sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Não seja um incendiário cibernético

É muito fácil clicar em “enviar”, “postar” ou “publicar”. Basta um clique. Um toque na tela. Eu nem preciso pensar muito para fazer. Eu saco uma mensagem e a disparo, como um cowboy em um duelo. Talvez seja algo engraçado. Talvez seja uma crítica a alguém. A internet tornou fácil ser um incendiário. Tocar fogo no mundo. Ser uma bomba de napalm ambulante. Atravessar o dia espirrando gasolina virtual em tudo e em todos.
"Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno." (Tiago 3:5-6)
O argumento de Tiago é que nossas palavras, que parecem pequenas e desimportantes, que vêm de nossas bocas como uma torrente, podem ser incrivelmente destrutivas. Nossas palavras são equivalentes ao fogo, que pode por em brasas toda uma floresta, derrubar edifícios e causar quantidades inenarráveis de sofrimento. Palavras não são coisas pequenas. 

Essa passagem de Tiago se aplica o mesmo tanto para as palavras que dizemos digitalmente. Cada post no Facebook tem o potencial para queimar alguém. Cada tweet tem o potencial de iniciar um incêndio. Cada foto no Instagram, mensagem de texto, Pin ou Snapchat tem o potencial para tocar fogo em toda a sua vida. Deus leva a sério nossas palavras digitais tanto quanto nossas palavras verbalizadas. Será que nós mesmos levamos a sério nossas palavras digitais? 

É fácil ser um incendiário na internet. Nela, é fácil dizer coisas que nunca diríamos diretamente a alguém. O brilho de nossas telas de LCD oferecem um falso senso de segurança e proteção. Podemos dizer algo sobre alguém sem vermos o efeito que isso tem na pessoa. Podemos criticar alguém sem ver os efeitos danosos e devastadores de nosso criticismo. Podemos postar uma imagem sem ver o quanto essa foto pode ser uma tentação para outras pessoas. A internet nos permite dizer o que quer que desejemos sem quaisquer das consequências normais de uma conversa. 

Como podemos evitar o perigo de sermos incendiários cibernéticos? Seria muito sábio considerar regularmente os seguintes versos da Escritura: 
"Não saia da vossa boca [ou computador, smartphone, tablet] nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção." (Efésios 4:29-30) 
Antes de clicar em “publicar”, preciso me perguntar: isso serve para a edificação dos outros? Ou minhas palavras estão derrubando e ferindo alguém? Se eu dissesse essas palavras diretamente para alguém, ela seria edificada ou derrubada? A afeição dessa pessoa por Cristo iria diminuir ou aumentar? Deus deseja que todas as nossas palavras, posts e tweets tenham um efeito edificador. 
"O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Digo-vos que de toda palavra [ou comentário, post] frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado." (Mateus 12:35-37) 
As coisas que postamos online são um reflexo do que já está em nossos corações. Em outras palavras, nosso discurso é um reflexo de quem somos. Quando estivermos perante o Senhor no Dia do Julgamento, daremos conta de cada palavra que enunciarmos. Cada palavra dita, cada mensagem de texto, cada atualização no Facebook, cada tweet, cada Pin, cada Instagram. Antes de postar, então, preciso me perguntar: eu vou me envergonhar disso no último dia? Irei me arrepender dessas palavras quando estiver perante o trono do Julgamento?
  
Stephen Altrogge (via Reforma21.org / Traduzido por Filipe Schulz)

"O poder da palavra é um talento que deve ser cultivado diligentemente. De todos os dons que recebemos de Deus, nenhum é capaz de se tornar maior bênção que este. Com a voz convencemos e persuadimos; com ela elevamos orações e louvores a Deus, e também falamos a outros do amor do Redentor. Não se deve proferir uma única palavra imprudentemente. Nenhuma maledicência, palavreado frívolo algum, nenhuma murmuração impertinente nem sugestão impura sairá dos lábios do seguidor de Cristo. Palavras torpes não significam somente palavras vis. Denotam qualquer expressão contrária aos santos princípios e à religião pura e imaculada. Incluem idéias impuras e insinuações malévolas. Se não forem repelidas imediatamente, conduzem a grande pecado. Nossas palavras devem ser expressões de louvor e ações de graças. Se o coração e a mente estiverem repletos do amor de Deus, isto será revelado na conversação." (Ellen G. White, Meditação Matinal - E Recebereis Poder, p. 197)

O prof. Leandro Quadros fala sobre o que o uso das redes sociais tem revelado sobre você:

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Existe uma postura correta para orar?

Com muita frequência, os membros da igreja perguntam sobre a atitude adequada na oração. Desejam saber se na igreja devemos orar somente ajoelhados, e se em pé, ou sentados são, igualmente, posturas corretas. A questão é oriunda dos ensinos de alguns bem-intencionados membros da igreja, fundamentados em estudo pessoal, que chegaram à conclusão de que todas as orações na igreja devem ser proferidas de joelhos dobrados. O assunto revela que para tais membros da igreja a oração é muito importante e significativa. Nessa prática, eles desejam estar seguros de que estão seguindo as instruções divinas. Abordamos este assunto, não para desencorajar o interesse acerca desse tema de grande importância na liturgia cristã, mas para prover informação e esclarecimento. 

Informação bíblica – De acordo com as Escrituras, as orações são apresentadas a Deus por Seu povo em diferentes circunstâncias e variadas posturas. Daremos um resumo das informações bíblicas mais importantes a esse respeito. 

1. De joelhos dobrados 
Na Bíblia, há muitos exemplos de pessoas que oraram ao Senhor de joelhos dobrados, dando a entender que essa prática era muito comum. Daniel orava ajoelhado três vezes ao dia (Dn 6:10). Estêvão prostrou-se ajoelhado, e falava com o Senhor pouco antes de sua morte de mártir (At 7:60). Pedro ajoelhou-se diante do corpo de Tabita, orou em favor dela e a vida foi-lhe restituída (At 9:40; ver também At 20:36; Ef 3:14). Às vezes, a pessoa punha a cabeça sobre os joelhos enquanto orava (1Rs 1:13). Ajoelhar-se era a expressão ritual da entrega voluntária, sem reservas, do suplicante a Deus. Pelo ato de ajoelhar-se, os adoradores baixavam voluntariamente ao pó do qual foram criados os seres humanos, entregando, em oração, a vida ao Senhor (2Rs 1:13). 

2. Em pé 
Estar em pé em oração diante do Senhor era, igualmente, prática usual, talvez mais comum que de joelhos sobrados. Um dos casos mais impressivos encontra-se em 2 Crônicas 20, onde é descrita uma oração coletiva. Quando a nação de Judá estava prestes a ser invadida pelas forças bélicas conjugadas de Moabe e Amom, Josafá convocou o povo para orar ao Senhor. Ele levantou-se na congregação na Casa do Senhor e orou suplicando livramento, enquanto o povo “permanecia em pé diante do Senhor”(2Cr 20: 5 e 13). Ana apresentou ao Senhor a sua prece, estando em pé. E o Senhor lhe respondeu (1Sm 1:20). Jó também orou em pé (Jó 30:20). Os judeus costumavam orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para mostrar sua religiosidade.

Jesus condenou-lhes o orgulho, porém não a prática de orar em pé (Mt 6:5). Na verdade, Ele confirmou isso quando disse aos discípulos: “E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.” (Mc 11:25). Estar em pé, em oração, evidencia o privilégio que temos de nos aproximarmos de Deus e apresentar-Lhe nossas necessidades e preocupações, sabendo que Ele nos atende as orações. Os que eram recebidos em audiência diante de um rei, geralmente permaneciam em pé diante dele e lhe apresentavam suas petições (Et 5:2). Estar em pé, em oração, significa que reconhecemos a Deus como Rei do Universo e consideramos ser um privilégio poder aproximar-nos dEle para suplicar-Lhe orientação, bênçãos e favores. 

3. Assentado 
A prática de orar ao Senhor assentado é rara na Bíblia, mas não inteiramente ausente. Um bom exemplo é o do rei Davi: “Então, entrou o rei Davi na Casa do Senhor, ficou perante Ele [sentou-se] e disse: Quem sou eu, Senhor Deus, e qual é a minha casa, para que me tenhas trazido até aqui?” (2Sm 7:18). Esta é a postura assumida por aquele que busca instruções do Senhor, por meio de Seu profeta (2Rs 4:38; Ez 8:1; 33:31), e que está disposto a servi-Lo. 

4. Deitado
Também encontramos na Bíblia casos em que pessoas oraram durante a noite, estando na cama. Deitados na cama, lembraram-se do Senhor e nEle meditaram (Sl 4:4; 63:6). Por vezes, a pessoa prostrava-se (na cama) e orava ao Senhor (1Rs 1:47). Orar estando deitado no leito enfatiza, na oração, a oportunidade de meditar na bondade do Senhor e de aproximar-se dEle, durante a noite, em busca de Seu auxílio. Este é um ato secreto de devoção individual. 

