processo de cura para este tipo de doença emocional passa, irremediavelmente, pela tomada de consciência de que, não só estamos nos autossabotando, como também dos danos que tais atitudes demandarão. Eles descrevem que, quando o paciente descobre os “padrões” que estão embutidos nestes “mecanismos intra-subjetivos”, torna-se possível reformular a matriz cognitiva de valores e crenças que desencadeia as atitudes destruidoras. 

Como bem afirmou Albert Schweitzer: “A maior descoberta de uma geração é que os seres humanos podem mudar sua vida modificando seus pensamentos”, ou, como disse o apóstolo Paulo, numa outra “versão”, “transformai-vos pela renovação da vossa mente”. Ellen White aconselha: "Ninguém senão vós mesmos podereis dominar vossos pensamentos. Na luta para alcançar a mais elevada norma, o êxito ou o fracasso depende muito do caráter, e da maneira por que são disciplinados os pensamentos. Caso estes estejam bem cingidos, como Deus determina que o sejam dia a dia, estarão nos temas que nos ajudarão no sentido de maior devotamento. Se os pensamentos são justos, então, em resultado, as palavras o serão também; as ações serão de natureza a trazerem alegria e conforto e serenidade a outrem" (Mente, Caráter e Personalidade 1, p. 655).

Nossa única regra de prática e fé são as Escrituras, e elas afirmam que é o arrependimento - mudança no pensamento seguida de mudança de comportamento - produzido pelo Espírito Santo, que nos conduz a convicção de pecado e a necessidade de nos reconciliarmos com Deus. Ellen White observa: "O arrependimento compreende tristeza pelo pecado e afastamento do mesmo. Não renunciaremos ao pecado enquanto não reconhecermos a sua malignidade; enquanto dele não nos afastarmos sinceramente, não haverá em nós uma mudança real da vida" (Caminho a Cristo, p. 23). E ela continua: "Pelo pecado, fomos separados da vida de Deus. Nossa alma acha-se paralítica. Não somos, por nós mesmos, mais capazes de viver uma vida santa do que o impotente homem era capaz de andar. Muitos compreendem sua impotência; anelam aquela vida espiritual que lhes trará harmonia com Deus, e estão-se esforçando por obtê-la" (A Ciência do Bom Viver, p. 84).

Independentemente de quanto tempo e esforço tenhamos investido buscando respostas em outros lugares, a solução muitas vezes está ao nosso alcance na forma do nosso amável Salvador. Considere e leve a sério a resposta de Deus a todos os tipos de doenças incapacitantes: "Não espere sentir que está curado. Creia na Palavra Dele, e ela será cumprida. Seja qual for a prática pecaminosa, o desejo dominador que, pela longa transigência, aprisiona mente e corpo, Cristo é capaz de libertar, e anseia fazê-lo" (O Desejado de Todas as Nações, p. 152).

Deixo como ponto de reflexão final a frase de Ellen White: "Nunca te esqueças de que os pensamentos motivam ações. Atos repetidos formam hábitos, e hábitos formam o caráter, e pelo caráter é decidido nosso destino para este tempo e para a eternidade" (Olhando para o Alto, p. 88).