5. Prostrado 
Ao prostrar-se, o povo jazia horizontalmente, com o rosto em terra, geralmente com os braços estendidos. Um dos joelhos permanecia dobrado, a fim de facilitar o erguer-se do solo. Na Bíblia, raramente essa postura prostrada está claramente associada à oração (1Rs 1:47; Mc 14:35). Esta é fundamentalmente uma expressão de homenagem e submissão diante do Ser superior. A pessoa que procurava obter o auxílio de um rei prostrava-se diante dele em atitude dependente e submissa (2Sm 14:4). Era, igualmente, forma de cumprimentar um superior (2Sm 14:22), ou apenas para prestar homenagem (1Sm 28:14). No contexto religioso, esta era postura de adoração (2Cr 20:18). Esta atitude intensificava a convicção de que Deus é a própria fonte da vida humana e o único Ser capaz de resguardá-la (Nm 16:45; Js 7:6; 2Sm 7:16). Por vezes, os adoradores compareciam à presença do Senhor, prostravam-se diante dEle como ato de homenagem, e então, assumiam a postura de joelhos dobrados, provavelmente para orar (Sl 95:6). No Oriente Antigo, prostrar-se diante dos deuses era atitude muito comum a fim de expressar homenagem, submissão, adoração e dependência. Essa postura não se tornou aspecto indispensável da adoração na igreja cristã, provavelmente porque Deus não mais Se manifestou para habitar permanentemente em algum lugar específico na Terra, mas sim, tornou-Se acessível por meio do Seu Filho (Jo 4:21-24). 

Esta revisão de posturas para oração através da Bíblia indica que não há uma postura particular exigida sempre dos adoradores quando dirigem ao Senhor suas petições. As posturas são importantes no sentido de ser manifestação exterior de reverência, sentimentos profundos e votos ao Senhor. Entretanto, apenas uma delas não abrange suficientemente todas essas experiências. Assim, encontramos nas Escrituras uma diversidade de opções e possibilidades. Qualquer tentativa de escolher apenas uma como suprema e indispensável, acima das demais, não tem o respaldo bíblico. 

Escritos de Ellen G. White 
Ellen G. White enfatiza a oração de joelhos dobrados e nos incentiva a assim proceder. Ela escreveu: “Tanto no culto público, como no particular, temos o privilégio de curvar os joelhos perante o Senhor ao fazer-Lhe nossas petições” (Obreiros Evangélicos, p. 178). Jamais devemos considerar a atitude de ajoelhar-se como sendo um fardo, mas um privilégio. Novamente, ela comenta: “Tanto no culto público como no particular é nosso dever prostrar-nos de joelhos diante de Deus quando Lhe dirigimos nossas petições. Este procedimento mostra nossa dependência de Deus” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 312). 

Declarações semelhantes a estas não devem ser empregadas para ensinar que a única postura adequada para a adoração pública é a de joelhos dobrados. Ela deixa claro que nem sempre é necessário ajoelhar-se para orar (A Ciência do Bom Viver, pp. 510 e 511). Quando participava na adoração pública, a própria Ellen G. White por vezes pedia que a congregação se levantasse para uma oração de consagração (Mensagens Escolhidas, vol. 3, pp. 268 e 269), ou que a congregação permanecesse assentada (Ibidem, 267 e 268), ou que todos se ajoelhassem (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pp. 148 e 149). Pode-se concluir que, de acordo com as palavras de Ellen G. White, ajoelhar-se não é postura exclusiva para a oração na igreja. Em sua vida particular, ela orava até mesmo sentada sobre a cama (Review and Herald, 13 de dezembro de 1906). 

Notas conclusivas
Por este sumário, podemos concluir que, em conformidade com a Bíblia e com os escritos de Ellen G. White, existem diferentes posturas para a oração e que a importância de uma delas não exclui nenhuma das demais. Durante os cultos de adoração, a Igreja Adventista permite para a oração várias posturas: sentada, em pé ou ajoelhada. Sendo que a adoração deve ser caracterizada pela ordem, é importante que a comunidade de crentes esteja unida em buscar ao Senhor e que todos nós sigamos os elementos da liturgia comum aceita em nossos cultos. Aqueles que, na igreja, se ajoelham para orar enquanto o restante da comunidade permanece em pé, podem estar, inadvertidamente, revelando religiosidade de maneira questionável.

Ángel Manuel Rodríguez (via Revista Adventista)

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Em qual candidato Jesus votaria nessas eleições?

A Bíblia é o guia do cristão para as decisões de sua vida. Jesus Cristo é apresentado nela como um exemplo a ser imitado (Ef 5:1; Fp 2:5-9; Hb 12:2, 3). Quem busca cumprir a vontade de Deus consulta as santas Escrituras a fim de encontrar nelas orientação adequada e exemplos para imitação. Para muitas decisões, a Bíblia dá o esclarecimento necessário. Mas, para outras questões, ela aparentemente não tem nada a declarar. Mesmo com respeito àquilo que a Palavra de Deus silencia, o cristão pode dela extrair, com a ajuda do Espírito Santo, princípios e sabedoria para todas as escolhas da vida.

Em que candidato Jesus votaria? Se Ele é o modelo, seu procedimento deve ser exemplo para tudo. E por que não para as preferências eleitorais?

Em 1896, o pastor norte-americano Charles M. Sheldon, da Igreja Congregacional, publicou o livro Em seus passos o que faria Jesus? Nele, Sheldon inventa a história de uma congregação cristã cujos membros procuram, durante um ano, viver o desafio de tomar cada atitude como resposta à pergunta que intitula o livro. Na história criada por Sheldon, os cristãos votam, nas eleições municipais, a favor de candidatos que estampam princípios cristãos e defendem valores morais, que, no contexto da época, abrangia a defesa da proibição do comércio de bebidas alcoólicas e dos jogos de azar.

Na obra, Sheldon tentou responder a uma pergunta difícil. Os personagens de seu livro presumiram os critérios que Jesus teria usado para definir seu voto. Essa é uma preocupação válida para o cristão. No entanto, Jesus Cristo viveu em um momento histórico em que o sistema democrático não existia na forma como o conhecemos hoje. Nascido no auge do Império Romano (Lc 2:1), Jesus viveu sua vida terrena sem ter que votar como nós. E, surpreendentemente, Ele foi mais indiferente à política de seus dias do que querem alguns.

No entanto, em um aspecto Cristo votou. Ele elegeu pessoas, não para cargos públicos, mas para o Reino dos Céus! Ele escolheu doze homens para serem seus apóstolos (Lc 6:13) e para que se assentassem em tronos a fim de serem juízes celestiais (Mt 19:28). Designou mais setenta para que fossem de dois em dois e o precedessem nas cidades aonde ia (Lc 10:1). Mas, acima de tudo, deu o voto que é suficiente para eleger qualquer pecador indigno à condição de herdeiro do Reino de Deus (Ap 21:7).

Jesus votaria em candidatos corruptos? É exigida honestidade e integridade perfeitas para se candidatar ao Reino de Deus (1Co 6:9, 10). No entanto, até mesmo o mais corrompido pecador pode ter a “ficha limpa”, se for lavado, santificado e justificado por Jesus e pelo Espírito Santo (1Co 6:11).

Foi assim que pelo menos dois funcionários públicos com histórico de corrupção, Levi Mateus (Mt 9:9) e Zaqueu (Lc 19:1-10), foram eleitos por Jesus para o Reino. Semelhantemente, Paulo, o “principal dos pecadores” (1Tm 1:15), um homem que esteve envolvido com a prática de tortura, além de prisões e execuções claramente injustas (At 8:3; 26:10, 11), foi “constituído ministro” das coisas que Deus lhe revelou (At 26:16).

Cristo não hesita em confiar os mais importantes cargos de Seu Reino a pessoas com um passado sujo. Pelo contrário, Ele expressou sua preferência por pecadores (Mc 2:17). Discursando aos pretensiosos fariseus, que se julgavam dignos de se assentarem nas mais importantes posições do governo de Deus (Mt 23:2), Jesus revelou que pessoas de moral duvidosa precederiam muito candidato honesto no Reino dos Céus (Mt 21:31).

Com seu voto, Jesus quer eleger pessoas que, apesar de seu passado, defeitos e falhas, aceitam ser transformadas por Deus. Ele disse: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome” (Jo 15:16, NVI).

Quando Cristo regressar, os eleitos pelo voto de Cristo assumirão um cargo mais elevado que o dos anjos (1Co 6:3): eles se assentarão ao lado de Cristo, em seu próprio trono (Ap 3:21), e “reinarão” com Cristo (Ap 20: 6).

Em qual candidato Jesus vai votar nessas eleições? 

Ele talvez não tenha muito o que manifestar sobre a política deste mundo, mas para o Reino dos Céus Ele deseja eleger pecadores como você e eu.

Fernando Dias (via Revista Adventista)

Gaslighting, a forma de abuso mais sutil e corrosiva

Você deve estar louca e precisa se tratar! Relaxa porque eu só estava brincando e não aconteceu nada! Isso é coisa da sua cabeça... Não exagere!” Quem tem ouvido alguma dessas frases com certa frequência pode estar sendo vítima de gaslighting

O termo em inglês, que não tem tradução oficial, é usado para descrever uma forma de violência emocional, em que o abusador, por distorcer o relato e a interpretação de situações e fatos, faz com que a vítima duvide da própria memória e sanidade. 

A expressão foi inspirada no filme Gaslight, de 1944. A trama consiste na tentativa do esposo em deixar a esposa insana para se apoderar de sua fortuna. Com essa intenção, o personagem prepara as lâmpadas de gás (gaslights) para ligarem e desligarem de forma alternada. Todas as vezes que a mulher dele percebe essa alteração, o esposo diz que ela está vendo coisas, o que a deixa bastante confusa e perturbada. 

Na vida real, o gaslighting não é praticado somente por maridos. Esposas, chefes, filhos, amigos ou qualquer outro tipo de relacionamento interpessoal podem ser prejudicados por essa prática abusiva. Nem sempre o gaslighting será intencional, mas sempre provocará tristeza, raiva, frustração e outros agravos psicológicos. Como a manipulação vem de alguém próximo, não somente a vítima passa a desconfiar de si mesma, como também aqueles que estão por perto. 

O livro The Gaslight Effect (Morgan Road, 2007), de Robin Stern, terapeuta e psicanalista do Centro de Inteligência Emocional da Universidade Yale (EUA), alerta para alguns sinais que podem indicar se você está sendo vítima de gaslighting. Os sintomas incluem a dúvida sobre si mesmo; a sensação de ser sensível, de estar confuso ou louco; sempre pedir desculpas ao parceiro; não se sentir feliz, apesar das coisas boas que acontecem na vida; formular desculpas para justificar o comportamento do abusador para familiares, amigos e para si mesmo; sentir que algo está errado sem saber exatamente o que é; dificuldade em tomar decisões fáceis; desânimo e desesperança; e a sensação de que não consegue fazer nada certo e de que não é tão confiante ou descontraído como no passado. 

Praticar o gaslighting é literalmente “fazer o outro enlouquecer”. As pessoas que agem assim causam reações desagradáveis, mas nunca assumem a responsabilidade por sua conduta e menosprezam as consequências de suas palavras sobre os outros. As mulheres ainda são as maiores vítimas, mesmo as assertivas e autoconfiantes. E o casamento ainda é o espaço de maior vulnerabilidade para essas companheiras, que acabam se tornando silenciosas e passivas, sem condições de expressar os próprios sentimentos. 

A crença velada, mas socialmente aceita, de que “as mulheres são loucas” ajuda nesse condicionamento. Por isso, devemos estar atentos para “desligar o gás” dessa atitude abusiva. 

Talita Castelão (via Revista Adventista)

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Por que Deus vai sondar os nossos rins?

A Bíblia associa certas experiências emocionais e psicológicas com órgãos do corpo. Isso não difere totalmente do modo de expressarmos a linguagem emocional. O coração é o centro das emoções. Dizemos ao nosso cônjuge: “Eu te amo de todo coração”. Obviamente, a referência não é ao órgão dentro de nosso peito. Estamos dizendo que nosso amor vem do mais profundo de nosso ser, e, no entanto, é genuíno. Na Bíblia, essa prática é mais comum. O termo “mente”, na Bíblia em português, é a tradução da palavra grega cujo significado literal é “rins”. Vou me ater apenas ao uso desse termo.

1. Um Órgão do Corpo
Os israelitas sabiam da existência dos órgãos do corpo conhecidos como rins. Os rins dos animais sacrificados eram queimados sobre o altar de sacrifícios, provavelmente porque eram cobertos de gordura (Êxodo 29:13; Levítico 3:4), e os israelitas eram proibidos de consumir a gordura dos animais. O pensador judeu Philo de Alexandria (20 a.C – 45 d.C) parece sugerir que os rins eram oferecidos a Deus porque eles purificavam o sangue (Leis Especiais 1:216). Nos rituais de adivinhação da Babilônia, os rins de alguns animais eram usados para predizer o futuro. De modo que, para os israelitas, queimá-los no altar era a rejeição de tal prática pagã. Como muitas outras partes do corpo, os rins eram usados para designar a pessoa como um todo (a parte do corpo representava a totalidade do corpo de uma pessoa). O salmista escreve: “Tu criaste o íntimo do meu ser [kelayôth, ‘rins’]” (Salmos 139:13), significando “meu corpo”. Uma vez que os rins eram localizados na parte mais interna do corpo humano, era fácil usá-los metaforicamente para designar o aspecto íntimo da personalidade humana.

2. Centro das Emoções
Os israelitas compreendiam que as emoções não podiam ser separadas do corpo físico. O pai diz ao filho: “Exultará o meu íntimo [rins], quando os teus lábios falarem coisas retas” (Provérbios 23:16). Nesse caso, não foi feita a tradução literal para mostrar que o termo “rins” está sendo usado metaforicamente, indicando que essa alegria é profunda e toma conta de todo o indivíduo. Emoções negativas também eram associadas com os rins. Quando o salmista escreveu “Quando o meu coração estava amargurado” (Salmos 73:21), ele estava dizendo literalmente: “meus rins estavam perfurados”, significando que ele estava com distúrbio emocional e em profunda angústia. A imagem é de uma pessoa que foi traspassada por uma flecha nos rins e está com muita dor, temendo a morte, agonizando emocionalmente. De fato, Jó descreve sua angústia emocional usando a imagem de arqueiros que lhe atiravam flechas, perfurando seus rins (Jó 16:12-13; conforme Lamentações 3:13). Seu íntimo estava emocionalmente arruinado.

3. Centro do Caráter
Segundo Jeremias, o povo de Israel falava constantemente sobre Deus com seus lábios, mas Ele estava “longe do coração [rins]” (Jeremias 12:2), como dizendo que a mensagem de Deus não havia transformado o interior daquelas pessoas. Aqui os rins estão associados com o caráter. Em casos como esse, eles se tornam sinônimos do termo bíblico “coração”, que representa, entre outras coisas, o racional, as qualidades morais de uma pessoa. Referem-se, simbolicamente, à autoconsciência humana ou o íntimo profundo. Poderia, então, designar a consciência. O salmista poderia ter isso em mente quando escreveu: “na escura noite o meu coração me ensina!” (Salmos 16:7). Segundo Jeremias, o povo de Israel falava constantemente sobre Deus com seus lábios, mas Ele estava “longe do coração [rins]” (Jeremias 12:2), como dizendo que a mensagem de Deus não havia transformado o interior daquelas pessoas.

4. Objeto da Análise Divina
Uma vez que os rins estão associados com o desenvolvimento do caráter, é fácil concluir que Deus o examina. A frase citada – Deus sonda “mentes (rins) e corações” – é usada várias vezes no Antigo Testamento. Assume-se que Deus vê o íntimo do ser humano e pode fazer justas decisões baseadas na sabedoria (Jeremias 11:20; 17:10). O salmista não tem nada a esconder; por isso, ele diz ao Senhor: “Sonda-me, Senhor, e prova-me, examina o meu coração e a minha mente [leb, ‘coração’] (Salmos 26:2). Ao examinar os rins, Deus pode identificar o pecador e levá-lo a deixar a violência (Salmos 7:9). A combinação dos rins (mente) e coração indica que Deus examina a totalidade de uma pessoa.

O uso dos órgãos do corpo humano em relação às emoções humanas revela que os escritores bíblicos tinham uma compreensão de totalidade da natureza humana. O corpo físico não era separado do lado espiritual e emocional das pessoas.

Ángel Manuel Rodríguez (via Adventist World)

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

“Espelho da Vida”: Nova novela da Globo terá temática espírita

Nesta próxima terça-feira (25), a rede Globo estreia sua nova novela das seis, “Espelho da Vida”. Nas entrevistas antes do lançamento, a autora Elizabeth Jhin diz que voltará a ensinar a doutrina espírita, como já fez em suas outras obras “Escrito nas Estrelas”, “Amor Eterno Amor” e “Além do Tempo”.

O folhetim agora irá mostrar a crença em vidas passadas. Serão duas histórias paralelas em tempos diferentes, mas que se cruzam. “As tramas de 2018 e de 1930 se desenrolam ao mesmo tempo devido às ‘viagens no tempo’ que a nossa personagem, Cris Valência (Vitória Strada), empreende. Assim, o espectador consegue acompanhar a vida dela e de outros personagens na atualidade, e também o que ela descobre e enfrenta em sua outra vida”, conta Jhin em entrevista Nilson Xavier.

A carreira da novelista é marcada pelo tema do espiritismo. Quando era colaboradora de Walther Negrão ajudou a escrever “Anjo de Mim” (1996-1997), onde o personagem de Tony Ramos se recordava de uma vida passada.

Questionada por que não cita religiões nas suas novelas, Jihn explica: “Fui criada dentro da religião católica, mas não sou praticante desde minha juventude… De alguns anos para cá, tenho lido muito sobre Cabala, fiz um excelente curso sobre o assunto, e sobre a doutrina espírita, que preenche muito de minhas buscas pelo sentido de estar neste mundo… Acredito profundamente em reencarnação e escrevo sobre o assunto com muita entrega e respeito”, encerra. (Gospel Prime)

Nota: A Bíblia é bem clara quando diz que ‘cada pessoa tem de morrer uma vez só e depois ser julgada por Deus’ (Hebreus 9:27). É verdade que muitos dos que creem na reencarnação se dizem cristãos (e há muitos sinceros entre eles). Mas o verdadeiro cristão é aquele que aceita a Cristo como Salvador. Alguns dizem que, através de reencarnações sucessivas, cada pessoa pode ‘pagar’ pelas culpas da vida anterior. É uma espécie de auto-redenção. Para essas pessoas, o que fez Cristo na cruz? Para que teria Ele morrido pelos pecados de quem é capaz de salvar a si mesmo? Cristianismo e reencarnação, por mais que se deseje, são inconciliáveis.

O caminho para a vida eterna é único: examine as Escrituras, pois elas testificam de Cristo, que é a vida eterna (João 5:39). E Ele diz: ‘Pois a vontade do Meu Pai é que todos os que vêem o Filho e creem nEle tenham a vida eterna; e no último dia Eu os ressuscitarei’ (João 6:39). No último dia deste mundo, Cristo ressuscitará aqueles que aceitaram Seu convite para uma relação de amizade e companheirismo, e desenvolveram uma fé genuína. Por isso, para aqueles que ‘morrem no Senhor’ (Apocalipse 14:13), o fim é apenas o começo; o começo de uma nova vida que terá início na segunda vinda de Cristo. Portanto, na Bíblia não há menção alguma à reencarnação, muito pelo contrário, a Palavra afirma que se morre apenas uma vez, vindo depois disso o juízo, e que Deus é o único que possui imortalidade inerente.

Para entender melhor os acontecimentos relacionados com a disseminação do espiritismo, leia os capítulos “É o Homem Imortal?” e “Oferece o Espiritismo Alguma Esperança?”, no livro O Grande Conflito, de Ellen G. White. Vejamos o que ela escreveu há mais de 100 anos:
“O espiritismo está prestes a cativar o mundo. Muitos há que julgam ser o espiritismo mantido por truques e imposturas, mas isto está longe da verdade. Um poder sobre-humano está operando de várias maneiras, e poucos têm a ideia do que será a manifestação do espiritismo no futuro.” (Evangelismo, pp. 603, 604)
Perceba que, de acordo com Ellen White, não é por acaso que o espiritismo é muito divulgado na mídia, especialmente nas novelas de uma grande emissora de TV de nosso país!

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Como perseverar até o fim?

Como povo de Deus, aguardamos a vinda do Senhor nas nuvens do céu, com poder e grande glória. A vitória está garantida aos que não desistirem: “Aquele, porém, que perseverar até o fim será salvo” (Mc 13:13). 

Ao pesquisar a origem bíblica da palavra “perseverança”, descobre-se que, em grego, ela vem do termo hupomonê (hupo, sob; monê, permanecer). O Comentário Bíblico Adventista diz que hupomonê é mais do que uma resignação passiva; denota “perseverança ativa”.1 A palavra compreende o exercício do autocontrole em casos difíceis, quando a fé é pressionada e colocada à prova por alguma forma de perseguição. 2 

Os comentaristas ainda afirmam que existe relação entre perseverança, paciência e confiança. Quem pretende ser vitorioso na jornada espiritual não pode deixar de usar esses ingredientes. A “paciência é uma virtude positiva. Ela evoca perseverança, persistência e ação, a despeito do cansaço, do desencorajamento e dos obstáculos que possam dificultar o caminho”.3 Por outro lado, “perseverança é uma característica mais específica da confiança. É persistência, até mesmo quando as circunstâncias são contrárias”.4 Assim, quem persevera diante das provações desenvolve confiança no poder divino (Rm 5:1-5). Ao lado do Salvador, o trajeto para o Céu torna-se estável e com sabor de vitória (2Pe 1:5-11; 2Tm 2:12). Basta “perseverar na graça de Deus” (At 13:43) e seguir em frente. 

Agora, veja o que a Bíblia e os escritos de Ellen G. White dizem sobre a importância da perseverança em diversas situações:

1. Diante das dificuldades do dia a dia
Alguns problemas se limitam a questões financeiras, outros envolvem relacionamentos. Esses últimos incomodam mais quando abrangem pessoas do convívio diário. Indo direto ao ponto: como lidar com indivíduos atrevidos, petulantes? 

“Perseverança” seria a resposta? Sim, mas perseverar de forma ativa; com atitudes sustentadas em princípios éticos e cristãos (o que nem sempre é fácil). A Bíblia mostra a fórmula: “O nobre projeta coisas nobres e na sua nobreza perseverará” (Is 32:8). “No temor do Senhor perseverarás todo o dia. Porque deveras haverá bom futuro; não será frustrada a tua esperança” (Pv 23:17, 18). “Orem em seu aposento particular; enquanto vocês seguem seus afazeres diários, elevem muitas vezes o coração a Deus. [...] Essas orações silenciosas sobem ao trono da graça como precioso incenso. Satanás não pode vencer aquele cujo coração assim se firma em Deus.”5

2. Diante da perseguição
“Todos odiarão vocês por Minha causa, mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 10:22, NVI). “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14:12). Essas descrições se referem em particular ao tempo do fim, quando Satanás investirá intensamente contra os filhos de Deus. “Nem todos, porém, serão enganados pelas sutilezas do inimigo. Ao se aproximar o fim de todas as coisas terrestres, haverá pessoas fiéis capazes de discernir os sinais dos tempos. Enquanto grande número de professos cristãos negará a fé por suas obras, haverá um remanescente que perseverará até o fim.”6

3. Diante do crescimento espiritual
O clássico O Peregrino, de João Bunyan, ilustra em diversos trechos as dificuldades que surgem no percurso para o Céu. Uma das passagens do livro apresenta um indivíduo que resolveu acompanhar Cristão (nome do personagem principal) em sua caminhada para a cidade celestial. Tudo ia bem até que, na primeira dificuldade, Vacilante (nome desse outro personagem) desistiu e voltou para seu lugar de origem.7 A Bíblia reprova o medo do fracasso e nos anima a prosseguir, apesar dos contratempos: “Bem-aventurado o que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida” (Tg 1:12). 

“A obra de transformação da impiedade para a santidade é contínua. Dia a dia Deus atua para a santificação do ser humano, e este deve cooperar com Ele, desenvolvendo perseverantes esforços para o cultivo de hábitos corretos. [...] Há os que buscam transpor a escada do progresso cristão; mas, enquanto avançam, começam a pôr a confiança na capacidade humana [...] O resultado é fracasso e perda de tudo o que foi alcançado.”8

4. Diante da tentação
A Bíblia diz que Jesus não nos desampara na hora da tentação. “Quando [Jesus] encontrava pessoas empenhadas numa luta intensa com o adversário da humanidade, Ele as animava a perseverar, assegurando-lhes que haveriam de triunfar, pois anjos de Deus se achavam a seu lado e lhes dariam a vitória.”9 Qual é a melhor atitude diante da tentação? “Desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus” (Hb 12:1, 2).

5. Diante do serviço missionário
“Desanimamos muito facilmente com os que não correspondem aos nossos esforços. Nunca devemos deixar de trabalhar por uma pessoa enquanto houver um raio de esperança.”10 Precisamos servir com prazer, “sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da Sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria” (Cl 1:11). Precisamos orar também em favor dos outros (oração intercessora), “Com toda oração e súplica, orando em todo o tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6:18). 

6. Diante da enfermidade
Sem desconsiderar a importância de recorrermos periodicamente à medicina convencional para obter a cura ou a prevenção para eventuais doenças, não devemos ignorar os recursos naturais providos por Deus e dos quais dispomos. 

“Ar puro, luz solar, abstinência, repouso, exercício, regime conveniente, uso de água e confiança no poder divino – eis os verdadeiros remédios. Toda pessoa deve conhecer os meios terapêuticos naturais e a maneira de aplicá-los. [...] O processo da natureza para curar e construir é gradual. Isso parece vagaroso ao impaciente. Demanda sacrifício e abandono das nocivas condescendências. Mas no fim se verificará que a natureza, não sendo dificultada, faz seu trabalho sabiamente e bem. Aqueles que perseveram na obediência às suas leis ganharão em saúde do corpo e da mente.”11 

“Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que Ele prometeu” (Hb 10:36).

Como perseverar
1. Com propósito: Poucas pessoas terminam bem seus projetos. Muitas começam com ótima atitude, mas logo ficam exaustas, desencorajadas, porque, na maioria das vezes, agem sem planejamento. Antes de praticar a perseverança, precisamos estabelecer metas bem definidas e nos conscientizarmos de que haverá obstáculos difíceis de transpor em algumas etapas entre o “começo” e o “fim”. Caso contrário, todo esforço poderá ser improducente. 

2. Com Cristo: Ele é quem dá significado à vida, encoraja nossos passos, clareia a mente e aquece o coração. Com Ele, obtemos força para testemunhar na hora da provação ou do confronto com o mal. Cristo nos anima a prosseguir e nos capacita por meio do Espírito Santo, a fonte para a aquisição de bons hábitos. 

3. Com oração. “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças” (Cl 4:2). Podemos aprender muito com o profeta Elias. No monte Carmelo, quando ele pediu chuva, não choveu de imediato. Porém, ele perseverou em oração. Seis vezes orou fervorosamente sem nenhum indício de que seria atendido, mas não desistiu até que, finalmente, obteve a resposta. Depois de ter comentado 1 Reis 18:42-45, Ellen G. White escreveu: “Deus não nos ouve sempre as orações da primeira vez que a Ele clamamos, pois, se assim fizesse, julgaríamos ter direito a todas as bênçãos e favores que nos concede” (Filhos e Filhas de Deus, MM 1956, p. 206). 

4. Com desprendimento: Salomão proferiu um precioso conselho para as pessoas que deixam de lado seus deveres: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, [...] prepara o seu pão, [...] ajunta o seu mantimento” (Pv 6:6-8). As formigas podem carregar apenas um pequenino grão de cada vez, mas com esforço e perseverança realizam maravilhas!

Paulo Roberto Pinheiro (via Revista Adventista)

Referências 
1. SDA Bible Commentary, v. 7, p. 819. 
2. Ibid., p. 734. 
3. Ibid., p. 467. 
4. Donald Guthrie, Hebreus, Introdução e Comentário (Editora Mundo Cristão, 1984), p. 209. 
5. Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 99. 
6. Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 535, 536. 
7. João Bunyan, O Peregrino (São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1985), p. 28, 29. 
8. Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 532, 533. 
9. Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 26. 
10. Ibid., p. 168. 
11. Ibid., p. 127.

13 declarações falsas atribuídas a Ellen G. White

Embora Ellen White tenha ensinado que a Bíblia é a norma a ser seguida pela igreja, muitos têm dado prioridade aos escritos da autora, e, o que é pior, usam-nos para dizer o que não afirmam. Eles interpretam o Espírito de Profecia de forma equivocada, distorcida ou mesmo maldosa, o que acaba auxiliando o trabalho do inimigo em enganar as pessoas, pois “o derradeiro engano de Satanás será anular o testemunho do Espírito de Deus” (Eventos Finais, p. 177). 

Muitos aplicam os textos bíblicos segundo seu desejo, desvirtuando a Palavra de Deus, e os escritos do Espírito de Profecia também têm sido assim desvirtuados, usando-se uma sentença aqui, outra ali, tirando o foco do contexto e confundindo a si mesmos e aos demais. O problema se torna ainda maior quando a interpretação errônea ocorre entre os líderes. 

Aos que anseiam pela verdade é aconselhado a não dar crédito a tudo quanto se diz proveniente do Espírito de Profecia, como se fosse escrito ou dito por Ellen White. “Se desejam saber o que o Senhor revelou por meio dela, leiam suas publicações”, e “não veiculem rumores sobre o que ela disse” (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 696). Assim agindo, o Espírito de Profecia será compreendido e interpretado adequadamente, aproveitando-se seus conselhos e advertências conforme a boa vontade de Deus. 

Declarações falsas – Há muitas afirmações atribuídas a Ellen White que ela nunca fez ou que foram deturpadas. A propagação de supostas declarações dela em sermões, estudos e conversas no meio adventista requer que sejam avaliadas as fontes exatas de onde poderiam ter surgido tais suposições para podermos refutá-las. Algumas das mais populares são as seguintes:

1. Refeição sabática em outro planeta 
Essa afirmação baseia-se em um boato de que Ellen White teria dito, em uma conversa, que os habitantes de outros mundos estão ajuntando frutas para o sábado em que os santos trasladados, em viagem rumo ao Céu, passarão por ali. Em Primeiros Escritos, p. 16, 19, menciona-se a viagem com Cristo na nuvem por sete dias e a mesa com frutas na Cidade Santa: “Todos nós entramos na nuvem, e estivemos sete dias ascendendo para o mar de vidro. [...] E vi uma mesa de pura prata; tinha muitos quilômetros de comprimento, contudo nossos olhares podiam alcançá-la toda. Vi o fruto da árvore da vida, o maná, amêndoas, figos, romãs, uvas e muitas outras espécies de frutas.” Isso é tudo.

2. Vinda de Cristo à meia-noite 
Muitos afirmam que Ellen White declarou que Cristo voltará à meia-noite, baseando-se na leitura de Primeiros Escritos, p. 285, mas o que ela afirma é: “Foi à meia-noite que Deus preferiu livrar o Seu povo.” No contexto da leitura, percebe-se que ela se refere à sentença de morte contra o povo de Deus por ocasião dos eventos finais. O livro O Grande Conflito, p. 640, mostra que somente após diversos eventos é que “surge logo no Oriente uma pequena nuvem negra, aproximadamente da metade do tamanho da mão de um homem. É a nuvem que rodeia o Salvador e que, a distância, parece estar envolta em trevas. O povo de Deus sabe ser esse o sinal do Filho do homem”

3. Alunos das escolas adventistas serão como obreiros de Deus 
A afirmação de que, se Jesus voltar enquanto jovens adventistas estiverem na escola, eles serão considerados como obreiros da seara do Senhor não tem respaldo em seus escritos. Ao que parece, essa associação de ideias provém de um conceito de O Desejado de Todas as Nações, p. 74: “Todo jovem que segue o exemplo de Cristo na fidelidade e obediência em Seu humilde lar pode reclamar aquelas palavras proferidas a respeito dEle, pelo Pai, por intermédio do Espírito Santo: ‘Eis aqui o Meu Servo a quem sustenho, o Meu eleito, em quem se compraz a Minha alma’ (Is 42:1).” 

4. O relato da autoria divina do livro Daniel e Apocalipse, de Uriah Smith 
Um antigo pastor afirmou que Ellen White teria visto um anjo ajudando Smith a escrever o livro. Essa afirmação é rebatida pelos fatos históricos. No entanto, a Sra. White tinha grande consideração por esse livro e o recomendava. 

5. Identificação de Melquisedeque como o Espírito Santo
Essa afirmação é baseada na memória de um homem e não encontra apoio em nenhum escrito da Sra. White, além de ser anulada pelas negações de outros que estiveram presentes na mesma ocasião em que se diz ter ela feito essa declaração. Ao contrário, uma declaração de Ellen G. White registrada no Comentário Bíblico Adventista, v. 1, p. 1203, indica que Melquisedeque não era Cristo. Na verdade, White não identificou Melquisedeque. 

6. Ovos não devem ser servidos à mesa 
Muitas das declarações de Ellen White eram dirigidas a pessoas específicas. Essas palavras foram escritas em um testemunho pessoal a um casal, o irmão e a irmã E. O conselho devia-se ao fato de que os filhos do casal tinham tendências imorais, e o uso de ovos as estimularia. O contexto deve ser observado para evitar contradições, já que, em outra obra, A Ciência do Bom Viver, p. 320, a autora se posiciona a favor do uso de ovos de aves sadias e bem alimentadas e cuidadas.

7. Ellen G. White entre os 144 mil 
Não há declaração nos escritos de Ellen White de que ela estaria com certeza entre os 144 mil. Em Primeiros Escritos, p. 40, ao fazer o registro de uma visão, ela indica que a promessa era condicional à sua fidelidade a Deus, como ocorre com qualquer um de nós: “Se fores fiel, juntamente com os 144 mil, terás o privilégio de visitar todos os mundos e ver a obra das mãos de Deus.” 

8. Filhos desviados voltando para a igreja no fim dos tempos 
Não há essa afirmação em nenhum dos escritos de Ellen White. O que ela afirma é: “Quando a tempestade da perseguição realmente irromper sobre nós, [...] muitos que se desviaram do aprisco retornarão para seguir o grande Pastor” (Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 401). 

9. Sinal de fechamento da porta da graça 
A profecia atribuída a Ellen White por um pastor adventista, em um suplemento da Review and Herald, de 21 de junho de 1898, não corresponde aos fatos. Segundo ele, a Sra. White teria dito que uma escuridão literal cobrirá a Terra como sinal para o povo de Deus de que a porta da graça se fechou. Tal declaração é contrária a esta afirmação de Ellen White em O Grande Conflito, p. 615: “Assim, quando a decisão irrevogável do santuário houver sido pronunciada, e para sempre tiver sido fixado o destino do mundo, os habitantes da Terra não o saberão.” 

10. Os salvos serão vistos nos cultos de quarta-feira 
Essa declaração jamais foi feita por Ellen White. A afirmação escrita por ela em Caminho a Cristo, p. 98, diz: “Os que estão realmente buscando a comunhão com Deus serão vistos nas reuniões de oração, fiéis ao seu dever, e atentos e ansiosos por receber todos os benefícios que possam obter. Aproveitarão todas as oportunidades de colocar-se onde possam receber raios de luz do Céu.” Porém, reunião de oração não é uma referência ao culto de quarta-feira. No tempo da irmã White, nem mesmo existiam cultos nesse dia. Ela refere-se a qualquer reunião em que o povo de Deus se ajunte para orar e estudar a Palavra. 

11. Igrejas inteiras e seus pastores se perderão 
Essa afirmação fatídica se não encontra nos escritos de Ellen White, sendo completamente objetável. No livro Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 380, 422, Ellen White refere-se a pessoas ou grupos que haveriam de se desligar da igreja mediante a sacudidura, processo espiritual de purificação individual e coletiva da igreja. Nesse processo, comparado a um peneiramento de grãos de cereal, a sujeira é separada dos grãos, tal como o joio do trigo (Am 9:9; Mt 13:24-30). Ellen White refere-se a pessoas de grande talento, famílias, grupos e grande quantidade de pessoas que deixarão a igreja. Em contrapartida, em Este Dia com Deus, p. 161, é assegurado que as fileiras não ficarão menores porque “será acolhido grande número de pessoas que nestes últimos dias ouvem a verdade pela primeira vez”. 

12. “Quando olho para mim mesmo, não vejo como me salvar, mas, quando olho para Cristo, não vejo como me perder”
Essa frase, atribuída a Ellen White, foi na verdade proferida por Martinho Lutero, reformador protestante. Ellen White recomenda repetidamente olhar para Jesus. Essa expressão, ou equivalente, ocorre aproximadamente 700 vezes em seus escritos, mas em nenhuma delas aparece a sequência de palavras acima. 

13. Devemos viver como se Cristo viesse daqui a 100 anos e preparados como se Ele viesse hoje 
Esse também é um pensamento que não tem origem em Ellen White, mas nos escritos de Ann Lee, membro de um grupo religioso conhecido como shakers. A Sra. White declarou, em Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 200: “Devemos vigiar e trabalhar e orar como se este fosse o último dia a nós concedido.” 

Contexto – Essas e outras afirmações incorretas, ao invés de contribuir para a causa de Deus, a prejudicam. A própria Ellen White sentia esse prejuízo (A Igreja Remanescente, p. 48). Devemos estudar e aplicar os Testemunhos em seu devido contexto (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 57). Muitos dos escritos de Ellen White aplicam-se a pessoas, lugares e tempo específicos. Acima de tudo, o Espírito de Profecia não deve ser usado como meio de oprimir ou condenar o povo de Deus. 

A Bíblia não deve ser deixada de lado em favor do estudo do Espírito de Profecia, em busca de novas doutrinas. Essa atitude é contrária aos ensinamentos de Deus e jamais foi pretensão da Sra. White: “Nossa atitude e crença têm por base a Bíblia. E nunca queremos que alma nenhuma faça prevalecer os Testemunhos sobre a Bíblia” (Evangelismo, p. 256). Sobre a pretensão de ser infalível, Ellen White afirma em Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 37: “Com relação à infalibilidade, nunca a pretendi; unicamente Deus é infalível.” 

Felizmente, assim como existem dezenas de afirmações e interpretações amparadas no “achismo” ou na falta de conhecimento da verdade, há também os que examinam com cuidado a revelação e que buscam conscientemente a Deus. 

Érico Tadeu Xavier (via Revista Adventista)

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Devemos manter secreto o nosso voto?

Nossa obra é vigiar, esperar e orar. Examinai as Escrituras. Cristo vos advertiu a não vos misturardes com o mundo. Devemos sair dentre eles e separar-nos 'e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor todo-poderoso' (2Co 6:17 e 18). Sejam quais forem as opiniões que tenhais em relação a dar o vosso voto em questões políticas, não as deveis proclamar pela pena ou pela voz. Nosso povo deve silenciar acerca de questões que não têm relação com a terceira mensagem angélica. 

Se já um povo se deveu aproximar de Deus, esse é o povo Adventista do Sétimo Dia. Têm sido feitos admiráveis projetos e planos. Tem-se apoderado de homens e mulheres um ardente desejo de proclamar alguma coisa, ou ligar-se com alguma coisa; eles não sabem o quê. O silêncio de Cristo sobre muitos assuntos, porém, era verdadeira eloquência.

Irmãos, não vos lembrais de que a nenhum de vós foi imposta pelo Senhor qualquer responsabilidade de publicar suas preferências políticas em nossas publicações, ou de sobre elas falar na congregação, quando o povo se reúne para ouvir a Palavra do Senhor. 

Não devemos, como um povo, envolver-nos em questões políticas. Todos fariam bem em dar ouvidos à Palavra de Deus: Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos em luta política, nem vos vinculeis a eles em suas ligações. Não há terreno seguro em que possam estar e trabalhar juntos. O fiel e o infiel não têm terreno neutro em que possam encontrar-se.

Aquele que transgride um dos preceitos dos mandamentos de Deus é transgressor de toda a lei. Mantende secreto o vosso voto. Não acheis ser vosso dever insistir com todo o mundo para fazer como fazeis. [1]

Os que ensinam a Bíblia em nossas igrejas e escolas, não se acham na liberdade de se unir aos que manifestam seus preconceitos a favor ou contra homens e medidas políticos, pois assim fazendo, incitam o espírito dos outros, levando cada um a defender suas idéias favoritas. Existem, entre os que professam crer na verdade presente, alguns que serão assim incitados a exprimir seus sentimentos e suas preferências políticas, de maneira que se introduzirá na igreja a divisão.

O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloquência. Cristo convida Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são positivamente revelados na Palavra de Deus. Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. 

Os que são genuinamente cristãos são ramos da Videira verdadeira, e darão o mesmo fruto que ela. Agirão em harmonia, em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos, mas os de Cristo.

Que devemos então fazer? - Deixai os assuntos políticos em paz. 

Todo mestre, pastor ou dirigente em nossas fileiras, que é agitado pelo desejo de ventilar suas opiniões sobre questões políticas, deve-se converter pela crença na verdade, ou renunciar à sua obra. Sua influência deve ser a de um coobreiro de Deus no conquistar almas para Cristo, ou devem ser-lhe cassadas as credenciais. Se ele não muda, há de ser nocivo, apenas nocivo. 

Os que ocupam o lugar de educadores, de pastores, de colaboradores de Deus em qualquer sentido, não têm batalhas a travar no mundo político. Sua cidadania se acha nos Céus. Deus pede-lhes que permaneça como um povo separado e peculiar. Ele não quer que haja cismas no corpo de crentes. Seu povo tem de possuir os elementos de reconciliação.

Há uma grande vinha a ser cultivada; mas, conquanto os cristãos tenham de trabalhar entre os incrédulos, não se devem parecer com os mundanos. Não devem gastar seu tempo a falar de política e agir em favor dela; pois assim fazendo, dão oportunidade ao inimigo de penetrar e causar desinteligências e discórdias. Aqueles, dentre os pastores, que desejam ser políticos, devem perder suas credenciais; pois essa obra Deus não deu a elevados nem a humildes dentre Seu povo.

Lembrem os que são tentados a tomar parte na política, que todo passo que eles dão tem sua influência sobre outros. Quando pastores, ou outros que ocupem posição de responsabilidade, fazem observações a respeito desses assuntos, não podem recolher os pensamentos que plantaram em outros espíritos. Sob as tentações de Satanás, puseram em operação uma corrente de circunstâncias conducentes a resultados que eles mal sonham. Um ato, uma palavra, um pensamento atirado à mente do grande ajuntamento humano, caso leve a sanção celestial, dará uma colheita de preciosos frutos; mas, se é inspirado por Satanás, fará brotar a raiz de amargura com que muitos serão contaminados. Portanto, os mordomos da graça de Deus, em todo ramo de serviço, estejam alerta quanto a não misturar o comum com o sagrado. [2]

Referências
1. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas v. 1, pp. 336-337.
2. Idem, Obreiros Evangélicos, pp. 391-396.

A mensagem apocalíptica dos 4 anjos segurando os 4 ventos

Segundo as profecias, o destino da Terra não está sujeito à boa-vontade de líderes humanos. O Soberano do universo intervém para conduzir o mundo a um desfecho específico. Quando parece que os povos vão se destruir, Deus age para contê-los. No Apocalipse, isso é representado pela imagem de quatro anjos segurando os quatro ventos do céu (Apocalipse 7:1).

A chave para se compreender essa simbologia está no sexto selo (Apocalipse 6:12-17). Nessa seção, fala-se de eventos cataclísmicos, que culminam no recolhimento das nuvens e a fuga dos “reis da terra” e de “todo escravo e todo livre”, que se abrigam “nas cavernas e nos penhascos dos montes” (ou seja, refere-se aos “eventos finais que conduzirão para a segunda vinda de Cristo”).[1] Pedem que os montes e rochedos caiam sobre eles e os escondam “da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro”. E a seção termina com uma pergunta contundente: “chegou o grande Dia da ira deles e quem é que pode suster-se?” (v. 17).

O capítulo 7, que constitui um parêntese entre o sexto e o sétimo selos, parece responder à pergunta feita em 6:17. Nele, apresentam-se “quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma” (Apocalipse 7:1). Na Bíblia e no simbolismo apocalíptico, o número quatro representa as quatro direções (norte, sul, leste e oeste), transmitindo a ideia de uma abrangência global, a totalidade do mundo (1Crônicas 9:24; Isaías 11:2; Jeremias 49:36; Ezequiel 7:2; Zacarias 2:6).

Os quatro anjos representam “os agentes divinos no mundo, retendo as foças do mal até que a obra de Deus no coração dos seres humanos seja concluída e o povo do Senhor receba o selo na testa”.[2] Assim como as casas dos israelitas foram marcadas com sangue para serem protegidas antes da última praga e do próprio êxodo, e algo semelhante tenha ocorrido no tempo do exílio (Ezequiel 9:1-11), no tempo do fim, o povo de Deus receberá um sinal distintivo para ser protegido contra as imensas destruições reservadas para os últimos momentos antes da volta de Jesus (Mateus 24:30, 31; 1Tessalonicenses 4:16-18).

Na Bíblia, Deus é o Senhor dos ventos (Amós 4:13). O Criador os utiliza para cumprir seus propósitos na Terra (Gênesis 8:1; Êxodo 10:13; 14:21). Ventos servem para destruir e proteger, trazer alimento (Números 11:31) ou a privação dele (Gênesis 41:6); nas mãos de Deus, o “vento abrasador” é um instrumento de juízo (Salmos 11:6; 48:7), como elemento desagregador (Salmos 18:42; 35:5). Na metáfora poética, Deus “cavalga um querubim”, voa “nas asas do vento” (Salmos 18:10; 104:3).

Porém, é nos textos dos Profetas que a imagem do vento assume um significado mais útil para a compreensão do símbolo apocalíptico. Vento se torna uma metáfora para a ação destruidora das nações que resulta na dispersão e no cativeiro (Jeremias 4:11-13; 18:17; 22:22; 49:32, 36; 51:1, 16; Ezequiel 5:2, 10; 13:11, 13; 17:21; Oseias 8:7; 12:1; 13:15; Hebreus 1:11). É tomado como símbolo apocalíptico em Daniel 7:1 a 8 e se apresenta com o mesmo significado no Apocalipse.

Na fase final da história humana, a Divindade atua para conter os impulsos violentos das nações. O livro de Daniel nos dá um vislumbre da ação dos mensageiros divinos junto aos governantes humanos – “o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (Daniel 10:13). Os quatro anjos simbólicos de Apocalipse 7 representam a ação de anjos reais, sem desconsiderar a atividade imprescindível do Espírito Santo, simbolizada pelos “sete espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Apocalipse 5:6; comparar com 1:4; 3:1; 4:5).

Consciência e ação
Para a escritora Ellen White, a mensagem apocalíptica dos quatro anjos segurando os quatro ventos tem implicações espirituais profundas quanto à consciência sobre o tempo em que vivemos, à condição espiritual de cada um e, especialmente, quanto à missão. Destaco a seguir algumas de suas mensagens sobre os quatro anjos e a contenção dos ventos:

1) “Os (…) ventos serão a incitação das nações para um combate fatal”, por parte de Satanás (Maranata, p. 173).

2) Apesar de a paz mundial se encontrar num estado de “incerteza”, com as nações “iradas” e fazendo “grandes preparativos de guerra”, “está ainda em vigor a ordem dada nos anjos, de segurarem os quatro ventos” (Maranata, p. 241).

3) Os acontecimentos são iminentes, apesar de ainda não ter chegado a hora da “batalha final” (Eventos Finais, p. 229).

4) Mesmo agora o “refreador Espírito de Deus está (…) sendo retirado do mundo. Furacões, tormentas, tempestades, incêndios e inundações, desastres em terra e mar, seguem-se um ao outro em rápida sequência” (Serviço Cristão, p. 52).

5) Tudo depende do fim da intercessão de Cristo no santuário celestial. Quando isso ocorrer, os anjos deixarão de segurar os ventos, e virão “as sete últimas pragas”, que são juízos divinos (Eventos Finais, p. 245).

6) Não há espaço para complacência. Devemos travar uma inevitável luta espiritual pela transformação do caráter (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 217).

7) Agora é o momento de alcançar o mundo com a mensagem para este tempo (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 374).

A paz entre as nações é apenas um verniz de civilidade e respeito mútuo. Se as paixões humanas pervertidas assumem o controle, toda a diplomacia desmorona. “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição” (1 Tessalonicenses 5:3). Somente o Rei dos Reis pode impedir que nos destruamos uns aos outros. Ele refreia o ímpeto destrutivo das nações, para preservar a vida. Portanto, como Jesus disse, não precisamos viver “assustados”, pois as guerras são um dos sinais do fim, mas não o fim (Marcos 13:7).

De nossa parte, cabe orar “em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Timóteo 2:2). Precisamos ter consciência de que a paz e a liberdade religiosa são uma dádiva, a qual devemos ajudar a preservar, como os maiores pacifistas. O tempo de graça e liberdade que temos deve ser aproveitado ao máximo para salvar pessoas. Nos dias atuais, não podemos brincar de ser cristãos. Devemos levar a sério nossa identidade e missão.

Diogo Cavalcanti (via Apocalipses)

Referências
[1] Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ. Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2ª ed., 2009, p. 259.
[2] Francis Nichol (ed.). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, vol. 7, 2014, p. 864.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Por que a raiva e o ódio deixam dolorosas cicatrizes na mente e no coração das pessoas?

Não é exagero dizer que vivemos a era da raiva e do ódio. Há uma divisa imperceptível entre a raiva, que é uma emoção e o ódio, que é um sentimento. Porém, o ódio é mais perverso que a raiva, porque é um comportamento tão primitivo quanto o amor.

A raiva não gera sofrimento duradouro, mas um estresse transitório, já o ódio provoca sofrimento crônico, como angústia e ansiedade. A raiva tem uma função necessária, que nos possibilita expor as nossas emoções negativas, mesmo assim, se mistura com o ódio.

A raiva é uma emoção que vivenciamos, mas que não tem um objeto exclusivo. Enquanto que para odiar é preciso almejar o objeto/odiado. Entretanto, surge um grave problema quando a raiva e o ódio são usados como mecanismos de proteção contra o medo, que impulsiona o uso da violência para destruir uma pessoa ou grupo.

Para o sociólogo Zygmunt Bauman, o ódio na sociedade líquida está vinculado ao medo onde as nossas conquistas são temporárias. É por isso, que não confiamos em ninguém e mantemos relações dissolúveis com as pessoas. Hoje os nossos medos se tornaram insuportáveis.

A raiva e o ódio se transformam em agressões verbais (bate-bocas e ofensas) e não verbais (brigas e vandalismo). Essas agressões são movidas por diferença de raça, social, econômica, gênero, sexo, religião, ideologia e até pessoal, tornando as pessoas e grupos inimigos comuns, que se destroem numa relação de perseguidos/perseguidores.

A raiva e o ódio também são usados como instrumentos de poder, que têm a paixão em lesar a vida e o prazer em alimentar as diferenças entre “nós” e “eles.” O discurso de ódio parece que fornece uma sensação de alívio, por ter a oportunidade de descarregar a hostilidade reprimida.

Segundo o psicanalista Erich Fromm, o ódio pode materializar-se diante de uma ameaça realista ou irreal. E por trás disso estão o preconceito, a intolerância e o egoísmo, que podem causar sofrimento ou destruição dos que são diferentes do “meu eu” e do “meu grupo.”

Portanto, se a raiva e o ódio virar – um estilo vida – necessitarão nutrir relações levianas, impor a dominação, exigir a obediência, infligir o remorso e estabelecer a falta de empatia. Essa destrutividade é o produto da vida não vivida, que é fonte que provém de variadas manifestações do mal.

Assim que notarmos que estamos na mira das “armadilhas” da raiva e do ódio, a melhor coisa é afastar-se firmemente. Temos a escolha entre a vida e a morte, bem como a capacidade de perceber que essa é uma realidade insana, que gera transtorno físico e desequilíbrio psíquico e espiritual.

Enfim, não devemos nos acostumar com a raiva e o ódio, porque deixam dolorosas cicatrizes na mente e no coração das pessoas, como alertou o provérbio bíblico: “Não se junte com pessoas odiosas, nem frequente a casa de gente raivosa. Você poderia acostumar-se como o modo delas e criar armadilhas para si mesmo” (Pv 22:24).

Jackson César Buonocore (via Conti Outra)

Nota: Segue alguns conselhos de Ellen G. White encontrados na Meditação Matinal - Nossa Alta Vocação (p. 231) e no livro O Lar Adventista (p. 437) para que possamos controlar nossa raiva:

"Cumpre submetermos um temperamento impulsivo, e dominar nossas palavras; e a esse respeito conseguiremos grandes vitórias. A menos que controlemos nossas palavras e nosso temperamento, somos escravos de Satanás. Achamo-nos sujeitos a ele. Ele nos leva cativos. Todas as palavras de altercação, palavras desagradáveis, impacientes, irritadas, são uma oferta feita a sua satânica majestade. E é uma custosa oferta, mais custosa do que qualquer sacrifício que possamos fazer a Deus; pois ela destrói a paz e a felicidade de famílias inteiras, destrói a saúde, e é afinal causa de perder-se uma vida eterna de felicidade."

"Como Satanás exulta quando é capaz de pôr a alma no máximo calor da ira! Um relance de olhos, um gesto, uma entonação, podem ser apanhados e empregados, como a seta de Satanás, para ferir e envenenar o coração aberto para recebê-la. Dando a pessoa uma vez lugar ao espírito irado, fica tão intoxicada como aquele que levou o copo à boca."

"Cristo trata a ira como homicídio. Palavras impetuosas são um cheiro de morte para morte. Aquele que as profere não está cooperando com Deus para salvar seus semelhantes. No Céu esse ímpio injuriar é posto na mesma lista do praguejar comum. Enquanto for acariciado o ódio no coração, não há aí um jota do amor de Deus."

"Ao sentirdes surgir um espírito irado, apoderai-vos firmemente de Jesus Cristo pela fé. Não profirais uma palavra. O perigo jaz na emissão de uma só palavra quando estais irados, pois seguir-se-á uma sequência de frases impetuosas."

"O homem que dá lugar à loucura proferindo palavras de paixão, dá um falso testemunho; pois nunca ele é justo. Exagera todo defeito que julga ver; é demasiado cego e irrazoável para se convencer de sua loucura. Transgride os mandamentos de Deus, e sua imaginação é pervertida pela inspiração de Satanás. Não sabe o que está fazendo. Cego e surdo, permite que Satanás tome o leme e o guie aonde lhe aprouver. Abre-se então a porta à malevolência, à inveja, e às ruins suspeitas, e a pobre vítima é desamparadamente levada. Há, porém, esperança enquanto duram as horas da graça, mediante a graça de nosso Senhor Jesus Cristo."

“Procurai que dEle sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz” (2 Pedro 3:14). Esta é a norma pela qual todo cristão se deve esforçar, não em sua própria capacidade, mas pela graça que lhe é dada por Jesus Cristo. Lutemos pelo domínio sobre todo pecado, e sejamos capazes de controlar toda expressão impaciente, irritada." 

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Por que Deus diz não? Existem pelo menos quatro motivos...

Conhecer a vontade de Deus é uma das maiores buscas humanas. Alguns a procuram pela reflexão, outros pelo sofrimento, outros ainda através da visão pessoal, e muitos a buscam na Revelação. Exatamente por se apresentarem tantos caminhos para se chegar a um mesmo destino é que este se tornou um tema muito controvertido e incompreendido.

O maior risco da busca pela verdade, é trocar a revelação bíblica pelas opiniões ou interesses pessoais. Usar os próprios argumentos para definir o que é certo ou errado, o que Deus quer e o que Ele não quer. Se pudéssemos conhecer a vontade de Deus por argumentos, os mais habilidosos com a palavra ou com a escrita sempre teriam a posição final sobre ela. Aliás, isso é o que está acontecendo no mundo religioso de hoje. As religiões que mais crescem são as que têm líderes e oradores carismáticos, que sabem trabalhar bem as palavras e argumentos. Eles convencem as pessoas de que possuem a verdade e arrastam muita gente.

Muitas vezes o risco do “achismo”, a confiança na verdade baseada em opiniões pessoais, aparece entre nós, adventistas. Muitas pessoas, seguras de sua maneira de ver as coisas, dispensam as palavras inspiradas, colocando-as na moldura da desatualização e, confiantes na sua própria argumentação, acham que muitas coisas devem ser diferentes do que são. Defendem que precisamos nos tornar mais contemporâneos, adaptados a uma nova época.

Em meio a essa discussão, uma palavrinha tem sido o centro das atenções, e de acordo com a maneira como é vista, pode também ser definida como a solução do problema. Essa palavrinha mágica, pequena, mas muito forte é não. Qual deve ser a nossa posição quanto ao seu uso? O não deve ser abolido ou adaptado aos nossos hábitos e crenças? Ou ser ainda mais criteriosos?

Vamos voltar um pouco no tempo e chegar à época de Jesus. Assim podemos entender como Ele Se relacionou com essa palavra. Segundo Paulo, Cristo veio quando havia chegado a “plenitude do tempo” (Gálatas 4:4). Ou seja, o mundo e a religião estavam tão longe do plano de Deus, que Cristo não poderia esperar mais para consertar a situação. Se Ele demorasse um pouco mais, possivelmente os homens não teriam mais condições de compreendê-Lo. A vida religiosa precisava ser redirecionada. Cristo precisava preparar um povo que O representasse corretamente. Precisava de um movimento que falasse a verdade ao coração do povo.

Não é difícil notar que a realidade daquela época é muito parecida com a de hoje – religião confusa, e um povo precisando ser alcançado com a verdade. Sendo que os contextos são semelhantes, é importante observar a postura de Cristo em relação à verdade. Assim, definiremos melhor a nossa.

No sermão do monte (Mateus 5:21-37), Cristo tratou o assunto do não. Ao invés de anular ou diminuir, Jesus ampliou os limites conhecidos pelo povo. Ele saiu do não visível e foi mais longe, entrando no mundo do não invisível. Ele foi além do não ato, e chegou até o não pensamento. Ele terminou essa parte do sermão com uma posição clara: Cuidado com a tentativa de encontrar um meio termo para a verdade. Sejam suas posições sim, sim e não, não.

À medida que nos aproximamos da volta de Cristo, Satanás vai criar novas e sutis maneiras de afastar o povo de Deus de Sua vontade. Por isso, mais claras e definidas devem ser nossas posições e crenças.

Diante disso, precisamos entender claramente porque Deus diz não. Os motivos porque Ele apresenta Sua vontade de maneira tão objetiva e sem aberturas. Essa compreensão nos ajuda a aceitar a Sua vontade, não como imposição, mas como proteção. Existem pelo menos quatro motivos para isso:

1. Para não se queimar
Deus sabe que muitas coisas aparentemente inofensivas escondem um grande perigo. Quando Ele diz não para algumas coisas que muitas vezes achamos simples, pequenas ou até desnecessárias, Ele sabe o que está dizendo, sabe o que há por trás. Nem sempre conseguimos enxergar isso. Quem brinca com fogo corre o risco de se queimar.

Deus sabe, por exemplo, que um pouco de bebida alcoólica tem um efeito pequeno sobre a mente e o corpo. Por que, então, proibir totalmente o uso? Por que não permitir um pouco? Existem várias pesquisas que analisam o risco de quem bebe socialmente se tornar um alcoólatra. A maioria delas indica que 12% vai chegar lá. Parece um percentual pequeno, mas ele representa um sério risco. Deus conhece cada pessoa. Ele sabe que alguns só querem brincar com a bebida, mas sabe também que podem cair mais fundo. Outros, quem sabe, podem acabar se tornando viciados em “beber socialmente” porque não conseguem abandonar o hábito. Deus conhece os riscos, por isso diz não.

Satanás sempre tenta uma pessoa em seu ponto fraco. Por isso, quando alguém quer adaptar, ou fazer alguma abertura na vontade de Deus, já está demonstrando que esse é o seu ponto fraco. A história de Eva se repete: sempre que alguém enfrenta a tentação do seu jeito, porque acha ser forte para manter tudo sob controle, acaba se envolvendo muito mais do que imaginava. Brincar com o ponto fraco, ou com fogo, é pedir para se queimar. Lembro-me sempre de uma frase que aprendi na escola: “Pequenas oportunidades são o princípio de grandes acontecimentos”.

2. Para evitar limites humanos
Quando você decide estabelecer sua própria verdade e faz concessões, qual é o limite delas? As explicações que sempre se dá são: “Um pouco só não tem problema”; “Só vou ao cinema para ver filmes bons”; “Não vejo mal algum em usar um anelzinho ou uma correntinha discretos”.

A pergunta, porém, continua: Até onde vai o “só um pouco”? Quais são os bons filmes que não têm problemas? Qual é o tamanho do anelzinho, ou da correntinha discretos?

Se a verdade deixa de ser absoluta, e começamos a fazer concessões ou aberturas, surgem duas realidades: A primeira é que cada pessoa cuida da própria vida e estabelece os próprios limites. A verdade deixa de ser única para todos e passa a ser pessoal. Cada um tem a sua. Sendo assim, é claro que uns serão mais rígidos e outros mais liberais. Em segundo lugar, a igreja cria regras para definir até onde vão as aberturas, e quais são os limites. Nesse caso, a verdade passa a ter contornos humanos. Alguém define o que é a verdade e os demais a aceitam. Não podemos correr o risco de nos tornarmos como os fariseus, com regrinhas e mais regrinhas criadas por homens, nem tornar a religião uma questão apenas pessoal, pois assim colocamos o homem no lugar de Deus. Por isso, Deus diz não. A verdade absoluta é mais segura.

3. Para não confundir os outros 
Somos a única demonstração da vontade de Deus aqui na Terra, e as pessoas precisam conhecer a Deus olhando para nós. Somos Suas testemunhas. Se não formos exemplos claros, o cristianismo perde sua força.

Se no trabalho, um jovem adventista é exatamente igual a todos os outros colegas, que diferença faz ser cristão? Poderá ele ser reconhecido como um cristão? Se no sábado à noite uma garota sai, e sua aparência é igual a das outras que não possuem nenhum interesse na vontade de Deus, como Ele pode ser reconhecido nela? Se um jovem adventista está sentado à mesa de bar com uma latinha de cerveja na mão, junto com seus amigos, será possível identificá-lo com um cristão?

É preciso sempre lembrar que a transformação operada por Cristo nos torna testemunhas silenciosas. Os outros podem ver a Cristo em nós pela maneira como nos apresentamos. Deus não pode correr o risco de fazer concessões para nos parecermos com as pessoas que não se entregaram a Ele, pois somos as únicas testemunhas dEle neste mundo. Essas testemunhas precisam estar cada dia mais visíveis e fáceis de serem reconhecidas.

4. Para vencer as sutis tentações de Satanás 
Quanto mais perto do fim, mais discretas e sutis serão as tentações de Satanás. Precisamos ser claros e definidos quanto à verdade, para que ele não tenha espaço. Quando o não é substituído pelo “mais ou menos” ou, por “um pouquinho só não tem problema”, ou ainda: “Não vejo mal nenhum”, fica difícil reconhecer o caminho de Deus, e Satanás se aproveita.

Quanto menos relativismo, adaptações ou “achismos” houver na verdade, mais eficaz e poderosa ela será.

Pr. Erton Köhler (via Jovem Adventista)